Opinião desde «down under»
Este artigo chega-nos da Austrália, escrito por Barry Williams. Foi publicado no Australian News na secção Higher Eduction
“Mitos são valiosos para nos lembrar como gostaríamos de nos ver a nós próprios. No entanto, não devem ser confundidos com factos históricos verificáveis. Por exemplo, é muito improvável que alguém acredite que Zeus, numa orgia reprodutiva, tenha engravidado mulheres mortais, seduzindo-as como um touro, como um cisne, ou como uma chuva dourada. Igualmente, não deve haver ninguém que atribua o som de uma trovão numa tempestade ao acto de Thor estar a bater com o seu martelo numa bigorna.
Historicamente não é incomum para mitos culturais se transformarem em religiões. E existe evidência nas crenças religiosas contemporâneas que assim foi. Por exemplo, no Antigo Testamento (como é referido para os Cristãos) ou Tanakh (no caso dos Judeus) o livro do Génesis é claramente um reflexo de mitos culturais de tribos, à medida que tentavam estabelecer princípios de cosmologia e teologia para um melhor relacionamento com as suas divindades.
Outro exemplo, o Arcebispo Ussher tentou encontrar qual a idade do planeta no Sec 17, e chegou a uma previsão que a Terra era 6.000 anos velha. No entanto essa ideia não sobreviveu aos factos científicos posteriores que mostram que a idade da Terra é de 4.5 biliões de anos.
Os «criacionistas» ou «literalistas bíblicos» [ou os teoricistas do desenho inteligente acrescento eu] podem acreditar no que quiserem, mas começam a esgotar a nossa paciência quando insistem que as suas ideias devem ser tratadas com um privilégio especial. Estes grupos fazem um erro primário: eles partiram da conclusão que deus existe e criou, e tentam desesperadamente encontrar fragmentos de informação que possam ser postos juntos para suportar essa conclusão. Para além disso, sentem-se ameaçados, porque acham que compreender o mundo natural através da ciênca é um «sistema de crença» concorrente ao do deles.
No entanto, «ciência» religiosa é sistematicamente demonstrada como sendo uma crença religiosa e não uma ciência, e como tal não é passível de sequer ser ensinada em escolas estatais. Na Austrália os creacionistas continuam a tentar perpetuar os seus mitos como explicações cientificas, e como tal tem de se manter o combate contra esta iniciativa.»
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