Católicos ameaçam destruir Amnistia Internacional
«A Amnistia Internacional está sob fogo cerrado de grupos religiosos por causa de sugestões que poderá expandir o seu mandato para incluir o apoio ao acesso ao aborto em caso de violação.
Um grupo crescente de militantes anti-aborto e padres da Igreja Católica ameaçaram tentar destruir o grupo, tentando desencorajar a filiação no grupo e de se realizarem doações á Amnistia Internacional. Encontram-se também a orquestrar uma campanha de cartas para as várias sedes do grupo. Os responsáveis da Amnistia Internacional notam que qualquer decisão será tomada dentro de um ano, no máximo dos máximos e defendem o direito de se debater internamente o aborto e o planeamento familiar dentro do contexto dos direitos das mulheres. A Amnistia divulgou um comunicado na sede londrina dizendo que o grupo «não define a sua política de funcionamento de acordo com as pressões e fluxos de pressões externas.»
Não é claro quão profundamente as facções anti-aborto poderiam destruir a Amnistia Internacional. Mas os grupos religiosos têm sido á muito tempo um pilar da organização, que foi fundada em 1961 por um advogado católico na Grã-Bretanha e que agora tem mais de 1.8 milhões de membros e muitos apoiantes à volta do mundo. O seu trabalho para libertar as pessoas presas por regimes políticos repressivos levou a que a Amnistia Internacional ganhasse o prêmio Nobel da Paz de 1977.
«Isto é completamente inconsistente com o que a Amnistia tem sido», disse John-Henry Western, um membro da direcção do grupo Coaligação Campanha pela Vida, um grupo baseado em Toronto representando cerca de 110.000 famílias. «Nós consideramos isto como um ataque aos direitos dos que ainda não nasceram». Ele afirma que já vários grandes doadores retiraram o seu apoio finançeiro à Amnistia Internacional.
Uma decisão final poderá ser tomada na próxima assembleia internacional no México em Agosto de 2007. Mas o comunicado da Amnistia afirma «muito depende dos resultados» dos debates que decorrem neste momento em vários países. Se existir um acordo de apoio á proposta sobre o direito ao aborto, ela pode ser adoptado por consenso ou apresentada a um voto formal. Pelo contrário, poderá ser eliminada ou enviada de volta para debate.
Entretanto, os oponentes estão a tentar acender um movimento global que deveria buscar os conservadores islâmicos e as igrejas evangélicas. O seu receio a longo prazo é que a mudança de política na Amnistiapoderia encorajar outras agênçias de direitos e ajuda internacionais a tomarem posições semelhantes sobre o aborto e o planeamento familiar. No ano passado, o comunicado dos Médicos sem Fronteiras, afirmou que os seus elementos no campo podem considerar todas as medidas possíveis, incluindo o aborto, quando tratarem vítimas de abuso sexual.
Embora o papa Ratzinger ainda não se pronunciou sobre os planos do grupo, já existe um protesto bastante clamoroso a emergir do Vaticano. Clérigos de elevada patente denunciaram a proposta, incluindo o cardeal Renato Martino, cabeça da Congregação para a paz e justiça.
A Amnistia Internacional afirma que as discussões internas que agora se realizam incluem questões mais amplas tais como os riscos á saúde dos abortos ilegais e o casamento forçado de jovens raparigas. As posições de política da Amnistia, o grupo afirmou no seu comunicado são “fundamentadas nos valores e príncipios dos direitos humanos e não na opinião pública ou popular.”»
Via Anarcas e Liberais.