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  • 11 de Fevereiro, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

Catolicismo – uma religião politeísta

Por

Paulo Franco

As crenças do cristianismo raiam o politeísmo: Jesus, a virgem Maria, os Santos são entidades aos quais os cristãos prestam muitas vezes maior reverência do que ao próprio Deus. Veja-se o exemplo de Fátima: Maria é adorada como se de uma Deusa se tratasse e indiscutivelmente é muitíssimo mais homenageada e reverenciada do que o próprio Deus, o que, por si só constitui uma total violação ao 1º Mandamento “Amar a Deus sobre todas as coisas”.

Os ensinamentos da Igreja Católica baseiam-se no “facto” de Jesus ser Deus e a Virgem ser a mãe de Deus feito homem na pessoa de Jesus. Esta afirmação só não nos soa a algo estapafúrdio porque é algo que nos é repetido milhões de vezes. Como acreditar que um homem é Deus, e que uma mulher concebeu de forma virginal um homem que é Deus? Todos estes dogmas foram estabelecidos por homens iguais a nós, com fraquezas, limitações e erros. O cristianismo actual tem muito pouco a ver com o cristianismo primitivo. Todos estes dogmas baseiam-se nos acordos estabelecidos pelo concilio de Niceia no ano 325, convocado, não pela Igreja ou pelos seus representantes, mas pelo imperador Constantino, “o Grande”.

Constantino, um adorador do “Solis Invictus”, homem cruel e sanguinário, cuja consciência carregava crimes horrendos, conseguiu unificar o Império Romano no âmbito politico e territorial, mas precisava de um elemento de unidade social, e o cristianismo, naquela época no seu auge, converteu-se num instrumento necessário para levar a cabo o seu objectivo.

A Niceia acorreram bispos e representantes de toda a cristandade de todos os recantos do Império e, o que é mais importante, de todas as correntes religiosas, porque não existia apenas uma forma de cristianismo, mas várias, umas muito semelhantes e outras totalmente contraditórias. Os bispos esforçaram-se por definir a sua posição face ao poder civil do Império. Quando Constantino apoiou em Niceia a criação de um credo que fosse aceite pela maior parte dos presentes, todos os que não assinaram foram imediatamente exilados e afastados. Um exemplo importante desses debates foi
o dos seguidores de Ário, que negavam a divindade de Jesus, considerando-o não como Deus, mas como uma criação de Deus para transmitir a sua palavra entre os homens.

No credo aprovado, que ainda hoje vigora na religião católica ficou estabelecida a divindade de Jesus graças à utilização do termo “consubstancialidade”, que significa “da mesma essência de Deus”. FOI DE UMA LUTA DE IDEIAS MERAMENTE HUMANAS QUE FEZ SURGIU A SUPOSTA DIVINDADE DE JESUS.

Foi uma luta de ideias na qual uns saíram vencedores e outros vencidos. Durante os anos que se seguiram, os arianos foram afastados, exilados para lugares distantes onde não podiam causar problemas. A vigência do édito de tolerância ditado por Constantino afastou-os. Apesar disso, tiveram épocas de ressurgimento com o imperador Constâncio II no ano 337, que impôs o arianismo na Igreja. Em 361, o imperador Juliano, o Apóstata, voltou a opor-se às crenças do cristianismo e tentou, sem o chegar a conseguir, restabelecer o paganismo e a adoração dos Deuses Romanos. Mas com Teodósio, o Grande, e o seu édito de 380, no qual a religião cristã se tornava oficial no império, regressou tudo ao seu curso normal.

A Igreja passou de perseguida a perseguidora, de coagida a coactora, de reprimida a repressora. Mandou-se arrancar e exterminar qualquer crença contrária, ou simplesmente diferente dos seus dogmas, considerando-as como heréticas. Ou se estava com ela ou contra ela. A tolerância foi esquecida.

A Igreja teve o apoio do Império. Foi o que se chamou o processo de cristianização do Império e a romanização do cristianismo.

Constantino doou bens e dinheiro para a construção de igrejas sumptuosas e “comprou” a vontade dos mais altos representantes da Cristandade, que viam como a fortuna, poder e pompa aumentavam sem limites. A partir desse momento, formou-se uma amálgama hierarquizada e perfeitamente organizada de homens que dizem agir em nome de Deus e que permitem a pobreza e a injustiça, enquanto eles vivem cercados de luxo e segurança.

O seu poder foi e é imenso, e não se pode negar que esse poder e essa influência se mantêm ainda hoje no Vaticano. A Cúria, o papado e toda a parafernália de movimentos e braços seculares que saem do tronco do Vaticano influenciam muitos aspectos da sociedade que apenas deveriam depender do poder estritamente politico, não do religioso.

Este texto é inspirado em partes do livro de Paloma Sánchez-Garnica “O Grande Arcano”.

Paulo Franco.

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