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  • 20 de Junho, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

Arca de Noé: a mais bonita história de um genocídio

Por

Paulo Franco

Numa sociedade perfeita, um genocídio deveria ser considerado sempre como algo absolutamente horroroso e inaceitável. Mas nós não vivemos numa sociedade perfeita.

Vivemos numa sociedade onde uma borbulha no rabo do Cristiano Ronaldo é noticia em horário nobre no jornal da noite mas a miserável condição de vida das crianças talibés de África – que são violentamente espancadas, exploradas e obrigadas a recitar diariamente o Alcorão durante várias horas por Islamitas – só têm direito televisivo entre as 3 e as 4 da manhã (no programa “Toda a verdade”).

Vivemos numa sociedade que tem muita moral para prevenir que as crianças não assistam a cenas de sexo ou à simples nudez, na televisão mas é totalmente permissiva em relação às cenas de assassínio e violência gratuita.

Vivemos numa sociedade onde se considera a tourada parte integrante da nossa cultura. Talvez, metaforicamente, o sangue que escorre pelo lombo do pobre animal torturado possa simbolizar as lágrimas que deveríamos derramar por um ato tão bárbaro e primitivo ainda ser permitido realizar.

Mas os erros da nossa cultura têm raízes históricas muito profundas.

Por todo mundo, a história da “Arca de Noé” é publicada em milhares de livros infantis como sendo uma das mais belas histórias bíblicas. ” Vejam como é bela a imagem do mundo primitivo onde centenas de animais, um casal de cada espécie, vão caminhando para dentro de um barco.”

Para além da enormidade da falácia que é transmitida com a representação de um mundo com apenas algumas centenas de espécies, quando na realidade já então haveria muitos milhões – a maioria das quais de tamanho microscópico, e portanto, impossíveis de recolher um casal de cada espécie – esta interpretação distorcida do mundo ancestral ainda consegue ser suplantada pela audácia de tentar camuflar um genocídio como se fosse uma bela e edílica história de encantar.

O lado negro da religião é caracterizado precisamente por esta especial capacidade de envenenar as mentes ao ponto de se aceitar o inaceitável.

Os defeitos e as virtudes humanas amplificados até ao limite são parte constitutiva no carácter dos deuses antropomórficos da antiguidade e são a prova definitiva de que tais mitos são de fabrico meramente humano.

As lacunas da nossa educação impedem-nos de compreender melhor a origem das interpretações equivocadas e só mergulhando bem fundo no estudo da história poderemos ver um pouco mais longe.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

- Sócio da Associação 25 de Abril

- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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