Sex, Lies & Religion
Uma das características comuns aos prosélitos em nome de Deus é o recurso a mentiras para impor as suas anacrónicas «morais» sexuais. Todos recordamos a grosseira mentira propalada pelo cardeal Alfonso Lopez Trujillo, responsável pelo Conselho Pontifical da Família, que afirmou no documentário «Panorama – Sex and the Holy City», supostamente apoiado em estudos (pseudo)científicos, que o HIV é suficientemente pequeno para passar através de um preservativo. Inclusive afirmando que «os preservativos podem mesmo ser uma das principais razões para a disseminação do HIV/SIDA», ecoando o que a conferência dos bispos da África do Sul, um dos países mais flagelados pela doença, tinha afirmado uns anos antes. Mentira (contraproducente) destinada a suavizar o repúdio universal à atitude do Vaticano em relação ao uso do preservativo como meio de prevenção da infecção com o HIV. Atitude que não mudou nem se espera que mude com a eleição de Ratzinger. Pelo contrário, não obstante os apelos para o Vaticano considerar o uso profiláctico dos preservativos, espera-se até um endurecer da posição do Vaticano, uma vez que a opinião do novo Papa sobre este assunto é sobejamente conhecida!
O mesmo modus operandus está subjacente a um artigo de opinião publicado online no sítio All Africa, que defende a prática da mutilação genital feminina. Afirmando que existem médicos ocidentais que corroboram as conclusões do Dr Muhammad Ali Al-Barri, o conselheiro médico no King Fahd Hospital for Medical Research em Jeddah, Arábia Saudita, que escreveu para a Liga Mundial Muçulmana que a eufemisticamente designada circuncisão feminina não causa danos significativos.
Fiz uma pesquisa exaustiva sobre as afirmações produzidas no artigo e, sem surpresa, verifiquei serem todas falsas. Isto é, as afirmações esgrimidas que supostamente corroboravam a «bondade» de tão abjecta prática referiam-se de facto à circuncisão masculina (também muito contestada actualmente). Não encontrei uma única das supostas defesas da mutilação genital feminina referidas. Em contrapartida encontrei tantos documentos deplorando a prática que seria impraticável referi-los!