O clero católico e o sexo
A onda de relaxação que atinge o clero católico, um pouco por todo o lado, não pode deixar de suscitar perplexidade em Portugal onde a irrepreensível conduta e acendrado amor à castidade têm sido apanágio dos seus bispos, padres e freiras.
Basta lembrar o comportamento impoluto de bispos eméritos: Sr. D. João Alves, bispo Coimbra, Sr. D. Teodoro de Faria, bispo do Funchal, e do Sr. D. Ximenes Belo, a quem o Vaticano nunca concedeu a titularidade de uma diocese, para citar alguns exemplos dos mais virtuosos e empenhados na defesa da castidade, como é público e reconhecido.
No entanto quem tenha lido “La vida sexual del clero”, de Pepe Rodriguez, estranhará tanta virtude do clero português face ao que se passou em Espanha, só com clérigos cujas sentenças judiciais transitaram em julgado, estranheza agravada pelos atropelos ao sexto mandamento a nível mundial.
Doloroso foi o caso relatado em 2001 de padres que violaram sistematicamente freiras com medo da SIDA. Mais dramático foi ainda a resignação a que foi obrigado o velho cardeal de Viena Hans Herman Groer pela propensão pedófila ou do polaco Monsenhor Juliusz Paetz, arcebispo de Poznan, de 67 anos, antigo colaborador de João Paulo II, que lhe aceitou a demissão por abusar de padres e seminaristas ou vice-versa.
No ano de 964 o Papa João XII foi morto com uma marretada na cabeça por um marido que não tolerou encontrá-lo na cama com a sua mulher. A um antigo e prestigiado cardeal de Paris Jean Danielou foi Deus servido de chamá-lo à sua divina presença em 20 de Maio do Ano da Graça de 1974 quando se encontrava nos braços da espectacular bailarina de strip-tease de 24 anos, Mimi Santoni.
As alcovas do Vaticano deram origem a milhares de páginas de sórdidas condutas onde o nome de Alexandre VI tem lugar destacado. Contudo o que é verdadeiramente novo é a aplicação do Código Penal americano que responsabiliza as dioceses pelos procedimentos impróprios dos seus padres. Assim, independentemente das tentativas de encobrimento que revelaram baixeza ética e cumplicidade, o que ficou em causa foi a falência das dioceses que se viram impedidas de prosseguir a sua missão espiritual por falta de verbas. A generosidade dos crentes passou a ser inferior ao rigor dos tribunais.
Estes escândalos não põem em causa a religião apesar de alguma prudência que as sotainas aconselhem aos pais. O clero católico não terá um cio mais escaldante que os profanos ou uma diversidade de hábitos sexuais superior mas a condenação ao celibato há-de criar-lhes mais inibições e recalcamentos.
Por isso surpreende a virtude do clero autóctone. Talvez a consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, repetida quando o Papa entende aproximar-se o fim do prazo de validade, tenha sido a vacina que poupe à luxúria o vasto clero que cuida das almas lusas.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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