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Etiqueta: Religião

23 de Junho, 2022 João Monteiro

Debate: Religião no Século XXI

João Monteiro, presidente da Associação Ateísta Portuguesa, participou num debate com Luísa Jacinto, que representou o Movimento Católico de Estudantes. A moderação esteve a cargo de João Mendes, da Escola Superior de Comunicação Social, onde teve lugar o debate. A conversa pode ser ouvida aqui.

18 de Março, 2022 João Monteiro

“Nossa Senhora de Fátima” já está na Ucrânia

No dia 12 de Março deste ano, os jornais informavam que o Santuário de Fátima iria enviar uma estátua da Virgem Peregrina para a Ucrânia. A motivação terá estado num pedido do arcebispo local Ihor Vozniak, com o intuito de alcançar a paz pela oração.

Está então encontrada a resolução para o conflito: qual resistência do povo ucraniano contra os invasores, quais negociações, quais intervenções políticas – afinal bastava parar e rezar.

Os crentes poderão argumentar que não devemos escarnecer desta estátua com supostos poderes milagrosos, pois a mesma será a personificação da “verdadeira Nossa Senhora”. E, de facto, esta estátua que foi para a Ucrânia não é uma estátua qualquer: é a réplica nº13 (a original continua em Portugal).

A mesma chegou ontem à Ucrânia (17 de Março) e aí ficará durante um mês. Se a paz for alcançada, e nós queremos que seja, a Igreja irá fazer dessa situação um aproveitamento atribuindo a responsabilidade à presença da estátua, mesmo que a causa verdadeira tenha sido a intervenção política ucraniana e internacional.

Acho incrível a capacidade de acreditar que um pedaço de madeira/barro/plástico que constitui a estátua possa parar uma guerra. Mais incrível quando se sabe que se trata de uma réplica e não da estátua original!

Além disso, porquê desejar uma estátua portuguesa e não utilizar uma estátua de uma santa ou santo local? Para quê levar uma estátua a viajar entre países, quando a própria Virgem poderia aparecer diretamente ao vivo no local? (a resposta a esta é fácil, porque a dita Virgem não existe e por isso nunca apareceu presencialmente).

A crença, frequentemente, é irracional. Mas para continuar a acreditar é necessário atribuir uma virtude que compense essa irracionalidade: a fé é essa virtude. É elogiado o que tem fé e criticado publicamente quem não a tem. Aí está o reforço psicológico para continuar a acreditar.

É claro que compreendo que a nível emocional, e ainda para mais num contexto desesperante como este, de uma guerra, as pessoas precisem de algo que lhes dê animo – e portanto, diriam alguns, está aí a função da religião. Porém, condeno o recurso à crença e à superstição para dar esse ânimo, porque é uma falsa esperança, um apoio frágil e enganador, enfim, é uma atitude paternalista. O ânimo deve ser dado por aquilo que realmente existe: as pessoas e a capacidade de mudança por intervenção do coletivo.

19 de Novembro, 2021 João Monteiro

Livro: “Roma, temos um problema”

A propósito do texto publicado ontem aqui no blogue, e dada a atualidade do tema, parece-nos pertinente sugerir a leitura do livro “Roma, temos um problema”, sobre a história dos abusos sexuais de menores (e não só) no seio da Igreja e como a instituição lidou com esses acontecimentos ao longo do tempo. O livro foi recentemente publicado pela editora Tinta da China.

A SIC Notícias abordou esse tema no seu website, e a reportagem pode ser lida aqui.

10 de Março, 2016 Carlos Esperança

As escolhas de Marcelo

Depois de um brilhante discurso de posse, na forma e na substância, a mostrar a fibra do estadista e a marcar contraste com o antecessor, na cultura, inteligência e grandeza, quis homenageá-lo com uma venera cuja pressa se pode perceber, para o afastar.

Apesar de comum aos anteriores chefes de Estado livremente eleitos, não é protocolar a imposição e, no caso de Cavaco, a Ordem da Liberdade (Grande Colar) foi inadequada a quem não levantou a mais leve suspeita ou o menor indício de afeto pelo valor que dá o nome à condecoração, antes e depois de Abril. Não havia necessidade!! Havia a Ordem Militar de Cristo (Militar Antiga) e a Ordem do Infante D. Henrique (Nacional).

No mesmo dia juntou inúmeras religiões na mesquita de Lisboa, num apelo ao “espírito ecuménico”, como se num Estado laico a promíscua e hipócrita reunião de religiões que se combatem, pusesse fim ao proselitismo que as devora e nos consome.

Soube-se depois que as suas primeiras visitas de Estado são respetivamente ao Vaticano e a Espanha, uma teocracia e uma monarquia, duas exóticas e anacrónicas formas de Estado, ambos com chefes vitalícios, o primeiro sem direito a sucessão e o segundo com ela assegurada pelo mais tradicional e popular método de reprodução. Salva-o o facto de aviar os dois no mesmo dia, mas, a esta velocidade, dá a volta ao mundo no primeiro ano de mandato.

No primeiro balanço pode dizer-se que o discurso esteve à altura das expectativas, mas as primeiras decisões lançaram a perplexidade sobre as intenções que o movem. Pode acontecer que, à semelhança do que fez a Cavaco, seja uma forma de se desobrigar dos únicos estados que foram criados por fascistas, respetivamente Mussolini e Francisco Franco.

Não tendo sido seu apoiante, considerá-lo-ei meu presidente, enquanto respeitar a CRP e honrar a República.

23 de Fevereiro, 2012 João Vasco Gama

Ricardo Araújo Pereira e a questão de Deus

Por serem divagações divertidas, mas também interessantes e profundas, partilho com os leitores estas palavras de Ricardo Araújo Pereira sobre religião, morte e humor:

Não concordo com tudo, mas aconselho sem reservas.

9 de Agosto, 2011 José Moreira

Humor de Verão – O “livre-arbítrio”

Quando acontece uma catástrofe natural – um violento e mortífero terramoto, por exemplo – é vulgar que alguns ateus, algumas vezes em jeito de provocação, perguntem aos crentes: “onde está o seu Deus?” tentando, dessa forma, argumentar que se Deus existisse e amasse os chamados “seus filhos”, certamente não permitiria que eles morressem daquela forma. As contra-argumentações dos crentes podem variar de estilo, mas a ideia permanece: Deus não interfere com o que se passa na Terra, pois deu-nos o “livre-arbítrio”, embora não se consiga perceber o que tem o “livre-arbítrio” a ver com os terramotos. Alguns crentes, mais evoluídos e mais cultos, asseguram que os terramotos são causados pela extracção de petróleo, o que é aceitável, porque esta coisa de mexer nas entranhas da terra há-de ter os seus custos. O que me leva a ter inveja de quem viveu até 1846, data em que foi instalado o primeiro poço de petróleo moderno. Mas também me leva a suspeitar de que em 1755 já alguém andava a escarafunchar o planeta… Mas não vamos por aí…
A maioria dos crentes entende que o “livre-arbítrio” é a faculdade de escolhermos entre o Bem e o Mal. É uma visão convenientemente redutora, mas não é verdadeira. O livre-arbítrio é, segundo o Dicionário da Porto-Editora, “o poder de escolher ou não escolher um acto ou uma atitude, quando não temos razão para nos inclinarmos mais para um lado do que para o outro.” Por outras palavras, é o poder de decidirmos o que nos der na real gana.
Se perguntarmos a um ateu e a um crente aonde é que vão passar férias no próximo ano, as respostas, diferentes e prováveis, serão: Ateu – “ainda não decidi”; “estou a hesitar entre as Seychelles e a Costa da Caparica”; “depende das «massas» ”. Crente – “Deus sabe se lá chegarei”; “sei lá, Deus é que sabe”; “olhe, vou para onde Deus quiser”. Ou seja: quem, verdadeiramente, tem o “livre-arbítrio” é o ateu, e não o crente. Porque o crente pensará, sempre, que a sua decisão dependerá, inevitavelmente, da vontade de Deus; enquanto o ateu estará, quando muito, dependente do dinheiro, da concordância da sogra, ou de outros percalços perfeitamente terrenos e, quase sempre resolúveis. Mas sempre com hipóteses alternativas, que o ateu pode escolher a seu bel-prazer.
De acordo com as crenças religiosas, Deus sabe tudo. Ou seja, também sabe aonde o crente vai passar as férias no próximo ano. O crente ainda não sabe, mas “Deus é que sabe”. Ou seja: o crente pode correr e saltar, que tudo o que fizer para passar as férias – pedir dinheiro emprestado, consultar mapas, escolher a roupa para levar – vai conduzi-lo, inevitavelmente… ao lugar que “Deus é que sabe”. Porque é para aí que vai, queira ou não, e por muito que pense que planeou sozinho. Ele apenas se limitou a cumprir os “desígnios de Deus”.
Livre-arbítrio, isto?

14 de Julho, 2011 João Vasco Gama

Religião e obediência

Este artigo é sobre as qualidades que os pais mais valorizam nas crianças, se a obediência ou a autonomia. O autor relacionou as respostas a esta pergunta com uma série de variáveis sócio-culturais, tais como sexo, rendimento, religião, idade.

Considerei particularmente curiosas as conclusões relativas à religião: «Formulei a hipótese de que pessoas que eram fundamentalistas religiosas teriam maior propensão para valorizar a obediência e menor propensão para valorizar a autonomia e que pessoas com maior probabilidade de frequentar a igreja teriam as mesmas propensões. Os dados sugerem que isto é verdade.»

3 de Março, 2011 Eduardo Patriota

Jogador de basquete é suspenso por sexo antes do casamento

O pivô Brandon Davies foi punido pela universidade BYU por admitir que fez sexo com sua namorada antes do casamento. De acordo com um comunicado oficial da instituição, a atitude de Davies feriu os códigos de honra da BYU, uma universidade intimamente ligada à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecida como Mórmons. Entre as estritas regras da universidade está a proibição do consumo de álcool, sexo antes do casamento ou o uso de barba.

Eis os homens praticando a “infinita bondade misericordiosa” que eles dizem que seus deuses possuem e defendem. Afinal, duas pessoas responsáveis fazem sexo quando bem entenderem. Difícil é ver alguém ser punido por atos de foro íntimo que não dizem respeito a ninguém. Mas a quem se sujeite a isto em nome de uma recompensa no pós-morte…

25 de Fevereiro, 2011 Eduardo Patriota

Mãe vai à justiça para salvar filho com transfusão

O menino de dois anos não sobreviveria se não recebesse logo uma transfusão de sangue. Ele estava com anemia crônica e diarreia. Mas o seu pai já tinha entregado à direção do hospital um documento que proibia os médicos de adotar esse procedimento. A mãe se rebelou contra o marido a foi a justiça para conseguir a transfusão. Agora, o bebê passa bem.

A família da mãe ficou abalada. A avó, por exemplo, não entende como alguém em nome de uma religião pode deixar o seu filho morrer. “Será que Deus quer que uma criança morra? Isso não é normal, não”, disse ela.

Lembro que no final do ano passado falei sobre o caso onde um casal foi condenado por preferir rezar a levar o filho ao hospital. Vale lembrar que os religiosos não fazem isso por maldade. Eles realmente acham que agindo de tal forma, mesmo que sacrificando um ente querido, estarão agradando a deus. Ou seja, mais vale um filho morto do que desagradar um ser invisível, inaudível, intangível. E isso tem muito mais de egoísmo (o pai quer evitar que deus se aborreça com ele) do que de virtude.