23 de Novembro, 2022 João Monteiro
“Não há religião que mande matar”
Texto de Onofre Varela, previamente publicado no semanário Alto Minho.
A RTP é a única entidade difusora de notícias que, a nível nacional, através da rádio e da televisão, dá voz a outras crenças religiosas para além da Igreja Católica, e fá-lo no cumprimento do serviço público que presta. “E Deus criou o mundo” é o título de uma rubrica semanal que vai para o ar na Antena 1 da rádio, às Quintas-feiras, entre as 23 e as 24 horas, com repetição ao fim-de-semana (presumo que ao domingo, cerca da hora do almoço). Nele intervêm militantes de três religiões: um Católico, um Muçulmano e um Judeu.
Num dos programas ouvi da boca de um dos intervenientes (presumo que do judeu), a frase que dá título a esta crónica: “Não há religião que mande matar”. Aprecio a sua atitude pacífica pretendendo branquear todos os actos religiosos, mas… esta afirmação é falsa!… Não só porque a História está cheia de “guerras religiosas” onde se matava (e mata) por obediência a uma certa interpretação de escritos com teor religioso, mas também porque o próprio Corão (livro sagrado do Islão), é explicito na ordem de matar os infiéis: “Combatei no caminho de Deus aqueles que vos combatem […]. Expulsai-os de onde vos expulsaram […] se vos combatem, matai-os: essa é a recompensa dos incrédulos […]. Matai-os até que a perseguição não exista e esteja no seu lugar a religião de Deus” (II – 190, 191, 193). É a Jihad: a “guerra santa” que todo o muçulmano se obriga a levar a cabo para defender e alargar o domínio do Islão na sua versão mais fundamentalista.
Na leitura que fiz do Corão listei 72 ameaças nas primeiras 112 páginas (embora nem todas de morte), apenas até ao fim do quinto capítulo… e a obra tem 114 capítulos! Era fastidioso anotar tantas ameaças e deixei de as registar. Para além desta ameaça de morte concreta registada no livro sagrado do Islão, todos nós sabemos das práticas criminosas de extremistas islâmicos que os noticiários das televisões nos mostram, desde a decapitação de pacíficos cidadãos, cuja degola já foi filmada para ser mostrada como intimidação ao ocidente, até à deflagração de potentes bombas entre cidadãos anónimos, em mercados, escolas ou igrejas, passando pelas mortes por atropelamento em zonas pedonais, e a tiro, com disparos indiscriminados em salas de espectáculos ou noutros locais com aglomerados de gente pacífica e ordeira.
A História lembra-nos as práticas nada dignas que a Igreja Católica também cometeu no tempo da Inquisição de má memória, que manchou de sangue as mãos de fiéis muito piedosos e tementes a Deus, mas que, enquanto “juízes da Inquisição”, matavam (ou mandavam matar) aqueles que eram alvo de denúncia por não praticarem a Religião Católica “conforme os Mandamentos de Deus”!
Torturas sádicas e assassínios monstruosos enchem muitas páginas da História da Igreja… tudo praticado pelo “Santo Nome de Deus”!… Isto mostra que o conceito de Deus… afinal, é perigoso!
(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)
OV