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Etiqueta: livro

29 de Julho, 2024 João Monteiro

Livro: “O universo das seitas destrutivas”

Foi recentemente publicado o livro intitulado “O universo das seitas destrutivas: descubra o mundo secreto do engano, da manipulação e do controlo mental”, pela Arena, uma chancela da Penguin Random House. O autor é António Madaleno, que regressa ao tema das seitas depois da publicação, em 2020, do livro “Apóstata! Porque abandonei as testemunhas de Jeová”.

O livro está dividido em 10 capítulos:

Prefácio
Introdução

1- Estou numa religião ou numa seita destrutiva?
2- A psicologia das seitas destrutivas: compreendendo o apelo e as tácticas usadas.
3- A nova personalidade criada à imagem do líder e do grupo.
4- Porque é tão difícil para alguém reconhecer que está numa seita destrutiva?
5- Sinais de alerta: como reconhecer um grupo potencialmente nocivo.
6- Liberte-se! Estratégias para deixar uma seita destrutiva e começar uma nova vida.
7- Supere o trauma! Como curar-se do abuso emocional e psicológico.
8- Como reconstruir um sentido de identidade e comunidade após deixar o grupo.
9- Como ajudar um ente querido que está envolvido com uma seita destrutiva.
10- Prevenção: educar a sociedade sobre os perigos das seitas destrutivas e grupos de alto controlo.

Conclusão
Posfácio
Agradecimentos
Notas finais
Bibliografia
Apêndice (entrevistas e recursos)

António Madaleno tem sido bastante ativo nos últimos anos a sensibilizar o público para o que designa de seitas destrutivas e grupos de alto controlo. Salienta que apesar da maioria das seitas serem de cariz religioso, há outras instituições que têm o mesmo tipo de características e de comportamento, e que se podem encontrar no meio empresarial, profissional, político ou até familiar.

O autor consegue apresentar definições claras dos conceitos que apresenta, e acompanhá-las de exemplos que ilustram a sua ideia. Longe de ser um trabalho teórico, este livro é um manual prático que ajuda qualquer um de nós a identificar uma seita destrutiva ou um grupo de alto controlo, a tentar compreender o que leva uma pessoa a ser aliciada por tal grupo, e apresenta sugestões de como atuar caso um familiar ou amigo tenha passado a integrar um desses grupos.

Nesse livro, o autor demonstra uma enorme empatia, posicionando-se no apoio à vítima e às pessoas que a rodeiam, e nunca fazendo críticas ou juízos de valores. O facto de ter feito parte de uma seita, com o desempenho de funções hierárquicas, e de se ter conseguido libertar dela, decerto que contribuiu para esta sua capacidade de compreender quem está do outro lado.

Este é um livro útil para quem está numa seita, para quem esteve, ou para quem conhece alguém que esteja, de modo a conseguir reconhecer e ajudar a abandonar esses grupos de alto controlo. Aqueles que nunca passaram por nenhuma dessas experiências, também poderão ficar aqui a conhecer alguns sinais e características desses grupos, de modo a reconhecerem a sua presença na eventualidade de se cruzarem com algumas dessas situações no futuro. É também um livro de grande utilidade para psicólogos e terapeutas que já se cruzaram ou venham a cruzar com pacientes que estiveram envolvidos nestes grupos.

Dada a pertinência, este livro deveria ser lido por um número grande de pessoas, e o tema deveria ser alvo de debate público na sociedade. Felizmente, tem tido muito mediatismo (tanto na televisão, como na rádio, ou ainda em podcasts) e tem recebido o apoio de psicólogos, psicólogos sociais, psicólogos clínicos, investigadores na área da psicologoa, psiquiatras e outros profissionais.

Fica a sugestão para mais uma leitura de férias.

17 de Agosto, 2021 João Monteiro

Férias ateístas

Os membros da Associação Ateísta Portuguesa também merecem um descanso. Mas mesmo em férias tentam meter a leitura em dia. E vocês, o que andam a ler?

Boas Férias!

18 de Março, 2021 João Monteiro

A mulher na Igreja

Texto da autoria de Onofre Varela:

A escritora e jornalista espanhola Cristina Fallarás, autora do livro El Evangelio Según Maria Magdalena (O Evangelho Segundo Maria Madalena), entrevistada pelo jornal espanhol El País (27 de Fevereiro último) diz que “não se entende a violência contra as mulheres sem a Igreja Católica”.

O seu livro não é uma biografia da personagem mais importante do Cristianismo depois de Maria, mas sim uma novela. “Quando não existe o relato [histórico] devemos criá-lo”, disse a autora. É nessa sua criação literária que se enquadra a afirmação da violência da Igreja contra as mulheres, num enredo novelístico à volta da figura de Maria Madalena e da misoginia da Igreja Católica, uma Igreja patriarcal onde as mulheres são relegadas para uma posição menor na organização do credo. 

Fallarás não quis escrever uma novela histórica, até porque não há fontes históricas fidedignas para se abordar com seriedade intelectual e científica a figura de Maria Madalena, nem, tão pouco, a de Maria, mãe de Jesus, tão venerada mas de quem, na realidade, nada se sabe! A construção dos Evangelhos não configura uma narrativa histórica, mas sim uma narrativa de fé, construída conforme o interesse do narrador. 

Curiosamente a escritora faz uma analogia interessante entre a Bíblia e os filmes de cow-boys! Diz ela que “quando comecei a lê-la dei conta de que a história, desde o princípio, não é mais do que um xadrez sem peões. À partida, não se entende, o jogo não funciona. Colocar as mulheres no relato, completa-o, dando-lhe um sentido que não tinha sem elas”. É aqui que a autora considera que os relatos bíblicos têm forma de “western”, pois, no princípio, também não considerou a mulher. Aquilo era só para homens selvagens e maus, dormindo na montanha tendo a sela por travesseiro. “No ‘western’ as únicas camas são as da cadeia e do bordel. Como relato é uma idiotice igual ao Evangelho de Paulo de Tarso, que considerava a mulher um erro”. 

A sua curiosidade por Maria Madalena tomou forma quando o papa Francisco decidiu nomeá-la apóstolo! Foi em 2016 que a Igreja resgatou aquela mulher que foi referida, durante séculos, como sendo possuída por sete demónios. A Igreja sempre a apelidou de prostituta, adúltera e pecadora. Desde Junho de 2016 Maria Madalena tem dignidade de Mulher, e o seu dia foi marcado no calendário litúrgico (22 de Julho), por mostrar “um grande amor a Cristo e ter sido tão amada por ele, devendo ser exemplo e modelo para toda a mulher na Igreja”.

Cristina Fallarás foi criada num ambiente ultra-católico, passando 17 anos em colégios religiosos femininos. “Sempre soube que havia algo de errado naquela vivência. Não houve nenhum momento em que me desse conta de que o mundo era injusto connosco […] educam-nos com um medo de que não se fala […] como se fossemos o Capuchinho Vermelho, que não é uma mulher, mas uma menina”. 

Na sua obra Fallarás espelha Maria Madalena como uma mulher culta, bissexual e rica. Com base neste possível entendimento da história de Madalena, a autora ficcionou no sentido de explorar “a origem da violência com que nos tratam”. Na Bíblia há três mulheres sexualizadas: Eva, Maria e Maria Madalena. “A primeira é tratada como sendo a culpada de todos os males da Humanidade. A segunda é virgem, perfeita, impoluta… algo inalcançável e absurdo. E a terceira… é uma puta… sem mais! Alguém a quem se usava. A mulher é um corpo que pode ser usado por todos, dizem os Evangelhos”. E conclui a autora: “tenho a raiva dentro de mim […] e qualquer mulher que não tenha a raiva dentro, não é consciente da violência que sofre em cada dia”.

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

OV

Imagem de Thanks for your Like • donations welcome por Pixabay
13 de Setembro, 2011 Raul Pereira

Ensinar a magia da realidade

O novo livro para crianças de Richard Dawkins, The Magic of Reality: How We Know What’s Really True, fala sobre os Pastorinhos de Fátima.
Faço um apelo à Casa das Letras para que o disponibilize rapidamente na nossa língua, pois vou querer oferecê-lo a todos os infantes que me são próximos.

(se tiver problemas em ver o vídeo, carregue aqui.)