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Etiqueta: Livre-pensamento

5 de Novembro, 2021 João Monteiro

Todos nascemos Ateus

Texto de João Monteiro

Escreveu o Onofre Varela, num texto publicado neste blogue a 22 de outubro, que:

Ninguém nasce ateu ou religioso, tal como não se nasce a saber falar.
A língua materna é aprendida em família, e o sentido da religiosidade também”
.

Apraz-me comentar que discordo da primeira parte, pois entendo que todos nascem ateus, isto é sem crerem em qualquer deus. Porém, Onofre Varela está correto na segunda frase quando afirma que o sentido de religiosidade é aprendido em família – ou em qualquer outro ambiente cultural em que se desenvolva o petiz.

Podemos debater se uma criança sem qualquer contacto religioso terá uma tendência inata para qualquer tipo de espiritualidade. Mas o que é inegável é que o contexto em que se cresce pode contribuir de algum modo para uma tendência religiosa. Alguém que cresça num contexto cristão terá tendência a identificar-se como cristão; alguém que nasça num contexto islâmico terá tendência a identificar-se como muçulmano; alguém que cresça num contexto judaico terá tendência a identificar-se como judeu; alguém que cresça num contexto politeísta terá tendência a prestar homenagem a diversos deuses; alguém que cresça num contexto ateísta terá tendência a manifestar-se indiferente a qualquer crença religiosa.

Será ao longo do seu desenvolvimento, e num contexto de liberdade de pensamento, i.e. sem pressões e condicionalismos externos, que um indivíduo poderá formar a sua opinião sobre o seu percurso religioso (ou agnóstico/ateu). A crença numa dada religião não é um fenómeno natural, mas antes o resultado de uma transmissão cultural. Daí não se poder afirmar que há uma religião única verdadeira. Para qualquer crente, a sua religião é a verdadeira, mas se ele tivesse nascido noutro país ou noutra família já estaria a defender como verdadeira outra religião.

Em resumo: todos nascem ateus; a crença religiosa é dependente do meio em que se está inserido e da pressão social existente.

Imagem de Sanjasy por Pixabay

14 de Julho, 2020 João Monteiro

Liberdade de Pensamento

No dia 14 de Julho assinala-se o Dia Mundial da Liberdade de Pensamento, uma data importante para todos os Humanistas, como nós. Esta efeméride remete-nos para a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a 10 de Dezembro de 1948, como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações.

A este respeito, importa-nos considerar em particular o artigo 18º da DUDH, que dita o seguinte:

Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

O direito à liberdade de pensamento seria um direito incompleto se não estivesse contemplado o direito à liberdade de expressão. Por isso mesmo, segue-se o artigo 19º, que indica o seguinte:

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.

Lamentamos que, apesar dos avanços civilizacionais feitos no mundo, estes dois direitos, o da liberdade de pensamento e da liberdade de expressão, ainda não possam ser desfrutados por um número considerável de cidadãos no nosso planeta. De facto, ainda hoje, Humanistas e Ateus são perseguidos pela defesa das suas ideias, como tem vindo a ser denunciado por diversas organizações.

Sendo este um tema muito caro aos membros da nossa Associação, voltaremos a ele num futuro próximo.