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Etiqueta: Catolicismo

28 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_28_04_2014

João César das Neves, JCN, na habitual homilia do DN, «Festa dos cinco papas», regala hoje os crentes com pérolas pias com que consegue superar-se, semana após semana.

No exórdio da homilia JCN declara especial o dia de ontem, devido à declaração de dois papas vivos que confirmaram que “dois papas mortos estavam na vida plena”, o que não poderia ser declarado pelos mortos que, apenas, aceitaram, em silêncio, a glorificação.

Após garantir que a dupla canonização “é o assunto (…) que mais preocupa o mundo” acrescenta em êxtase que “Podemos dizer que é o único que verdadeiramente preocupa o mundo”.

JCN refere os canonizadores e canonizados como “Quatro homens simples e frágeis, mas cheios de vida e felicidade, que irradiaram por todo o mundo”. E repete a asserção sem explicar onde observou vida e felicidade nos defuntos que, aliás, como é hábitual, faltaram à cerimónia, mantendo-se em contida defunção.

JCN, que vê num papa o que os islamitas veem em Maomé, descobriu que os 4 papas felizes eram 5, aritmética que talvez omita na Madraça de Palma de Cima.

Afinal, JCN viu que “Estava lá um quinto papa. Olhando com atenção via-se, do lado esquerdo da praça, a estátua de um homem barbudo com duas chaves na mão. A importância dos quatro homens é que eles são sucessores dele. Aquele Pedro, que amava Jesus mais que os outros, e ouviu: “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18).

O que JCN descobre! “A razão é óbvia: mais ninguém tem uma felicidade assim”.

12 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Com amigos assim, a Igreja não precisa de inimigos

Por

Henrique Raposo

8:00 Sexta feira, 11 de abril de 2014

Em dez anos de jornalismo, nunca falhei uma questão factual. Posso dizer disparates a jusante, mas a montante tenho sempre uma sólida base factual. Investigo, leio, sublinho, empilho recortes sobre o tema. Mas há sempre uma primeira vez: a base desta crónica é falsa , é uma piada que se transformou em mito urbano. Não, o arcebispo de Granada não disse para as senhoras pensarem em Deus enquanto fazem o fellatio da ordem aos maridos. Era bom de mais para ser verdade, não era? Como estava rodeado de amigos a comentar a notícia, nunca pensei que estava perante um mito urbano. Mas a culpa é só minha. Só tenho de pedir desculpas aos leitores.

Deus, porém, escreve direito por linhas tortas. Se não tivesse cometido este erro, nunca teria investigado a fundo esta personagem. E, depois de ler várias peças sobre Francisco Javier Martinez, só posso dizer o seguinte: com amigos assim, a Igreja não precisa de inimigos. Comecemos pelo soft porno. Martinez afastou um padre da vila de Albunol, porque o dito pároco acolhia imigrantes ilegais. O padre em questão, Gabriel Castillo, estava a fazer aquilo que a Igreja da caridade tem de fazer: ajudar os mais necessitados, acolher na sua própria casa os desgraçados que ali dão à costa em pele e osso. Mas, ora essa, Francisco Javier Martinez não admitiu tamanha heterodoxia no seu domínio e suspendeu Gabriel Castillo. Dentro do mesmo espírito, Martinez também expulsou noviças estrangeiras (indianas) de conventos. Um ecuménico, este Javier.

Mas deixemos o soft porno e passemos à pornografia moral pura e dura. Francisco Javier Martinez é daquele estirpe que, em nome de Deus e do Bem, entra em territórios mais do que questionáveis. Uma coisa é dizer que o aborto é um mal. E é, com certeza. Outra coisa, bem diferente, é dizer que o aborto voluntário dá aos homens a licença absoluta para abusar do corpo da mulher.

Eis a versão total e original: “matar a un nino indefenso, y que lo haga su propria madre, da a los varones la licencia absoluta de abusar del cuerpo de la mujer, porque la tragedia se la traga ella”. Preferia ter ficado na ignorância, preferia ter ficado no mito urbano, porque isto é muito pior.

Esta é a versão eclesiástica do ela-estava-mesmo-a-pedi-las, o arcebispo de Granada está a legitimar a violação das mulheres que abortam. O que é estranho para um suposto homem de Deus: um mal não se cura com outro mal, cura-se com o perdão, essa invenção de Jesus Cristo que muitos filisteus de batina nunca compreenderão.

Da série “És a minha fé”

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/com-amigos-assim-a-igreja-nao-precisa-de-inimigos=f865007#ixzz2yaVw6YLF

11 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Giordano Bruno vai ficar satisfeito e agradecido

O teólogo dominicano Frei Betto pediu ao papa Francisco a reabilitação de Giordano Bruno, o filósofo e astrónomo italiano condenado à fogueira pela Inquisição em 1.600 por considerar heréticos seus postulados filosóficos.

A revelação foi feita pelo teólogo em entrevista concedida ao jornal italiano ‘La Repubblica’ divulgada nesta quinta-feira. O encontro entre Frei Betto e Francisco ocorreu na residência do pontífice, a casa Santa Marta.

23 de Fevereiro, 2012 João Vasco Gama

Ricardo Araújo Pereira e a questão de Deus

Por serem divagações divertidas, mas também interessantes e profundas, partilho com os leitores estas palavras de Ricardo Araújo Pereira sobre religião, morte e humor:

Não concordo com tudo, mas aconselho sem reservas.

30 de Outubro, 2011 João Vasco Gama

O escândalo dos bebés roubados

Este vídeo descreve e analisa factos perturbadores ocorridos durante o regime de Francisco Franco. Entre 30 mil e 300 mil bebés foram roubados aos pais e vendidos com a colaboração da Igreja Católica. Sugiro o visionamento completo:

14 de Fevereiro, 2011 Raul Pereira

Uma nova Irlanda

O papa vai ser oficialmente notificado de que a sua igreja tem cerca de cinco a dez anos para evitar que esta se reduza à insignificância, na República da Irlanda.

Quem diria que a toda-poderosa Igreja estaria em perigo no país verde. A sucursal romana de Armagh, que manipulou vergonhosamente o Estado (enfraquecido após o processo de independência), para se apoderar do ensino e da saúde, que pregou a moral bacoca, que apoiou a censura até bem dentro do século XX, que congregou os exércitos beatos para pugnar contra leis dignificadoras do bem-estar humano (proibição constitucional do aborto em 1983, p.ex.) e pela a lei, bastante recente, de criminalização da blasfémia, levou a machadada final com os escândalos de ocultação de pedofilia que viram a luz do dia nos últimos anos.

Com tudo isto, conseguiu que os irlandeses sentissem no âmago que a sua consciência nacional, supostamente católica, tinha sido brutalmente traída. Descobriram que, se as bases que a sustentavam eram assim tão anacrónicas, ignaras e frágeis e isso não os tornava menos irlandeses, então é porque, na realidade, não precisavam delas para nada.

Pedindo emprestada uma expressão ao meu colega Ludwig, as últimas décadas, que aproximaram a Irlanda da Europa laica e levaram o desenvolvimento e o progresso ao país, mostraram também aos irlandeses que tinham sido dominados tempo demais por uma série de «tretas». Felizmente, agora dizem «basta» ou, simplesmente, ignoram o que é perdigotado da catedral de St. Patrick.

«Se a Irlanda se quiser tornar numa nova Irlanda, ela tem primeiro que se tornar europeia», escreveu James Joyce. Se o escritor a pudesse ver agora…

Outra religião abandonada
Fotografia de nznomad, sob licença CC
3 de Abril, 2010 Ricardo Alves

Da futilidade dos pedidos de perdão

O Policarpo saiu-se com esta: «Continuamos a precisar do Vosso amor redentor, por causa dos nossos pecados. Perdoai os pecados da Vossa Igreja».

Para que raio serve um pedido de perdão? Não serve para nada. Policarpo está numa posição ainda mais recuada do que Ratzinger. Poderia apelar à colaboração com os tribunais. Poderia investigar o que houver para ser investigado. Poderia denunciar à polícia o que descobrisse. Não. Em vez disso, pede «perdão».

O catolicismo é isto.