Loading

Etiqueta: Ateísmo

12 de Outubro, 2017 Administrador

AAP – participação em programa televisivo

O Vice-Presidente da AAP – Associação Ateísta Portuguesa, Ludwig Krippahl, estará presente num debate televisivo no programa Agora Nós, que será transmitido pela RTP1 na próxima sexta-feira, dia 13 de Outubro. Prevê-se que a sua participação vá para o ar entre as 17:00h e as 18:00h.
A conversa contará ainda com a participação de «um jovem padre» e o tema a discutir será «a fé e como se vive sem ela».

29 de Maio, 2014 Carlos Esperança

Deus – um falso escritor

Texto da autoria de Sam Harris

(Enviado por Paulo Franco)

A situação em que nos encontramos é esta: a maioria das pessoas do mundo está convencida de que o criador do universo escreveu um livro. Ora, por azar, há muitos desses livros à mão de semear, cada qual reivindicando exclusivamente para si o dom da
infalibilidade.

As pessoas tendem a organizar-se em facções tendo por base a aceitação dessa presunção, incompatível com todas as outras – e não em função da língua, da cor da pele, do local de nascimento ou de qualquer outro critério tribal. Cada um destes
livros insta os seus leitores a adoptar um conjunto de crenças e práticas, algumas das quais benignas, outras não. Mas todas convergem, perversamente, num ponto de importância crucial:
o «respeito» pelas outras religiões, ou pelos pontos de vista dos não crentes, não é uma atitude defendida por Deus. Embora todas as religiões tenham sido inspiradas, aqui e ali, pelo espírito ecuménico, qualquer tradição religiosa tem como elemento central a ideia de que todas as outras são meros equívocos ou, na melhor das hipóteses, perigosamente incompletas. A intolerância está assim na essência de todas as crenças.

Quando uma pessoa realmente acredita que determinadas ideias podem conduzir à felicidade eterna, ou ao tormento eterno, é incapaz de aceitar a possibilidade de as pessoas que ama poderem ser desencaminhadas pelas blandícias dos não crentes. A certeza quanto à próxima vida é simplesmente incompatível com a tolerância nesta outra.

Este tipo de observações levanta-nos, desde logo, um problema, já que criticar a fé de uma pessoa é actualmente um tabu na nossa cultura. Nesta matéria, liberais e conservadores chegaram a um raro consenso: as crenças religiosas estão claramente
para além do discurso racional. Criticar as ideias de uma pessoa sobre Deus e sobre a vida depois da morte é considerado politicamente incorrecto, o mesmo não acontecendo quando as suas ideias sobre física ou história são atacadas.

E tanto assim é que, quando um bombista suicida se faz explodir juntamente com um
sem-número de inocentes numa rua de Jerusalém, o papel que a fé desempenhou nas suas acções, invariavelmente, não é tido em linha de conta. Os seus motivos devem ter sido políticos, económicos, ou inteiramente pessoais. Mesmo sem a fé, as pessoas
desesperadas continuariam a fazer coisas horríveis. A fé é sempre absolvida, aqui e em toda a parte.

A tecnologia, porém, possui a faculdade de criar novos imperativos morais. Os progressos técnicos na arte da guerra conseguiram finalmente tornar as nossas diferenças religiosas – donde, as nossas crenças religiosas – contrárias à sobrevivência.

Não podemos continuar a ignorar que milhares de milhões dos nossos vizinhos
acreditam na metafísica do martírio, ou na verdade literaldo livro do Apocalipse´ou em qualquer outra dessas noções extraordinárias que foram incubando nos espíritos dos fiéis ao longo dos últimos milénios – porque os nossos vizinhos estão agora armados
com armas químicas, biológicas ou nucleares. Não há dúvida de que estes progressos assinalam o fim da nossa ingenuidade.
Palavras como Deus e Allá devem ter o mesmo destino de Apolo e Baal, caso contrário serão capazes de destruir o mundo.

Basta percorrer o cemitério das más ideias da humanidade por alguns minutos para verificar que tais revoluções conceptuais são possíveis. Vejamos o caso da alquimia: durante mais de mil anos exerceu um enorme fascínio sobre os seres humanos e, no entanto, hoje em dia, qualquer pessoa que se assuma seriamente como alquimista de ofício perderá a credibilidade para ocupar qualquer posição de responsabilidade na nossa sociedade.

A religião com base na fé terá de cair, também ela, no esquecimento.

 

27 de Maio, 2014 Carlos Esperança

Ecumenismo e marketing

O ecumenismo de que o Vaticano se reclama não é mais do que um golpe publicitário para a hegemonia que procura, a tentativa de reunir forças para liderar a cruzada contra o ateísmo e a laicidade.

Não há ideologia mais odiada do que o ateísmo nem postura que mais descontrole o clero que a indiferença perante os dogmas e as sotainas.

As três regiões do livro são idênticas na sua intolerância, no ódio à liberdade e ao livre pensamento, na obsessão prosélita e na presunção de que cada uma é a verdadeira.

As sociedades ocidentais, na sua luta pela liberdade e emancipação, limaram as garras eclesiásticas, contiveram a prepotência religiosa e empurraram o Papa para o Vaticano.

Os protestantes, após as guerras da reforma e contra-reforma, em que o ódio cristão explodiu em torrentes de sangue, foram-se reduzindo à liturgia e à oração e perderam o fervor que agora regressa impetuosamente através de seitas cada vez mais agressivas.

O islão, inculto e radical, misógino e beato, impõe cinco orações diárias, o poder do clero e uma legião de dementes submissos às crueldades do Corão – um livro execrável que apela em quase todas as páginas à destruição dos infiéis, da sua religião, cultura e civilização, assim como dos cristão e judeus, em nome de um Deus misericordioso.

Os islamistas não são piores do que os cristãos ou os judeus, apenas se mantêm na Idade Média, com maior medo dos parasitas que pregam nas mesquitas do que do Deus que está no Paraíso com 70 virgens e rios de mel à sua espera.

A tragédia da humanidade não está nos crentes, está na droga das religiões e nos charlatães que as promovem e impõem.

 

26 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Entrevista de R….. T…….. – para fins académicos

  1. Numa entrevista ao Correio da Manhã diz que já foi católico. O que o fez mudar de ideias?

R: Fui católico, como toda a gente, na aldeia onde nasci. A professora que não batizasse o filho seria considerada herege e teria o lugar em perigo. De resto, a minha mãe não foi constrangida, nem ela, moderadamente crente, nem o meu pai, agnóstico. Era o hábito. O constrangimento social e a força da Igreja católica não permitiam opção diferente.

Dos 10 aos 14 anos (aluno do liceu da Guarda) ia, uma vez por ano, à missa, na Páscoa católica. A devoção diluía-se ao ritmo da fé. Foi nessa idade que deixei de acreditar no ser hipotético a quem se atribuía a criação do Mundo e comecei a fazer as perguntas ininterruptamente absurdas, quem criou deus, quem criou o seu criador e, assim, sucessivamente.

  1. Com que idade “aderiu” ao ateísmo?

R: Se por ateísmo se entender não acreditar em Deus (escrevo com letra maiúscula para designar o deus abraâmico), tornei-me ateu aos 14 anos, mas a negação de um ser superior surgiu aos 18 anos, altura em que a rutura com a Igreja católica foi total e sem preocupações metafísicas.

  1. Foi uma decisão repentina ou implicou ponderação?

R: O ateísmo, como qualquer conceção filosófica é sempre um processo dialético. Há um momento em que a “quantidade” de descrença transforma o cidadão e lhe confere a qualidade de ateu, adjetivo que facilmente assumo mas sem a necessidade de o afirmar.

Há duas razões que me levaram ao ateísmo: uma de natureza intelectual e outra moral. A primeira impede-me de aceitar como verdadeira uma afirmação para a qual não existe qualquer prova. De  facto, não há a mais leve suspeita ou o menor indício de que algum deus exista, nem algum fez prova de vida.

A razão moral deriva do facto de o deus abraâmico, aquele que domina a maior fatia do mercado da fé no nosso país, ter sido criado por homens da Idade do bronze, muito mais violentos do que os de hoje, tendo criado um deus à sua imagem e semelhança: cruel, vingativo,  violento, xenófobo, homofóbico e misógino, refletindo ainda o carácter tribal e patriarcal dos seus criadores. Basta ler o Antigo Testamento, a que Saramago chamou benevolentemente «manual de maus costumes» quando está mais próximo de um manual terrorista.

Naturalmente que o homem urbano, de hoje, seria incapaz de praticar as barbáries que o Antigo Testamento recomenda ou de aceitar as práticas violentas da sociedade tribal e patriarcal que lhe deu origem.

  1. Já disse também anteriormente que gostaria de ver o seu baptismo anulado. Porquê? Sente que o baptismo o obriga de alguma forma a ter uma ligação indesejada com a religião católica?

R: A anulação do batismo é a forma de evitar que a Igreja católica use quem a abandona como crentes cujo número exibe para obter privilégios indignos de um Estado laico. Os crentes são cada vez menos mas a Igreja diz que Portugal é um país católico e confisca uma parcela significativa da saúde e da educação com vergonhosas isenções fiscais. As IPSS pertencentes à Igreja católica, Igreja cada vez menos provida de crentes e padres, dão-lhe imenso poder económico, financeiro e político com que garante a continuidade.

  1. O que é que o ateísmo traz para a sua vida?

R: O ateísmo é uma opção filosófica assumida por quem se sente responsável pelos seus atos e forma de viver, de quem preza a vida – a sua e a dos outros –, cultiva a razão e confia no método científico para construir modelos da realidade; e de quem não remete as questões do bem e do mal para seres incertos nem para a esperança de uma existência após a morte.

  1. Como surgiu a ideia de criar uma associação ateísta?

R: Surgiu de uma necessidade sentida por ateus, céticos, agnósticos e racionalistas, ideia cujos objetivos estão vertidos no site da Associação Ateísta Portuguesa (AAP):

  1. Fazer conhecer o ateísmo como mundividência ética, filosófica e socialmente válida;
  2. A representação dos legítimos interesses dos ateus, agnósticos e outras pessoas sem religião no exercício da cidadania democrática;
  3. A promoção e a defesa da laicidade do Estado e da igualdade de todos os cidadãos independentemente da sua crença ou ausência de crença no sobrenatural;
  4. A despreconceitualização do ateísmo na legislação e nos órgãos de comunicação social;
  5. Responder às manifestações religiosas e pseudocientíficas com uma abordagem científica, racionalista e humanista.
  1. Ela tem ligação com outras associações ateístas no mundo?

R: Temos excelentes relações com várias congéneres, nomeadamente com as do Brasil e França.

  1. Em que é que se baseia a associação? O que defende?

R: A resposta a esta pergunta encontra-se nos documentos publicados no nosso site, mas posso referir, em síntese, a defesa da laicidade do Estado, a negação de um ser supremo, a luta contra o obscurantismo e a superstição, bem como a denúncia das religiões como detonadoras de ódios, guerras e injustiças sociais.

As conferências em que a AAP tem participado e as entrevistas à comunicação social refletem a identificação com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o respeito pela Constituição da República Portuguesa, com especial ênfase na defesa da igualdade de género a que o espírito misógino das religiões se opõe.

  1. Os membros da associação costumam juntar-se para discutir ideias?

R: Os membros da AAP estão dispersos por todo o país. Há apenas um jantar anual e as Assembleias Gerais onde a presença física se verifica. É na Internet, no Diário de uns Ateus e num site de discussão que trocamos opiniões e discutimos a forma de encarar o ateísmo, muito diversa entre as centenas de elementos da Associação.

  1. Como acha que é a relação do Estado com a religião? Acha que deveria ser diferente?

R: A relação do Estado português é promíscua com a Igreja católica e tolerável com as outras religiões, mas quer a Concordata, um tratado iníquo com o Vaticano, quer a lei da liberdade religiosa, são dispensáveis num país cuja separação é exigida pela CRP e está longe de ser respeitada. Há privilégios indecorosos, como as aulas de Moral e Religião, as capelanias militares, prisionais e hospitalares, pagas com dinheiro dos contribuintes e sob tutela absoluta da Igreja católica. A isenção de impostos e os subsídios municipais e estatais para benefício religioso, são anomalias que urge erradicar.

  1. Que diferenças há num modo de vida de um ateu e de um cristão?

R: Com exceção da prática litúrgica não vejo diferenças assinaláveis, tal como não vejo diferença no comportamento quotidiano de um budista e de um luterano ou de um engenheiro e de um professor. O ateísmo não é prosélito e ninguém repara que os ateus, ao contrário dos cristãos e muçulmanos, são incapazes de abordar alguém para lhes anunciar a não existência de Deus.

  1. Que tipo de trabalho faz a associação? Como nos podemos juntar a ela?

R: A AAP publica mensagens e comunicados,  escreve cartas e reclamações a entidades oficiais que violam grosseiramente a laicidade do Estado, a Câmaras Municipais que, em épocas eleitorais, pagam viagens e almoços aos idosos dos lares e quando os  abusos se tornam obscenos. Para além disso, participa em colóquios, faz conferências e dá entrevistas.

Qualquer pessoa, maior de 18 anos, se pode inscrever. Basta ir ao site, preencher o formulário e tomar conhecimento da AAP.

  1. O blog “Diário De Uns Ateus” é um blog partilhado por várias pessoas. Como nasceu a ideia de o criar?

O Diário de uns Ateus, sendo propriedade da AAP, não reflete necessariamente as suas posições, habitualmente tomadas por consenso da sua direção. É um blogue anterior à AAP e que reflete as ideias dos sócios que aí colaboram. Nasceu da ideia de um ateu e do entusiasmos de um grupo que trocava impressões sobre o ateísmo.

  1. Que tipo de ideias são colocadas nesse blog?

R: As ideias dos colaboradores, que jamais defenderão os dogmas e mentiras religiosas, não são objeto de qualquer censura ou agenda e as caixas de comentários estão abertas, como se pode ver pela intolerância e grosseria dos crentes que as frequentam.

17 de Abril, 2012 João Vasco Gama

Desconversão – em português

aqui partilhei uma excelente série de vídeos sobre uma experiência de desconversão. Pela forma séria, sofisticada e apelativa como está construída e pela clareza e pertinência dos argumentos apresentados, sugeri vivamente o seu visionamento completo.

Recentemente descobri que essa série foi legendada em português. Agradecendo a quem fez a tradução, aproveito para divulgar a série de novo neste espaço.

Aqui está um dos melhores vídeos da série, o momento da desconversão, desta feita legendado em português:

PS- Não esquecer de activar as legendas, para quem não tem essa opção por omissão.

11 de Março, 2012 João Vasco Gama

Desconversão: o fim

Uma excelente série de vídeos no youtube partilha a experiência de desconversão do seu autor. A série de vídeos começa por uma introdução, pela explicação de como era a vida de cristão no início, para então explicar detalhadamente porque é que é tão difícil abandonar a crença em Deus apesar de tantos indícios fortes («evidences», daí o pseudónimo do autor) que apontam para a sua existência. A série não termina com a desconversão do autor: a partir daí continua a seguir diferentes descobertas e elaborações até uma sistematização final e epistemologicamente coerente de como apreender a realidade.
Nota-se um enorme esforço na elaboração dos vídeos, que estão muito bem conseguidos, e conseguem transmitir ideias bem articuladas e razoáveis de forma profunda, mas fácil.

Muito apropriadamente, parece-me que o melhor vídeo da série é precisamente aquele que relata o momento da desconversão. Este vídeo é melhor compreendido se for visto depois de todos os que o precedem na lista, mas também pode ser visto isoladamente, e continua a ser muito bom. Aconselho-o vivamente a crentes e descrentes, e a qualquer pessoa interessada por estes assuntos:

23 de Fevereiro, 2012 João Vasco Gama

Ricardo Araújo Pereira e a questão de Deus

Por serem divagações divertidas, mas também interessantes e profundas, partilho com os leitores estas palavras de Ricardo Araújo Pereira sobre religião, morte e humor:

Não concordo com tudo, mas aconselho sem reservas.

20 de Agosto, 2011 João Vasco Gama

O secularismo torna as pessoas mais éticas?

«Os não crentes são frequentemente mais educados, mais tolerantes, e sabem mais a respeito de Deus que os crentes. Novas pesquisas têm tentado perceber o que se passa na mente do sempre-crescente grupo de pessoas conhecido como os “nadas”.»

Estas palavras não são minhas, são a minha tradução da introdução de um artigo da Spiegel, denominado «O secularismo torna as pessoas mais éticas?», que recomendo vivamente a quem se interessa por estes temas.