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5 de Junho, 2018 Luís Grave Rodrigues

Ironia

ironia | s. f.
i·ro·ni·a
(latim ironia, -ae, do grego eironeía, -as, dissimulação, ignorância)

5 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Sobre a eutanásia e as religiões

Por

Alfredo Barroso*

2) E as religiões, ai as religiões?! Juntaram-se uma porção delas numa “santa aliança” em defesa da vida, contra a morte assistida, afirmando que todos os que a praticam são criminosos e devem ser punidos. Todavia, quantas guerras santas, quantas carnificinas, quantos massacres, quantos banhos de sangue, quantos genocídios têm sido praticados por elas ou em nome delas ao longo da história da humanidade (HH, como Heinrich Himmler) e se prolongam, desgraçadamente, até aos nossos dias, sempre em nome duma verdade absoluta que querem fazer-nos crer que é a única, mas que difere conforme a religião que a reivindica?!

Por exemplo, há a verdade dos católicos de rito romano, assim como a dos católicos de rito bizantino, e a dos ortodoxos, e a dos protestantes, e a dos judeus, e a dos muçulmanos (e é óbvio que estou a esquecer-me de várias outras verdades), que a proclamam – como diria Camilo – com um grande “charivari de trompões fortes” e armas assassinas. Sabem o que disse o cristão renascido George W. Bush a propósito das invasões do Afeganistão e do Iraque? Eu cito: “Deus disse-me para ir para a guerra contra o Afeganistão e contra o Iraque!” E sabem o que disse Tony Blair, cristão subitamente fervoroso?

Eu cito: “Rezei a Deus quando tive de decidir se devia ou não enviar tropas do Reino Unido para invadir o Iraque!” Digo-lhes que fizeram os dois um lindo serviço, aparentemente decidido na cimeira-fantoche dos Açores, sob os auspícios da vergonhosa aliança política ibérica entre Durão Barroso e José María Aznar. Tudo gente que é contra a eutanásia, a interrupção voluntária da gravidez, a fornicação fora do casamento, o adultério da mulher mas não o do marido, e outros “sacrilégios” previstos, por exemplo, no catecismo da Igreja Católica – mas não hesitam em massacrar com bombas de “último modelo” milhares de civis inocentes (velhos, mulheres e crianças, como se costuma dizer) e em humilhar e torturar prisioneiros em prisões clandestinas situadas em países aliados, regra geral submetidos a regimes ditatoriais.

E já nem falo, por exemplo, das decapitações que se praticam na Arábia Saudita e pelo Daesh.

Eutanásia uma ova, Deus não quer! Assassínios, massacres, decapitações, isso sim, que se lixe Deus! E quantos não terão implorado o golpe de misericórdia nos campos de batalha ou nas cidades bombardeadas, conseguindo desse modo uma “morte assistida” praticada pelos soldados de Deus – tanto os das cruzadas cristãs como os da jihad islâmica. Meu Deus, meu Deus, porque os abandonaste? De facto, se Ele existe, parece que assiste a tudo isto impávido e sereno…

  • Político, escritor, jornalista, ex-governante, jurista.
4 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Laicidade

O niqab e da burka, proibidos em França desde 2010, em lei que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou não contrária à Convenção Europeia dos Direitos Humanos, foram agora, em 31 de maio, igualmente proibidos em locais públicos, pelo parlamento dinamarquês, por uma lei aprovada com 75 votos a favor e 30 contra.

A Dinamarca, que acaba de juntar-se a outros países europeus, teve a reação adversa da Amnistia Internacional à aprovação da proposta de lei, afirmando que a medida é uma violação ao direito das mulheres.

É difícil fugir das nossas próprias contradições e exonerar das tomadas de posição todos os preconceitos. Neste caso, agora, como no passado, apoio a posição dinamarquesa e discordo da AI, convencido de que a referida lei defende a liberdade.

Contrariamente a muitos dos meus amigos e leitores, não sou apenas contra a exibição dos adereços pios de natureza islâmica, sou igualmente contra a exposição das vestes de freiras, padres, bispos, frades, etc., em espaços públicos onde apenas as fardas militares, policiais ou de bombeiros devem ser as exceções e, eventualmente, músicos das bandas. Não aos médicos e enfermeiros de bata, advogados de toga ou juízes de beca.

Ignoram muitos, ao que parece a própria Amnistia Internacional, que, por cada mulher que deseja usar o niqab ou a burka, há dezenas constrangidas a fazê-lo, incitadas pelos maridos, muitas vezes com fins provocatórios. O vestuário religioso não é um adereço da moda, é apanágio de sociedades tribais que subjugam e humilham a mulher.

Discordo dos juramentos para cargos públicos sobre livros ditos sagrados, e defendo a liberdade de ordenação de padres ou a sagração de bispos, que os torna funcionários de um Estado estrangeiro, sem obrigação de jurarem a Constituição da República. Respeito a liberdade religiosa.

A razão por que as repartições públicas não devem ostentar símbolos religiosos é a que permite celebrar nos templos a liturgia, sem bandeira nacional ou foto do PR, e encerrar os ritos sem o hino nacional. É a separação do Estado e das Igrejas.

Enquanto os países não assimilarem que a laicidade é uma necessidade de sobrevivência civilizacional, a chantagem religiosa é uma espada de Dâmocles aguçada nas madrassas e sacristias.

Não tenho o monopólio da verdade, mas a necessidade da laicidade é a minha convicção mais profunda e consolidada. A neutralidade religiosa não permite chantagens pias nem subsídios do erário público às religiões.

Não venham com a limitação dos direitos das mulheres em países civilizados, perante as comunidades que os restringem. O Estado deve impor a vacinação e o ensino, e limitar o acesso à compra de armas, e o exercício desse direito não pode ser considerado como limitação das liberdades individuais.

Há quem invoque a liberdade para oprimir a mulher e esqueça que houve escravos que recusaram a liberdade, mas a abolição do esclavagismo foi um avanço civilizacional.

2 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Laicidade – Dar a César o que é de César

Pedro Sánchez tornou-se, neste sábado, primeiro-ministro de Espanha, numa cerimónia presidida pelo rei Felipe VI onde prescindiu da Bíblia e do crucifixo, num gesto inédito em 40 anos de Estado laico.

O que devia ser a regra de um Estado laico, foi um ato inédito carregado de simbolismo, três anos depois de, em 2 de junho de 2014, o primeiro-ministro Mariano Rajoy receber de Juan Carlos, rei de Espanha pela graça de Franco, a sua carta de abdicação.

Pode ser um ato que não frutifique ainda na Espanha que o genocida Franco legou com um rei que educou nas madrassas romanas do catolicismo, que abençoou os seus crimes, mas é um exemplo que fica a envergonhar quem se genuflita perante o clero ou oscule o anelão de um bispo.

Pedro Sánchez deu um exemplo de rara salubridade política transformando o Palácio da Zarzuela num símbolo do poder laico.

1 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Decisão dinamarquesa

Dinamarca proíbe uso de burqa ou niqab em locais públicos

A Amnistia Internacional já reagiu à aprovação da proposta de lei, afirmando que a medida é uma violação ao direito das mulheres.
Dinamarca proíbe uso de burqa ou niqab em locais públicos
Reuters

A Dinamarca juntou-se a vários países europeus e proibiu o uso de burqas ou niqabs (cobertura integral do corpo ou véu que tapa a cara, respectivamente) em locais públicos. Segundo a agência Reuters, citada pela Sábado, o parlamento dinamarquês aprovou esta quinta-feira uma proposta de lei com 75 votos a favor e 30 contra.

D1A – Só quem não sabe que, por cada mulher que deseja usar o símbolo religioso, há dez que são obrigadas, é que pode estar contra esta decisão.

31 de Maio, 2018 Carlos Esperança

Do mural do Faceboock de Alfredo Barroso*

FREIRA ESPANHOLA “EMBARAZADA” DIZ QUE FOI O ESPÍRITO SANTO

Uma freira (‘monja’) espanhola de 29 anos de idade, do ‘Convento de las Rosalinas’, em Valhadolid, causou grande reboliço ao descobrir-se que está grávida (‘embarazada’) de três meses. Mas a surpresa ainda foi maior quando ela, negando ter tido uma aventura amorosa com algum padre ou algum visitante do convento, garantiu que a criança cresceu de forma mágica no seu ventre e sem qualquer relação sexual prévia.
«Não quero pecar por imodéstia, nem ofender o Santo Padre, mas isto só pode ter sido obra do Espírito Santo, não há outra explicação possível, visto que não conheço nem alguma vez conheci homem em toda a minha vida. O Espírito Santo deve ter-me visitado em sonhos e fecundou-me. Não estou a dizer que sou uma nova virgem Maria, isso só o Vaticano é que poderá confirmar» – disse ela a quem a quis ouvir.
Em Roma há muito cepticismo perante tais afirmações e já está em marcha o processo de investigação dos movimentos desta «monja rosalina». Segundo parece já têm em vista um suspeito, nada mais nada menos do que o padeiro que todas as manhãs vai entregar o pão ao convento. Será que o malandro do padeiro se chama Espírito Santo? 😂😍😋

Foto de Alfredo Barroso.
* Alfredo Barroso, escritor, jornalista, político e ex-governante.
29 de Maio, 2018 Luís Grave Rodrigues

Cristianismo

Se o cristianismo fosse uma religião de paz, os seus membros mais extremistas seriam extremamente pacíficos…

29 de Maio, 2018 Carlos Esperança

Gazeta Ateísta — Fábrica de santos

Fábricas de santos

Por

Onofre Varela

Vimos no último artigo que a Igreja Católica mantém um departamento para fabricar santos, com laboração muito produtiva. Mas nesta treta das canonizações nem só o Vaticano labora. A Igreja Ortodoxa Russa, também. E esta foi mais longe. Ao saber que a Igreja Católica tem na calha, há imenso tempo, a ideia de canonizar o arquitecto Antoni Gaudi, autor da magnífica obra que é a igreja da Sagrada Família, em Barcelona (e que morreu atropelado por um carro eléctrico no dia 10 de Junho de 1926), a Rússia canonizará um czar: Nicolau II será São Nicolau, o portador da Paz. Mas não só ele. Toda a família (mulher e cinco filhos) está proposta para a canonização ortodoxa, não por produzirem milagres, nem por terem levado uma vida exemplar na distribuição do bem, mas sim por terem sido fuzilados pelos revoltosos bolcheviques – fraccionários do Partido Social Democrata Russo – na cave de um prédio na madrugada do dia 17 de Julho de 1917.

Recorde-se este facto histórico: O czar Nicolau II foi quem permitiu a existência faustosa do tenebroso Rasputine, alegadamente por lhe ter salvo um filho, e também foi o responsável pelo tristemente célebre Domingo Sangrento, de 9 de Janeiro de 1905, quando as tropas abriram fogo contra a marcha pacífica de 140.000 trabalhadores. Enquanto foi czar, Nicolau II fechou os olhos, os ouvidos, e encolheu os ombros, perante a profunda miséria em que vivia o povo russo, ao mesmo tempo que se convencia de ser adorado pelo mesmo povo que oprimia. Daí as execuções.

Com santos desta estirpe não tarda que se canonize, via Roma ou Moscovo, Estaline, Franco, Hitler, Mussolini, talvez Pinochet pela sua profunda catolicidade… e, quiçá, Salazar!… Sobra um problema. A nomenclatura dos santinhos já conta com um São Nicolau. O São Nicolau de Mira, dito Taumaturgo, também apelidado de São Nicolau de Bari, Itália, onde estão sepultados os seus ossos. É o santo padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega, e na Arménia acumula a função de patrono dos guardas nocturnos. Nicolau era um bispo tão caridoso que ficou conhecido pela sua afinidade com as crianças. Por isso mesmo todo o mundo o conhece por Pai Natal. Para evitar confusões, o czar russo, ao ser canonizado, terá de conservar o seu número de série… São Nicolau II.

O tom brincalhão com que refiro a produção de santos, é o único modo que me parece adequado para

aludir essa prática medieval no século XXI. É impossível tomar-se a sério essa preocupação eclesiástica, e

não me venham dizer que estou a desrespeitar as ideias beatas… o que acontece, é que a actividade de

produzir santos desrespeita a minha inteligência, e é intelectualmente desonesta. Se a “qualidade de santo”

fosse conferida de modo semelhante àquele com que se atribui o título de herói a um soldado na guerra e a

um bombeiro que salvou vidas, ou da maneira como se afere a excelência de um futebolista fora de série,

um cantor, cineasta ou actor… com provas dadas e reconhecidas pelas autoridades especialistas em cada

uma das áreas, percebia-se o porquê da homenagem. Mas escolher os santinhos de acordo com os milagres

produzidos por Deus, intermediados por aquela figura morta e ressequida, e aferidos pela paranóia

eclesiástica… é demasiada brincadeira para constituir assunto sério. O processo das canonizações acaba

por nos afirmar que lá, no inexistente céu, também têm lugar as tão humanas cunhas, e os santos acabam

por fazer o papel de parasitas intermediários perante a divindade!… Isto não é ridículo?…

Onofre Varela

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)