2 de Agosto, 2018 Carlos Esperança
50.º Aniversário
Há cinquenta anos o caruncho fez, ao arrepio da Igreja e do Deus do ditador, o que devia.
Há cinquenta anos o caruncho fez, ao arrepio da Igreja e do Deus do ditador, o que devia.
No dia de hoje, em 30 de julho de 1930, o comparsa do cardeal Cerejeira criou a União Nacional, partido único, e ilegalizou todos os restantes partidos e associações políticas.
A ditadura salazarista foi um regime clerical-fascista.
Há quem confunda convicções e crenças e ignore que quem possui convicções fortes se mantém aberto ao contraditório, e quem perfilha crenças enjeita o que as possa abalar.
As crenças não exigem reflexão, basta-lhes a tradição e o ritual. As convicções obrigam à ponderação e à firme vigilância da realidade, que muda com os avanços da ciência.
Não há convicções que resistam aos factos ou que não sejam abaladas pela ciência, e as crenças resistem às evidências e recusam mudanças. A crença é a certeza sem provas, a obstinação que, perante a realidade que a contraria, lamenta que a realidade se engane.
O criacionismo é uma dessas crenças perfilhadas por quem pensa que a Idade do Bronze produziu verdades imutáveis transmitidas por um deus criado pelas comunidades tribais, dessa época, à imagem e semelhança dos seus patriarcas.
As pessoas de convicções firmes propõem as opiniões pela persuasão, as que perfilham crenças impõem-nas pela força. As primeiras são didáticas, as segundas são fanáticas. Umas sugerem, e veem adversários em quem diverge; outras recitam, e veem inimigos em quem discorda; num caso, há divergências; no outro, heresias.
As crenças conduzem ao proselitismo e são veículos de verdades únicas e imutáveis. As convicções são sugestões a debater, e suscetíveis de reavaliação.
As convicções baseiam-se na ciência e exigem método e objeto; as crenças prescindem do contraditório e não o toleram, dispensam o método, e o objetivo é a perpetuação.
Hoje vivemos num mundo que se deve à ciência, e que arrisca a sobrevivência por causa das crenças.
Pensar é mais difícil do que acreditar.
Tu podes fazer milhares de coisas diferentes com peças de Lego. Por exemplo, podes pegar em 300 peças de Lego e montá-las cuidadosamente de modo a construires um brinquedo no formato dum veículo pesado de bombeiros. Quando estiver pronto, terás um veículo de bombeiros na forma de brinquedo.
Pegas nesse carrinho de bombeiros e desmontas todas as peças. O que tens agora? Tens uma pilha de peças de Lego espalhadas, mas não tens um carrinho de bombeiros de brincadeira..
Tu podes fazer milhares de coisas diferentes a partir de moléculas orgânicas. Por exemplo, pegas em 300 triliões ou mais de moléculas orgânicas e cuidadosamente (com muito cuidado) monta-as como um rato, uma árvore ou um ser humano. Quando terminares, terás um rato, uma árvore ou um ser humano.
Pega nesse ser humano e retira todas as moléculas. O que tens agora? Tens uma lama confusa de moléculas orgânicas, mas não tens um ser humano. Tudo isto parece bastante óbvio, mas milhares de milhões de pessoas discordam totalmente.
Eles afirmam com segurança que, quando a desmontagem estiver totalmente concluída, alguma parte do ser humano permanecerá intacta e funcionando. Mas não pode ser visto. E não tem massa, não é feito de moléculas ou fótons ou de quaisquer outras forças conhecidas. De fato, não pode ser detectado de nenhuma maneira. Nós temos uma definição quotidiana para tal coisa – nós a chamamos de “absolutamente nada”.
Ainda mais extraordinário, eles insistem que estes exemplos de “absolutamente nada” podem sentir o mundo, têm a memórias, emoções e a personalidade do tal ser humano desmontado e ser capaz de desfrutar de relacionamentos com outros exemplos de “absolutamente nada”. E eles têm a certeza de que essas entidades quiméricas existirão para sempre – até mesmo para além da morte do calor do universo!
É uma afirmação e tanto. Não pode ser testada e não temos como mostrar que é verdade (ou sequer como possivelmente verdadeira). As pessoas que acreditam nisso, fazem-no porque é uma tradição, ou porque eles têm um livro antigo que afirma que é verdade, ou talvez eles acreditem porque gostam dessa ideia. Mas nenhuma dessas coisas são razões para concluir que a ideia é verdadeira.
É provavelmente justo dizer que esta é a ilusão mais duradoura e mais difundida da humanidade, mas felizmente, nem todos acreditam nisso. Para começar, eu não acredito. E tu também não deverias acreditar.
Traduzido e adaptado de Bill Flavell
O Canard Enchainé desta semana conta a história de um libanês emigrado na Roménia que não conseguia ter filhos e que depois de ter feito uma peregrinação ao tumulo de S. Charbel (um eremita e asceta maronita que o Vaticano santificou em 1977 e erigiu em patrono do Libano), encontrou a mulher grávida quando regressou a casa.
Pois vejam que uns incréus se atreveram a publicar no Facebook o seu cepticismo sobre a intervenção do santo, perguntando um ao crédulo progenitor se a criança se parecia com ele e atrevendo-se outra a comentar que talvez se parecesse mais com S. Charbel.
O jornal, que refere como fonte uma notícia do Le Monde do dia 24, dá igualmente conta da campanha de ódio que foi desencadeada contra os dois sacrílegos, que foram alvo de ameaças fisicas e foram mesmo detidos pela polícia que exigiu que retirassem os comentários do Facebook como condição da sua libertação.
Estes infiéis ateus não têm respeito por nada, conclui ironicamente o Canard.
a) CAASF
Serbian civilians who are being forced to convert to Catholicism by the Ustasa regime stand in front of a baptismal font in a church in Glina.
More than 1200 Serbs from Glina were forced to convert. They were later slaughtered in the same church where they were converted.
Polémico bispo ortodoxo grego de Calávrita afirmou no seu blog na terça-feira, que “os ateístas do Syriza são a causa do desastre”. Outros clérigos ortodoxos criticam afirmações.
O bispo ortodoxo Ambrósio de Calávrita, afirmou numa publicação no seu blog que a causa dos trágicos de incêndios é o “primeiro-ministro ateu”. O religioso afirmou ainda que “os ateístas do Syriza são a causa do desastre” porque “o seu ateísmo chama a fúria divina”. Nas redes sociais outros responsáveis da igreja ortodoxa e criticaram as declarações, como revela o jornal Ekathimerini. O arcebispo de Atenas reiterou que Ambrósio estava a “expressar a sua opinião pessoal”.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.