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9 de Agosto, 2018 Carlos Esperança

A pena de morte e a Igreja católica

A pena de morte é um anacronismo que persiste em sociedades ditas civilizadas, nódoa que a direita europeia de vocação fascizante se prepara para reintroduzir, à semelhança do que sucedeu em 1976 nos EUA, onde é aplicada em 34 dos 50 estados.

A aplicação, sem efeitos dissuasores, tem sido responsável pela execução de inocentes, por erros judiciais. Deveria bastar a irreversibilidade para fazer tremer a mão aos juízes humanistas, mas não faltam carrascos à crueldade, quando legalizada.

A Igreja católica, pressionada pela civilização europeia, condenou a pena de morte, mas com restrições, na última edição do seu catecismo.
O Papa Francisco limpou finalmente a nódoa do catecismo romano quando o facínora das Filipinas, PR católico, defende execuções sumárias para traficantes e drogados, e, como outros déspotas católicos europeus, se prepara para reintroduzir a pena de morte.

A decisão deste papa, rompe com dois milénios de tradição, credita-o como humanista e honra-o perante o mundo civilizado. Esperemos que, com este exemplo, as religiões não continuem ao serviço da tradição e dos interditos e se tornem aliadas da modernidade.

Foi de forma simples que revolucionou o Evangelho, um repositório da moral da Idade do Bronze: “A pena de morte é inadmissível porque é um ataque à inviolabilidade e dignidade da pessoa e ela [Igreja católica] trabalha com determinação para que seja abolida no mundo todo”.

Não posso deixar de me solidarizar como papa católico que acaba de dignificar a Igreja e assumir o compromisso de se associar ao movimento abolicionista. Assim procedam os dignitários de outras religiões e das várias teocracias.

Recordando e alterando Neil Armstrong, ao pisar na lua: “Esse é um pequeno passo para a civilização, mas um enorme salto para o Vaticano”.

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8 de Agosto, 2018 Carlos Esperança

Um troglodita…

«Representante da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (FAMBRAS), Mohsin Ben Moussa apresentou o posicionamento do islamismo em relação à descriminalização do aborto. Durante a audiência pública sobre o tema, realizada nesta segunda-feira (6) no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Centro Islâmico de Estudos Acadêmicos afirmou que, conforme as normas islâmicas, o aborto é permitido nos primeiros seis dias de gestação, por se considerar que nesse período ainda não há vida.»

5 de Agosto, 2018 Carlos Esperança

Traquinices sexuais do padre Humberto Gama

O padre católico Humberto Gama não tem uma pós-graduação em exorcismos, mas tem uma experiência que rivaliza com a do padre OD, Sousa Lara, que enjeitou um lugar no conselho de administração de uma empresa pública, que o pai lhe ofereceu (há pessoas que podem dar aos filhos um lugar de administrador), para se dedicar ao sacerdócio.

O p.e Humberto nasceu pobre em Trás-os-Montes, e fez o longo caminho do seminário para se habilitar a transubstanciar a sagrada partícula, a perdoar os pecados alheios, sem abdicar dos próprios, e purificar crentes infetados por demónios, tornando-se experiente profissional dessa atividade exotérica, cujo alvará era inerente ao sacramento da ordem.

De 1965 a 1972 exerceu funções designadas pelos bispos, mas os seus excessos lascivos levaram-no a que dos paços episcopais não tivesse mais solicitações e passou a atuar por conta própria, sobretudo no ramo dos exorcismos, com vestes talares e cabeção romano, em consultórios onde atendia a clientela, tendo feito exorcismos, em direto, na TVI.

No fim da década de 90 foi expulso pela Igreja católica, por dar mau nome à instituição, mas não perdeu o jeito e a competência para expulsar espíritos malignos, às vezes por reentrâncias que enfureceram maridos e motivaram queixas. Defendeu-se, alegando que os demónios muito grandes, têm de sair por algum lado, mas arriscou a sua integridade física e em 2011, ano em que a expulsão foi confirmada pelo Vaticano, o vigário-geral da diocese de Leiria/Fátima, Jorge Guarda, advertia os crentes que Humberto Gama não tinha legitimidade “para as atividades religiosas ou de exorcismo” e até lhe negava o direito a divulgar a foto com o papa João Paulo II, sendo tão verdadeira como as selfies do PR Marcelo.

No dia 1 deste mês, uma devota queixou-se à PJ de ter sido violada pelo padre, depois de ter receber tratamento hospitalar, o que, aos 79 anos, depois de reiteradas queixas ao longo dos anos, o levou a ser detido, encontrando-se em liberdade.

O padre, que foi candidato à câmara de Mirandela, pelo PS, contra o irmão, que ganhou pelo PSD, e concorreu a Murça pelo CDS, é o mais conhecido exorcista do País.

Estando a última averiguação em segredo de justiça, e ignorando o alegado crime, em concreto, não me pronuncio sobre as traquinices sexuais  de longa data. O que me surpreende é a acusação de burla pelos honorários que cobra.

Gostava de ver um acórdão a negar a validade dos exorcismos, inerentes à profissão de padre, tendo como instrumentos a cruz, hóstias, água benta e os Evangelhos, utensílios que o padre Humberto Gama maneja há 53 anos.

Quer-me parecer que ainda vão incomodar o padre Sousa Lara e negar dois milénios de terapêutica pia, quando a Ordem dos Médicos se mantém em silêncio sobre os milagres e não deixa passar sem reparo o exercício ilegal da medicina.

4 de Agosto, 2018 Luís Grave Rodrigues

Pena de morte

O Papa Francisco anunciou que vai alterar o Catecismo da Igreja Católica, de forma a que este deixe de permitir a pena de morte.

Ou seja, finalmente, os católicos vão ser, a partir de agora, contra a pena de morte.
Ou seja, até agora (e durante quase dois mil anos) os católicos sempre foram institucionalmente, isto é, de forma doutrinal e, também filosoficamente, favoráveis à pena de morte.
Pelo menos até agora, quando, pelos vistos, os mandaram ser outra coisa.
– É como quem diz: “estes são os meus princípios; mas se não gostarem destes, eu tenho outros”…

30 de Julho, 2018 Carlos Esperança

O fim dos partidos políticos

No dia de hoje, em 30 de julho de 1930, o comparsa do cardeal Cerejeira criou a União Nacional, partido único, e ilegalizou todos os restantes partidos e associações políticas.

A ditadura salazarista foi um regime clerical-fascista.

 

30 de Julho, 2018 Carlos Esperança

O criacionismo é uma crença perigosa

Há quem confunda convicções e crenças e ignore que quem possui convicções fortes se mantém aberto ao contraditório, e quem perfilha crenças enjeita o que as possa abalar.

As crenças não exigem reflexão, basta-lhes a tradição e o ritual. As convicções obrigam à ponderação e à firme vigilância da realidade, que muda com os avanços da ciência.

Não há convicções que resistam aos factos ou que não sejam abaladas pela ciência, e as crenças resistem às evidências e recusam mudanças. A crença é a certeza sem provas, a obstinação que, perante a realidade que a contraria, lamenta que a realidade se engane.

O criacionismo é uma dessas crenças perfilhadas por quem pensa que a Idade do Bronze produziu verdades imutáveis transmitidas por um deus criado pelas comunidades tribais, dessa época, à imagem e semelhança dos seus patriarcas.

As pessoas de convicções firmes propõem as opiniões pela persuasão, as que perfilham crenças impõem-nas pela força. As primeiras são didáticas, as segundas são fanáticas. Umas sugerem, e veem adversários em quem diverge; outras recitam, e veem inimigos em quem discorda; num caso, há divergências; no outro, heresias.

As crenças conduzem ao proselitismo e são veículos de verdades únicas e imutáveis. As convicções são sugestões a debater, e suscetíveis de reavaliação.

As convicções baseiam-se na ciência e exigem método e objeto; as crenças prescindem do contraditório e não o toleram, dispensam o método, e o objetivo é a perpetuação.

Hoje vivemos num mundo que se deve à ciência, e que arrisca a sobrevivência por causa das crenças.

Pensar é mais difícil do que acreditar.