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17 de Novembro, 2018 Carlos Esperança

E Deus criou o Mundo…

Quando Deus era um anacoreta sombrio, farto de Paraíso e da solidão, matutou em seu pensamento apanhar o barro que, em dias de chuva, se colava às botas e lhe borrava a oficina.

Recolheu a argila, amassou-a e começou a dar-lhe forma. Percorreu-a com as mãos e moldou o boneco que a água do lago lhe refletia, nas raras vezes que tomava banho.

De vez em quando regressava ao lago para recordar a face. O corpo ia-o esculpindo a olhar para o seu, embevecido como todos os narcisos. Quando acabou, tal como fazia com outras peças, pressionou o indicador sobre a estátua e fez o umbigo.

Extasiado na contemplação, continuou a aperfeiçoar o corpo, deteve-se num empenho devoto no baixo ventre e, de tanto insistir, a estátua ganhou vida.

Estava feito o homem à imagem e semelhança do oleiro.

Como ocorre com artistas em início de carreira, Deus não sabia que tinha feito a obra da sua vida embora o pressentisse pela afinidade que lhe encontrava.

Foi então que resolveu retirar algum barro e, com o que lhe sobrara, fazer outro corpo, ainda mais belo, onde refletiu a geografia do Paraíso com vales acolhedores e montes suaves. Tinha criado a mulher e, sem o saber, dado início ao Mundo.

Então o velho cenobita, arrependido, desatou aos berros, praguejou, ameaçou e proibiu. Como tinha a paranóia das metáforas disse-lhes que não se aproximassem da árvore do conhecimento, isto é, um do outro, uma ordem que a natureza rebelde das criaturas não poderia acatar.

E, assim, de mau humor, enquanto expulsava Adão e Eva para a Terra, ficou a ruminar castigos, a congeminar torturas e medos para aterrorizar a humanidade. Demorou quatro mil anos – Deus é lento a refletir -, e mandou-lhes três religiões.

Moisés, Jesus e Maomé são os enviados de Deus que assustam a humanidade e o ganha-pão de parasitas que dividem o tempo a dar Graças, a ameaçar pecadores e a vender bilhetes para o Paraíso.

15 de Novembro, 2018 Carlos Esperança

JP2 – um Papa medieval

15-11-1980

Há 38 anos

João Paulo II reafirma a condenação da Igreja católica ao divórcio, aborto e relações sexuais pré-conjugais, numa comunicação em Colónia, RFA.

15 de Novembro, 2018 Carlos Esperança

A confissão e o crime

Por

ONOFRE VARELA

Num dos últimos textos que aqui publiquei (Gazeta de Paços de Ferreira) abordando crimes sexuais cometidos pela Igreja australiana, disse que «a Conferência Episcopal local fez saber que os sacerdotes não podem revelar abusos sexuais de que tenham tido conhecimento através da confissão, nem podem ser forçados a fazê-lo, porque violar essa norma “vai contra a fé e a liberdade religiosa”. Esta directiva religiosa desobedece à comissão governamental que desde 2012 investiga casos de abusos a menores em instituições religiosas, e que propõe sanções penais contra quem não denuncie este tipo de crimes».

O que então não disse, digo agora: os jornalistas também estão obrigados à confidencialidade, e por isso não divulgam as suas fontes de informação. Faz parte do seu código deontológico, protegê-las. Porém, os valores humanos sobrepõe-se a qualquer código seguido por uma classe profissional, e um jornalista não pode calar um crime hediondo quando dele tem conhecimento e a sua denúncia pode salvar vidas. Por uma questão de Humanidade e Justiça, deve comunicá-lo às autoridades competentes. Os padres que calam um crime, na convicção de “a confissão” ser assunto que não pode sair do triângulo “pecador-sacerdote-Deus”, estão a colocar-se ao lado do criminoso, consentindo que a vítima não seja ressarcida dos danos que sofreu, nem o criminoso seja julgado. Sendo Deus uma criação humana, calar um crime em seu nome… é calá-lo em nome da nada!…

O jornal espanhol El País dispôs-se a investigar crimes sexuais, e tem um canal aberto ([email protected]) para os leitores sabedores de algum caso que não tenha sido divulgado, poderem fornecer elementos para investigação jornalística.

O jornal já conta com mais de uma centena de relatos de abusos sexuais alegadamente cometidos por padres e que, até agora, permaneciam ocultos. Supostas vítimas de abusos sexuais cometidos em paróquias e colégios religiosos em várias épocas, desde os anos quarenta até aos últimos anos, contaram, por escrito, os seus dramas ao El País. Até agora não os tinham contado a ninguém, por vergonha ou por respeito aos seus pais que não queriam ver a sofrer. Há quem o faça agora porque os seus pais já faleceram, e porque a sua “impotência, raiva, angústia e dor, continuam vivas”.

Um dos testemunhos diz que “a raiva ainda me acompanha 53 anos depois; sofri abusos de um padre e sei que não fui o único”. Outros, disseram: “o director do colégio abusava de mim na secretaria”; “o arcebispo ameaçou que era a minha palavra contra a sua”; “o bispado silenciou os abusos que sofri”; “ameaçou-me de que, se contasse, me enviava para um internato”.

A Igreja Espanhola silenciou, durante décadas, os casos de pederastia que conheceu, e instruiu os tribunais eclesiásticos para que não registassem todos os casos.

Conseguir informações da Igreja é tarefa impossível para os jornalistas. As dioceses negam o fornecimento de dados. Só 17 responderam, com evasivas ou negativas, e 53 optaram pelo silêncio. A Máfia e a Cosa Nostra também funcionam assim…

(Texto de Onofre Varela, in Gazeta de Paços de Ferreira, na edição de 15 de Novembro de 2018)

14 de Novembro, 2018 Carlos Esperança

Sobre a existência de Deus

Não tenho a mais leve suspeita ou o menor indício da existência de Deus e, por isso, sou ateu.

Ontem num auditório da Universidade de Coimbra ficou provado que as religiões podem ser tolerantes e aceitarem o diálogo. É o caso da religião dos meus interlocutores

Joel Oliveira

Uma honra conversar sobre a fé cristã/ateísmo e a liberdade de expressão com o Prof. Carlos Esperança, Presidente da Associação Ateísta Portuguesa.
Hoje às 19h no Pólo Zero no Porto, o senhor que se segue é o meu amigo Rui André, um dos ateus mais inteligentes que eu conheço 

It is an honor to talk about the Christian faith/atheism and freedom of expression with Prof. Carlos Esperança, President of the Portuguese Atheist Association. Today at 7pm in Porto, the next gentleman with whom i will engage in conversation is my friend Rui Andre, one of the most intelligent atheists I know 

– Carlos Esperança
Agradeço o convite e felicito quem procura o contraditório sem fogueiras a crepitar no pensamento ou fatwa emitida contra os ateus.

Foi uma honra dialogar convosco.

11 de Novembro, 2018 Carlos Esperança

Fé, loucura e Paraíso

«Convertida ao islamismo, Sinead O’Connor diz não querer passar mais tempo com ‘gente branca’

Nas redes sociais, cantora também critica os teólogos cristãos e judeus que atacam sua nova fé

EFE

08 Novembro 2018 | 12h43

A cantora irlandesa conhecida como Sinead O’Connor até sua recente conversão ao Islã afirmou que não quer “passar mais tempo” com “gente branca porque são nojentas”.

Em uma série de mensagens publicadas no Twitter, Shuhada’ Davitt, seu nome atual, pede “perdão” pelo que diz, pois reconhece que pode ser “racista”, mas assegura que “o senhor” necessita de “trabalhadores para fazer o trabalho sujo”.

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Cantora Sinead O’Connor anuncia conversão ao islamismo. Foto: Foto: Reprodução/Twitter
“O que vou dizer é tão racista que nunca acreditei que a minha alma poderia se sentir assim. Mas, sério, nunca vou passar mais tempo com gente branca (se assim é como se chama os não muçulmanos). Nem um minuto a mais, por nenhum motivo. São nojentas”, escreveu a artista de 51 anos.

Nos tuítes, a cantora também critica os teólogos cristãos e judeus que atacam sua nova fé e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao mesmo tempo que questiona se o Twitter irá censurar seus comentários, enquanto ao líder republicano é “permitido vomitar imundícies satânicas inclusive sobre meu país”.

“Todo mundo diz que os pobres americanos são vítimas de Trump. Mas vocês é quem o contrataram. Por isso, despeçam-no. Caso contrário, são cúmplices. É o mesmo que acontece com o chamado terrorismo islâmico. Que é exatamente o que o diabo quer e adora”, disse Shuhada’.

“Nenhuma pessoa irlandesa sobre a terra estaria em desacordo. Nós não demitidos a Igreja. Deixamos que abusassem de nossos filhos sob nossos narizes”, prosseguiu.

O’Connor ganhou fama mundial nos anos 90 com a música do americano Prince Nothing Compares 2 U, embora também seja lembrada por rasgar em 1992 em uma rede de televisão americana uma fotografia do então papa João Paulo II, em protesto contra os abusos sexuais cometidos contra menores.

Nos últimos anos, a cantora também declarou que luta contra a depressão e um transtorno bipolar e que teve frequentemente pensamentos suicidas, após confessar que ela mesma foi vítima de abusos na infância.»