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11 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

A Europa, a laicidade e os imigrantes

A Europa, sob pena de renegar os valores, cultura e civilização que a definem, não pode deixar de socorrer e tentar integrar as multidões que fogem de países falhados, Estados terroristas e regiões que o tribalismo e a demência dominam.

A Europa, tantas vezes responsável por agressões devastadoras, cujas consequências ora a confrontam, não pode renunciar ao dever de solidariedade para com os acossados, não por expiação de culpas mas por imperativo ético.

Nunca a metáfora da bicicleta, caindo quando para, foi tão certeira como aplicada à UE, que não soube ou não quis federar as nações que a compõem com o aprofundamento da política comum, nas suas vertentes económica, social, fiscal, militar e diplomática, para quem, como eu, acredita num projeto europeu.

Mal dos europeus se o medo os paralisa e preferem abandonar os náufragos a assumir o risco de salvar um terrorista, mas, pior ainda, se descuram o perigo que a exigência ética comporta, se não souberem distinguir os crentes, que precisam de ajuda, das religiões que exigem combate.

A Europa civilizada morre se renunciar à solidariedade que deve e suicida-se se não se defender da perversão totalitária de culturas exógenas que vivem hoje o medievalismo cristão e o pendor teocrático do seu próprio passado que o Iluminismo erradicou.

A civilização europeia será laica ou perece. Não pode ceder a poderes antidemocráticos, permitir a confiscação de espaços públicos por quaisquer religiões que incitem ao crime, em nome de Deus ou do Diabo.

O Islão, na sua deriva sectária, é puro fascismo a exigir contenção. Enquanto não aceitar a igualdade de género, o livre-pensamento e as liberdades individuais não pode ser tratado como as religiões cujo clero se submeteu ao respeito pelas regras democráticas e à aceitação do Estado laico.

A laicidade, paradigma da cultura europeia, é a vacina que salva o pluralismo religioso, preserva a sua civilização e evita a xenofobia que alimenta a direita antidemocrática que pulula nas águas turvas do medo e da demagogia.

Não se exige mais a quem chega do que a quem já estava, a submissão às leis do Estado laico e democrático.

8 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

A superstição e a ICAR

«DIA DA VIRGEM MARIA –Concebida sem pecado original, nasceu neste dia em Nazaré, Galileia. Aos três anos foi oferecida ao serviço do templo, por seus pais, Joaquim e Ana, onde recebeu a dignidade de mãe de Deus, aos catorze anos de idade, por disposição divina, teve como esposo o castíssimo S. José, e pouco 

depois, o anjo S. Gabriel anunciou–lhe que conceberia, por obra e graça do Espírito Santo, tendo ido a Belém com S. José para se alistar seguindo a ordem do imperador Augusto, pariu num presépio o seu unigénito filho, Jesus, verdadeiro representante de Deus, viveu sempre com o seu Filho, acompanhando–o na jornada do Egito, nas pregações, na paixão e na morte, depois da ascensão do Senhor viveu ainda quinze anos na igreja, ausentou–se deste mundo num trânsito suavíssimo e três dias depois a sua alma voltou ao corpo, e com ele em triunfo, uniu–se ao bem. »

Ah! Ah! Ah! Que bela gargalhada!

6 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Pensando em meu pensamento

A Igreja católica tem quase 50 mil edifícios isentos de IMI. Não é crível que as 4376 paróquias tenham mais de dez edifícios por paróquia, destinados ao culto e a guardar andores. São demasiados edifícios para a devoção que sobra.

O facto de estarem isentas as casas onde moram os padres permite perguntar por que motivo não exigem os bispos que os automóveis do clero fiquem isentos de imposto de circulação e as refeições de IVA?

A Igreja ganha todas as batalhas contra o Estado, e já ganhou mais esta. Mas compreende-se melhor o aparecimento de figuras históricas como o Marquês de Pombal, Joaquim António de Aguiar e Afonso Costa.

A natureza tende para o equilíbrio.

5 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Negócios da fé

O irmão Bolsonaro foi abençoado por Edir Macedo, um bispo enviado por Deus para extorquir os devotos.

5 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Estadista ou beato?

Viva a República!

Se alguém vir o Prof. Marcelo no Vaticano no dia 5 de Outubro, não é o PR de Portugal, é o crente que se ajoelha em humilhação pia, desejoso de salvar a alma à custa da honra.

É o Presidente da Junta da Fundação da Casa de Bragança que prefere salvar a alma do que respeitar a República.

4 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

As religiões e as guerras

Política e religião são uma mistura explosiva, e é comum a promiscuidade entre ambas. A política alicerçada em pretextos religiosos e a religião, a servir objetivos económicos, foram sempre um fator potenciador de conflitos. É frequente a religião ser pretexto para defender interesses económicos, nacionalistas ou tribais, e para alterar fronteiras.

A posse da terra, os recursos naturais, o dinheiro, o poder político e a economia são bem mais importantes do que milagres e dogmas, para dividir os crentes e fomentar guerras.

A Reforma protestante não surgiu na Europa apenas por divergências teológicas ou pela luta contra as iniquidades papais, foi necessária para pôr fim ao feudalismo que impedia o advento da burguesia. Foi uma luta entre a evolução e o imobilismo, entre a sociedade medieval e o advento do capitalismo.

A Contrarreforma foi uma tentativa desesperada para deter a História e preservar pelo terror os privilégios eclesiásticos, com a trágica e irónica chegada a Portugal e Espanha, onde os ventos da Reforma protestante nem sequer sopraram.

Os séculos XVI e XVII ficaram manchados de sangue na Europa, dilacerada por guerras da fé. A Guerra dos Trinta Anos, de longa duração e crueldade, começou como guerra nas fronteiras religiosas, e terminou exclusivamente como guerra religiosa. A Paz de Vestefália pôs fim à última guerra religiosa generalizada na Europa.

Após o colapso da URSS e do fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim, as sociedades laicas e secularizadas da Europa estão agora apavoradas com o regresso das disputas religiosas. A demência do Islão político tem dado excelente ajuda.

A Sérvia foi vítima do terrorismo islâmico e da inexplicável cumplicidade da Nato, com a comunicação social mundial a diabolizar Milosevic. Contra o direito internacional e os acordos assinados, foi-lhe alienada a província do Kosovo, agora protetorado da ONU, entreposto da droga e campo de treino da Jihad.

Na Irlanda do Norte os católicos e os protestantes mataram-se cristãmente, durante anos.

Nos Balcãs, após a independência da Eslovénia e da Croácia (crime instigado por Kohl e João Paulo II), prosseguiu a desintegração da Jugoslávia. Católicos, cristão ortodoxos e muçulmanos definiram as fronteiras com sangue e o fulgor da fé, como soe acontecer.

O Chipre acabou dividido entre os que rezam virados para Meca e os que se guiam pelo patriarca ortodoxo de Atenas.

Por todo o mundo os valores religiosos estão na base de guerras (Chechénia, Cachemira, Afeganistão, Próximo-Oriente, Sudão, Tibete, Timor, etc., etc… Até passa despercebido o interminável conflito do Sahel, com epicentro na Nigéria, onde o islamismo demente do Boko Haram e o protestantismo evangélico travam uma luta mortal pelo domínio de África. Cristãos (hoje, as maiores vítimas), hindus, budistas, judeus e islamitas (hoje, os mais implacáveis prosélitos) vão trucidando, com fé e bombas, os infiéis e a civilização.

No passado, a repressão política sobre o clero fez tolerantes as religiões cristãs. Agora é preciso exigir às que ameaçam a civilização, respeito pelo espaço público e discrição na forma de viverem a fé, o que só o Estado laico pode garantir a todas.

3 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

A Pátria entrou em euforia com o presbítero que chega a cardeal

Com boas notícias no campo económico, o desemprego a cair, o PIB a aguentar-se e a direita a desintegrar-se, a Pátria que foi a banhos regressa ao quotidiano ávida de boas notícias e anunciam-lhe que o Sr. José Tolentino Calaça de Mendonça vai ser cardeal.

Trump, Boris Johson, Bolsonaro, Duterte, Erdogan, Putin, Xi Jinping e Orbán deixaram de ser os perigos que nos amarguram os dias e causam insónias; as catástrofes naturais, cada vez mais frequentes e violentas, desaparecem das preocupações; o relançamento da corrida nuclear e a aceleração do aquecimento global, depois de Trump rasgar tratados que exigiam um módico de contenção, prosseguem perante a indiferença das futuras vítimas; alheamo-nos do futuro do Planeta enquanto não formos nós os evacuados dos incêndios, tufões e subida das águas do mar.

A meteórica carreira de um clérigo português, que em pouco mais de um ano passa de presbítero a príncipe da teocracia do Vaticano, põe o beatério em êxtase, o PR prenhe de felicidade, o PM deslumbrado, a direita a tremer de emoção, que não se sabe se é fé ou epilepsia, e a extrema-direita a ranger de raiva. Conseguiu a mitra, o báculo, o anelão, a púrpura e o barrete cardinalício quando outros, e poucos, levam décadas a ter direito a mudar a cor às meias.

O Papa vai criar cardeal um ilustre doutorado em teologia, única ‘ciência’ sem método nem objeto, e o PR, eufórico, reza o terço dentro de água, pois acha estimulante rezar o terço a nadar; o bispo de Funchal agradece a honra concedida a um madeirense, o mais ilustre depois de Ronaldo; e o PM considera uma “honra para todos os portugueses” a elevação a cardeal de Tolentino de Mendonça, um clérigo inteligente, culto e civilizado.

Depois de uma reunião fascista em Fátima, com missa do cardeal da diocese, ter sido quase ignorada pela comunicação social, sem que a fé ou as orações a motivassem, a criação de mais um cardeal português no viveiro do Vaticano levou António Costa a considerar uma “honra para todos os portugueses” a promoção que extasia os crentes.

Estes exageros num país que tem cada vez menos devotos é uma forma de exaltação pia e um apelo às novenas e proclamações pomposas, mas é um exagero imaginar ateus, agnósticos, céticos e livres-pensadores sensíveis a promoções eclesiásticas.

Apostila – A criação de cardeais, beatos e santos é prerrogativa do Vaticano que, não sendo um aviário, tem alvará de incubadora. O termo canónico é mesmo “criar”.

2 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Missa na Lua

Por

ONOFRE VARELA

No último dia 21 de Julho cumpriram-se 50 anos da chegada do Homem à Lua. A propósito da efeméride fiz uma Banda Desenhada (BD) contando a aventura do Homem desde que sonhou voar, até à primeira alunagem concretizada em 1969 pelos astronautas norte-americanos da missão Apollo 11: Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins. O terceiro astronauta manteve-se em órbita lunar para receber os seus dois colegas e devolvê-los, sãos e salvos, à Terra. A tarefa ocupou-me seis meses de trabalho, lendo, procurando imagens, escrevendo e desenhando. Desde Dezembro passado atémeados de Junho não fiz mais nada que não fosse “andar com a cabeça na Lua”. A obra (que foi editada pela Book Cover:[email protected] e se encontra à venda nas livrarias, incluindo Fnac, Bertrand e El Corte Inglés) é composta por uma introdução do cientista português Fernando Carvalho Rodrigues, pai do satélite português PoSat 1; a história da ida à Lua é contada em 39 pranchas de BD, e mais duas dedicadas ao PoSat 1. A obra consta, ainda, de um quadro com todas as missões espaciais tripuladas (russas e americanas) até ao fim dos projectos Apollo e Soyuz, e termina com resumos biográficos dos astronautas pioneiros e do cientista Werner von Braun; capas da imprensa da época e textos curiosos sobrea aventura espacial. Num desses textos faço referência a um acontecimento que comento aqui por estar relacionado com o teor da minha colaboração na Gazeta. 

Quando aconteceu a missão Apollo 11, a NASA estava a meio de um processo judicial que foi movido por uma ateia: Madalyn Murray O’Hair, que se opôs à leitura de uma passagem do Génesis bíblico pelos astronautas da missão Apollo 8. Defendia Madalyn que o espaço não deveria ser usado para divulgar crenças nem ideologias. Pelo contrário, o espaço deveria ser a última fronteira da neutralidade, quer seja política ou religiosa. Por isso exigia que os astronautas não transmitissem actividades religiosas do espaço. 

O astronauta Aldrin, que pilotou o módulo lunar, era religioso e seguia o culto da Igreja Presbiteriana. Conhecedor do conflito entre Madalyn e a NASA, não quis deixar de testemunhar a sua fé a partir do espaço, e acabou por dizer para Houston (o centro das operações espaciais): “Gostaria de aproveitar esta oportunidade para pedir a cada pessoa que estiver a ouvir-me, que pare por um momento, pense nos eventos das últimas horas, e agradeça à sua maneira”. Consta que Aldrin levou consigo um kit de comunhão preparado pelo seu pastor, para poder comungar na Lua, e ainda hoje a sua igreja guarda o cálice usado nessa prática de fé. Só não se explica como conseguiu ele deitar vinho no cálice com luvas que lhe engrossavam os dedos, e bebê-lo na Lua com o casco espacial a envolver-lhe a cabeça!… Provavelmente fê-lo dentro da nave. 

Aproveito para informar que os desenhos originais da BD estão expostos, até ao fim deste mês de Setembro, no Museu da Imprensa (junto à Marina do Freixo), no Porto, para quem quiser apreciá-los.

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico) 

31 de Agosto, 2019 Carlos Esperança

O Islão misericordioso e o terrorista

Corre por aí que há um Islão benevolente e outro terrorista. O primeiro é o que se baba de gozo nas madraças e aparece compungido em público em cada ato de violência pia, a reiterar a benevolência do Corão, a execrar o terrorismo e a reclamar a paz. O outro é o que ulula, crocita e uiva na rua islâmica por cada infiel decapitado ou adúltera lapidada.

O Islão, o benevolente, oprime as mulheres, evita a modernidade e recusa a democracia. Ignora direitos humanos que o coíbam de cumprir a vontade de Alá e do Profeta, exulta com lapidações, folga com chibatadas e excita-se com decapitações. Não precisamos de olhar para o Islão terrorista, basta-nos o benévolo, aquele que há vários séculos impede, onde conquista o poder, que alguém despreze a religião ou tenha qualquer outra.

Os povos não são dementes, é o Islão que, à semelhança de outras religiões, contém em si o germe do crime. O terrorismo é a aplicação dos preceitos do livro sagrado contra os infiéis e a crueldade o método prescrito.

Seria trágico que se abrisse a caça ao muçulmano numa explosão de xenofobia baseada em sentimentos religiosos rivais, o desejo perverso do Islão que põe o terror ao serviço do proselitismo. O racismo é o sentimento piedoso do crente, a tolerância é a atitude de quem se libertou da religião. É por isso que o combate não deve ser dirigido aos crentes, mas contra o proselitismo troglodita dos seus próceres e o carácter retrógrado do Corão.

As armas nas mãos dos homens são um perigo, nas de Deus uma catástrofe. O clero não deseja a felicidade humana, aspira apenas satisfazer a crueldade de Deus. Não podemos condescender com quem despreza os direitos humanos. Há um combate cultural a travar em defesa da liberdade que não pode deter-se nos véus, nas mesquitas e madraças.

O Corão não é apenas o baluarte inexpugnável dos preconceitos islâmicos, é a fonte que legitima toda a iniquidade. No mundo islâmico, os mullahs procuram ocupar os devotos, nos intervalos das cinco rezas diárias, com o sofrimento dos infiéis. É preciso travá-los.