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2 de Outubro, 2019 Carlos Esperança

“A verdade liberta. A mentira prende”

Por

ONOFRE VARELA

Em 2007 a Editorial Caminho editou o meu livro “O Peter Pan Não Existe – Reflexões de um ateu”, obra que me ocupou cinco anos de escrita e, ao que julgava saber, a edição estaria esgotada… porém, dois amigos meus, num espaço de tempo curto e em livrarias diferentes, conseguiram o livro! Combinamos um jantar para dar à língua, recordar tempos passados e dedicar-lhes os dois exemplares do Peter Pan. Por essa razão hoje peguei no exemplar que me resta em arquivo, abri ao calhas e, do que li, decidi fazer esta crónica. Ao primeiro capítulo dei o título “A verdade tornarvos-á livres. A mentira tornarvos-á crentes”, frase que fui buscar a um texto do filósofo espanhol Fernando Savater que, por sua vez, a retirou do Evangelho de S. João (8:32) construindo-a de outro modo. (Confesso que, 12 anos depois da edição do livro, encontro partes do texto que se as escrevesse hoje tê-las-ia redigido de outro modo).

No capítulo que refiro, trato da crença e do conhecimento e, a certo passo, digo assim:

“Quem pensa que existe um ser supremo criador e dominador das vontades, não pode ser considerado menos, nem mais, inteligente do que aquele que não acredita em tal existência. Crença e conhecimento são matérias diferentes, antagónicas, mas podem coabitar pacificamente no mesmo cérebro. O pensamento e a sabedoria são duas matérias primas da Filosofia e podem funcionar como terapia do espírito. Ambos «curam» ou aliviam algumas das nossas maleitas. Os nossos maiores males, quando não são de ordem natural, provêm de imposições alheias que resultam em aflições sociais e económicas, ditadas pelo meio onde nos inserimos, que nos faz sofrer, e deste sofrimento não podemos sair unicamente por nossa livre vontade (não é o mesmo que sair do autocarro). Somos vulneráveis e, por isso, também buscadores constantes da satisfação e do consolo que cada um pode encontrar em lugares distintos. A qualidade dessa satisfação e desse consolo passa, inevitavelmente, pela qualidade do nosso pensamento e da nossa sabedoria. O apuro dessa qualidade, não se consegue nos ensinos oficiais; terá de ser procurado por cada um, vendo, ouvindo, lendo e pensando. Quem assim não procede sujeita-se à educação padronizada que modela a sociedade em que o indivíduo se insere e que é, por mor de outros interesses que não os seus, nivelada pela matriz dos valores sociais estabelecidos – isto é: invariavelmente, por baixo – tornando-nos massificados, transformando cada um de nós num modelo estereotipado como alvo à mercê de quem vive da exploração dos nossos sentimentos programados”.

A melhor escolha na vida, é cada um pensar pela sua própria cabeça sem se deixar anestesiar por discursos de quem nos quer convencer, sejam padres ou políticos. Neste momento eleitoral temos por aí palavreado debitado em vários púlpitos… peneirem-nos criteriosamente…

(Texto de Onofre Varela a sair no jornal Gazeta de Paços de Ferreira, na edição do próximo dia 3 de Outubro)

1 de Outubro, 2019 Carlos Esperança

1 de outubro de 1936

«Por la Gracia de Dios», designação da cumplicidade papal e do clero espanhol, o líder da revolta antidemocrática, Francisco Franco, foi nomeado chefe de Estado, vindo a tomar o poder, de facto, em 30 de janeiro de 1938, depois da sangrenta guerra, com a ajuda de Hitler, Mussolini e Salazar.

Seria curioso que no dia de hoje, no 83.º aniversário do abuso do título, o caudilho vitalício de Espanha e um dos maiores genocidas do século XX, viesse a ser removido do Vale dos Caídos, onde o frio assassino goza de honras de Estado.

Era democraticamente simbólico e uma medida de higiene cívica.

28 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

28-09-1978

Há 41 anos foi chamado à divina presença, no jargão do bairro do Vaticano, Albino Luciani, conhecido pelo pseudónimo de João Paulo I, após 33 dias de pontificado.

Não se sabe se foi vontade do seu Deus ou dos homens que o rodeavam.

28 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Arábia Saudita – Um país aberto ao futuro

Pasma-se com o passo de gigante no reduto do Islão ortodoxo e guardião dos mais sagrados locais do misericordioso Profeta.

As mulheres, que os monoteísmos sempre consideraram inferiores, não se sabe se por razões genéticas ou de género, irão ser autorizadas a conduzir automóveis e, pasme-se, a poderem assistir a jogos de futebol. São duas concessões por atacado.

Esta revolução que belisca a sharia, subverte os bons costumes e destrói uma tradição de 14 séculos, muito anterior à descoberta do motor de explosão, isto é, desde sempre, já foi saudada como “grande passo na direção certa” pelo secretário-geral da ONU.

O Mundo está estupefacto. Que uma mulher possa assistir a um jogo de futebol, quando devidamente acompanhada pelo marido ou um filho, ainda se tolera, mas poder, a partir de meados do próximo ano, conduzir um automóvel, a confirmar-se a arrojada decisão, é uma espécie de Maio de 68 francês, com a revolução dos costumes a partir do poder.

É tão surpreendente que uma mulher possa aprender a conduzir como ser dispensada de vergastadas públicas por tão imoral ato. Hoje começam a guiar, amanhã vão sozinhas ao estádio, e depois, quem sabe, acabam a autodeterminar-se, à semelhança dos homens.

Ainda hão de querer ser elas a escolher os maridos! Quem nos acode!? Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com o misericordioso profeta Muhammad, sua família e com todos os seus companheiros, antes de vermos uma jovem saudita a dar um beijo ao namorado que escolheu!

27 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Deus e o Diabo em Meca

Dizem os crentes que Deus está em toda a parte e é de crer que o seu reverso, o Diabo, também. Se não existisse turismo religioso e o entusiamo das multidões por maratonas pias, Meca, Medina, Jerusalém, Lourdes ou Fátima tornar-se-iam destinos sem sentido.

O Islão, cópia grosseira do cristianismo com laivos de judaísmo, tem no primarismo dos cinco pilares a sedução da facilidade e no extremismo dos princípios a atração fatal dos carentes de emoções fortes.

O facto de Maomé, analfabeto e amoral, ter sido o último profeta não permite ao Corão a atualização que o torne compatível com a democracia. Permanece assim um código de poder dos homens sobre as mulheres e dos que melhor o recitam sobre os outros.

Com dois milhões de peregrinos, ansiosos por apedrejarem o Diabo, na luta em que este sai sempre incólume os amigos do Misericordioso saem a perder. Há 31 anos foram 1426 os mortos, a maioria por asfixia. Há 6 anos, foram contabilizados 769 e 850 feridos. O ministro da Saúde saudita, também entendido em questões de fé, designou a tragédia como «vontade de Deus».

Com o Diabo sempre a sobreviver, para que o ódio não se perca, era mais sensato atirar pedras a partir de casa do que disputar a 2 milhões de fanáticos, em Meca, a tentativa de lhe acertar.

24 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

O homem que está ajoelhado aos pés de Edir Macedo é Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

Assim já está tudo claro, o homem é abençoado de DEUS e, por ELE, enviado para salvar o Brasil.

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O “Bispo” Edir Macedo apresenta a vida de Jair Bolsonaro a Deus.

Edir Macedo é um bilionário brasileiro, fundador e proprietário da chamada Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a tal “igreja” que em 2017 foi acusada de “adoptar” (tirá-las às mães) crianças em Portugal e de levá-las para o estrangeiro ilegalmente com os fins sinistros de as vender sob a capa de adopção. O fulano também foi acusado de actividades ilegais e de corrupção em actividades de tipo “Culto”, incluindo lavagem de dinheiro, charlatanismo, e bruxaria, bem como intolerância em relação a outras religiões.

CURRICULO NÃO LHE FALTA:!

Divirtam-se com este vídeo de 7 minutos

20 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Há 479 anos – o primeiro auto de fé da inquisição portuguesa

Auto de fé

Sob o pseudónimo de Tribunal do Santo Ofício vigorou em Portugal um simulacro de Justiça conduzido pela padralhada, dominicanos e jesuítas, entre outros clérigos de mau porte e piores instintos, de Ordens diferentes.

Das cláusulas impostas pelos Reis Católicos de Espanha, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, para que D. Manuel I pudesse casar com a sua filha, constava a criação da Inquisição como instrumento de perseguição a todas as heresias contra a fé católica, com especial empenho contra judeus que resistissem à conversão ou ainda suspeitos de práticas judaizantes e que fosse oportuno aliviá-los dos bens materiais e castigá-los da heresia pelo fogo purificador das fogueiras.

Se os judeus eram sempre os suspeitos óbvios, já antes alvo de alguns massacres, nunca o Tribunal do Santo Ofício esmoreceu no combate a outras heresias danosas para a alma e os bons costumes, protestantismo, islamismo, blasfémia, feitiçaria, sodomia, bigamia e outros sacrilégios em que a imaginação clerical era fértil.

Em dezembro de 1531, o Papa Clemente VII emitiu finalmente a bula de fundação do Santo Ofício em Portugal, que chegou no país apenas em 1532 para ser oficialmente extinta em 1821. O terramoto de grandes proporções, em 1531, cuja causa foi atribuída pela população portuguesa ao criptojudaísmo dos cristãos-novos deve ter convencido o Papa da urgência da Inquisição. E foi assim que em Évora, Lisboa, Tomar, Coimbra, Lamego e Porto foram criados tribunais para julgar heresias durante quase três séculos.

O primeiro auto de fé em Portugal foi realizado em 20 de setembro de 1540 em Lisboa, na praça do Rossio local habitual de execução, embora sejam também conhecidos autos no Terreiro do Paço.

Era um espetáculo onde o povo se divertia a ver esturricar judeus, bruxas ou hereges de muitas e desvairadas ofensas à fé católica, e onde não faltava a corte, com a sua melhor nobreza e o alto e baixo clero, todos compostos com uma procissão e a alma limpa com o suplício do/a herege.

Portugal e Espanha não tiveram os benefícios da Reforma e sofreram toda a violência da Contrarreforma. No dia de hoje, em 1540, realizou-se em Lisboa, para gáudio da Corte, que esteve presente, o primeiro auto de fé da Inquisição em Portugal.

Há lá espetáculo mais bonito e estimulante para a fé do que ver arder hereges?!

20 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

A religião, a carne de vaca e o Reitor da U. C.

Preservar o ambiente e tornar sustentável o Planeta é assunto demasiado sério, que não se compadece com ironias fáceis ou adiamentos em período de emergência, mas há um mínimo de bom senso aparentemente alheio ao Reitor da Universidade de Coimbra.

Todos sabemos que o modo de vida das sociedades atuais não é sustentável e que a sua perpetuação só abreviará o prazo de validade do Planeta para a vida humana. É urgente um novo paradigma que me leva a refletir sobre o aquecimento global e as tragédias que nos aguardam, mas há diferenças entre a ponderação exigida e o exibicionismo fácil.

Desconhecia a competência do Magnífico Reitor nas ementas das cantinas e a função de nutricionista-mor para proibir um alimento não proscrito pelas autoridades sanitárias.
A abolição inopinada da carne de vaca parece-me uma prepotência própria de um crente cujo proselitismo não aceita o contraditório. O atual reitor da UC, uma instituição laica, já surpreendeu na tomada de posse ‘antecedida de Missa Solene na Capela de S. Miguel, pelas 9 horas’, em 18 de fevereiro deste Ano da Graça.

Foi uma atitude pioneira de indignidade, de que pode não ter sido o responsável, mas a sua posse integrou uma missa para abrilhantar a cerimónia, missa cujo anúncio inédito mereceu a indignação de vários docentes. Foi a primeira vez que um reitor tomou posse com missa anunciada.

Se em 18 de maio foi o primeiro reitor a manifestar publicamente a preocupação com a salvação da alma, em 17 de setembro, sete meses depois, é pioneiro a salvar o Planeta. Espero que não pense que o pão ázimo, que alimenta a alma, transubstanciado em corpo e sangue, após os sinais cabalísticos, seja a fonte de proteínas para substituir a carne de vaca.

Para já, parece-me abuso de funções, à semelhança da Missa Solene, impor aos outros o direito individual que lhe assiste.

Como na missinha, volto agora a repudiar a prepotência do Magnífico Reitor, por não lhe reconhecer autoridade para a decisão que tomou.

19 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Deus & o Diabo, SARL

Há para aí quem acredite no Deus que ditou a um pastor de camelos, analfabeto e tribal, um livro tão detalhado, onde, da gastronomia ao sexo, da discriminação das mulheres à interdição do álcool, do número de orações diárias às relações sexuais, determinou tudo para se cumprir a sua vontade.

Há 5 anos, na Austrália, a polícia frustrou um plano para decapitar pessoas, ao acaso, apenas para infundir o terror de que o misericordioso Profeta gosta.

Esse Deus, tão rude e violento como o destinatário, afiançou-lhe que a sua tribo era a predileta, que as outras eram infiéis e deviam ser assassinadas pela seguinte ordem: primeiro judeus, depois, cristãos e, finalmente, todos os que não prestassem vassalagem ao profeta.

Antes desse esquizofrénico plagiador já o Deus do cristianismo tinha visitado a região, feito milagres, pregações e ressuscitado mortos para que todos fizessem o que queria o Deus mais velho, a quem chamava pai, enquanto um pobre carpinteiro era substituído na paternidade, por uma pomba, e um anjo fez de alcoviteiro.

Também este plagiara um tal Jeová, o primeiro a ditar um livro, como se Deus fosse dado à literatura, que jurou amor a doze tribos de Israel e fez uma escritura de doação de terras que ainda dizima fiéis dos diversos avatares do deus abraâmico.

Para as religiões monoteístas é difícil explicar com o mito bom, generoso, omnipotente, omnisciente e omnipresente, as guerras, as tragédias e crueldades que ensanguentam o mundo. E a obsessão demente para a degola dos desmiolados muçulmanos não ajuda.

Assim, os crentes começaram a desconfiar de Deus e passaram a acreditar no Diabo.