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11 de Setembro, 2020 Carlos Esperança

A Europa, a laicidade e os imigrantes

A Europa, sob pena de renegar os valores, cultura e civilização que a definem, não pode deixar de socorrer e tentar integrar as multidões que fogem de países falhados, Estados terroristas e regiões que o tribalismo e a demência dominam.

A Europa, tantas vezes responsável por agressões devastadoras, cujas consequências ora a confrontam, não pode renunciar ao dever de solidariedade para com os acossados, não por expiação de culpas mas por imperativo ético.

Nunca a metáfora da bicicleta, caindo quando para, foi tão certeira como aplicada à UE, que não soube ou não quis federar as nações que a compõem com o aprofundamento da política comum, nas suas vertentes económica, social, fiscal, militar e diplomática, para quem, como eu, acredita num projeto europeu.

Mal dos europeus se o medo os paralisa e preferem abandonar os náufragos a assumir o risco de salvar um terrorista, mas, pior ainda, se descuram o perigo que a exigência ética comporta, se não souberem distinguir os crentes, que precisam de ajuda, das religiões que exigem combate.

A Europa civilizada morre se renunciar à solidariedade que deve e suicida-se se não se defender da perversão totalitária de culturas exógenas que vivem hoje o medievalismo cristão e o pendor teocrático do seu próprio passado que o Iluminismo erradicou.

A civilização europeia será laica ou perece. Não pode ceder a poderes antidemocráticos, permitir a confiscação de espaços públicos por quaisquer religiões que incitem ao crime, em nome de Deus ou do Diabo.O Islão, na sua deriva sectária, é puro fascismo a exigir contenção. Enquanto não aceitar a igualdade de género, o livre-pensamento e as liberdades individuais não pode ser tratado como as religiões cujo clero se submeteu ao respeito pelas regras democráticas e à aceitação do Estado laico.

A laicidade, paradigma da cultura europeia, é a vacina que salva o pluralismo religioso, preserva a sua civilização e evita a xenofobia que alimenta a direita antidemocrática que pulula nas águas turvas do medo e da demagogia.Não se exige mais a quem chega do que a quem já estava, a submissão às leis do Estado laico e democrático.

10 de Setembro, 2020 Carlos Esperança

A fé e as pernas

Os coxos têm mais dificuldade na remissão dos pecados.
10 de Setembro, 2020 João Monteiro

Padre racista nega comunhão a fiel negra?

A possível verdade à luz dos factos.

Autor: Vítor Oliveira

Antes de começar, quero deixar isto claro. Não apoio nem simpatizo com acções racistas. Negar a humanidade ao próximo por conta da sua herança genética ou cultural é algo que considero obsceno, desprezível, vil e que vai contra os meus princípios humanistas.

Não estou com este texto a negar que exista realmente um problema estrutural na sociedade (e inerentemente na Igreja Católica) que deve ser resolvido, através da (re)educação social. Qualquer acusação de racismo contra mim por ter escrito estas palavras é infundada de razão. A minha intenção é educar as pessoas no sentido de as mesmas não efetuarem juízos precipitados face a esta ou a outras situações similares, no futuro.

Aparece recorrentemente este vídeo nos círculos ateístas, onde supostamente um padre, por impulso racista, nega a comunhão na boca a uma mulher negra. Acredito que a ignorância das práticas do catolicismo pode ser a principal responsável pela crença de que tal evento aconteceu sob moldes discriminatórios. Eu, agora ateu, mas ex católico e relativamente informado em relação às práticas cerimoniais da Igreja Católica, sinto-me na necessidade de tentar explicar o que possivelmente aqui aconteceu.

Vemos no vídeo que o padre dá a comunhão na boca de duas mulheres caucasianas e quando a mulher negra aparece, o mesmo a dá na mão. Sem contexto, é fácil determinar que se tratou de um evento de expressão racista. Com o devido contexto, nem tanto.

Quando fiz a primeira comunhão, no longínquo ano de 1996, tive uma sessão de formação com a catequista e com o padre, onde os mesmos ensinaram o que era a comunhão, o porquê de a mesma ser feita e quais os procedimentos para comungar.

Vou abreviar os factos relativamente a este acto. Quando os católicos recebem a comunhão, podem fazê-lo de duas formas. Na boca é a forma mais tradicional e aquela a que todos estamos habituados, por ver a mesma acontecer na televisão ou mesmo ao vivo. Depois, temos a menos usual que é a comunhão na mão.

Para receber a comunhão na mão, o fiel deve apresentar-se com as mãos estendidas, a esquerda sobre a direita. Este é o gesto, sob forma de comunicação não verbal, que se faz quando se deseja que isso assim aconteça e é essa mesmo que podemos ver neste vídeo.

As duas mulheres caucasianas que receberam a comunhão na boca tinham as mãos recolhidas e a sua linguagem corporal dizia ao padre que era assim que queriam receber a mesma. A mulher negra quando se aproximou do altar tinha as mãos esticadas, a esquerda sobre a direita, pelo que o padre, muito certamente, entendeu que a mesma queria receber a hóstia na mão.

A mulher ao receber a hóstia diz “amém” e enquanto profere as palavras, o padre avança para depositar a mesma nas suas mãos. Quando a hóstia está perto de aterrar nas mãos da fiel, a mesma tem a boca aberta para receber a consagração. Foi tudo, aparentemente, um mal entendido. A linguagem corporal da mulher não estava de acordo com o seu desejo, que eram o de receber a eucaristia na boca. Foi tudo um mal entendido, como quando estendemos a mão para receber um troco e o dinheiro é colocado no balcão pelo funcionário. E isto é mais comum do que se possa achar, já servi ao balcão e era recorrente que tal acontecesse.

Portanto, creio que à luz destes conhecimentos e através da vossa análise ao vídeo, vocês mesmos podem verificar que o que digo faz sentido. Que estou a negar que o padre é racista? Bom, quanto a isso, não sei. Esta minha análise está feita a partir do princípio da presunção da inocência, não tenho provas de que o padre seja racista, logo não o posso afirmar. Apliquei também a técnica da Navalha de Ockham, que diz que “a explicação mais simples é preferível do que uma mais complexa”. E a explicação, à luz do que se aprendeu agora relativamente ao acto de comungar, parece ser simples. Foi tudo um mal entendido.

Fonte do video:
https://www.facebook.com/ATLBlackStar/videos/1143646612483340

Fonte de como comungar com a mão:
https://pt.aleteia.org/2018/04/18/qual-e-o-jeito-certo-de-comungar-na-mao/

7 de Setembro, 2020 Carlos Esperança

Bruxaria, exorcismos e chalados perigosos

Bruxaria, exorcismos e chalados perigosos

No catolicismo vão longe os tempos em que as bruxas eram cotejadas com uma bíblia gigante e que, dada a insustentável leveza, um peso menor era o diagnóstico diferencial que provava a sua qualidade.

Santos doutores e papas, que não eram ainda infalíveis, acreditavam na sua existência e na incineração como terapia inquisitorial. Mulheres magras, por fome ou constituição, acabaram no churrasco pio por serem mais leves do que a bíblia que servia de bitola. A bruxaria era apanágio feminino que alimentava fogueiras e medos coletivos.

Aproveitavam a calada da noite para os conciliábulos e a vassoura para transporte até às encruzilhadas dos caminhos onde afluíam fantasmas e se rogavam pragas. Era aí que a tradição judaico-cristã domiciliava a origem das desgraças que semeavam o pânico na população e a loucura nos inquisidores.

Faleceram há muito Jaime I e Inocêncio VIII. O rei inglês mandava pagar prémios, em dinheiro, a delatores de suspeitos de bruxaria e o papa mandava inquisidores a descobrir e eliminar bruxas, incumbência que desempenhavam com denodo.

Dessa época só restam demónios, mais para manter postos de trabalho aos exorcistas do que por convicção. O padre Gabriel Amorth, exorcista oficial do Vaticano, desde 1986, obteve do papa Francisco o reconhecimento da Associação Internacional de Exorcistas, com profissionais calejados em pelejas contra o demo. Com 89 anos ainda exerce.

Agora é o Estado Islâmico, com predileção por decapitações, que se dedica a eliminar pessoas por serem «infiéis, ateus e praticarem bruxaria». é uma prática frequente.

O cronista deste blogue, irrevogavelmente infiel e ateu, só não se dedica à bruxaria, e se não for torturado, altura em que atestará a bondade dos cinco pilares desses chalados.

Como detesto ser decapitado, execro o furor pio de que esses dementes estão possessos, aceitando, neste caso, que qualquer país os exorcize.

É urgente e um ato de clemência.

5 de Setembro, 2020 João Monteiro

Entidades Públicas e celebrações religiosas

Ontem partilhei aqui a notícia de que o bispo do Funchal, durante uma festividade em Agosto, atribuía a ausência de óbitos na Madeira à Nossa Senhora do Monte, padroeira da região, e apontei as várias falácias utilizadas pelo clérigo. Acontece que o evento em que o bispo interveio merece ser criticado por outra razão: a presença de Entidades Públicas numa celebração de cariz religioso.

Segundo a notícia do Observador, o evento “teve a presença do representante da República, Ireneu Barreto, do presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e do presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Gouveia entre outras entidades civis e militares”.

Vivemos num Estado laico, em que há separação da Igreja e Estado. Assim, não deveriam ter estado presentes estas entidades públicas em representação oficial numa iniciativa religiosa. Em eventos deste tipo, podem estar presentes forças de segurança apenas no exercício da sua função, ou os detentores de cargos públicos a título individual e não oficial. E mais uma vez, apenas uma religião é beneficiada com estas representações.

Imagem de lininha_bs por Pixabay

4 de Setembro, 2020 João Monteiro

Intercessão de Nossa Senhora do Monte?

No mês passado, a 15 de Agosto, teve lugar a festa de Nossa Senhora do Monte, na Madeira. Durante a celebração, Nuno Brás, bispo do Funchal, atribuiu a ausência de óbitos causados por COVID-19 na Madeira à intercessão de Nossa Senhora do Monte, padroeira da região. O bispo fizera um apelo à referida santa durante uma oração e, “por uma questão de fé”, a santa teria intercedido. [1] Será esta uma prova de intervenção divina? Não, como veremos.

Os crentes acreditam no bispo enquanto autoridade, mas os cépticos e ateus colocam em questão a história e compreendem o que está em causa. A narrativa do bispo assenta na falácia conhecida como “post hoc, ergo propter hoc”, que significa “depois disso, logo por causa disso”. Por outras palavras, depois do bispo ter feito o pedido durante a oração verificou-se a persistência na ausência de óbitos, pelo que concluiu que tal se deveu à reza, atribuindo uma causalidade onde ela não existe. O bispo sabe disso e sabe que a qualquer altura a situação pode mudar, por isso mais à frente afirma: “poderá acontecer que, nos tempos futuros, sucedam mortes ou uma qualquer outra desgraça causada ainda por esta pandemia que teima em não desaparecer”. Então, podemos questionarmos sobre qual o significado da intenção divina caso surjam óbitos na região: quer dizer que a santa deixou de ouvir? Quer dizer que a fé do bispo e da população diminuiu ou se extinguiu? Quer dizer que outras “forças” superiores à da santa terão actuado? Quer dizer que a santa abandonou a sua população? Tantas perguntas.

O bispo também diz que é “importante agradecer as graças recebidas no controlo da pandemia”, como se as forças celestiais tivessem tido qualquer influência. Nós, ateus, afirmamos que se deveria agradecer aos médicos, enfermeiros e restantes profissionais de saúde, assim como aos cientistas pelo empenho no combate à doença, assim como também à própria população por ter seguido responsavelmente os cuidados de saúde.

O bispo recorre ainda a outra falácia, a do Cherry Picking, conhecida como escolha de dados, uma vez que ao mencionar o número nulo de óbitos escondeu os 130 infetados na região (números de Agosto). Se a santa pode evitar mortes, porque não evitou que as pessoas ficassem doentes? A resposta é porque a santa não tem poder de ação, pelo facto de ser uma entidade que não é real.

É que nem as mortes da sua população ela consegue evitar, como nos lembra um evento trágico passado. Na mesma celebração, mas a 15 de Agosto de 2017, um carvalho centenário abateu-se sobre as pessoas que aguardavam a passagem do cortejo religioso, originando 13 mortos e cinco dezenas de feridos.

Outros exemplos poderiam ser dados para demonstrar a ausência de qualquer intervenção espiritual. Fica a pergunta: acreditam mesmo que anjos, santos ou deuses podem intervir? Se sim, porque não fazem “sempre”? Porquê tanto sofrimento humano quando se acredita existir um grande e benévolo poder divino? Os crentes responderão que os mistérios de deus são insondáveis ou porque existe o livre-arbítrio. Para nós, essas respostas demonstram resignação e acomodação. A nossa resposta é porque essas entidades só existem na nossa imaginação, resultado de criação humana.

Imagem de Geraldine Dukes por Pixabay

Fonte da notícia:

[1] – https://observador.pt/2020/08/15/covid-19-bispo-atribui-inexistencia-de-obitos-na-madeira-a-nossa-senhora-do-monte/

3 de Setembro, 2020 Carlos Esperança

Liberdade de expressão

Quando renunciamos à liberdade e nos deixarmos tolher pelo medo, renunciamos à vida e à dignidade. O apoio ao jornal satírico Charlie Hebdo é uma obrigação cívica de todos os democratas de todos os países.

A solidariedade com as vítimas exige confrontar os algozes com a demência dos seus atos. Foi a civilização que o bando demente atacou. Aqui fica a capa do jornal, ontem publicado, como homenagem aos que foram assassinados e aos que têm a coragem de manter viva a liberdade de expressão.

3 de Setembro, 2020 Carlos Esperança

Universidade Católica

[Aprovado curso de Medicina da Católica. 

Vai ser o primeiro numa universidade privada em Portugal, deve arrancar em setembro de 2021. Aprovado o curso, é hora de fazer obras para receber novos alunos, nunca antes de setembro de 2021. Conselho das Escolas Médicas Portuguesas lamenta decisão: “É uma cedência ao poder político”.]

Não «é uma cedência ao poder político», é uma cedência do poder político. 

E paga impostos?

2 de Setembro, 2020 João Monteiro

Fora da religião não pode haver moral ou carácter?

Autor: Vítor Oliveira

Faz dois meses que o pastor evangélico Dante Gedel, da Califórnia, “recebeu de Deus” um Ferrari F355 Spider Giallo (1). Justificou a aquisição da máquina de 90 mil euros com as palavras, “Toda a minha vida foi assim! Eu desapego-me do que Deus me dá e ele dá mais. Que culpa tenho eu que Deus me abençoe tanto e que ele seja fiel às suas promessas”. Realmente, um verdadeiro inferno, Dante. Aparecem coisas assim do nada, sem que uma pessoa esteja à espera. A chatice que dá depois tentar arranjar lugar para guardar as coisas na garagem da mansão de luxo em que vive, enquanto o pobre que lhe paga o dízimo para que Deus lhe dê saúde continua doente. Será falta de fé ou será que Deus não olha por todos de forma igual? Ah, os mistérios do plano divino são realmente insondáveis!

No Brasil, o pastor que batizou Bolsonaro no rio Jordão foi preso (2) por cumplicidade no desvio de dinheiro público destinado à saúde. Há-de tudo “acabar em pizza” se Deus quiser, pois o mesmo protege a quem lhe é fiel.

Tivemos também uma menina que sofreu violência sexual durante 4 anos por parte do tio e possivelmente de outros membros da família.  (3) Ficou grávida. O Tribunal Federal sentenciou que a mesma poderia realizar um aborto, o que provocou um tumulto imenso nos grupos cristãos pró-vida que exigiram que a criança de 10 anos levasse a gravidez a termo, o que seria trágico para a mesma. Ela contraiu diabetes gestacional e corria perigo de vida caso a gravidez prosseguisse. Parece que o direito à vida das crianças não existe depois que as mesmas saem do útero materno. Esses mesmos grupos divulgaram informações pessoais da criança, do hospital onde estava, dos médicos que realizaram o aborto. Muitos, nas redes sociais, exigiram a cabeça do médico numa bandeja. É bom ver que as velhas boas histórias bíblicas continuam a dar ideias tão fantásticas às pessoas.

Entretanto e continuando na mesma notícia, o padre Ramiro José Perotto, em comentários nas redes sociais, disse que “Você acredita que a menina é inocente? Acredita em Papai Noel também? 6 anos, por 4 anos e não disse nada. Claro que estava gostando. Por favor kkkk, gosta de dar, então assuma as consequências”. (4) Por mais incrível que pareça, o que mais me choca nestas palavras é o facto de o mesmo não acreditar no Pai Natal.

Será que é boa altura para pedir desculpas pelo meu sarcasmo antes de continuar? Não… O humor negro ajuda-me a enfrentar de cabeça o pior que há no ser humano.

Entretanto, no nosso querido Portugal, o padre António Teixeira é suspeito de ter desviado 420 mil euros, conseguidos das esmolas dos fiéis e da venda de 20 peças de arte sacra sem conhecimento da paróquia, para assim adquirir 19 automóveis. A ser verdadeira esta acusação, aqui se vê que o Deus católico não é tão providencial quanto o Deus evangélico. (5)

E agora o caso mais bizarro. Sim, leram bem.

O pastor Anderson do Carmo de Souza, residente no estado do Rio de Janeiro foi, segundo a investigação criminal que ainda está a decorrer, morto a mandato da sua esposa, (6) a deputada federal e também pastora Flordelis de Souza. Quem participou do assassinato foram os 7 filhos do casal, uma neta do mesmo e dois cúmplices. Tentaram envenenar Anderson seis vezes com arsénico desde 2018, mas o mesmo sobreviveu a todos esses atentados à sua vida, levando-me a suspeitar de que ele se trata na realidade de Rasputin reencarnado. A única coisa que o parou foi o envenenamento por chumbo, administrado sob a forma de trinta balas. Veio a descobrir-se durante as investigações que alguns dos filhos (a família era composta por mais de 50 filhos, sendo a maioria adotivos) tinham sexo com os pais. A família funcionava também como uma “organização criminosa”, segundo o delegado Allan Duarte, responsável pela investigação. É um caso denso, de contornos negros e macabros. (7) Porque é que Flordelis matou o marido? Bom, citando o jornal El País, “segundo o promotor Sérgio Lopes Pereira, numa troca de mensagens com um dos filhos, Flordelis diz que não poderia se separar do marido por questões religiosas, e, portanto, segundo o promotor, decidiu matá-lo: “Fazer o quê? Separar dele não posso, porque senão ia escandalizar o nome de Deus”.” (8)

Mas porque razão estou eu a escrever isto? Como exemplo prático para vocês mostrarem aquelas pessoas que vos afirmam que fora da religião não se pode possuir moral ou caráter. Mostrem-lhes estes exemplos e depois perguntem “Onde está a moral? Onde está o carácter? Onde está o teu Deus, agora?”

Imagem de congerdesign por Pixabay

1- https://www.1news.com.br/noticia/609496/curiosidades/pastor-da-assembleia-compra-ferrari-de-r-600-mil-e-diz-que-e-um-presente-de-deus-27062020

2- https://veja.abril.com.br/blog/radar/pastor-preso-por-desvios-na-saude-batizou-bolsonaro-no-rio-jordao/?fbclid=IwAR0mO1pTSyQebSmDT7pMnUsX93IvH0jY-MlszzNycL86vi-c6Nw1mwvFqec

3-
https://www.dn.pt/mundo/menina-de-10-anos-gravida-apos-violacao-faz-aborto-e-e-chamada-de-assassina–12529178.html?fbclid=IwAR2uDUm1CBT_bnxgSKmz-vxDFK8cXkn2Bawmje-lg2kNfnxMpXK09lJv9zo

4-
https://www.reportermt.com.br/policia/igreja-catolica-afasta-padre-de-mt-que-disse-que-menina-estuprada-gosta-de-dar/119847?fbclid=IwAR3mmVPph99oisC-O6wn7HU2L6GePv5p-dqwu2dHaPipY1TJXzDcGkvcVlI

5-
https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/padre-de-lisboa-usou-esmolas-de-fieis-para-comprar-19-carros?fbclid=IwAR2sQ7h1db2SpvplcFtH3i7QwAOJpno3SlZ0uK2aiQ8mSviKsLDaQXYKRws

6-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_Anderson_do_Carmo#O_assassinato

7-
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/08/31/flordelis-e-anderson-tinham-relacoes-sexuais-com-filhos-diz-pessoa-que-viveu-com-o-casal.ghtml

8-
https://brasil.elpais.com/brasil/2020-08-24/os-planos-de-flordelis-para-matar-o-marido-e-nao-escandalizar-o-nome-de-deus-segundo-os-investigadores.html

2 de Setembro, 2020 Carlos Esperança

Charlie Hebdo – 2 (Homenagem aos 17 mortos)

Começa hoje o processo dos ataques terroristas de janeiro de 2015 em Paris, incluindo à revista satírica Charlie Hebdo, em que morreram 17 pessoas.

Há 14 arguidos no banco dos réus a serem julgados neste processo que deverá prolongar-se até 9 de novembro e vai ter 49 sessões. Mais do que eventuais criminosos dementados, é uma ideologia que vai ser julgada.  

Recordo o texto e a imagem que escrevi em 13 de janeiro de 2015

A prudência e a coragem

A dia de ontem deu emprego a imensos comentadores que repetiram até à náusea que os terroristas nada têm a ver com o Islamismo. Pareciam papagaios amestrados a negar as evidências. Basta ver os chacais que hoje se pronunciaram a favor da legitimidade do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, aceitando a crueldade e o assassínio.

Devemos, no entanto, compreender a legião de mentirosos, que procuram honestamente defender de retaliações os muçulmanos. Quem os molestar deve ser punido com o rigor que os crimes sectários merecem, mas não se pode absolver uma religião anacrónica que não foi capaz de fazer a Reforma, de aceitar a laicidade ou de abdicar da propriedade masculina das mulheres.

O islamismo é perverso e intoxica os crentes. É um sistema totalitário controlado por boçais, posto ao serviço das frustrações e do atraso de quem não aceita a modernidade.

Defender os muçulmanos, tal como os cristãos, hindus, budistas ou judeus é a obrigação dos democratas. Combater a superstição, o preconceito e a barbárie é um dever, quer se trate dos cristãos evangélicos que impõem o estudo do mito criacionista nas escolas dos EUA, assassinam médicos e enfermeiros em clínicas onde se pratica o aborto legal ou inspiram o Tea Party; quer sejam islamitas que raptam meninas cristãs na Nigéria e as reduzem à escravatura; quer sejam católicos devotos de João Paulo II que, seguindo a teologia do latex, deixaram morrer centenas de milhares de negros a quem privaram do uso do preservativo; quer sejam hindus nacionalistas, budistas do Tibete ou os judeus de trancinhas à Dama das Camélias, que na pausa de cabeçadas ao Muro das Lamentações, inspiraram os massacres de Sabra e Chatila e promovem o sionismo.

Dizer que o Islão é pacífico, tal como outras religiões antes da repressão política sobre o respetivo clero, é uma mentira que, de acordo com o mito do Pinóquio, não deixaria o nariz de quem o afirme caber no maior dos templos.

É preciso defender os crentes e combater as crenças. O Renascimento, o Iluminismo e a herança republicana da Revolução Francesa são irrenunciáveis.