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19 de Fevereiro, 2016 Carlos Esperança

A condecoração de Sousa Lara

Foi ontem condecorado o devoto Sousa Lara, o censor do livro “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, do «inveterado ateu» José Saramago, que concorria a um prémio literário europeu.

Disse o pio, que Deus abandonaria nas trapalhadas da Universidade Moderna, que «A obra atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Longe de os unir, dividiu-os» e, com tão clemente argumentação, vetou o livro, em nome do Governo presidido pelo devoto que ora lhe concedeu a venera.

LARA

18 de Fevereiro, 2016 Luís Grave Rodrigues

Suicídio

Suicídio

18 de Fevereiro, 2016 Carlos Esperança

O negócio dos milagres e o Opus Dei

Uma recuperação surpreendente

Em 14 de julho de 2014, meu terceiro filho quase amputou a mão trabalhando com um moedor. A quantidade de sangue que perdia era enorme. Outro dos meus filhos, que estava em casa, chamou a ambulância e enquanto isso, eu comecei a pedir a Isidoro que meu filho não morresse, mesmo sabendo que teriam pouco tempo para assisti-lo.

17 de Fevereiro, 2016 Carlos Esperança

João Paulo II (JP2) – a canonização adiada

A morte de JP2 relembrou a dor e sofrimento manifestados na URSS quando o pai da Pátria, José Estaline, exalou o último suspiro, e o histerismo demente que rodeou a morte do aiatola Khomeini em todo o mundo islâmico, particularmente no Irão. Em comparação, as mortes de Franco, Salazar e Pinochet foram choradas de forma contida.

O absolutismo papal que restaurou com o apoio entusiástico do Opus Dei, Libertação e Comunhão, Legionários de Cristo e outros movimentos integristas, tornou JP2 o Papa da Contrarreforma, antimodernista, infalível, intolerante, substituindo os arcaicos autos de fé pela propaganda e pela diplomacia.

O Papa da Paz, como os devotos o designam, apoiou a Eslovénia e a Croácia (católicas) e a Bósnia e o Kosovo (muçulmanos) contra a Sérvia cuja obediência à Igreja Ortodoxa constitui um entrave ao proselitismo papal que tem nos ortodoxos a principal barreira ao avanço do catolicismo para leste. Já assim foi na II Grande Guerra.

A proteção aos padres que participaram ativamente no genocídio no Ruanda é mais um desmentido ao boato sobre o alegado espírito de paz que o animava.

A intervenção de JP2 a favor da libertação de Pinochet, quando foi detido em Londres, é coerente com a beatificação de Pio IX, do cardeal Schuster, apoiante de Mussolini e do arcebispo pró-nazi Stepinac. O apogeu da afronta foi a canonização veloz do admirador de Franco e fundador do Opus Dei, Josemaria Escrivá de Balaguer.

JP2, ele próprio profundamente supersticioso e obscurantista, chegou a ser obsceno na forma como engendrou milagres para 448 santos e 1338 beatos cujos emolumentos contribuíram para o equilíbrio financeiro da Santa Sé e para o delírio beato dos fiéis.

Desde a prática do exorcismo à exploração de indulgências, da recuperação dos anjos à aceitação dos estigmas como sinal divino (canonizou o padre Pio), tudo lhe serviu para alimentar a fé de sabor medieval e o desvario místico.

O horror que nutria pela contraceção, o aborto, a homossexualidade e o divórcio são do domínio da psicanálise. O planeamento familiar era para o papa medieval um crime. Considerava a SIDA um castigo do seu Deus e, por isso, combateu o preservativo, tendo o Vaticano recorrido à mentira, afirmando que era poroso ao vírus (2003). A misoginia, a conceção do carácter impuro da mulher e o horror à emancipação feminina foram compensados pelo culto insalubre da Virgem, recuperado da tradição tridentina.

Como propagandista da fé, pressionou Estados, intrometeu-se na política de numerosos países, ingeriu-se nos assuntos relativos ao aborto, à eutanásia ou ao divórcio e instigou populações contra governos democraticamente eleitos. Apoiou os comandos antiaborto, estimulou a desobediência cívica, em nome da fé, pressionou a redação da prevista Constituição Europeia e chegou ao disparate de pedir aos advogados católicos que alegassem objeção de consciência e se negassem a patrocinar divórcios.

O Papa da Paz que condenou a atribuição do Nobel da Literatura a José Saramago; que envidou todos os esforços para obter o da Paz para si próprio, que justamente lhe foi negado; que excomungou o teólogo do Sri Lanka, Tyssa Balasuriya por ter duvidado da virgindade de Maria e defendido a ordenação de mulheres; que perseguiu e reduziu ao silêncio Bernard Häring, Hans Küng, Leonardo Boff, Alessandro Zanotelli ou Jacques Gaillot; que marginalizou Hélder da Câmara e abandonou Oscar Romero; que combateu o comunismo e ficou em silêncio perante as ditaduras fascistas; João Paulo II morreu uns dias depois de o Vaticano ter proibido a leitura ou a compra do «Código Da Vinci», do escritor Dan Brown, sem nunca ter criticado a fatwa que condenou à morte o escritor Salmon Rushdie.

O Papa que morreu, segundo a versão oficial, no dia 02-04-2005 (soma=13), às 21h37 (soma=13), curiosidades «assinaladas» pelo bispo de Leiria/Fátima, foi o beato algoz da liberdade, autocrata medieval e fanático supersticioso. A sua morte consternou chefes de Estado e de Governo, alimentou noticiários das televisões de todo o mundo, rendeu biliões de ave-marias e padre-nossos, e pôs milhões de pessoas a rezar o terço, vestígio do Rosário da Contrarreforma, a que adicionou um novo mistério.

JP2 era certamente uma pessoa de bem que escondeu essa faceta para ser celebrado por dignitários políticos, religiosos e outros hipócritas. É desse Papa que conheci, que deixo um esboço, quando as cartas particulares, acabadas de revelar, o humanizam e mostram que não era alheio à influência das hormonas.

A canonização de JP 2 era capaz de deslustrar a imagem do papa Francisco, o papa que tanto pode prorrogar o prazo de validade da sua Igreja como tornar-se para o Vaticano o que Gorbatchov foi para a URSS.

As cartas que revelam “uma relação intensa” com Anna-Teresa Tymieniecka podem custar a João Paulo II a privação do alvará para obrar mais milagres e, depois de ter curado uma freira com doença de Parkinson, da qual ele próprio sofreu em vida, e lhe permitiu a beatificação, pode falhar o milagre que lhe falta para a canonização.

16 de Fevereiro, 2016 Carlos Esperança

A pobreza, o Islão e a justiça

Esta cronologia é também ela uma ferramenta de auxílio para compreender melhor o que aqui se passou:

https://www.publico.pt/sociedade/noticia/liliana-e-os-seus-filhos-a-cronologia-de-um-filme-com-nove-anos-1723431

Liliana e os filhos: a cronologia de um filme com nove anos
Faz em Maio quatro anos que teve início a guerra nos tribunais. Na altura foi decidido que sete dos dez filhos de Liliana Melo, uma cabo-verdiana que reside em Portugal há mais de 20 anos, deveriam ser entregues para adopção.
publico.pt
15 de Fevereiro, 2016 Carlos Esperança

Festival de obscurantismo em marcha

Fátima 2017: Santuário abre portas a todos para celebrar centenário das Aparições e chega ao Vaticano em 2018
Agência Ecclesia 03 de Fevereiro de 2016

Reitor rejeita «linguagem alarmista» face a grandes aglomerados que se preveem na Cova da Iria, particularmente na visita do Papa

Fátima, Santarém, 03 fev 2016 (Ecclesia) – O reitor do Santuário de Fátima anunciou hoje que a reta final do programa celebrativo do centenário das Aparições, até outubro de 2017, vai ter uma “forte componente cultural”, procurando chegar a todos os públicos.

“Toda a programação foi feita a pensar nas pessoas: nos peregrinos habituais e nas suas necessidades e expectativas, mas também naqueles que não estão tão ligados a Fátima, que queremos atrair e acolher”, disse o padre Carlos Cabecinhas, em conferência de imprensa.