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2 de Janeiro, 2017 Carlos Esperança

A laicidade e o islamismo político

 

Entro em 2017 com a certeza de que o islamismo político e os valores liberais do Ocidente são incompatíveis. Desconheço, aliás, qualquer religião cujos valores sejam coincidentes com as liberdades que caracterizam a nossa cultura, mas se a repressão ao clero de outras religiões permitiu que elas próprias se juntassem na defesa da laicidade, o Islão político chegou a um ponto de não retorno.

O respeito que a cobardia do politicamente correto procura impor, aliado ao preconceito de que é a direita que defende os valores civilizacionais, cria a perigosa confusão entre a postura liberal nos costumes que é apanágio da civilização com a opção liberal na economia.

O Islão não tolera a música, a arte ou a felicidade, não aceita a igualdade de género nem prescinde do direito de posse da mulher pelos homens, entre outras aberrações comuns aos monoteísmos, mas caídas em desuso na civilização ocidental após o longo processo renascentista, iluminista e da Revolução Francesa.

A passagem do ano em Colónia, na Alemanha, foi este ano vigiado por forte dispositivo policial para evitar a repetição das inúmeras violações do ano anterior em que islamitas dementes foram os autores.

O ano começou, aliás, com um ataque a uma discoteca em Istambul, na Turquia, onde o Irmão Muçulmano Erdogan não pôde destruir ainda todo o legado de Atatürk. Trinta e nove mortos e 69 feridos foi o resultado da sanha de quem acredita no “beduíno amoral e analfabeto” como profeta da moral e da sabedoria, na Europa, onde a Turquia acaba e a Europa deixa de ser Ásia.

Na Holanda, onde uma em cada três mesquitas é salafista, o Instituto Verwey-Jonker, especializado em sociologia, descreveu as regras dessas mesquitas. Estão na vanguarda da demência sunita, o que levou Lodewijk Asscher, ministro dos Assuntos Sociais e líder social-democrata, a apelar aos pais holandeses para retirarem os filhos das aulas de Corão ministradas pela mesquita salafista Al Fitrah, em Utrecht.

As regras impostas nessas mesquitas, segundo o Instituto atrás referido, incluem «evitar muçulmanos moderados, rejeitar a música, o cinema, as excursões de tipo cultural, e a separação entre homens e mulheres. Esta última atinge professores, especialmente as professoras, na escola primaria, a quem não devem cumprimentar com o aperto de mão com que é hábito os alunos holandeses despedirem-se no fim de cada dia de aulas». (El País, ISABEL FERRER, Haia 27 dez. 2016)

A defesa da laicidade e da civilização exige a interdição desses locais mal frequentados e o julgamento dos seus clérigos. Não são templos, são escolas terroristas.

A laicidade exige absoluta neutralidade do Estado em relação às religiões. O mercado da fé deve estar sujeito ao Código Penal.

1 de Janeiro, 2017 Carlos Esperança

Laicidade

religionescualano

30 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

Boko Haram

É mais fácil saber o nome dos presidentes dos clubes de futebol do que saber o que é o Boko Haram.

Aliás, tudo o que diz respeito a África e à negritude é habitualmente ignorado, como se ainda se discutisse se os negros têm alma ou não, o que permitiu a escravatura, com boa consciência cristã. A fome, a doença e o sofrimento são ignorados pelo ramo caucasiano que muito provavelmente descende dos negros.

Pois bem, na zona do Sahel trava-se uma batalha feroz entre o islamismo retrógrado e o protestantismo evangélico, respetivamente financiados pela Arábia Saudita e evangélicos norte-americanos.

O Boko Haram é um grupo terrorista que jurou fidelidade ao Estado Islâmico e anseia criar o califado na Nigéria. A sharia tornou-se lei no Norte, com maioria muçulmana, enquanto o Sul, com maioria cristã, a repudia. O crescimento da população muçulmana, é uma ameaça para os cristãos. Além de raptos e torturas, calcula-se em15 mil mortos e mais de 2 milhões de deslocados a tragédia provocada pelo bando sinistro que estendeu a jihad ao Níger, Camarões e Chade.

No Níger, depois de várias vitórias sobre o sinistro grupo que sequestrava meninas para começam uma vida nova como servas, está a desagregar-se com múltiplas deserções de combatentes da fé.

Considero esta notícia bem melhor e mais importante do que o resultado das eleições no Sporting.

28 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

Espanha

Apesar das gordas quantias que a ICAR recebe do Estado espanhol, 25,8% dos espanhóis, declaram-se não crentes.

E nenhum Governo, de direita ou de esquerda, tem coragem para pôr termo ao abuso eclesiástico que defrauda o erário público!

28 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

O antissemitismo e o sionismo

O sionismo político, nascido em 1897, e a Declaração de Balfour de 2 de novembro de 1917, que referia a intenção do governo britânico de facilitar o estabelecimento do “Lar Nacional Judeu” na Palestina, concretizaram-se em novembro de 1947, com a ONU a recomendar a divisão da Palestina com o Estado judeu, ficando sob a sua administração direta a cidade de Jerusalém, eterna referência dos 3 monoteísmos.

O plano foi aceite pelos líderes sionistas e rejeitado pelos árabes, e não mais houve paz na região. Israel declarou a independência em 14 de maio de 1948, quando as memórias do antissemitismo e da crueldade nazi, que exterminara 6 milhões de judeus, eram ainda demasiado vivas.

Cabe aqui referir que a perversidade nazi foi um fenómeno puramente secular, mas não lhe foi alheio o antissemitismo do Novo Testamento, que uniu os cristãos (protestantes e católicos) no ódio aos judeus e na colaboração com nazismo, fornecendo-lhe os bispos a relação dos batismos para mais facilmente identificar os judeus.

A história está escrita, mas o que assusta é o livro em branco do futuro. Israel, que deve a sua fundação à ONU, desrespeita hoje as suas resoluções. As vítimas de ontem são os carrascos de hoje, na Palestina. Israel persiste na ilegal e provocatória intenção de criar novos colonatos no território palestiniano. Reivindica os direitos do Antigo Testamento, onde a hipotética Conservatória do Registo Predial Divino lhe confere a propriedade da Palestina.

O ‘tweet’, hoje referido no El País online, onde o PR eleito dos EUA, Donald Trump escreveu «Continua forte Israel, o 20 de janeiro aproxima-se rapidamente» (tradução minha), contraria a posição política do ainda presidente Obama e torna-se aterradora para o mundo a transferência do poder nos EUA, de um político para o empreiteiro.

Donald J. Trump ✔ @realDonaldTrump
Doing my best to disregard the many inflammatory President O statements and roadblocks.Thought it was going to be a smooth transition – NOT! (Tweet citado).

sionismo-versus-judaismo1

25 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

O PR e a religião num Estado laico

Marcelo é um católico fervoroso. É um direito e um dever para quem acredita e pratica uma religião. Não deixa de ser, por isso, um PR com notável sentido de Estado, nem o cidadão culto e inteligente que transmite felicidade com a simpatia que irradia.

Depois de um presidente detestável, inculto e rancoroso, mais empenhado nos interesses da família do que no interesse dos portugueses, Marcelo é uma lufada de ar fresco. Não seria a prática religiosa que me impediria de votar nele se, acaso, as opções ideológicas coincidissem.

O que o cidadão Marcelo não pode fazer, como Presidente da República, é praticar atos de subserviência perante os dignitários do clero romano. Se na intimidade da sacristia oscula partes de um clérigo, é uma manifestação pia que só ao próprio diz respeito, mas se, perante as câmaras, no espaço público e em exibição pia, vai ao beija-mão ao papa e ao cardeal, é a dignidade da República que fica ferida.

A República Portuguesa, onde ele simbolicamente é o representante máximo, não é uma sucursal do Vaticano nem o Palácio de Belém uma sacristia.

O beija-mão ao cardeal dos colégios amarelos é um ato indigno do mais alto dignitário da República e o simbolismo da espinha que se curva e do ósculo que depõe no anel do purpurado é uma humilhação para quem deve viver de pé para ser respeitado por todos, crentes e não crentes.

Na República não é o PR que vai ao Paço episcopal, em desatino místico, lamber o dedo ao cardeal, é o bispo que deve obediência ao Presidente de todos os portugueses.

E, perante o Papa, são dois iguais na chefia do Estado.

Há tradições que o decoro e a democracia não podem manter.

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