Loading
12 de Maio, 2017 Carlos Esperança

Infernos não faltam

Diário de uns ateus, sem de rever na crença em Deus, de um frade católico, entende que há diferenças entre um crente inteligente e os talibãs romanos.

Por isso, aqui fica um texto de

Frei Bento Domingues

(in Público – 30 de Abril de 2017)

«Fátima dá uma imagem do catolicismo português que não corresponde à reforma desencadeada pelo Papa Francisco. Falta-lhe ser o centro da nossa evangelização.

1 – Pesadelos do Inferno, evidências do Purgatório e tristezas do Limbo faziam parte da paisagem religiosa da minha infância. As Alminhas do Purgatório habitavam em dois nichos na minha aldeia. Suscitavam devoção e reciprocidade: “Vós, que ides passando, lembrai-vos de nós que estamos penando.” As pessoas lembravam-se e, para tudo o que precisavam, a elas recorriam, sabendo que aliviavam as suas penas. Em favor delas não podiam fazer nada, mas, quando invocadas com promessas cumpridas, eram uma fonte de graças para todas as ocasiões. Não desempregavam Santo António ou S. Bento da Porta Aberta, mas estavam mais à mão. As esmolas que recolhiam serviam para mandar dizer missas pelas mais abandonadas.

Eram Alminhas pintadas. Um dos nichos ficou muito estragado e foi pedido a um habilidoso de muitas artes, que periodicamente passava por lá, para o repintar. Perguntou: querem ver as Alminhas a irem para o céu ou a continuarem no Purgatório? É claro, a irem para o céu. Veio um Inverno rigoroso e a pintura desapareceu. O pintor não aceitou a queixa acerca da má qualidade das tintas. Tinham ido todas para o céu.

O Inferno era outra história. Por tudo e por nada, uma mãe zangada com os filhos (ou até com o gado), juntamente com um palavrão, exclamava: metes-me a alma no Inferno! Não era grave. Grave, muito grave, eram os sermões de preparação para o “confesso”: quem não confessasse, com todas as circunstâncias, os pecados mortais e morresse nessa situação, ia direitinho para o Inferno. A alma caía num lago de fogo, atiçado por uma multidão de diabos feios e maus e nunca mais de lá saía. O relógio infernal repetia “sempre, nunca”: aqui entraste, aqui ficas e daqui nunca sairás!

O Inferno era eterno, mais eterno que o infinito amor de Deus que nada podia fazer contra essa Instituição. O diabo tinha vencido o Anjo da Guarda e o próprio Deus.

Para as pessoas de bom senso, não havia lenha para tanta eternidade nem alma que aguentasse tanto fogo! Um bom caminho para a descrença: um deus que fabrica tais enormidades é inacreditável.

O Limbo, nem triste nem alegre, para onde iam as crianças que morriam sem baptismo, era o além mais povoado, não passava de um eterno aborrecimento. Bento XVI encerrou-o sem protestos.

2 – Voltei a ler as Memórias da Lúcia de Jesus. O que diz acerca do Inferno não excede o que também eu ouvi em criança: “Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados em esse fogo os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saiam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros.” [1] Como sugestão para um filme de terror, não está nada mal. Diz a Lúcia que a Jacinta perguntava: “Porque é que Nossa Senhora não mostra o inferno aos pecadores? […] Às vezes perguntava ainda. Que pecados são os que essa gente faz para ir para o inferno? Não sei, talvez o pecado de não ir à Missa ao Domingo, de roubar, de dizer palavras feias, rogar pragas, jurar. E só assim por uma palavra vão para o inferno? Pois! É pecado. Que lhes custava estar calados e ir à Missa? Que pena que eu tenho dos pecadores, se eu pudesse mostrar-lhes o inferno!” [2]

Passando da Terceira para a Quarta memória, há revelações curiosas. “Então Nossa Senhora disse-nos: não tenhais medo, eu não vos faço mal. De onde é vossemecê? Sou do Céu. E que é que vossemecê me quer?, lhe perguntei. Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora, depois direi quem sou e o que quero. Depois voltarei aqui uma sétima vez. E eu, também vou para o Céu? Sim, vais. E a Jacinta? Também. E o Francisco? Também, mas tem que rezar muitos terços.

“Lembrei-me então de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco, eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com minha Irmã mais velha. A Maria das Neves já está no Céu? Sim, está. Parece-me que devia ter uns 16 anos. E a Amélia? Estará no Purgatório até ao fim do mundo. Parece-me que devia ter 18 a 20 anos. Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores? Sim, queremos. Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.” [3]

3 – Nossa Senhora mostrou que era uma pessoa muito organizada e pouco supersticiosa com o dia 13. Estou um bocado desapontado com a pouca originalidade das suas revelações e pedidos. Por tudo o que li, parece-me que os Pastorinhos levaram para os locais do seu pastoreio o que rezavam em família, o que aprendiam no catecismo e nas pregações. Deviam ser crianças bastante impressionáveis. A revelação mais extraordinária é, também, a mais incrível: não bastando à Amélia ter sido violada, vir de Nossa Senhora a afirmação de que ficaria no Purgatório “até ao fim do mundo”, é de mais. Isso não se faz!

A edição crítica das Memórias de Lúcia de Jesus, as investigações históricas já realizadas e em curso, vão oferecer um panorama da vida e religiosidade da freguesia de Fátima que irão atenuando os delírios acerca destes fenómenos nomeados como aparições ou como visões.

11 de Maio, 2017 Carlos Esperança

Fátima

Confirma-se a concessão dos alvarás de santos a Francisco e Jacinta, depois de aprovados os 2 milagres obrados em joint venture.

O Papa não vem como chefe do único Estado sem maternidade, vem como estafeta da Cúria entregar os alvarás de santos de Francisco e Jacinta.

Francisco vai aparecer do Céu, em Fátima, mas, contrariamente à Senhora de Fátima, conhece-se o meio de transporte e o combustível usado.

9 de Maio, 2017 Carlos Esperança

Tertúlia em Oliveira do Hospital

“O Sol bailou ao meio dia?!” Fátima, Fé e História… 100 anos depois (O video)

“O Sol bailou ao meio dia?!”  Fátima, Fé e História… 100 anos depois
Moderação: Vítor Neves
Intervenientes: Anselmo Borges, Carlos Esperança, Francisco Claro e Luís Filipe Torgal.

Ficam aqui algumas da frases chave desta tertúlia.

Veja agora aqui o vídeo completo.

 

Anselmo Borges:
“Fátima não é um dogma. Pode-se ser bom católico e não acreditar em Fátima. … aquelas crianças fizeram aquela experiência religiosa, mas não foi a melhor… que mãe mostra o inferno aos seus filhos?…”
“Não acredito em segredos….o que Deus diz está nos evangelhos.”
“Fátima é uma questão de religiosidade popular…”
“Crentes e ateus fazem bem rezar. Parar!”
“Se há coisa que precisamos é mudar de atitude. Se continuar no centro o Deus dinheiro vamos estar em perigo”.

Carlos Esperança:
“Fátima é seguramente um embuste, que nasceu no seio da Igreja Católica, fomentado pelo Clero”.
“Repúdio por o Presidente da República participar em vídeo promocional de Fátima”.
“Condeno o governo por dar tolerância de ponto…”
“É evidente que o sol não bailou…”
“Rezei até aos 14 anos. Tive as mesmas visões de Lúcia com o diabo com garfo de três dentes…”
“Fátima é um offshore da realidade.”
” O que exijo do Estado é a laicidade”

Diácono Francisco Claro:
“O que aconteceu em Fátima, tem efeito extraordinário, na vida de cada um de nós…”
“Vemos uma pretensa apropriação de Fátima… É uma visão”.
“As vicissitudes históricas longe de diminuírem a credibilidade do evento… para mim o evento de Fátima é fulgurante de luz.”
“Quem se castiga é o homem.”
“O homem entregue a si próprio fica em situação de perigo existencial”.
“Estou convencido que o segredo de Fátima está totalmente revelado”.
“Olho para Fátima e vejo de tudo como na farmácia…”
“Estou em crer que os pastorinhos fizeram uma experiência de Deus extraordinária, de uma beleza que até dá inveja.”
“Para Deus é mais fácil bailar o sol do que os corações.”

Luís Torgal:
” São 100 anos de muitas contradições…”
“Acredito que Fátima resultou de visões de Lúcia… os outros são praticamente peças fora do baralho…nada dizem”.
“Fátima não é dogma de fé…”
“O discurso de Fátima esteve sempre muito politizado”.
“Eu respeito Fátima.”

8 de Maio, 2017 Carlos Esperança

Egito – o encontro histórico de dois papas

O Papa da Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria e o Papa
católico encontraram-se na última viagem que o último fez
ao Egito.

Com papas e bolos...

7 de Maio, 2017 José Moreira

Mais católicos menos praticantes

O insuspeito “Jornal de Notícias” (JN) dava hoje à estampa um artigo segundo o qual existem, actualmente, mais católicos, mas esses são menos praticantes. Confesso que fiquei confuso, sem saber, ao certo, o que é isso de “ser católico” sem ser “praticante”.  Para mim, que não percebo patavina, “ser católico” não é limitar-se a estar inscrito na ICAR, pois se assim fosse, sem a menor sombra de dúvida que cada vez há mais católicos: à medida que nascem vão sendo inscritos e o seu número aumenta, naturalmente . Até eu estou lá inscrito. Mas ser católico, no meu entender, é, além de estar inscrito na ICAR, cumprir os seus cinco mandamentos. Isto para além, claro, de cumprir toda a sua (da ICAR) doutrina avulsa, que não se fica pelos mandamentos, já para não falar na doutrina bíblica. Por exemplo, gerar filhos fora do casamento é um pecado. E o que nós vemos é que cada vez há mais famílias monoparentais, o que é uma situação pouco católica. Claro que a ICAR, como tem vindo a ser seu timbre, vai-se “mimetizando”, e vai aceitando, no seu seio, casais divorciados, homossexuais e outros em situações pouco católicas.

Ora, para mim, “católico” é, além do mais, cumprir “religiosamente” os preceitos religiosos. Quem não o fizer, não é católico; limita-se a estar inscrito na ICAR. Pelo que a “estatística” ou, se preferirmos, a conclusão do JN é falaciosa. Porque eu também sou trompetista, mas não toco trompete.

Falta, finalmente, dizer que esta “notícia” está em flagrante contradição com esta.