25 de Janeiro, 2004 Mariana de Oliveira
Ser usado
Fiz hoje a minha primeira incursão no blog religioso Palavras que voam … e deparei-me com um post intitulado Ser usado por Deus…, que fazia a apologia deste uso só que, para isso, teríamos de estar na sua (de Deus, acho) dependência.
Lembrei-me de várias coisas. Uma que me fazia lembrar de rapazinhos ajoelhados em escuras e húmidas sacristias a aprenderem o significado da citação “vinde a mim as criancinhas”.
Outra, mais profunda, sobre o livre-arbítrio. Se se é usado por alguém (ou deus) esta característca essencial ao Homem esfuma-se, ser instrumento de qualquer vontade, divina ou não, tira a dignidade a qualquer pessoa. Marionetas, se Deus existisse, seríamos marionetas nas mãos de um velhote aborrecido com tendências masoquistas.
Enquanto ateia, a minha autonomia é tudo. Não ser usada por ninguém, a não ser pelos meus ideais, pela minha vontade, é o que me individualiza. Claro que isto acarreta a auto-responsabilidade pelos nossos actos. Quando acreditamos em algo superior, podemos sempre descartar essa responsabilidade para alguém.