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16 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

Prémio Nobel da Paz

Saber que G. W Bush e Blair estão propostos para o prémio Nobel da Paz, ajuda a perceber que o nome de João Paulo II tenha sido igualmente alvitrado

Qualquer dia Maomé (esse mesmo, o profeta) aparecerá proposto para patrono da confraria do leitão à Bairrada.

15 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

O bispo de Aveiro é contra o aborto

Uma igreja que durante 2 mil anos defendeu a pena de morte, e frequentemente a aplicou, não se conforma com o aborto.

O papa JP2 levou a crueldade ao ponto de o proibir às freiras violadas durante a guerra de que foi um dos responsáveis e que conduziu à desintegração da Jugoslávia. E atingiu o último patamar da demência mística ao obrigar essas mães a darem os filhos para adopção para poderem continuar a ser freiras.

Não admira, pois, que o Sr. António Baltazar Marcelino, bispo de Aveiro, zeloso capataz da ICAR, acoime de «regresso à barbárie» a descriminalização do aborto que bispos católicos menos trogloditas já toleram e as forças progressistas preconizam.

Em Portugal a covardia política e a hipocrisia deram-se as mãos para impedirem a resolução de um grave problema de saúde pública.

Graças ao conluio dos partidos da maioria, cuja legitimidade para governar se não contesta – até gostaríamos que o fizessem –, o PSD calendarizou a descriminalização para 2006 criando uma nova e interessante figura no ordenamento jurídico português – a interrupção voluntária da absolvição, enquanto a clandestinidade e a repressão se mantêm.

Entretanto o terrorismo ideológico da ICAR prossegue. O bispo de Aveiro condena as movimentações cívicas pela descriminalização do aborto e declara à Agência Ecclesia que «Se não se respeita a vida nascente indefesa, não há mais razão para se respeitar a vida, seja de quem for e em que circunstâncias for». E ameaça: «Os defensores do aborto estão colocando a espada de morte sobre o seu pescoço…».

Na ICAR há terrorismo verbal a mais e humanidade a menos.

14 de Fevereiro, 2004 Mariana de Oliveira

500

O Diário de uns Ateus já ultrapassou a barreira dos 500 visitantes.

Em nome de toda a equipa, agradeço:

a todos aqueles que nos lêem e comentam os nossos textos,

a todos os crentes que não gostam de nós e gozam connosco pela nossa falta fé,

aos que nos vêem como fumadores de charros inconsequentes,

aos que não concordam,

aos que concordam,

aos que não compreendem e não querem compreender,

aos que não compreendem e aceitam,

aos padres, freiras, bispos e papas,

às bruxas, feiticeiros e cartomantes,

aos tolerantes,

aos intolerantes,

aos ateus,

aos agnósticos,

aos livres pensadores,

aos filósofos,

aos cientistas,

aos humanistas,

e aos homens que inventaram Deus.

14 de Fevereiro, 2004 Mariana de Oliveira

Laicidade e símbolos religiosos

Esta semana foi aprovada, em França, a lei que proíbe o uso de símbolos religiosos nas escolas públicas. Tal acto legislativo foi visto por uns como um atentado contra a liberdade de expressão, a liberdade religiosa e contra a comunidade islâmica; para outros, pelo contrário, é um marco, um símbolo da defesa da laicidade do Estado tão cara à República Francesa.

É um facto que a liberdade religiosa e a liberdade de expressão são direitos fundamentais de todos os cidadãos, independentemente de credos religiosos. Também é indiscutível que a laicidade é um valor fundamental do Estado. Ou seja, neste caso, temos valores inerentes a qualquer Estado de Direito Democrático em conflito.

Na verdade, não sei em que lado da barricada me devo colocar. A liberdade de expressão são-me caras e, apesar de ateia, não defendo o desterro dos religiosos para um qualquer local onde não seja possível sobreviver (solução que muitos religiosos defendem para os ateus)… Só que a laicidade necessita igualmente de defesa nos dias que correm.

A escola é um estabelecimento público do Estado, onde se ensinam crianças e jovens de acordo com um programa educativo laico, despojado de quaisquer considerações de índole religiosa. Sendo um espaço público e não privado, docentes e discentes devem estar sujeitos àquela laicidade o que implicará não usarem símbolos distintivos da sua “condição” de crente.

A tolerância de tal tipo de manifestações podia abrir um precedente: primeiro os véus, cruzes e afins; depois, raparigas a recusarem-se a ter aulas de educação física e a terem aulas em turmas mistas, cristãos a negarem o estudo de teorias evolucionistas, católicos a negarem a Inquisição e a recusarem a disciplina de educação sexual ou judeus a não quererem estar sentados ao lado de árabes. Numa Democracia os interesses privados não se podem sobrepor aos interesses públicos da comunidade.

Relativamente ao véu, o seu uso tem vindo a transformar-se num cavalo de batalha de grupos fundamentalistas islâmicos com o objectivo de manter as suas tradições machistas e de seguirem uma política isolacionista numa comunidade afastada da sociedade francesa. O véu, para a maior parte das mulheres islâmicas, simboliza submissão, a obrigação de se vergarem face à vontade de pais, irmãos e maridos. Uma nação europeia não pode ter dentro das suas fronteiras tais atentados à dignidade humana.

Para além disso, o argumento do “respeito pela sua cultura e identidade”, levado ao extremo, não tem fim. Tal slogan acaba por legitimar práticas tão bárbaras como a excisão feminina, a poligamia ou casamentos de jovens negociados pelos pais.

A França é um país de imigração. Todos os anos recebe milhares de indivíduos provenientes dos mais diversos cantos do mundo, cada um com as suas culturas e tradições. Ora, não devem ser esses indivíduos que devem procurar adaptar-se às regras liberais do país de acolhimento e renunciar a práticas incompatíveis com elas?

É inegável que todas as culturas devem ter um lugar numa sociedade aberta e multirracial, mas devemos ter cuidado quando aquelas entram em rota de colisão frontal com os valores defendidos por esta… pois são os valores da democracia, do respeito pela dignidade humana, da laicidade que asseguram a sã convivência entre sujeitos de diferentes religiões e crenças, que deverão ver o seu espaço de influência diminuído e o seu monopólio frustrado em nome da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.

Com tudo isto, pelos vistos, descobri qual o meu lado da barricada.

13 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

A onda de santidade ameaça chegar a Portugal



Os meus amigos ateus informaram-me de que está a decorrer o processo de beatificação da venerável Alexandrina cuja biografia é da responsabilidade do arciprestado da Póvoa de Varzim.

Fiquei maravilhado com as virtudes da candidata à santidade e não me surpreendeu o facto de JP2 ter já encomendado os milagres necessários à sua promoção canónica.

Efectivamente a Venerável – e venerada – foi baptizada aos 3 dias de vida, um caso de precocidade que não evitou transtornos psiquiátricos mas a predestinou para exemplo dos créus.

Morreu com a 1.ª classe do ensino primário – habilitações suficientes para a salvação da alma e glorificação do Senhor.

Pela fotografia podemos pensar que a ICAR escolhe os santos a partir de indivíduos feios, porcos e…católicos. É uma conclusão precipitada. Pela foto que exorna a singular biografia ninguém descobre que foi católica.

12 de Fevereiro, 2004 André Esteves

Dia de Darwin – Reflexões sobre a ciência e a razão em Portugal



Hoje é dia de Darwin. Ele nasceu há 195 anos.

Nas universidades progressistas americanas e inglesas, e um pouco por todo o mundo, comemora-se este dia, não só pelas descobertas científicas que Darwin deu a todos nós, mas também para celebrar a humanidade comum que todos partilhamos e um certo deslumbramento pelo universo que todos os exploradores e verdadeiros cientistas sentem.

Vejam a imagem que está à vossa esquerda. É uma fotografia de Darwin com 68 anos.

Sabem o que gosto imenso nela? Olhem para os olhos…

Confusos? Pois… Darwin com 68 anos era estrábico.

Mas se olharem para a imagem focando o olho da direita, vêem um Darwin sonhador… a olhar para o futuro e para as estrelas…

Se olharem focando para o olho da esquerda, terão uma surpresa…

Um Darwin sorridente, que aparenta uma calma transcendente.

Dizem as lendas, que Demócrito, o filósofo grego que «inventou» o átomo, sorriu durante toda a vida, tal era a felicidade fulminante que o iluminou naquele momento único, em que a ideia do átomo se formou na sua mente.

Na vida de um cientista, artista ou de qualquer pessoa apaixonadamente criativa vive-se para e desse momento…

Não é necessário ser uma ideia original.

Qualquer ideia é sempre única, quando floresce pela primeira vez dentro do nosso cérebro.

Venho de uma família protestante, e apesar de todo o gênero de experiências com o «espírito santo», nada me marcou como o momento em que tive «Uma luz no meio da escuridão».

Tinha 12 anos, e tinham-me emprestado um computador, e por mim próprio aprendi a programar BASIC.

Uma das coisas que sempre me tinha fascinado, eram os números primos…

De modo que, programei o computador para gerar números primos de uma maneira muito básica, a partir de uma progressão aritmética de impares (o único número primo par é o 2) e testava a primalidade desses números…

Escusado será dizer, que ao fim de algum tempo, o computador praticamente parava…

No entanto, a memória RAM não era toda utilizada…

Havia algo de fundamentalmente lento no algoritmo que eu criara.

Tinha notado algo acerca da própria natureza dos números primos!!!

Mas deveria haver alguma maneira mais eficiente, mais rápida, mais sensata de calculá-los…

O problema obcecou-me… Enquanto dormia os números chocavam-se nos meus sonhos.

Quando visualizei pela primeira vez um método mais rápido, foi como se abrissem as portas da criação e trombetas tocassem por todo o mundo! E quando o implementei, funcionava!

Anos mais tarde, consegui arranjar um livro sobre Teoria dos Números, que é a parte da matemática que estuda as propriedades intrínsecas aos números e descobri!

Surpresa de adolescente!

O método já era conhecido. Tinha sido descoberto por um dos grandes matemáticos da antiguidade. Chamava-se Eratóstenes. E o algoritmo é conhecido por Crivo de Eratóstenes.

Nesse momento tive outra epifania…

Eu e Eratóstenes, separados de séculos, tivéramos a mesma ideia.

Dois milénios separavam-nos, mas juntos, partilhamos aquele problema, aquela revelação.

Éramos homens separados no tempo, mas tão próximos na nossa curiosidade e solução.

Ainda hoje, fico profundamente emocionado quando penso nesta experiência.

Creio que é uma das experiências mais intensas sobre o que é a condição humana que a ciência tem para nos oferecer.

Quando olho para a fotografia de Darwin, com 68 anos, e tendo lido várias biografias, sei que ele está feliz. Morrerá feliz.

Deu-nos a teoria da evolução.

Com calma, sofrimento, no meio da doença e da enorme pressão social por que passou, deu um passo de gigante na nossa compreensão do que somos, de onde vimos e potencialmente, para onde quisermos ir.

É uma pequena certeza… Não é uma grande construção de toda a realidade, que explique todo o universo. No entanto, como disse um poeta turco:

«Prefiro uma vela acesa no meio da escuridão, a holofotes ligados em pleno dia».

É esta a diferença que um amante da ciência tem, em relação a qualquer verdade revelada…

Lentamente, mas com a força das pequenas confianças que obtemos, vamos tendo um vislumbre da verdade que é mais pura que qualquer visão do universo que as religiões nos oferecem.

É um projecto sem fim, de homens ligados através dos tempos, pelas suas experiências com a realidade.

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Não se comemora o dia de Darwin em nenhuma universidade portuguesa. Porquê?

O número de artigos científicos têm aumentado ao longo dos anos.

Universidades crescem e «elites» se estabelecem…

Será que temos ciência em Portugal, mas não temos cientistas?

12 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

As feras de Alá continuam à solta

O desvario metodista de G. W. Bush é responsável pela agressão ao Iraque, com base numa mentira – a existência de armas de destruição maciça. Este cruzado desacreditou a superioridade moral de que as democracias justamente se reclamam e lançou o caos e o ressentimento. A fé e a mentira costumam dar-se as mãos.

O fanatismo islâmico, por sua vez, não distingue entre o seu próprio povo e o exército invasor. Apenas o ódio beato e a obsessão paranóica do paraíso devora os suicidas que perpetram atentados. Nas últimas 24 horas fizeram 102 mortos e provaram que a violência está para durar.

Os aliados confundiram a rapidez da vitória com a virtude da expedição, a febre de destruição com sede de liberdade e procuraram na crueldade do regime de Saddam disfarçar a brutalidade da agressão.

A passividade perante a fúria devastadora de bandos ensandecidos deveu-se à cultura dos soldados americanos. Suspeitando que os sumérios fossem terroristas e os assírios financiadores da Al Qaeda, nas tábuas de gesso, com mais de cinco mil anos, desconfiaram da escrita cuneiforme, e numa cabeça esculpida, da época suméria, não viram além de um busto de Saddam. E foi assim que o museu de Bagdade foi saqueado.

Uma biblioteca a arder, com preciosidades únicas, foi vista como a livraria de um eventual cunhado do ministro da informação e nem o incêndio foi debelado.

Perante a passividade e a indigência dos invasores rapidamente pulularam cáfilas de díscolos numa orgia destruidora e hordas de saqueadores em busca de despojos.

No Iraque o povo que sobrou devastou palácios, arruinou o património, ajustou contas antigas e recentes, desfez o país que restava. Todos juntos não se limitaram a arrasar um país, quiseram apagar uma civilização. Agora restam populações fanatizadas, convencidas de que Alá é grande e Maomé o seu profeta.

É neste ambiente de destruição e anarquia que hoje medra a fé e os mullahs se impõem. Mingua a comida mas sobram as orações; as comunicações estão destruídas mas organizam-se peregrinações a Meca; faltam medicamentos e sobram louvores ao profeta; não funcionam as escolas mas regurgitam as mesquitas.

E não faltam armas, tal como não faltam clérigos a incitar às orações e ao martírio.

Quando os níveis de sofrimento se tornam insuportáveis os povos viram-se para a religião. E o clero aproveita a desgraça para vender a ilusão eterna.

12 de Fevereiro, 2004 Mariana de Oliveira

Dia de Darwin

Charles Robert Darwin nasceu, em Inglaterra, a 12 de Fevereiro do 1809. Como muitos cientistas, acreditava que a vida na Terra tinha evoluído (ou desenvolvido gradualmente), ao longo de milhares de anos, de alguns antepassados comuns.

Na América do Sul, enquanto membro de uma expedição científica, descobriu fósseis de animais extintos muito semelhantes a espécies modernas. Nas ilhas Galápagos, constatou várias variações entre plantas e animais do mesmo tipo daqueles que se encontravam no continente americano.

De regresso a Inglaterra, ao estudar as suas notas, Darwin elaborou diversas teorias. A primeira defendia que, efectivamente, houve evolução; a segunda, que a mudança evolutiva foi gradual; a terceira, que o mecanismo primário da evolução era a selecção natural; a quarta, que os milhões de espécies actualmente vivas surgiram de uma única forma de vida através de um processo derivativo chamado especialização.

A teoria darwinista da evolução propugna que a divergência entre as espécies ocorre aleatoriamente e que a sobrevivência ou extinção de cada organismo é determinada pela capacidade desse organismo de se adaptar ao ambiente. Estas teorias viram a luz do dia no livro “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life” (1859).

O trabalho de Darwin teve um profundo impacto no pensamento religioso, apesar do autor evitar falar sobre os aspectos teológicos e sociais do seu trabalho, mas outros autores aproveitaram-no para sustentar as suas próprias teorias sobre a sociedade.

Houve que afirmasse que, no leito da morte, em 1882, Charles Darwin renunciou a sua teoria evolutiva. Pouco depois da sua morte Elizabeth Hope, evangelista e defensora da moralidade, disse que tinha estado com o cientista nos seus últimos momentos e testemunhado a sua renúncia. No entanto, tudo foi refutado pela filha de Darwin que afirmou: “Estive presente no seu leito da morte… Ele nunca retractou qualquer uma das suas perspectivas científicas, nem naquele momento nem antes”.

11 de Fevereiro, 2004 jvasco

A Igreja da Unificação

Existem várias seitas Cristãs. Umas mais divertidas, outras mais lúgubres.

Hoje, por via de um documentário no people&arts tomei contacto com uma das mais divertidas.

É a Igreja da Unificação, onde os Moomistas (assim se chamam os crentes) acreditam que Satã está prestes a tomar a terra através da imoralidade e do comunismo. Foi fundada por Sun Myung Moon, Koreano, evangelista, milionário, industrial, o qual Nasceu na Koréia do Norte em 6 de janeiro 1920. Conseguiu fazer uma enorme fortuna, investindo o dinheiro dos crentes em bancos, frotas pesqueiras, fábricas de armas, etc… Não obstante o rigor e a rectidão moral que defendia, Satã conseguiu fazer com que fosse apanhado por fraude fiscal, ao que se seguiu um julgamento que o levou a ficar cerca de 1 ano na cadeia. Não esmoreceu, continuando a sua grande “obra”. Fundou e comprou jornais (nos quais houve demissões devido a pressões editoriais) como o Washington Times. No escândalo Watergate intercedeu por Nixon, continuando muito amigo dos presidentes Republicanos dos EUA como Reagan e Bush pai. Disse que Clinton era “um instrumento de Satã”.

Sun Myung Moon continuou o seu caminho aumentando a sua fortuna, e fazendo espalhar a sua Igreja, e também partilhando a sua infinita sabedoria com os crentes. Entre as belas palavras que nos deixou contam-se estas verdadeiras pérolas:

1. “Eu sou um pensador. Eu sou o seu cérebro”.

2. “Quando você une seus esforços aos meus, pode fazer qualquer coisa em obediência absoluta a mim. Porque o que faço não é por acaso mas o que eu faço é sob ordem de Deus”.

3. Não há nenhuma reclamação, objecção a qualquer coisa sendo feita aqui até que consigamos estabelecer o Reino de Deus na Terra até mesmo o fim! Jamais poderá haver reclamações.

4. “Quero que todos os membros tenham a vontade de me obedecer, mesmo que tenham que desobedecer a seus próprios pais e aos presidentes das suas próprias nações. E se eu ganhar uma metade da população do mundo, poderei virar o mundo inteiro de ponta cabeça”.

5. “Você deve começar de novo sua vida, negando sua família, seus amigos, seus vizinhos e seus parentes passados”.

6. “O que eu desejo deve ser o seu desejo”.

7. “A minha missão é fazer novos corações, novas pessoas”.

8. “De todos os santos enviados por Deus acho que sou o melhor sucedido”.

9. “O tempo virá… quando minhas palavras quase servirão como lei. Se eu pedir tal coisa será feita”.

10. “O mundo inteiro está nas minhas mãos, e vou conquistar e subjugar o mundo”.

Enfim… Pensar no sucesso que Moon teve com a sua Igreja da Unificação faz-nos compreender melhor o sucesso das diferentes religiões, seitas e crendices.

11 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

A ICAR desconfia da música



Faz hoje 3 anos que um cardeal inquisidor condenou a música rock e pop. Assinalando o facto, deixo aqui o texto que, então, publiquei no Diário As Beiras, de Coimbra.

«O Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação da Fé (ex-Santo Ofício) num ensaio consagrado à liturgia, em 11 de Fevereiro de 2001, criticou severamente a música rock e pop e manifestou reservas em relação à ópera que acusa de ter “corroído o sagrado” de tal modo que – cita – o papa Pio X “tentou afastar a música de ópera da liturgia”, donde se deduz que ela é claramente desajustada à salvação da alma.

Eu já tinha desconfiado que certa música é a “expressão de paixões elementares” e que o “ritmo perturba os espíritos”, estimula os sentidos e conduz à luxúria. Salvou-me de pecar a dureza de ouvido que tinha por defeito e, afinal, era bênção.

Mas nunca uma tão relevante autoridade eclesiástica tinha sido tão clara quanto aos malefícios da música, descontada a que se destina à glorificação do Senhor, à encomendação das almas ou a cerimónias litúrgicas ( outrora com o piedoso sacrifício dos sopranistas).

Espero que o gregoriano, sobretudo se destinado à missa cantada, bem como o Requiem, apesar do valor melódico, possam ressarcir-nos a alma dos danos causados pelo frenesim da valsa, a volúpia do tango ou a euforia de certos concertos profanos.

Só agora, mercê das avisadas palavras de Sua Eminência, me interrogo sobre a acção deletéria do Rigoleto ou da Traviata, dos pensamentos pecaminosos que Aida ou Otelo poderão ter desencadeado em donzelas – para só falar de Verdi – ou dos instintos acordados pela Flauta Encantada de Mozart ou pelo Fidélio de Beethoven! E não me venham com a desculpa de que há diferenças entre a ópera dramática e a cómica, ou entre esta e a bufa.

A música, geralmente personificada na figura de uma mulher coroada de loiros, com uma lira ou outro qualquer instrumento musical na mão, já nos devia alertar para o pecado oculto na arte de combinar harmoniosamente os sons.

Sua Eminência fez bem na denúncia. Espera-se agora que, à semelhança das listas que publicou com os pecados veniais e mortais e respectivas informações complementares para os distinguir, meta ombros à tarefa ciclópica de catalogar as várias músicas e os numerosos instrumentos em função do seu potencial pecaminoso.

Penso que a música sacra é sempre de louvar (desde que dispensados os eunucos), enquanto a música de câmara, a ser executada em reuniões íntimas, é de pôr no índex. Na música instrumental, embora o adjectivo seja suspeito, talvez não haja grande mal, mas quanto à música cifrada não tenho dúvidas de que transporta uma potencial subversão.

Há instrumentos virtuosos, como o sino, o xilofone, as castanholas e quase todos os de percussão, deixando-me algumas dúvidas, mais por causa do nome, o berimbau.

Nos de corda, excepção para o contrabaixo e, eventualmente, o piano (excluídas perigosas execuções a quatro mãos) quase todos têm riscos a evitar. A lira, o banjo, a cítara, o bandolim e o violino produzem sons que conduzem à exacerbação dos sentidos.

Mas perigosos mesmo – a meu ver – são os instrumentos de sopro. Abro uma excepção para os órgãos de tubos que nas catedrais se destinam a glorificar o Altíssimo. Todos os outros me parecem pecaminosos. A flauta, o clarim, o fagote, o pífaro e a ocarina estimulam directamente os lábios e, desde o contacto eventualmente afrodisíaco aos sons facilmente lascivos, tudo se conjuga para amolecer a vigilância e deixar-nos escravizar pelos sentidos. Nem o acordeão, a corneta de pistões ou a gaita de foles me merecem confiança.

Apreciemos o toque das trindades dos sinos dos campanários e glorifiquemos o Senhor no doce chilrear dos passarinhos.

Cuidado com a música e, sobretudo, com os efeitos luminosos associados. Não esqueçamos as palavras sábias do Cardeal Ratzinger.»