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21 de Fevereiro, 2004 Mariana de Oliveira

Pensamentos de um ateu moribundo

No último álbum dos Muse (grande grupo britânico), Absolution, está esta música. Partilho a letra convosco para que a comentem, interpretem e digam se concordam ou não com o que se diz…

Thoughts Of A Dying Atheist

Eerie whispers trapped beneath my pillow

Won’t let me sleep, your memories

I know you’re in this room, I’m sure I heard you sigh

Floating in-between where our worlds collide

It scares the hell out of me

And the end is all I can see

And it scares the hell out of me

And the end is all I can see

I know the moments near

And there’s nothing we can do

Look through a faithless eye

Are you afraid to die

It scares the hell out of me

And the end is all I can see

And it scares the hell out of me

And the end is all I can see

It scares the hell out of me

And the end is all I can see

And it scares the hell out of me

And the end is all I can see

20 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

Resposta a um artigo da Visão, de 19 de Fevereiro

No artigo «Ateus graças a Deus» (n.º 572) Pedro Norton (PN) zurze a “lei dos véus” de forma sectária e pouco esclarecedora.

Considerá-la «na linha do jacobinismo e do anticlericalismo mais primário», «a mais estúpida da V República» e «um privilégio das ideias verdadeiramente cabotinas», é não compreender as razões que levaram ao amplo consenso entre deputados e na sociedade francesa.

O véu é um símbolo da opressão da mulher cujo uso os fundamentalistas islâmicos impõem e com o qual afrontam e provocam o carácter laico da escola francesa.

O que está em causa é o combate contra o fascismo islâmico que não abdica de um regime teocrático e que não tolera a modernidade. Hoje impõe o véu, amanhã reivindica a excisão, depois a poligamia e, finalmente, a charia.

O perigo para as democracias, ao contrário do que pensa PN, reside no clericalismo e no proselitismo que desenvolve nas mesquitas, igrejas e sinagogas, com uma agressividade que urge conter.

20 de Fevereiro, 2004 Mariana de Oliveira

O que é um padre?

Padre: um homem que se encarrega de tratar dos nossos negócios celestiais como maneira de melhorar os seus negócios na Terra.

Ambrose Bierce

19 de Fevereiro, 2004 Mariana de Oliveira

Immanuel Kant

Kant morreu a 12 de Fevereiro de 1804. Este ano comemoram-se os 200 anos sobre a morte de um dos mais eminentes filósofos da modernidade.

Immanuel Kant viveu em pleno Iluminismo e todo o seu pensamento está imbuído de um espírito de “igualdade, liberdade e fraternidade” e constituiu as bases axiológicas das Revoluções Americana e Francesas e, posteriormente, das Revoluções Liberais que percorreram toda a Europa.

Na sua Crítica da Razão Prática. onde o céu representa a ideia da razão que ultrapassa os limites da experiência sensível, diz que duas coisas preenchem o espírito de uma admiração e de uma veneração crescentes e renovadas, à medida que a reflexão nelas incide: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim. Isto refere-se a uma moral sem Deus – inegável contributo para a laicidade do Estado -, a uma lei moral que tinha sido formulada num conhecido imperativo categórico universal, decorrente de uma exigência absoluta da razão: age de maneira a que a máxima da tua vontade possa também servir para sempre de lei universal.

Assim, o homem volta-se para si mesmo, compreendendo como fundamentos únicos do seu saber e da sua acção, a razão e a liberdade.

A nível da teoria do Estado, Kant concebe-o como uma pessoa moral e, assim, sujeito ao princípio de não se imiscuir na constituição e governo de outro Estado. Associada a esta ideia de paz perpétua está a da instauração de uma situação cosmopolítica universal. Esta seria uma república mundial fundada num direito cosmopolítico, complemento do direito civil enquanto direito entre privados. Neste pensamento podemos ver o dealbar da Sociedade das Nações e, mais tarde, da Organização das Nações Unidas.

É inegável que, duzentos anos depois do seu desaparecimento, o pensamento de Immanuel Kant continua actual e perfeitamente aplicável ao que se passa à nossa volta.

19 de Fevereiro, 2004 André Esteves

O contra-argumento ao medo de Pascal…

Paris, 23 de Novembro, de 1654. Uma carruagem atravessa uma ponte sobre o rio Sena.

De repente, os cavalos que a puxavam, assustam-se e com um esticão, levantam a carruagem no ar.

Aterrando sobre a berma da ponte, a carruagem inclina-se perigosamente, deslizando para o rio abundante

que corre por debaixo. Por um milagre, a berma encaixa entre as rodas da frente, imobilizando, pendurados,

a carruagem e os seus ocupantes.

Do silêncio que se tenta impor, depois, entre os transeuntes, não sobra nada…

Dentro da carruagem, Blaise Pascal grita, aterrorizado, olhando a morte à sua frente.

Em mais de uma discussão sobre a não-existência de Deus, tenho encontrado pessoas, que, pomposamente, invocam a chamada «Aposta de Pascal». A «Aposta» é, supostamente, um argumento probabilístico para convencer qualquer homem, a crer em Deus, se racionalmente fizer uma análise custo/benefício de manter uma fé num redentor.

Na sua forma original:

Deus ou existe ou não existe. Por necessidade, temos que fazer uma aposta:

Se aposto por ele e ele existir: lucro máximo.

Se aposto por ele e ele não existir: nenhuma perda.

Se aposto conta ele e ele existir: perda máxima

Se aposto contra ele e ele não existir: nem perda, nem lucro.

Ou seja, segundo Pascal, a melhor estratégia a seguir é apostar pela existência de deus, porque nas alternativas, não ganhamos nada com isso…

O argumento é intelectualmente desonesto. Porque para o considerarmos, seriamente, temos que aceitar as premissas…

Ou seja. Que se deus existir, ele é cristão. E que pretende pôr todos os pecadores no inferno…

Quando se trabalha com probabilidades é preciso ser-se rigoroso. Num problema em que queiramos determinar a probabilidade de uma proposição, temos que considerar todas, mas TODAS, as possíveis consequências dessa proposição… É exactamente sobre este número que se determina o valor das probabilidades que desejamos conhecer.

Assim, temos que reformular o problema, em termos de probabilidades compostas…

1. Entidades metafísicas existem ou não existem. Logo 50% de probabilidades para cada uma das possibilidades.

2. Qual a probabilidade de uma entidade metafísica existir? Temos que dividir em números iguais, os 50 % pelo número de divindades conhecidas… ( para não falar nos deuses desconhecidos… lembremo-nos de Paulo em Atenas… mas vamos nos restringir aos deuses conhecidos)

É trivial ver que a probabilidade de Deuses não existirem, é sempre maior que a probabilidade de um deus qualquer existir… E não podemos considerar os 50 % das entidades metafísicas como um todo.. Afinal os deuses existem, em exclusão dos outros…

É óbvio, então chegar à conclusão que a aposta mais sensata, é não apostar em deuses…

E procurar a felicidade nesta terra, para nós e para os outros.

Mas, porque é que Pascal, um génio polimático, forçou o argumento? Por causa do medo…

Quando nos deixamos possuir pelo medo e temor. Da morte, deus, inferno, apocalipse ou outro fim qualquer…

Deixamos de viver a vida e também de aplicar a razão…

Forçamos os nossos argumentos, para que justifiquem as nossas emoções.

E no medo, a alternativa é sempre assustadora.

Mas a aposta de Pascal tem um final triste.

Oito anos depois do terrível acidente que o atirou para o ascetismo e obsessão, Pascal morria, acamado, no meio de dores horrendas.

Um cancro do estômago, causado por úlceras de origem nervosa, espalhou-se pelo seu corpo.

Ao mesmo tempo que o seu sistema imunológico, debilitado, sucumbia à tuberculose…

Morreu do medo que tinha de viver.

19 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

O céu a seu dono – natal de 2003. A hierarquia é sagrada



No céu todos os dias são dias de ser bom. É por isso que o dia de natal é dia de ser infinitamente bom.

Deus lá está sentado entre a infinita corte celeste cuja única função é adorá-lo. À sua direita JC, perpetuamente sentado, para não desmentir o catecismo, diverte-se a ver serafins, querubins e tronos que ao fins de tarde vêm perguntar pela saúde de deus. De manhã é a vez das dominações, virtudes e potestades lhe tratarem os calos e catarem a barba. E, durante todo o dia e toda a noite os principados, arcanjos e anjos levam bolinhos e servem o chá.

A fauna celeste é muito bem organizada e nunca se mistura. Às vezes lá se vê uma virtude a acenar respeitosamente a um serafim, não mais do que isso, ou, numa curva do céu, um arcanjo a inclinar-se perante um velho querubim, conhecimento antigo, sem quebra do protocolo nem mistura que insubordine o espaço celeste. Foi uma birra que logrou o alvará de construção do inferno, coisa antiga de que nunca mais se falou.

No dia de natal deus deixa o seu amado filho J.C. jogar ao gamão com o espírito santo e autoriza a mãe beijar-lhe a mão. Jesus fica muito contente e pede ao pai para não o confundir com o mistério da trindade, coisa complicada para o seu grau de instrução, e não lhe perguntar pelo santo prepúcio. E todos bebem vinho novo enquanto as almas pulam de satisfação. Depois é a vez de o espírito santo retomar o voo e ficar a pairar por cima das almas que têm a obrigação de ser felizes.

No dia de natal os doze indefectíveis que lhe publicitaram as virtudes e divulgaram os milagres têm autorização para recordar-lhe os truques e falar do pasmo dos fregueses. Lucas lembra-lhe a dificuldade de convencerem Lázaro a ficar calado, Mateus o atrevimento de ir ao templo discutir com os doutores, coisas da adolescência, e Simão não se cansa de citar as dificuldades de tirar licenças e pagar o barco em segunda mão antes de terem aprendido a pescar e feito a sociedade.

Todos sublinham o papel que tiveram quando se lançaram no ramo religioso e só lhes é vedado falar do calvário, um período menos feliz de JC que o anjo rebelado atribuiu à falta de estratégia e défice de liderança. Às vezes, quando fazem muito barulho, deus aconselha-os a falarem baixo para não estragarem o negócio que JC deixou na Terra. Era uma chafarica quando morreu mas Pedro imprimiu-lhe carácter profissional enquanto Paulo se lançou à conquista do mercado. Graças à visão empresarial até a mudança da sede para Roma foi um golpe de génio como se pode ver dois mil anos depois, com os estabelecimentos iniciais a fecharem sob a concorrência agressiva dos negócios de Maomé.

Ás vezes apreciam as queixas do papa, sempre furioso com os ateus, e acham que ele está senil. Crêem que o preservativo é mau mas ignoram a função. Teresinha de Ávila pediu alguns, sentiu calores, foi fazer com eles alheiras para Jesus e apareceu corada a desculpar-se das cores e do sabor. Madre Teresa também fez uma encomenda, exigiu preto e branco e recusou sabores antes de os furar e entregá-los no hospital da SIDA.

S. José tem uma pequena oficina num vão de escada, não fala com ninguém e nunca mais entrega o berço que um trono lhe encomendou para deitar um anjo que partiu as asas e as tem engessadas.

Os profetas criam cenários e fazem previsões sobre o futuro. Deus acha-lhes graça e manda publicar os palpites no Observatore Celeste. Quem ganha tem direito, nessa semana, a refrescos servidos por Madalena, com um vestido transparente. A princípio JC fazia birras mas deus entendeu em seu entendimento que os ciúmes são incompatíveis com o lugar e o estatuto de príncipe. Por isso hoje todos são muito felizes no dia de natal e nos vulgares. Em 2003 houve apostas entre Jeremias e Isaías sobre a data de chegada de JP2 o que provocou grande agitação e fez surgir uma lotaria sob os auspícios da Santa Casa de Deus & C.ª, Lt.ª.

19 de Fevereiro, 2004 jvasco

Deus e o Estado

Um excerto de uma obra de MIKHAIL BAKUNIN, de nome “Deus e o Estado”.

O texto completo pode ser obtido aqui

“Sim, os nossos primeiros ancestrais, Adão e Eva foram, senão gorilas, pelo menos primos muito próximos dos gorilas, dos omnívoros, dos animais inteligentes e ferozes, dotados, em grau maior do que o dos animais de todas as outras espécies, de duas faculdades preciosas: a faculdade de pensar e a necessidade de se revoltar.

Estas duas faculdades, combinando sua acção progressiva na história, representam a potência negativa no desenvolvimento positivo da animalidade humana, e criam consequentemente tudo o que constitui a humanidade nos homens.

A Bíblia, que é um livro muito interessante, e aqui e ali muito profundo, quando o consideramos como uma das mais antigas manifestações da sabedoria e da fantasia humanas, exprime esta verdade, de maneira muito ingénua, em seu mito do pecado original. Jeová, que, de todos os bons deuses adorados pelos homens, foi certamente o mais ciumento, o mais vaidoso, o mais feroz, o mais injusto, o mais sanguinário, o mais despótico e o maior inimigo da dignidade e da liberdade humanas, Jeová acabava de criar Adão e Eva, não se sabe por qual capricho, talvez para ter novos escravos. Ele pôs, generosamente, à disposição deles toda a terra, com todos os seus frutos e todos os seus animais, e impôs um único limite a este completo gozo: proibiu-os expressamente de tocar os frutos da árvore de ciência. Ele queria, pois, que o homem, privado de toda consciência de si mesmo, permanecesse um eterno animal, sempre de quatro patas diante do Deus “vivo”, seu criador e seu senhor. Mas eis que chega Satã, o eterno revoltado, o primeiro livre-pensador e o emancipador dos mundos! Ele faz o homem envergonhar-se de sua ignorância e de sua obediência bestiais; ele o emancipa, imprime em sua fronte a marca da liberdade e da humanidade, levando-o a desobedecer e a provar do fruto da ciência.

Conhece-se o resto. O bom Deus, cuja presciência, constituindo uma das divinas faculdades, deveria tê-lo advertido do que aconteceria, pôs-se em terrível e ridículo furor: amaldiçoou Satã, o homem e o mundo criados por ele próprio, ferindo-se, por assim dizer, em sua própria criação, como fazem as crianças quando se põem em cólera; e não contente em atingir nossos ancestrais, naquele momento ele os amaldiçoou em todas as suas gerações futuras, inocentes do crime cometido por seus ancestrais. Nossos teólogos católicos e protestantes acham isto muito profundo e justo, precisamente porque é monstruosamente iníquo e absurdo. Depois, lembrando-se de que ele não era somente um Deus de vingança e cólera, mais ainda, um Deus de amor, após ter atormentado a existência de alguns biliões de pobres seres humanos e tê-los condenado a um eterno inferno, sentiu piedade e para salvá-los, para reconciliar o seu amor eterno e divino com sua a cólera eterna e divina, sempre ávida de vítimas e de sangue, ele enviou ao mundo, como uma vítima expiatória, seu filho único, a fim de que ele fosse morto pelos homens. Isto é denominado mistério da Redenção, base de todas as religiões cristãs.

Ainda se o divino Salvador tivesse salvo o mundo humano! Mas não; no paraíso prometido pelo Cristo, como se sabe, visto que é formalmente anunciado, haverá poucos eleitos. O resto, a imensa maioria das gerações presentes e futuras arderão eternamente no inferno. Enquanto isso, para nos consolar, Deus, sempre justo, sempre bom, entrega a terra ao governo dos Napoleão III, Guilherme I, Fernando da Áustria e Alexandre de todas as Rússias.” Agora que já se passaram uns aninhos desde que o texto foi escrito, poderíamos acrescentar Hitler, Estaline, Bush, etc…

Mais à frente o texto continua:

“Entretanto, no mito do pecado original, Deus deu razão a Satã; ele reconheceu que o diabo não havia enganado Adão e Eva ao prometer-lhes a ciência e a liberdade, como recompensa pelo acto de desobediência que ele os induzira a cometer. Assim que eles provaram o fruto proibido, Deus disse a si mesmo (ver a Bíblia): “Aí está, o homem tornou-se como um dos deuses, ele conhece o bem e o mal; impeçamo-lo pois de comer o fruto da vida eterna, a fim de que ele não se torne imortal como Nós”.

Deixemos agora de lado a parte fabulosa deste mito, e consideremos seu verdadeiro sentido, muito claro, por sinal. O homem emancipou-se, separou-se da animalidade e constituiu-se homem; ele começou sua história e seu desenvolvimento especificamente humano por um acto de desobediência e de ciência, isto é, pela revolta e pelo pensamento.”

Não podia concordar mais!

19 de Fevereiro, 2004 jvasco

os Mitos de Einstein

O Einstein disse que os pintassilgos são almas aprisionadas? Disse que só usamos 10% do nosso cérebro? Disse que a energia kármica cósmica é a forma mais correcta de balancear o nosso equilíbrio interior? Disse que o mistério das pirâmides mostra como os habitantes da Atlântida já comunicavam com extraterrestres? Disse que ir à missa todos os domingos é fundamental para uma vida feliz e equilibrada?

Enfim, de acordo com um enorme número de pessoas, muitas das quais divertem-se no nosso fórum web, a resposta a questões deste género é afirmativa!

Biografia Alternativa de Einstein:

1- Einstein era muito mau aluno! Os professores perseguiam-no e as notas dele em Matemática eram muito baixas. Estava sempre a ser expulso da aula por mau comportamento. Só pensava em festas e em saír com os amigos, porque a escola não estimulava a sua Inteligência.

2- As ideias de Einstein escandalizavam os seus colegas Físicos. Como todos sabem que os Físicos são quadrados e limitados (apesar de se acreditarem eruditos), todos os Físicos se riam e desprezavam as ideias dele. Ao menos não foi como Galileu, a quem os Cientistas queimaram por se atrever a dizer que a terra era redonda!

3- Einstein falou sobre as “acelerações sem reequilíbrios electromagnéticos”. Além disso descobriu a relatividade geral, que deu origem às centrais nucleares, e lhe deu o Nobel. Depois descobriu que o ser humano usa 10% do seu cérebro, o que lhe permitiu re-descobrir as velhas descobertas do Budismo e do Taoismo e das velhas tradições Indígenas, tornando-as aceites pela Ciência, pois provou-as cientificamente.

4- Einstein descobriu Deus. Também descobriu que Deus não joga aos dados, mas ao invés está muito preocupado com o Futuro da Humanidade. Tantas contas para chegar a algo que já estava tão bem explicado na Bíblia… Estes Cientistas…

Temos de fazer um esforço para desmistificar a vida desse grande Cientista, para bem da higiene informativa. Já agora, o “episódio Galileu” também poderia ser esclarecido.

Perdoem-me o desabafo.

PS- Se considerou, ao ler este texto, que algum dos 4 “factos” da biografia alternativa de Einstein era verdadeiro, aconselho que procure informar-se acerca da verdadeira vida dele, em vez dos mitos urbanos que por aí pululam.

17 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

Julgamento de Aveiro – absolvição

A profunda humilhação de que foram vítimas as rés do julgamento de Aveiro, bem como o risco efectivo de serem condenadas, não se apaga com a absolvição que honra a justiça, irrita o Ministério Público (MP) e deixa desolado o bispo da diocese.

Não se pode deixar de admirar à acusação o zelo persecutório, na melhor tradição inquisitorial, com escutas telefónicas, encerramento de um consultório, prisão preventiva de um dos arguidos e exames ginecológicos impostos às arguidas.

Compreende-se que se tenham retirado recursos do combate à droga, ao crime organizado e à fuga ao fisco porque um crime ainda maior – o aborto – ameaçava comprometer o destino da alma de 7 mulheres. Sem resultado, aliás.

Nos próximos dias aparecerão imagens que choram lágrimas de cera enquanto o MP recorre e as beatas rezam. A hipocrisia e o cumprimento da lei seguirão o seu curso enquanto o CDS se transforma cada vez mais num comité para a glorificação dos mártires da fé cristã.

Algures em Lamego, o antigo deputado João Morgado, que entende que «o acto sexual só é legítimo para fazer filhos», persigna-se furiosamente, o ministro Paulo Portas vai empanturrar-se em hóstias com o ministro Bagão Félix, a ministra Cardona e a secretária de Estado Mariana Cascais metem baixa para rezarem uma novena, antes de se lavarem com água benta.

Portugal parece um santuário medieval de devoção mariana, onde os pecados permanecem crimes, mas, com esta sentença, deixou de ser um protectorado do Vaticano.

Hoje o papa pode babar-se, mas não é de gozo, pode tremer, mas não é de emoção, pode rir-se das orelhas à tiara, mas não é de satisfação. Hoje é um dia triste para JP2, o bispo de Aveiro e os beatos do país inteiro.

É um dia de júbilo para todos os que se batem pela descriminalização do aborto.

17 de Fevereiro, 2004 Carlos Esperança

Percurso de um ateu. O meu caminho

Primeiro, julguei que a minha religião era falsa; depois, tive a certeza; finalmente, soube que eram todas.