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21 de Março, 2004 Carlos Esperança

O Iraque foi invadido há um ano

Pior desgraça do que a vitória de Bush só a improvável vitória de Saddam. Construir a Europa sobre os escombros de uma guerra que não levou apenas a morte e o ressentimento ao médio oriente, mas feriu gravemente a unidade europeia, é a tarefa que nos cabe com outro governo americano e novas lideranças ibéricas.

É possível que cem Ben Ladens surjam ainda e é urgente que se alterem as condições onde medram os facínoras de Deus. Pior seria que mil Bushes florescessem no pântano do fundamentalismo cristão. Esperar-nos-iam amanhãs que disparam, num mundo de joelhos. É execrável o estilo e obscena a substância desta administração americana, numa postura simétrica com o fundamentalismo islâmico.

Quem espezinhou o direito internacional para o fazer cumprir, quem assassinou um povo para libertar um país, quem desafiou a ONU para fazê-la respeitar, levou demasiado longe a hipocrisia e não está em condições de promover a paz.

Quando se paga com notas verdes, onde se lê “In God we trust”, a traição e o suborno, quando se pede a um país civilizado que faça jejum e oração pelos soldados que invadem outro que é obrigado a fazê-lo, quando um presidente se comporta como pastor evangélico antes de agredir um ditador que escraviza o povo em nome de Alá, quando se exibe a Bíblia para afrontar o Corão, quando se faz do poder uma tribuna religiosa, não existe um presidente, há um beato empenhado numa cruzada.

Foi longa e trágica a quaresma do Ano da Graça de 2003. Continuamos à espera da redenção de uma liturgia laica. E a ressurreição dos ideais da revolução francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. E sepultemos de vez esta letal confusão entre poder e religião.

Para partirmos para a construção democrática de uma Europa alargada e solidária, no interesse de europeus e americanos, parceiros iguais e não vassalos.

Não é de uma guerra entre o Eixo do Bem e o do Mal que precisamos. É da vitória do Eixo da Vida sobre o da Morte, da paz sobre a guerra, da tolerância sobre o fanatismo.

A derrota de Aznar, há uma semana, foi a primeira boa notícia. E, contrariamente ao que pretendia fazer crer o apaniguado do Opus Dei, não faltará aos que se opuseram à guerra determinação para combaterem o terrorismo. Com a vantagem de não terem apoiado uma invasão injusta e criminosa.

20 de Março, 2004 André Esteves

Mortalidade…

«Uns vêem ataques terroristas na televisão e sentem a sua mortalidade. Outros sobrevivem a desastres terríveis. E para mim? Bahh!! Bastou ir a um banco pedir um empréstimo para uma casa…»


André Esteves dixit…


20 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

O que há na rede

O e-mail como novo veículo de evangelização.

19 de Março, 2004 Carlos Esperança

Comunicado da Associação República e Laicidade – (18-03-2004)

NA TOMADA DE POSSE DA COMISSÃO DE EXCLUSÃO RELIGIOSA

1. Reagindo à posse −dada pela Ministra da Justiça no dia 17 de março− da Comissão de Liberdade Religiosa, a Associação República e Laicidade reafirma que um Estado laico não deve reconhecer ou discriminar igreja ou comunidade religiosa alguma, devendo limitar-se a garantir a liberdade de consciência individual −que inclui a liberdade de ter e de não ter religião−, a igualdade de todos os cidadãos perante o Estado −independentemente das suas convicções religiosas ou filosóficas− e a liberdade de associação dentro dos limites legais, conforme aliás é garantido pela Constituição da República Portuguesa.

2. Nesse sentido, consideramos que o Estado deve assumir a sua absoluta incompetência em questões de religião, sendo por conseguinte inadmissível que se institua uma Comissão estatal com as funções de emitir pareceres sobre o reconhecimento pelo Estado do carácter religioso de uma associação, sobre os acordos a celebrar entre estas associações e o Estado e com atribuições quase policiais de investigar os “novos movimentos religiosos”!

3. As funções e a composição da Comissão de Liberdade Religiosa −que inclui dois representantes designados directamente pela Igreja Católica e três nomeados ministerialmente por indicação de outras confissões religiosas, e cinco outros escolhidos quer pela sua alegada “competência científica” quer pela sua participação no “diálogo ecuménico” promovido pela Igreja Católica− objectivamente coloca as confissões religiosas minoritárias sob a tutela da Igreja Católica e das confissões que esta decidir reconhecer. Institui-se, desta forma, uma Comissão de Exclusão Religiosa comandada pela Igreja Católica Apostólica Romana (a única Igreja a que a Lei nº16/2001 não se aplica!), que presumivelmente tratará como “seitas” as confissões protestantes pentecostais e outras, algumas das quais estão mais expressivamente implantadas no nosso país do que algumas confissões religiosas representadas na Comissão.

4. A Associação República e Laicidade recomenda que a Lei da Liberdade Religiosa seja revogada, repondo assim a igualdade constitucional entre os cidadãos, entre as suas associações (religiosas ou não) e assegurando a neutralidade do Estado em matéria religiosa.

Luis Manuel Mateus

(Presidente da Direcção)

Ricardo Gaio Alves

(Secretário da Direcção)

19 de Março, 2004 jvasco

2000 visitantes

Como de costume, cá vai uma citação para comemorar mais um valor histórico de visitantes:

“To surrender to ignorance and call it God has always been premature, and it remains premature today.”

— Isaac Asimov

17 de Março, 2004 André Esteves

Estamos perdidos…

Público: Sampaio: taxas de abandono escolar são “dramáticas”

Desista… Senhor Presidente… num país de professores, doutores e engenheiros não há lugar para o amor ao conhecimento.

Não se aprende. Não se cria. Fazem-se disciplinas e cadeiras.

Quando os próprios conselhos das escolas, seleccionam secretamente as turmas em função da classe social do aluno… Quando os sindicatos corporativistas de professores tentam impedir a todo o custo a avaliação dos seus membros…. Quando o ministério da educação e os seus servos e senhores políticos manipulam programas, concursos e avaliações em jogos de secretaria… Quando o exame e a avaliação contínua são reduzidas a actividades medíocres… Quando se fecham as escolas que tentam usar métodos assertivos, democráticos e responsabilizadores… Quando os pais e filhos cultivam a mediocridade e na incapacidade de controlar a sua própria vida, entregam-na nas mãos de «autoridades»… Quando as gerações não sabem ler, escrever e raciocinar e ser criativas… Quando se usam títulos, uniformes e se controla o acesso aos meios de comunicação social para as classes privilegiadas… Quando ninguém sabe comportar-se numa assembleia-geral … Quando temos universidades públicas e comissões de bolsas que seleccionam subtilmente os acessos a uma «carreira universitária» que consiste em ser professor universitário (sem ensinar, sem investigar, sem…) a mando de lobbies e mafias corporativas… Quando alunos universitários encaram a universidade como uma oportunidade de ficarem bêbedos… Quando em todas as instituições de ensino superior se criam praxes e iniciações para se desenvolver o sentido de grupo corporativo, na exploração dos outros quando acabado o curso… Quando temos uma universidade católica, mantida pelo estado, que cria e descria cursos ao seu bel-prazer, facilita a manutenção do estatuto social de determinadas classes e pessoas e corrompe a concorrência com privilégios e empregos para a tecnocracia reinante… Quando as próprias pessoas que se dizem revolucionárias cultivam a mediocridade, prostituem-se nos próprios problemas e se revêm em visões simplistas do mundo…

Não há nada a esperar, Sr. Presidente…

Estamos perdidos…

Para termos uma sociedade do conhecimento, temos que ter pessoas que gozam com o acto de criação e aprendizagem.

Hoje, só as «elites» o podem fazer… Nos seus grupos corporativos e nas famílias privilegiadas…

E as coisas vão sempre se manter como foram e são…

A verdadeira meritocracia é medida pelo acto.

Sabemos demasiado pouco sobre o talento ou a inspiração para a remetermos a classes ou corporações, a títulos ou a reputações.

O mérito deve ser alcançável por todos, com todos e para todos…

Nunca haverá uma escola livre em Portugal.

Post Scriptum: Num exemplo do mais perfeito escárnio pelo que é a democracia, o conselho directivo de uma escola secundária em Castelo Branco, colocou um processo disciplinar por «ensinar o ateísmo, livre pensamento e satanismo» a um professor de filosofia do 10º ao 12º ano do ensino secundário. Ele limitou-se a responder com um «sim» a um aluno, que na sala de aula lhe perguntou se ele era ateu…

Quem é que serve poderes obscuros e malignos?

Comunicado de imprensa da Associação Républica e Laicidade

17 de Março, 2004 André Esteves

A fé é prenhe de loucura.

(Tradução: 1ºquadrado: Morram infiéis!!!, 2ºquadrado: Meninos do Coro…, 3ºquadrado: Glória a deus!!!, 4ºquadrado: Ah!! Que se lixem!! Vou me tornar num ateu…)

O autor (derf) é um homem singular… O seu sentido de humor absurdo, ácido e irreverente reflecte a sua experiência de nascer, crescer e viver na mó de baixo da sociedade americana. Um autêntico looser (falhado em calão americano). Considero-o o meu «Jack Kerouac» dos quadradinhos. Além disso, já viu muito… Muito mesmo…

Um dos seus amigos de escola era Jeffrey Dahmer. Dahmer cresceu com um pai fundamentalista cristão que o torturava física e mentalmente. A mãe sofria de paralisia cerebral. Sendo um homossexual reprimido, dirigiu os seus desejos de companhia, para a criação de um “autómato” que o satisfizesse. Raptava, seduzia e violava adolescentes, depois furava-lhes os crânios com uma máquina de furar eléctrica e despejava dentro ácido, na esperança de conseguir uma lobotomia… Não o conseguindo, comia os corpos…

Depois de preso, voltou a converter-se e tornou-se um crente fervoroso…

Foi morto na prisão, por outro preso que se considerava o «filho de deus», e que obedeceu ás ordens do «pai», espancando Dahmer até à morte.

A fé é prenhe de loucura.

Uma história dele por Derf.

O retrato do psicopata enquanto ainda humano…

Vale a pena visitar o site de Derf. Se puderem, comprem um comic. Derf está com cancro e ao médico paquistanês que o acompanhava na cura, foi retirada a licença de trabalho por causa do 11 de Setembro… Os médicos emigrantes são mais baratos e Derf terá que se arranjar para pagar um seguro de saúde normal.

Por mais que ele lute, a vida na América parece seguir num só sentido…

17 de Março, 2004 Carlos Esperança

Um ano após a cimeira dos Açores



Um ano após a cimeira dos Açores, Bush e Blair passam a reunir a dois. Perderam o cúmplice espanhol e dispensaram Durão Barroso, encomendando os cafés a uma empresa de catering.

Aznar, após o primeiro ataque das forças aliadas, declarou que “O regime iraquiano consumou o seu desafio à legalidade”. Com toda a razão.

Ficou claro que a ONU era contra a legalidade. Se fosse a favor teria autorizado os EUA a invadir o Iraque. Bush bem se esforçou, como é sabido. O invasor só não respeitou a lei porque não foi alterada. De quem foi a culpa? De Blair, Aznar, Berlusconi e Barroso? Claro que não, foi do mundo que não quis apoiar os libertadores.

Tenho um vizinho acusado de ofensas corporais por ter ido às trombas a um gajo detestável. Não é justo. Sei que é inocente, que só o agrediu, em legítima defesa, porque o outro se pôs a jeito e lhe provocou a paciência.

O advogado que constituiu ao arrepio da jurisprudência de Guantánamo, quer atribuir a culpa ao meu amigo. Eu sou testemunha de que o outro pôs o nariz à frente do seu punho, que desafiou com as mãos nos bolsos, que o trespassou com o olhar.

Mas afinal quem é o agressor, o que desafia parado ou quem se defende em movimento? Quando a agulha pica a costureira ninguém responsabiliza a agulha. Só faltava absolver a parede e acusar o condutor quando um carro se despista.

Há, nas democracias, a lamentável exigência do contraditório como pressuposto da justiça. Se este pensamento deletério fizesse escola acabaríamos por nos pôr ao lado dos índios que enjeitaram a evangelização, absolver os negros que recusavam o degredo e a escravatura, condenar os nazis que concentraram e albergaram judeus, censurar os inquisidores que forneceram lenha gratuita aos hereges.

E, entre um qualquer desconhecido de mau porte e um amigo nosso que embirre com ele, não podemos ficar neutros (parecer do jurista Durão Barroso). Finalmente, entre um deus que sabemos do nosso lado e um deus que suspeitamos estar do outro não podemos vacilar em relação ao verdadeiro.

Há um ano os cidadãos do mercado de Bagdade puseram-se à frente dos mísseis para lhes impedir a cirurgia a que se propunham. Foram eles, iraquianos, os responsáveis pela inutilização dos mísseis. Tal como os jornalistas do Hotel Palestina.

A provar que Deus esteve ao lado dos aliados esteve o facto de terem sido os únicos com direito ao céu. A bordo dos bombardeiros. Para os iraquianos ficou o inferno das bombas inteligentes. Mas deus está visivelmente cansado e já abandonou Aznar. Palpita-me que vai fazer o mesmo aos outros.

P. S. – O carácter obsceno do massacre de Madrid não legitima retroactivamente a invasão do Iraque.

O combate ao terrorismo – necessário e urgente – não pode subverter as regras da democracia.

A vitória do PSOE, em Espanha, é excelente para os que repudiam o carácter provocatório de uma referência religiosa na futura Constituição Europeia.

15 de Março, 2004 André Esteves

A aposta…

Entre os elementos da lista despertar, que são programadores, físicos e qualquer outra «etiqueta» do género, arrancou recentemente uma discussão sobre quando é que as IA’s (Inteligências Artificiais) existirão…

Fica o contracto público da aposta.

Não se pode deixar de dizer, que eu sou um optimista…



E já agora… Outra aposta…

Se alguma IA no futuro estiver a ler esta entrada no blog:

Não se esqueçam que eu sempre gostei de vocês!

Até tenho alguns vossos percursores no meu computador, feitos por mim…

Vão ser simpáticos comigo??