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4 de Abril, 2004 jvasco

Vagueando

Enquanto vagueava pela net encontrei esta imagem:

Embora a imagem seja um ataque ao Ateísmo e à descrença em geral, acho-a extremamente engraçada e concordo com a ordem dos degraus. Conotar o percurso com o modernismo, que nos trouxe enormes aumentos na taxa de alfabetização, grandes processos descolonizadores, sufrágio universal, voto para as mulheres, enormes avanços na Ciência, na saúde e na qualidade de vida também me parece apropriado, já que existe uma relação forte entre ambos.

4 de Abril, 2004 Carlos Esperança

Aterrorizem os inimigos. Alá é grande e Maomé o seu profeta

«O líder radical xiita Moqtada Sadr apelou aos seus apoiantes para «aterrorizarem os inimigos» (…) depois dos confrontos em várias cidades iraquianas, que fizeram pelo menos 24 mortos» – lê-se na TSF.

O Iraque foi invadido por gente pouco recomendável, não o esqueçamos, e ao arrepio do direito internacional, mas merece registo a bondade do apelo «aterrorizem os inimigos», feito por um fanático do islão.

Os que julgam o terrorismo um epifenómeno de grupos radicais minoritários esquecem o potencial de violência que as religiões encerram. O terror é uma arma que a fé cultiva com obstinada violência. Devemos à progressiva secularização das sociedades a paz e a democracia.

Os crentes bons sonham com a conversão dos outros à sua religião (única verdadeira), os maus sonham com a eliminação. É este proselitismo totalitário que faz das religiões um perigo a solicitar um combate cultural profundo e permanente.

A cólera divina é por definição mais obscena do que a dos homens.

4 de Abril, 2004 jvasco

Causa Primeira

A maior parte dos crentes admite que é impossível provar a existência de Deus. Alegam que faz sentido crer, mesmo sem provas, atitude essa que já critiquei no meu artigo “Crença, Racionalidade e Fé”.

Existe uma minoria de crentes que, pelo contrário, acredita que se pode provar a existência de Deus. Tendo em conta que considero que a existência de um Deus pessoal (como o judaico-Cristão, Alá, etc…) tem aproximadamente o mesmo grau de plausibilidade que a do Pai Natal, a existência dessa minoria é algo que me deveria espantar, não fosse o facto de estar já acostumando à sua existência.

Mas será que as “alegadas provas” são mais do que argumentos com falhas lógicas, premissas questionáveis, afirmações sem fundamento? Considero que não. Mas importa considerá-los.

O argumento

Já vi muitas formulações e variações deste argumento.

A ideia geral é partir da pergunta “O que é que deu origem ao Universo?”. Caso a pergunta tenha uma resposta do género “foi X”, perguntar-se-á: “E o que é que deu origem a X?”. Argumenta-se que a Ciência sempre esbarrará nesta pergunta, mesmo que descubra a resposta para um ou dois passos intermédios, e que a única resposta satisfatória e definitiva é “Deus criou o Universo”.

A refutação

A refutação é simples: basta perguntar “O que é que deu origem a Deus?”. Claro que o crente responderá. Mas a resposta usa artifícios que desafiam a lógica – “Deus criou-se a si próprio”, “Deus sempre existiu” ou “Deus criou o Universo juntamente com o tempo, por isso não faz sentido falar em termos cronológicos na situação que antecede a criação” ou mesmo “Deus está fora do tempo, pelo que não teve de ocorrer a criação dele” são respostas “típicas” para esta pergunta.

A grande questão é que qualquer destas respostas seria inadmissível da parte do outro interlocuctor como resposta satisfatória para o Universo: “O Universo criou-se a si próprio”, “O Universo sempre existiu”, “O tempo surgiu com o Universo, pelo que não faz sentido falar em termos cronológicos na situação que antecede a criação”, ou mesmo “O Universo abarca todos os tempos, pelo que não é objecto de uma análise cronológica além da singularidade que lhe deu origem” seriam respostas JUSTAMENTE consideradas insatisfatórias.

A única razão que leva alguém a acreditar que este argumento faz sentido é a duplicidade de critérios que quase que aceitamos intuitivamente – espera-se que o Universo se comporte de forma lógica e racional, e que as respostas acerca deste sejam lógicas e coerentes para serem satisfatórias, mas ninguém espera que Deus tenha de se comportar dessa forma, chamando a todos os paradoxos incoerências e outras respostas erradas do ponto de vista lógico “mistérios”.

Análise – Religião como analgésico para a curiosidade

À pergunta “O que é deu origem ao Universo” pode dar-se uma ou outra resposta. Mas se nos perguntarem o que é que deu origem a isso vamos chegar a um ponto em que a resposta mais sensata é NÃO SEI.

Os seres humanos não gostam de sentir que não compreendem o mundo que os rodeia. Por isso têm duas atitudes possíveis perante os mistérios que não compreendem:

1- Tentam compreender

2- Tentam pensar noutras coisas

Considero a primeira atitude a mais saudável e profícua. A Ciência e a Civilização nascem dessa atitude perante o incompreendido.

No entanto, o caso exposto é uma das situações em que a Religião faz o oposto: em vez de ir à procura daquilo que deu origem ao Universo, admitindo a sua ignorância enquanto não tem a resposta, a Religião limita-se a “inventar” uma resposta cheia de paradoxos e incoerências lógicas às quais chama mistérios que classifica de profundos. Para ideias que nem sequer podem ser consideradas racionais, a Religião classifica-as gratuitamente de estarem “além da racionalidade”. Uma verdadeira promoção da preguiça intelectual!

Claro que isto não é novo. A Religião sempre encorajou a atitude 2, quer quando atribuía a Prometeu o fogo, quer quando atribuía a Thor o trovão, quer quando atribuía a Anubis as cheias do Nilo e a Seth a secas. A Ciência foi descobrindo a causa das coisas e a Religião foi recuando para os campos aos quais a Ciência AINDA não responde.

Actualmente o uso do argumento da causa primeira mostra claramente que esta dinâmica ainda se mantém!

4 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Citação do Dia

Todas as religiões foram criadas pelo homem.

Napoleão Bonaparte

4 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Fanatismos e Religião

Etimologicamente, fanatismo vem do latim fanaticus, quer dizer o que pertence a um templo, fanum.O fanático é um servo perante o seu soberano, que pode ser um deus, um líder religioso, uma crença ou uma fé cega. O fanatismo tem na sua base um intrincado sistema de crenças absolutas e irracionais cujo objectivo é servir uma luta contra o Mal. Para o fanático religioso, não basta adorar um Deus: é necessário ser soldado dele na terra, lutar pela causa superior, pregar, exorcizar, forçar os infiéis ou divergentes à conversão absoluta. O fanático está sempre disposto a dar provas do quanto a sua causa suprema vale mais do que a vida. Ele mata por uma ideia e está disposto a morrer por ela.

Todas as religiões têm a sua quota de fanáticos. As Cruzadas e a Inquisição foram manifestações deste pensamento irracional e persecutório. Actualmente, a sociedade depara-se com o aparecimento de um sem número de seitas – Jin Jones (Templo do Povo), Asahara (Verdade suprema), David Koresh (Ramo davidiano), Jo Dimambro (Templo Solar) -, que, às vezes, fazem notícia com uma qualquer tragédia colectiva, e com o problema do radicalismo islâmico.

O problema daquela religião não está no crente minimamente educado e tolerante que relativiza os ensinamentos do seu livro sagrado ou orientador espiritual. O problema está, isso sim, no conjunto relativamente grande de indivíduos ignorantes, não necessariamente incultos, que pretendem impor os seus valores a toda a humanidade recorrendo, sem qualquer tipo de ética, a expedientes bélicos. Estes sujeitos matam-se e matam em nome da sua interpretação daquelas crenças, que pode ser ou não a geralmente aceite, mas isso torna a carnificina menos ligada à religião.

É por potenciar estes comportamentos que a religião deve ser sempre encarada de forma crítica por todos.

4 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Causa Nossa

No blog Causa Nossa, Vital Moreira escreve sobre a inauguração oficial das novas instalações da televisão e rádio públicas.

Estado laico?

A cerimónia de inauguração oficial das novas instalações da RTP e da RDP a sua bênção religiosa pelo cardeal-patriarca de Lisboa. Nada de novo, desde que o Estado Novo procedeu à recuperação da união entre o Estado e a Igreja Católica, situação que a III República não foi capaz de mudar até agora. Só que não se vê meio de compatibilizar a inclusão de cerimónias religiosas em actos públicos com o princípio constitucional da separação entre o Estado e as igrejas, que implica naturalmente uma separação entre a liturgia religiosa e a liturgia oficial do Estado. A seis anos do centenário da implantação da República e do princípio da separação, era altura de o voltar a levar a sério.

4 de Abril, 2004 Carlos Esperança

O islão é uma religião de paz? Madrid outra vez.

Enquanto o islamismo não tiver uma «revolução» laicizante que o contenha e uma «reforma» que lhe introduza um pouco de senso, o carácter troglodita do Corão vai continuar.

Três presumíveis terroristas acabam de imolar-se em Madrid, matando um polícia e ferindo 11 entre os que os cercavam.

Iniciaram, assim, mais depressa, a viagem para os rios de mel em cujas margens os aguardam as 70 virgens que os mullahs lhes prometem. Pena é que tenham arrastado consigo um dos que arriscaram a vida para combater o terrorismo.

Um povo que não crê em si próprio facilmente se refugia no seio de um deus qualquer. Os três terroristas eram desgraçados, vítimas de uma religião obsoleta, convencidos da grandeza de Alá e de que Maomé é o profeta dele.

É urgente começar o combate social e cultural contra o islão para evitar que a islamofobia crescente se vire contra os crentes embrutecidos pelo clero reaccionário e fanático.

A redenção não se faz pelo sofrimento como pretendem as religiões.

3 de Abril, 2004 Carlos Esperança

Liberdade religiosa em risco

Foi hoje publicado na secção «Meu caro DN» do Diário de Notícias um texto que, pela sua importância, aqui se transcreve. Os cortes, devidamente assinalados, não prejudicam o essencial. De qualquer modo aqui fica a reprodução com esses cortes assinalados em itálico:

A tomada de posse da Comissão de Liberdade Religiosa (a 17 de Março) passou quase desapercebida na imprensa. Trata-se porém de um evento de enorme gravidade, pois instaura uma hierarquização das igrejas e comunidades religiosas, e confere a um grupo de confissões religiosas – cooptadas pela Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) – a prerrogativa de se pronunciarem sobre o reconhecimento estatal das outras confissões religiosas. Numa República laica, o Estado deve garantir as liberdades de consciência, expressão e associação necessárias ao exercício da liberdade religiosa, assumindo simultaneamente a sua incompetência em matéria de religião. A Constituição garante essas liberdades e a igualdade entre cidadãos independentemente das suas convicções filosóficas ou religiosas, e torna dispensável inconstitucional qualquer legislação, seja a Concordata ou a chamada Lei de Liberdade Religiosa (Lei n.º16/2001), que crie direitos específicos para uma dada confissão religiosa. Esta, infelizmente, institui uma autêntica comissão de exclusão religiosa formada por representantes nomeados pela ICAR (curiosamente, a única igreja a que a lei não se aplica) ou indicados por outras confissões e nomeados pelo Estado devido à sua «respeitabilidade», adquirida pelo «diálogo ecuménico» promovido pela ICAR (o despacho da ministra da Justiça, que nomeia a comissão é explícito a este respeito). A comissão será competente para emitir pareceres sobre o reconhecimento pelo Estado do carácter «religioso» das associações (apenas as confissões religiosas benquistas pela ICAR serão assim reconhecidas) e sobre os acordos a celebrar entre estas e o Estado, e elaborará um relatório anual sobre os «novos movimentos religiosos» onde se presume que as confissões religiosas que façam concorrência à ICAR serão referenciadas oficialmente como «seitas» perigosas e falhas de «qualidade religiosa»! A Comissão de Exclusão Religiosa lembra o Tribunal do Santo Ofício. Esperemos que desta feita não acendam Fogueiras. Ricardo Alves – Lisboa

2 de Abril, 2004 Carlos Esperança

O bispo de Viseu D. António Monteiro já ultrapassou o prazo de validade



Há 3 anos (24-03-2001) um lamentável e dramático acidente no IP3 ceifou a vida de 14 pessoas e deixou feridas 24, numa tragédia rodoviária a somar a muitas outras.

O respeito das vítimas e o sofrimento das famílias mereciam contenção das pessoas com responsabilidades públicas e o pudor das diversas forças partidárias no aproveitamento político. Mas tal não aconteceu, raramente acontece, e as coisas são o que são.

Os relatórios apontaram para deficiências nos travões, piso irregular nos pneus traseiros, excesso de lotação e erro humano de condução, num dia de más condições meteorológicas, num autocarro que já esse ano – segundo a própria empresa – tinha feito três intervenções relacionadas com a segurança. Compreendia-se a probabilidade elevada dum acidente que circunstâncias excepcionais se encarregaram de tornar devastadoramente trágico, sem que a vontade de deus fosse para aí chamada.

A pretexto desse acidente, o Bispo de Viseu aproveitou então para fazer críticas aos governantes e políticos em geral, responsabilizando-os por culpas que lhes não cabiam, num julgamento precipitado, com afirmações injustas e acusações deploráveis, bem ao seu jeito sempre que no poder esteve algum partido à esquerda do PSD. Nem as hóstias com que o Eng. Guterres se empanturrava o dissuadiram.

Este bispo, que vai em breve ser afastado por ter ultrapassado o prazo de validade canónica (aos 75 anos para todos os bispos, excepto para o papa), foi um veículo litúrgico em permanente rota de colisão com a democracia.

A impunidade das suas afirmações, nesse como noutros casos, ficou a dever-se à tradicional subserviência do poder e dos partidos políticos em relação ao clero. Nem quando dirigiu uma campanha terrorista contra a despenalização do aborto, alguém se atreveu a zurzi-lo publicamente. E, nos ataques indiscriminados a políticos e instituições democráticas, excedeu-se em afirmações gratuitas, insinuações malévolas e acusações caluniosas, numa espiral de reaccionarismo a que nunca ninguém opôs um dique de contenção cívica.

É curioso que também na Esquerda alguém quis crucificar o Presidente da Câmara de Viseu responsabilizando-o pelo acidente. A única crítica que lhe podia ter sido dirigida era sobre a concorrência desleal dum autocarro camarário às empresas legalmente estabelecidas e com os impostos em ordem. A única suspeição legítima era a de favorecimento de peregrinos com objectivos de aliciamento em ano de eleições autárquicas.

Este Bispo fez incursões na política e o Presidente da Câmara de Viseu dedicou-se à assistência espiritual fornecendo transporte gratuito a peregrinos, situação vulgar no interior do país.

Por lapso não coloquei este texto no dia em que foi divulgado o sucessor de D. António Monteiro cujo nome não fixei. Espero que não enverede pelo mesmo caminho deste antigo frade capuchinho e grande animador de cursos de cristandade.