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13 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

O que vem à rede

Recebi este e-mail de uma mailing list que dá pelo nome de Pão Quente.

A Misericórdia e o Perdão de Deus na Paixão

Lucas 22, 14-23-56

Lucas, como é sabido, é considerado o evangelista da misericórdia, ou como o evangelista que marcou toda a tradição que nos entrega o pensamento do amor infinito de Deus que se manifestou em Jesus Cristo. Nenhum dos evangelistas percebeu como ele a sensibilidade do amor do Pai, que se deixa sentir de maneira especial entre os pobres, entre os que sofrem, entre os marginalizados. Não é difícil constatar nesse evangelho a preocupação de Jesus pelos fracos, pelos débeis, pelas viúvas, pelos órfãos, pelos pecadores, e pelas mulheres. Não é acidental neste Evangelho o fato de que apareçam nele textos que não encontramos nos outros Evangelhos. O da “parábola do pai misericordioso”, (que geralmente designamos, com menos propriedade, como a parábola do filho pródigo), ou a do “bom samaritano”.

A Paixão e a morte de Jesus são uma verdadeira revelação: manifestação da misericórdia do Pai. Só quem compreendeu uma atitude tão comovedora, como a que nos traz este Evangelho na parábola do pai misericordioso, poderá entender por que o evangelista olhou assim o mistério do sofrimento e da morte de Jesus. Lucas concebeu o relato da Paixão como uma contemplação de Jesus. Não faz sentido, por isso, a insistência na doutrina medieval sobre a “satisfação”. É incompatível com a fé a idéia de um Deus insensível que sacrifica Seu Filho como um cordeiro ofertado para aplacar Sua divindade ferida e irada. Como admitir Deus como uma fera acuada pelo pecado da humanidade? Por isso este relato é um convite ao leito a aproximar-se do Senhor, a seguí-Lo, a levar com Ele a “cruz” de cada dia (9,23). Também nos convida a prestar atenção no sangue dos mártires que acompanharam o exemplo de Jesus na história humana. O esvaziamento (kenosis) até a humanidade total, o sofrimento com causa, em solidariedade extrema, nos fazem reconhecer um Jesus que não foge à Sua condição humana.

Na palavra que dirige na cruz ao malfeitor arrependido: “hoje mesmo estarás Comigo no paraíso”, lembramos esse ‘hoje’ que nos transporta a Lucas 4,21, quando na sinagoga de Nazaré, Jesus declara que “hoje se cumpriu” a passagem de Isaías 61,1-2, que acabava de ler. O tempo se cumpriu e Ele, que veio para anunciar a liberdade aos cativos e a vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e para proclamar o ano da Graça do Senhor, aí está. Cumpriu Sua missão, porque morreu pendurado da cruz, como Mártir do Reino de Deus, mas seguirá vivendo entre nós, ressurreto, e nós o reconheceremos. O testemunho (martyria) mais chocante da causa do Reino de Deus, na missão de Deus cumprida sem o uso dos atributos divinos, é encontrado em Jesus. O mesmo que foi chamado pelos pais da Igreja Antiga (primeiros líderes), de “verdadeiro homem e verdadeiro Deus” (Credos e Confissões da Igreja Antiga).

O Reino não se conquista sem a cruz, é o que nos diz a Páscoa, ou o que deveria dizer! A páscoa dos cristãos é a Páscoa da Ressurreição. A morte, assim, é a Ressurreição conquistada, a Vida brota das sepulturas. “Eu sou a ressurreição e a vida…”. A Paixão, finalmente, nos convida a refletir sobre a causa do Homem de Nazaré, Mártir dor Reino, morto, ressuscitado e glorificado pelo Pai.

Tomé duvidou da ressurreição, (João 20,24), Jesus lhe disse, quando o mesmo conferiu Suas feridas: “Porque viste, creste, felizes os que não viram e creram!”.

Que isso nos faça Felizes!

Em Seu santo nome,

Rev. Derval Dasílio

Igreja Presbiteriana Unida do Brasil – IPU

13 de Abril, 2004 Carlos Esperança

Alá é grande

Pasmo com o silêncio cobarde que paira sobre as imagens de civis americanos a arderem dentro de um carro, nas ruas de Falluja, enquanto a multidão atirava pedras e gritava «Alá é grande!», para depois arrastarem os cadáveres e os desmembrarem.

Foi uma orgia de sangue e nojo a repetir, alguns anos após, a sorte de militares soviéticos a quem serraram os membros no Afeganistão, com os mesmos gritos entusiásticos da população.

Parece que o facto de serem americanos num caso e comunistas no outro deve merecer silêncio; que, por ser injusta a guerra, deve absolver-se a bestialidade; que o facto de ter a fé na origem merece alguma compreensão.

São cruzados de sinal contrário a tentarem conduzir o mundo de regresso à idade média. Há nos rostos desesperados da população faminta a mesma boçalidade dos cristãos medievais a delirar com a queima de hereges e bruxas.

Aliás, o islamismo é um plágio do cristianismo a que falta o tempero da cultura helénica. Nem sequer foi contaminado pelo direito romano, bastando-lhe a boçalidade dos mullahs a interpretar o Corão.

A história ensina-nos que, sempre que um Estado se liga a uma religião, esta tende a apoderar-se daquele. É preciso proteger o Estado da religião e, sobretudo, esta de si própria, para preservar a democracia.

As religiões têm o monopólio da rede de transportes que conduzem ao Paraíso. É urgente que ninguém seja obrigado a percorrer tais caminhos.

Os lacraus segregam veneno, as religiões produzem a fé.

O ateísmo é a vacina que pode libertar a humanidade.

13 de Abril, 2004 André Esteves

Mel Gibson, a ICAR e a cultura popular portuguesa…

E julgam bispos e monsenhores que os ateístas são um perigo para a fé…

Como, de acordo com decisão do patriarcado, todos os novos bispos terão de ter no mínimo um doutoramento, creio que o seu maior perigo é a cultura popular portuguesa…

Talvez fosse melhor tirarem um curso de astrologia e leitura de búzios com o Sr. Dr. Prof. Karamba, o Mestre Sambu, o Astrólogo Mestre Faty ou até mesmo com o Professor Bambo que já têm programa no canal Viver.

Afinal, para os crentes… É tudo uma questão de fé e dos resultados dela.

Aparentemente para eles, a Nossa Senhora de Fátima, a Alexandrina e D.Nuno Álvares não chegam para os problemas que têm…

12 de Abril, 2004 André Esteves

Urbanidades…

Quem sair do SAP (Serviço de Apoio Permanente) do Centro de Saúde da freguesia da Glória, em Aveiro, depara-se com este enorme graffiti na parede oposta. Um abuso a quem sair do ambulatório, a sofrer física e emocionalmente.

O autor não parece conhecer o mandamento “Não usarás o nome do teu senhor, Deus, em vão..”.

Claro que, perguntamo-nos se ele lerá as escrituras, porque pelo menos, com aquela ortografia, deve ler à maneira de S.Agostinho…

12 de Abril, 2004 Carlos Esperança

Bush agradece a Deus, com todos os joelhos no chão

Do Diário de Notícias de hoje (pg. 14) transcrevo o seguinte:

O Presidente dos Estados Unidos garantiu, ontem, ser correcto o que os americanos estão a fazer no Iraque. A afirmação de George W. Bush foi feita no final da missa de Páscoa na capela de Fort Hood, Texas. «O que estamos a fazer no Iraque é correcto. Hoje de joelhos, agradeço a Deus por proteger as tropas americanas», disse Bush que interrompeu as suas férias no rancho de Crawford para se deslocar à base militar onde assistiu à missa da Páscoa. M.R.F.

Comentário: Não era preciso tanto. Com a protecção que Deus lhes tem dado escusava de se pôr de joelhos.

12 de Abril, 2004 André Esteves

O kitsch religioso da semana

Quem se desloca pela auto-estrada em direcção ao sul de Portugal, vindo do norte, encontra nas estações de serviço, cafés e lojas em geral, o sinal de que nos aproximamos de Fátima…

A densidade de memorabília religiosa aumenta na inversa do quadrado da distância do santuário religioso.

Como que, manifestações de um estranho fenómeno forteano, o kitsch, o mau gosto, o absurdo manifesta-se…

Como explicar este estranho objecto?

Que mistura inconcebível e desígnio místico encerram a criação desta garrafa com a nossa senhora de Fátima presa num aquário? Só nos vêm à mente, a imaginação de toda uma indústria que copia, corta e cola, truncando significados, num repetido frenesim pela novidade comercial, sem respeito ou reconhecimento da identidade. Procurando inconscientemente no inconsciente colectivo, o sincretismo pelo caminho do lucro…

E que mistura de uma assentada só! O lótus budista, o meio aquático de Iemanjá, a metáfora do desejo do peregrino subentendido pela lâmpada de Aladino, talvez a sugestão da purificação da água que entre no vaso e contacte com a imagem…

Talvez nunca compreendamos o verdadeiro significado.

É uma relação única e pessoal entre o criador e a criatura.

12 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Citação do Dia

O papa é um ídolo a quem se atam as mãos e se beijam os pés.

Voltaire

12 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

A Páscoa de Barnabé

O Barnabé, este Domingo, colocou esta imagem, inserida na rúbrica Em Abril, todos os dias uma nova imagem da revolução.

Em 1976, a ideia que o jornal católico Libertar defendia era boa: uma ICAR virada para o Povo, que, sem manipulações, defendesse os interesses desse mesmo Povo numa nova Democracia nascida dois anos antes.

De facto, só com educação e trabalho é que se pode alcançar uma sociedade parecida com a que Jesus da Nazaré desejara dois mil anos antes: uma sociedade igualitária, justa, fraterna, sem pobreza onde todos respeitassem as diferenças uns dos outros. Como sucedera então, esses ideais ficaram apenas por esse plano: a Igreja continua a trair os valores que originariamente deviam guiar o seu caminho. A ICAR é um poço de contradições, de interesses obscuros e de manipulação da sociedade. A ICAR continua a não utilizar todo o seu poder económico para acabar com a pobreza, continua a negar o esclarecimento da sexualidade, continua a ignorar os direitos dos homossexuais e continua a querer ser a concubina dos Estados. Jesus Cristo não foi traído pelos judeus, pelos idólatras ou pelos descrentes; Jesus foi traído por aqueles que se dizem seus servidores.

12 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Petição contra o artigo I-51 da Constituição Europeia

APELO PELA ELIMINAÇÃO DO ARTIGO I-51 DO PROJECTO DE CONSTITUIÇÃO PARA A EUROPA

Os abaixo assinados,

Tendo em consideração a proposta de resolução para uma Constituição Europeia Laica apresentada por Maurizio Turco e 256 deputados europeus e apoiada por 320 deputados dos 15 Estados Membros da União Europeia.

Considerando que o artigo I-51 do projecto de Tratado estabelecendo uma Constituição para a Europa:

a) Contradiz o princípio de separação entre instituições públicas e instituições religiosas;

b) Obriga a UE a um diálogo regular com as igrejas e comunidades religiosas reconhecendo assim um direito de ingerência das instituições religiosas no exercício dos poderes públicos europeus;

c) Garante a perpetuação dos privilégios adquiridos ao nível nacional pelas instuições religiosas, impedindo que seja verificada a sua compatibilidade com os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos europeus assim como com as políticas e o direito da UE;

d) Está redigido com uma terminologia desapropriada para um texto constitucional e susceptível de originar

numerosas controvérsias jurídicas;

Considerando que a liberdade de organização e acção das organizações confessionais já é garantida pelo artigo 10 da Carta dos Direitos Fundamentais assim como pelo artigo I-46 do projecto de tratado

constitucional relativo às associações representativas da sociedade civil;

Apoiamos a proposta de resolução, promovida por Maurizio Turco e assinada até agora por 136 membros do

Parlamento Europeu, pedindo ao Conselho, à Comissão e aos Estados Membros a eliminação do artigo I-51 do

projecto de tratado estabelecendo uma Constituição para a Europa e, em particular, aos representantes da Bélgica, da França, do Luxemburgo e da Suécia que utilizem o seu direito de veto, no âmbito dos trabalhos da CIG, dando assim continuidade às emendas no sentido de eliminar o artigo I-51 que apresentaram durante a Convenção.”

11 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Há 30 anos em Moçambique

Há 30 anos, nos últimos dias da ditadura, o Jornal de Notícias relatou:

Questão colonial agita relações Igreja-Estado

11/4/1974

Em consequência da política ultramarina, da guerra colonial e dos seus reflexos nas relações Igreja-Estado, registava-se grande agitação na Diocese de Nampula, Moçambique.

Segundo as notícias divulgadas pela ANI, cinco padres combonianos e um padre secular expulsos daquele território deixaram a referida cidade, com destino desconhecido, o mesmo acontecendo com o respectivo bispo, D. Manuel Vieira Pinto.

Na véspera registou-se um apedrejamento da missão de S. Pedro, para onde tinham sido conduzidos, há três semanas, os padres, escoltados pela Polícia para os isolar dos manifestantes que os ameaçavam. Grupos de indivíduos também se tinham colocado frente ao Paço Episcopal, motivo por que foi montado um dispositivo policial e militar para proteger o prelado de qualquer desacato.

De acordo com a ANI, a vaga de protestos contra os missionários combonianos fora desencadeada em Fevereiro ao ser conhecido um documento, por eles assinado, bem como pelo próprio bispo, no qual se formulavam várias acusações ao comportamento da Igreja em Moçambique – nomeadamente a de estar enfeudada ao poder civil e de não cumprir a sua missão profética. Alegava-se, do mesmo modo, que a mesma exposição era uma tomada de posição nitidamente hostil à soberania de Portugal em Moçambique.