1 de Julho, 2017 Luís Grave Rodrigues
Pena de morte
Faz hoje 150 anos que Portugal aboliu a pena de morte.
A Igreja Católica ainda não…
Faz hoje 150 anos que Portugal aboliu a pena de morte.
A Igreja Católica ainda não…
A pena capital é bárbara, ineficaz e indigna de países civilizados, onde as penas são suscetíveis de ser revistas e, não raro, anuladas por erros judiciários. A sua aplicação em países civilizados reflete a tradição conservadora e vingativa de uma religiosidade arcaica, e não o pragmatismo da Justiça moderna e o humanismo do avanço civilizacional.
É com orgulho que evoco o 150.º aniversário da abolição da pena de morte em Portugal, para crimes civis (Lei de 1 de julho de 1867), quando a última execução conhecida, em território nacional, remontava a 1846.
A exceção consentida para a traição durante a guerra, mesmo essa, foi abolida pela República. Em 1911 a abolição estendeu-se a todos os crimes, incluindo os militares. Readmitida em 1916 para a alta traição, em teatro de guerra, na Guerra Mundial (1914/18), foi decidida a abolição total em 1976.
Portugal foi o primeiro Estado soberano moderno da Europa a abolir a pena de morte. Então, soubemos estar na vanguarda da civilização e do humanismo. É a esse passado honroso que no dia hoje, 150 anos depois, devemos a homenagem que nos deve encher de orgulho.
SIC – “Queridas manhãs da SIC»
Amanhã, dia 28, terça-feira, a partir das 11H00 estarei em estúdio, como convidado, para um debate entre crentes e não crentes (ao que me dizem).
Temo sempre estes programas pois já me saiu a Alexandra Solnado a dizer que falava com Deus e a quem me limitei a dizer que duvidava que a inversa acontecesse. Num outro programa [CMTV] saiu-me a taróloga Maya, que tinha um milagre gravado para me mostrar.
Bem, amanhã terei, pelo menos, um médico psiquiatra como interlocutor, além de um prosélito erudito.
21 de dezembro de 2001. Almoço de Natal Novartis — BU – Oncologia.
Não sei quem teve a ideia do local, se alguém, na esperança de um milagre, pretendia aliviar a alma do fardo dos pecados, ou tão só cumprir o ritual canónico da comunhão fraterna em torno de uma mesa de fartos recursos gastronómicos.
O restaurante Tia Alice, ao lado do cemitério, do outro lado da rua da igreja paroquial onde foram batizados os pastorinhos, instalou-se numa cave onde só recebe fregueses depois do meio-dia. A cave é o local recôndito adequado ao ágape na capital da fé. A gula ignora aí os preceitos religiosos e ninguém tenta encontrar o Céu através do jejum.
Depois do repasto fui ver a capelinha das Aparições onde a Júlia e a Vanda debitavam padres-nossos e ave-marias, iluminando a fé com velas de 150 escudos emprestados pelo Cordeiro Pereira.
À volta da capela mulheres cansadas da vida viajavam a fé progredindo de joelhos a adejar o rosário; outras paravam genufletidas, em êxtase, acompanhadas por crianças conformadas, a bocejar orações em sofrida imobilidade. Respirava-se o ar soturno por onde viajam súplicas e se esperam respostas que não chegam.
À nossa espera, junto aos carros, um polícia segurava um livro de multas como quem usaria um breviário se fosse padre ou um rosário sendo crente. Preparava-se para nos aplicar o corretivo merecido a quem estacionara em lugar proibido não sendo embora, àquela hora, muitas as devoções nem os estacionamentos pios.
Valeu-me dizer-lhe que foi só o tempo de rezar um padre-nosso e duas ave-marias e não ter visto o sinal terreno de estacionamento proibido, colocado a longa distância, ou a sua própria compreensão, que hoje os polícias já compreendem, sobretudo em Fátima, onde a estupefação do divino lhes há de dar entendimento humano. Salvou-nos da punição o arrependimento do cívico.
Por todo o lado a construção civil progrediu ao ritmo da fé sem se conformar com o ritmo lento da divulgação dos segredos.
Fátima, cidade, centro de turismo místico, quer virar sede de concelho. Tem um ponto fraco nessa aspiração, se a Senhora quisesse aparecer numa sede de concelho tê-lo-ia feito, escolhido mesmo uma cidade cosmopolita e interlocutores cuja devoção os não tivesse impedido da frequência escolar. Mas tem armas poderosas. Além das simples manifestações de que outros soem socorrer-se, pode sempre organizar uma procissão sobre S. Bento ou uma assoada no Terreiro do Paço, sacando de velas e rosários e investindo contra o poder com guiões, crucifixos e andores.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.