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8 de Maio, 2004 André Esteves

Os chilenos podem finalmente divorciar-se…

Ontem, sexta-feira, dia 7, o Presidente chileno Ricardo Lagos assinou o decreto viabilizando o divórcio na sociedade chilena. Depois de um longo combate com a fascista ICAR chilena, finalmente conseguiu-se uma das liberdades mais básicas do coração. Os chilenos, mais contemporâneos que a sua igreja, já não se casavam oficialmente, dadas as dificuldades que teriam de enfrentar legalmente.

– Notícia na BBC

Agora, os únicos países no mundo, um deles acabado de entrar na União Europeia, ainda a proibir o divórcio, são Malta e as Filipinas, ambos de católica fidelidade e com problemas sociais ou internacionais característicos…

Não há nenhuma directiva comunitária sobre os erros e a liberdade do amor?

Ou será, que depois do que se passa com as patentes de software teremos de esperar um dia, directivas comunitárias sobre, o que aos olhos de alguns, são pecados?

8 de Maio, 2004 Carlos Esperança

A Igreja católica e o nazismo



A Eslováquia teve um padre católico Presidente nazi, Tiso, que foi executado pelos crimes cometidos, em 1947.

Portugal e a Espanha tiveram dois excelentes católicos, Salazar e Franco, abjectos ditadores que sempre foram dedicados a Hitler e à Santa Madre Igreja.

Pio XII impediu a publicação de Humani Generis Unitas, a encíclica anti-racismo, ainda não promulgada, do seu antecessor Pio XI.

Pio XII excomungou todos os comunistas do mundo em 1949 e nem um único nazi ou o próprio Hitler que nasceu católico. Em Agosto de 1943 ainda Pio XII exortava as autoridades italianas para manterem as leis raciais, leis que na Eslováquia serviram para deportar judeus para Auschwitz com a cumplicidade da igreja católica autóctone.

A suspeita de que a ICAR beneficiou do ouro que os assassinos em série croatas roubaram às vítimas judias e sérvias e possa ter ido para o Vaticano, mantém-se graças à recusa deste em permitir o acesso aos seus arquivos, ao contrário do que fez o Governo Suíço, em relação aos seus bancos.

Nos primeiros dias de Maio de 1945, o cardeal da Alemanha, Bertram, ao saber da morte de Hitler, não quis abandoná-lo, ordenando que em todas as igrejas da sua arquidiocese fosse rezado um requiem especial, nomeadamente «uma missa solene de requiem em lembrança do Führer».

JP2, que não perdeu tempo a calar o teólogo suíço Hans Küng ou o teólogo americano Roger Haight, progressistas, demorou até 1993 para reconhecer Israel, reconhecimento formalizado em 1994. Ainda em Maio de 1948 o L’Osservatore Romano, o jornal que repudiou a atribuição do Nobel da literatura a José Saramago, defendia que a «Terra Santa e os seus locais sagrados pertencem à cristandade».

A Polónia de JP2 tinha, antes da guerra, cerca de 4,5 milhões de judeus; Calcula-se que restem lá (incluindo todos os que chegaram provenientes de países ocupados pelos Alemães) apenas 10 mil.

O que terá pensado este fabricante de santos da tragédia que então se desenrolou à sua volta na sua bem amada Polónia Natal?

7 de Maio, 2004 André Esteves

Porque é que Portugal não é um país laico?

Porque é que Portugal não é um país laico?

Porque a nossa memória colectiva foi moldada pela ICAR…

Não estão conscientes na memória, os mortos do genocídio dos cristãos novos em Portugal.

Por toda a Europa, ainda se sente no inconsciente colectivo, um século de guerras religiosas.

Por cá… Ficou o fado

Um sentido de perda e saudade distantes, um reflexo automático em aceitar o terrível…

De algo, que amnesicamente não encontramos na nossa alma: parte de um país.

Família, amigos, conhecidos… Todos desaparecidos pela vontade do(s) senhor(es).

De uma população de 1 milhão de pessoas, sabemos que pelo menos 24 mil foram mortas em autos de fé.

Outras 250 mil fugiram. Aproximadamente 25% de um país foi estripado, para garantir o controlo da igreja, de um país que detinha o acesso aos novos mundos. Sem quaisquer resultados práticos. A estupidez piemonteza1 da Cúria, só assegurou que os conhecimentos, o capital e a iniciativa fossem transportados para outras partes mais tolerantes.

Sem futuro, o país ficou reduzido a um imenso campo de reeducação cristã.

Eliminada a memória, ficou o vazio na alma, o desejo de o apagar com promessas e rezas. E, hoje, também o futebol, gastos loucos no hipermercado e férias no estrangeiro… As fontes históricas foram dizimadas, o passado ocultado. Os programas escolares (deliberadamente?) reflectem esta ignorância do passado.

O folheto que vêem em cima, é um fruto maligno desse passado deliberadamente esquecido.

Anteontem, em Fátima, foi distribuída propaganda para uma população, ou conivente, ou sem memória.

De certa maneira, a ICAR e as suas elites querem fazer à Europa o que fizeram a Portugal.

Imiscuíram-se no que não devem: na consciência dos eleitores, no desígnio colectivo, que pelas suas acções se torna no seu desígnio pessoal. Contrário ao espírito da democracia, contrário à liberdade de pensamento individual.

A inclusão da referência ao passado «judaico-cristão» da Europa é fogo de vista.

Roma, a prostituta da Babilónia, já se regozija com as almas que detém na nova Europa Alargada.

Há algo muito pior, a cozinhar em lume brando, por detrás das cenas…

1 – Tradicionalmente, os elementos da cúria são originais do piemonte italiano. Cunhas e famílias em acção, numa escala de centenas de anos.

Comentário:Os números que apresentei anteriormente estavam errados (250.000), como estimativas de autoridade. Infelizmente é muito difícil saber com certeza os números correctos do genocídio. O valor aproximado que agora apresento é baseado nas estimativas obtidas, só, pelos autos-de-fé. No entanto, nem todos os autos de fé eram registrados em processo (normalmente nos 3 tribunais da inquisição), enquanto que os autos-de-fé eram desencadeados por todas paróquias do país e além-mar. O próprio registro é imcompleto, manipulado ou simplesmente aniquilado.. As cópias que o vaticano deveria ter nos seus arquivos históricos, amontam a 4 mil, em comparação aos aproximadamente 24 mil processos que estão na torre do Tombo…

7 de Maio, 2004 Carlos Esperança

Notas piedosas

G.N.R. – Os militares do primeiro contingente tiveram apenas feridos ligeiros, graças à senhora do Carmo que os acompanhou, adequadamente benzida. Rendida pela senhora de Fátima, está a decorrer um ensaio aberto sobre a eficácia comparada das duas santas.

Iraque – As sevícias praticadas pelos invasores sobre os prisioneiros é a prova irrefutável da superioridade moral da civilização cristã e ocidental sobre o islão.

Intercâmbio Universitário – O Opus Dei recebe ayatollahs do Irão para regerem um curso sobre «Igualdade Feminina» na Universidade de Navarra e, por sua vez, os padres da prelatura dirigem um seminário sobre a virtude da tolerância durante a próxima peregrinação a Meca.

Fátima – Os folhetos distribuídos, apelando ao voto nos partidos da Direita, devem ter sido da autoria da senhora de Fátima, que em tempos levou a Lúcia a visitar o Inferno onde lhe mostrou um conterrâneo republicano que não ia à missa.

Nuno Álvares Pereira – Está em curso o processo de canonização, sem necessidade de adjudicação de qualquer milagre. Segundo D. José Policarpo, Urbano VIII fez uma excepção para quem há mais de 200 anos era prestado culto e reconhecida, pelo povo, a santidade.

Alexandrina de Balasar – Depois de ter passado os últimos 13 anos e 7 meses de vida, sem comer nem beber (alimentando-se apenas de hóstias consagradas), mantem a mesma dieta, após a beatificação.

Moçambique – Os bispo católicos acham as campanhas pelo uso do preservativo «enganosas» e «em grande parte responsáveis» pelo aumento dos casos de sida, exortando à abstinência sexual. No entanto não se pronunciam sobre os benefícios para a alma em furar os preservativos.

6 de Maio, 2004 Carlos Esperança

É tão grande a devoção dos peregrinos que nem reparam nos sinais do céu



Portugal tem sido preterido na desenfreada criação de beatos e santos com que JP2 tem conquistado a clientela.

Dos 477 santos e 1377 beatos promovidos no actual pontificado só 3 beatos foram adjudicados a Portugal apesar de ser português o burocrata encarregado das contratações, D. José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. É bem verdade que santos da casa não fazem milagres.

E poucos fizeram tanto pela santidade. Durante 48 anos os portugueses passaram fome, eram analfabetos e julgavam que viviam no Paraíso. E quase todos rezaram muitos terços pela conversão da Rússia e pela longevidade dos governantes!

Milagres não têm faltado. A D. Mariana Cascais fez voto de castidade para ir para o Governo e foi. Paulo Portas prometeu uma vela à senhora de Fátima se chegasse a ministro dos militares e chegou. Durão Barroso prometeu acreditar em Deus se entrasse em S. Bento e entrou. Bagão Félix e Celeste Cardona prometeram rezar com muita devoção se se aguentassem como ministros e aguentaram-se. Ninguém duvida de que só a ajuda divina conseguiu tais milagres.

Mas quanto a santos, continuamos a zero. Tantas almas devotas que serviram com zelo a União Nacional, a Câmara Corporativa, os Tribunais Plenários, a PIDE e outras beneméritas instituições e nada. Nem o cardeal Cerejeira serve para beato? nem o maj. Silva Pais, que teve uma alta condecoração atribuída por Pio XII, chega a santo?

Portugal está prejudicado. Apesar das promessas, não vai a tempo de recuperar o atraso. E ainda nem um santo lhe foi atribuído.

Que hão-de pensar os peregrinos que vão em bandos a caminho de Fátima, suportando a inclemência do Sol, a brutalidade da chuva e a chacota dos automobilistas! Que se habituam ao cheiro pestilento do suor, aos edemas nos pés, às dores nas costas! Que suportam, sem um queixume, sem uma vacilação da fé, sem uma folga nas rezas, as longas caminhadas!?

São estas pessoas, que nem pedem milagres, que se limitam a pagar promessas, a cumprir rotinas e a desejar que haja uma vida melhor, são estas pessoas, eternas sofredoras, que assim se vêem privadas do sonho de uma vida – um santo genuinamente português!.

São estes devotos que se revêem no Francisquinho, mais dado à contemplação mística do que à frequência escolar, que rezam à Jacintinha com maior devoção que a obsessão desta em evitar os pecados; são este imenso exército de crentes que ainda se batem por uma fé cada vez mais anacrónica, que anseiam por ver um papa, que exultam durante a liturgia, que se vêem privadas do espectáculo que daria sentido às suas vidas – a canonização de um santo com nome português!?

Não é justo. Nem se queixam de que só três dos 1377 beatos e 477 santos que este pontificado já conta no activo tenham sido atribuídos a Portugal!

Um rosário, um pouco de pão, alguma água e o desejo de que o comunismo desapareça da face da Terra são o suficiente para ciclicamente rumarem a Fátima.

Por tudo isto estes peregrinos bem mereciam mais alguns beatos e ao menos um santo verdadeiro. O Vaticano bem podia reduzir o vergonhoso défice com que este cristianíssimo País se encontra representado no coro celestial, bem pode conceder a graça de anunciar a boa nova a quem tanto reza e tão pouco pensa – um santo português.

5 de Maio, 2004 Carlos Esperança

O Iraque vai de mal a pior

A tortura usada pelas forças da coligação que invadiram o Iraque era a nódoa que faltava à alegada superioridade moral da civilização de que se reclamam.

O islão entrou em declínio após a última grande potência islâmica – o Império Otomano – e atingiu o seu ponto mais baixo no primeiro quartel do séc. XX com a colonização pelo Ocidente de grande parte do mundo árabe.

Recentemente a frustração pela pobreza e subdesenvolvimento, apesar dos amplos recursos energéticos, agravada pelo fracasso militar em relação a Israel, agravou o ressentimento e a fé.

O laicismo, imposto à Turquia por Mustafa Kemal Ataturk, que ergueu sobre os escombros do Império Otomano, está ainda longe da consolidação.

Os clérigos em vez de modernizarem o Islão islamizam a modernidade num eterno retorno ao obscurantismo.

A persistência do problema da Palestina é mais uma acha na fogueira do ódio que consome o Médio Oriente. Ariel Sharon e a administração Bush procuram agravar as coisas. Fazem mal tudo aquilo de que são capazes e da pior forma.

No Iraque continuar a ocupação é agravar o desastre, sair é apressar a tragédia. Derrubou-se uma ditadura laica, apoiada por sunitas, que oprimia os xiitas, para criar um estado teocrático onde os xiitas não prescindem de oprimir todos e, em particular, os sunitas.

Deus não é propriamente um entusiasta da democracia e os clérigos são sempre contra.

Se uma só religião fosse verdadeira não eram todas falsas.

4 de Maio, 2004 André Esteves

Comemoração de 5059 visitas

5059 visitas? Porque será? Será porque o número é primo? Será André Esteves um viciado em numerologia? Anda a tomar demasiados taxís com matemáticos indianos? Nah…

Qualquer número é um bom número para fazer um bocadinho de propaganda…

Nos próximos dias 4 e 5 de Maio o blog poderá sofrer algumas dificuldades técnicas e estaremos parados na publicação de artigos, porque o Ateismo.net estará de mudanças para um novo servidor! (dores de crescimento e algum kitsch…)

Aproveito para convidar todos os ateus e agnósticos portugueses e lusófonos que nos lêem, para se inscreverem na lista de discussão Despertar http://www.ateismo.net/lista_de_discussao.php e entrarem em contacto com os «outros».

Está em preparação o próximo ENAA – Encontro Nacional de Ateus e Agnósticos e fala-se na criação de uma associação dos ateus e agnósticos, para a defesa dos nossos direitos, bem como por exemplo, para assegurar serviços funerários humanistas… (Não será nem o primeiro, nem o último funeral de um ateu, em que aparece, do nada, um padre a querer cerimoniar e marcar o morto como sua propriedade (isso e umas gorjetas…)).

Contamos com vocês!

3 de Maio, 2004 André Esteves

O kitsch religioso da semana

O budismo é uma religião ateia. Não têm deuses. Não têm fés… Têm uma visão filosófica de todo o universo e da psicologia humana e estabelece um sistema pelo qual o homem se relaciona com o todo.

Ao contrário de tantos sermões enganosos, a religião não «religa» o homem a deus… Religa o indivíduo ao grupo. E na realidade não detêm nenhum exclusivo nessa área. Basta que haja um grupo de homens de «boa vontade» que acordem entre si regras de conduta que surgirá uma re-ligação de todo e qualquer indivíduo ao grupo. Um contrato, uma união de interesses e de respeitos…

O Budismo é uma cultura humana como todas as outras. Séculos de truncagem, adaptação e miscegenação cultural, bem como a falta do método científico materialista fizeram-no acumular toneladas de barroco e misticismo cultural de todas as culturas que permeou…

Apesar de o buda não ter trazido uma revelação, per se, a filosofia da qual foi fundador, ainda está fechada nas percepções dos monges e nas linguagens e simbolismos das culturas originais. Os mal-entendidos por parte de iniciados ocidentais são muitas vezes hilariantes.

Mas o budismo, sempre se mexeu como cultura e adaptou-se honestamente aos tempos…

Hoje, o budismo apresenta-se como uma cultura com um potencial superior ao protestantismo, na prática do capitalismo. Os dragões do oriente agitam-se nas suas economias emergentes. O futuro é deles. Mas não deixam de ser humanos… Vejam bem este kitsch…

O buda encontra a revelação no seu novo computador portátil.

Tudo isto, enquanto alguém, sem pecado, fez um dólar ao vender este kitsch e inconscientemente, se prepara para empurrar a humanidade, mais um degrau na direcção do futuro desconhecido que nos é, a todos, comum.

O mau gosto é universal e intemporal. Ele é o retrato humano da mudança e das dores de crescimento.

OOOOOOMMMMMMM!!!!!!!!!

3 de Maio, 2004 Carlos Esperança

Em Espanha a religião deixou de contar para a nota

« Os estudantes espanhóis já não têm que se preocupar com a nota em religião (…). Quinze dias depois de assumir o poder, o novo Governo cumpriu mais uma das suas promessas e suspendeu a aplicação da Lei do Ensino, aprovada pelo Executivo de Aznar na legislatura passada. Esta decisão tem importantes repercussões na influência do ensino religioso (…) » – lê-se no Diário de Notícias.

«MATÉRIA OPCIONAL. «O Estado deve garantir o ensino da religião só a quem o solicite, e esta disciplina não pode nem determinar o futuro académico dos alunos nem ser equivalente a mais uma disciplina. Partindo do respeito por esta matéria, o Governo considera que as crenças não podem influir na carreira académica ou profissional dos alunos», disse a vice-presidente do Governo, Maria Teresa Fernandez de la Vega, no final do Conselho de Ministros».

«A decisão dos socialistas foi acolhida favoravelmente pelos sectores académicos, com duras críticas por parte do PP e dos grupos editores.

A Conferência Episcopal mantém, por enquanto, o silêncio, apesar de já ter protestado quando o PSOE ganhou as eleições e reiterou a sua promessa de modificação da legislação».

Comentário: À Igreja católica espanhola não lhe agrada a liberdade religiosa. Ambiciona o monopólio, devora-a a gula. Não lhe interessa a existência de deus mas a sua. E recorre à intriga, chantagem e violência, de que tem larga experiência, para manter um monopólio a que se julga com direito.

No fundo não suporta que alguém conserve o corpo quando se desinteressa do destino da alma. Da violência da Igreja espanhola falam séculos de sangue e violência. Talvez por isso JP2 tenha criado tantos santos espanhóis, alguns tão pouco recomendáveis.