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3 de Junho, 2004 jvasco

Thomas Alva Edison

Religião é ilusão

Thomas Edison

Todos conhecemos Thomas Alva Edison: um dos maiores génios da humanidade, e um dos maiores (se não o maior) inventores de sempre! Nunca é de mais recordar a sua biografia. Encontrei uma página que o faz muito bem: www.ajc.pt/cienciaj/n32/estorias.php

Thomas Alva Edison nasceu no dia 11 de Fevereiro de 1847, no seio de uma família de classe média de Milan, Ohio, EUA. Quando tinha sete anos a família mudou-se para Port Huron, Michigan, EUA. Devido à sua dificuldade em concentrar-se e às perguntas insistentes que faziam irritar o professor, saiu da escola 12 semanas depois do início das aulas. A educação do pequeno Thomas ficou a cargo da sua mãe, permitindo-lhe então orientar os seus próprios estudos. Incentivado pela mãe, montou um laboratório no seu quarto, onde fazia experiências que, por vezes, abanavam a casa.

Para conseguir mais dinheiro para as suas experiências, deixou definitivamente a escola aos 12 anos ? até porque nem ouvia bem o professor ? e começou a trabalhar. Arranjou um emprego como ardina no comboio que fazia a ligação entre Port Huron e Detroit. Além dos jornais vendia sanduíches, doces e fruta aos passageiros. O guarda da estação tinha-lhe autorizado a guardar os doces e os jornais num vagão vazio; a pouco e pouco Edison mudou o seu laboratório também para lá… até ao dia em que houve um incêndio na carruagem! Durante este período, a surdez de Edison tornara-se evidente.

Edison desenvolveu um grande interesse por telegrafia. [Mais tarde até deu as alcunhas de “Dot” (ponto) à filha e “Dash” (traço) ao filho]. Depois de algumas aulas tornou-se telegrafista na sua terra natal. Mas como já fizera no seu vagão-laboratório, quase fez explodir o gabinete onde trabalhava. Durante os cinco anos seguintes, o jovem Thomas trabalhou um pouco por todo o lado.

Num dos seus muitos empregos trabalhava à noite. E tinha que enviar um sinal para a central para mostrar que estava acordado. Edison inventou um sistema que, de hora a hora, enviava automaticamente um sinal, permitindo-lhe dedicar-se a outras actividades, incluindo dormir! Um dos seus primeiros inventos foi uma ratoeira eléctrica que ele utilizava para caçar os ratos que polulavam no seu quarto de pensão.

Em 1869 mudou-se para Nova Iorque com a intenção de se estabelecer como inventor independente. Quando chegou, estava esfomeado e sem dinheiro, mas a reparação de um indicador de preços na bolsa de Wall Street valeu-lhe um contrato com a Western Union. Este trabalho permitiu-lhe estabelecer-se por conta própria em Newark. Nesta altura casou-se com uma das suas empregadas, Mary Stilwell — segundo a história, logo após o casamento, foi directamente para a oficina, de onde só voltou a altas horas!…

Em 1876, Edison decidiu mudar-se para Melo Park, New Jersey, onde montou uma “fábrica de inventos”. No ano seguinte, desenvolveu o fonógrafo e o transmissor de carbono para telefones. Edison tinha verificado que se falasse para um diafragma (disco fino) onde estava montado um estilete, este deixava marcas num pedaço de papel “couché”. E se puxasse novamente o papel sob o estilete, produzia-se som. Após profundo desenvolvimento, o fonógrafo funcionava do seguinte modo: a voz do utilizador fazia vibrar o diafragma de gravação, enquanto o cilindro coberto com papel de estanho ia girando sob a agulha do diafragma, e este fazendo cortes na folha de estanho que variavam conforme o som. Quando a gravação estava completa, a agulha era substituída por outra, e, girando novamente o cilindro, a máquina reproduzia as palavras.

Este invento deu-lhe fama e reconhecimento mundial. Pouco depois da invenção do fonógrafo, Edison iniciou um projecto muito mais audacioso: a lâmpada eléctrica. Testou diversos filamentos na lâmpada, com o objectivo de encontrar um que se inflamasse e brilhasse sem se derreter, quando a electricidade passasse através dele. Optou, então, pelo algodão enrolado em carbono. Encerrou o filamento num globo de vidro de onde retirou todo o ar, de forma a criar vácuo. Esta lâmpada funcionou durante 40 horas e foi um sucesso!! Outros inventores tentaram igualmente criar uma lâmpada, mas apenas brilhava por alguns minutos. O seu objectivo final com esta invenção era iluminar Nova Iorque: tinha a ideia que as casas que usassem energia eléctrica ficassem ligadas a uma central eléctrica através de fios de cobre.

A instalação eléctrica foi feita num circuito fechado em que a corrente circulava simultaneamente em dois sentidos, pondo os elementos do circuito em paralelo. Assim, fundindo-se uma lâmpada, as outras ficavam acesas. Quando inaugurou o primeiro serviço de distribuição eléctrica instalado na cidade de Nova Iorque, em 1882, contava com 85 utilizadores.

Mais tarde adaptou o invento da lâmpada para desenvolver o comboio eléctrico, e fundou os caminhos de ferro eléctricos da América. Em 1887 abriu um laboratório em West Orange, New Jersey. Aqui criou a sua câmara e o projector para filmes animados, no ano de 1891.

Edison morreu em Outubro de 1931. A América homenageou-o, apagando todas as luzes por alguns momentos. A Thomas Edison são atribuídas mais de 1000 patentes, tornando-o no maior inventor de todos os tempos!

3 de Junho, 2004 André Esteves

O «argumento» da existência de deus de 3 de Junho de 2004

Argumento Ontológico (I)

(1) Eu defino que deus deve ser X

(2) Dado que eu consigo conceber X, X deve existir.

(3) Logo, deus deve existir!!

Comentário:

Esta já ouvi da boca de um ex-seminarista evangélico que ficou «ancorado» num curso de matemática.

Lá no seminário, não acharam que tivesse qualidades para pastor… De maneira que resolveu ser professor.

O coitado e pobre do homem é que só tinha estofo para ovelha.

3 de Junho, 2004 André Esteves

Temos incréu disfarçado !!!

«Não acredito na Virgem. Perdão!!! Acredito! Não acredito é que ela nos resolva os problemas.»

João de deus Pinheiro, em campanha eleitoral das europeias, perante uma plateia de empresários.

No Diário de Notícias.

Só espero que na plateia não houvessem elementos da Associação Cristã de Empresários e Gestores, porque perante tal «afirma, não afirma, não sei o que afirmar», terminavam logo alguns «financiamentos» de imediato. De qualquer maneira, a virgem perante tal afirmação, resolveu como atenta a figura que segue, treinar o seu futebol (neste caso, utilizando como fez no passado, durante os milagres de fátima, o sol como bola oficial da FIFA) para ajudar a selecção portuguesa a ganhar o euro.

Aparentemente, nossa senhora poderá querer ajudar. Pelo menos, no que os seus fiéis realmente desejam alcançar. Se calhar é o que explica o estado da nação… Assim, mesmo que exista a nossa senhora, chego à mesma conclusão que o candidato do PSD às europeias.

2 de Junho, 2004 jvasco

Descubra as diferenças

No 12º ano decidi iniciar uma colecção. Nunca coleccionaria selos, raízes ou folhas: teria de ser algo original.

Como quase todos os dias passava pela estação de metro do Cais do Sodré, onde Curandeiros/Espiritualistas/Astrólogos/o-que-quer-que-fossem me distribuíam os seus cartõezinhos, cedo notei que tinha aí um excelente material de colecção.

Os cartões têm todos pequenas diferenças entre si, e alguns são notáveis. Desde o Pai Tadeu, até anúncios de consultoria para empresas baseada nos Astros e nos Horóscopos, até avisos acerca do fim do mundo por via da conspiração maçónico-televisiva eu incluí na minha colecção.

Encontrei um de um Astrólogo que afirmava ter 14 anos de experiência, para cerca de um ano depois receber um cartão praticamente igual do mesmo Astrólogo em que ele afirmava ter 49 anos de experiência – provavelmente descobriu esses anos numa regressão às suas vidas passadas…

Reproduzo de seguida dois cartões do mais típico que é possível encontrar:


2 de Junho, 2004 Mariana de Oliveira

O Governo Espanhol não cede

Na passada quinta-feira, a Conferência Episcopal Espanhola zurziu arduamente o Governo socialista espanhol por os ministros da Justiça e da Saúde terem anunciado reformas em matérias sobre as quais a hierarquia da Igreja Católica tem uma posição diametralmente oposta: reprodução assistida, o aborto e a legislação sobre uniões de facto e casamentos de homossexuais.

A estas críticas respondeu Maria Teresa Fernandez de la Vega, vice-presidente e porta-voz do Governo, dizendo que a Igreja Católica não pode querer impor as suas normas à sociedade. O Estado espanhol não é confessional, e tem normas e valores morais consagrados na Constituição.

A ministra da saúde, Elena Salgado, por seu turno, afirmou que a despenalização do aborto e a supressão de impedimentos à fecundação “in vitro” e à utilização controlada de embriões na investigação biomédica respondem à lógica dos tempos e a necessidades que os cidadãos aceitam com naturalidade. Assim, o documento dos bispos vai contra os desejos da sociedade.

Finalmente, há alguém nesta Península Ibérica que é capaz de tomar uma posição clara e coerente com os valores constitucionais de um Estado moderno e civilizado, nomeadamente com a laicidade e o consequente afastamento da(s) Igreja(s) dos assuntos públicos.

Como resposta à reacção do executivo de Zapatero, a Conferência Episcopal anunciou que a ICAR apoiará mobilizações contra os projectos legislativos do Governo. Enfim, mais uma tentativa de impor a toda uma sociedade plural e multicultural os valores de um único grupo de pessoas.

Infelizmente, estas atitudes de oposição aos interesses da hierarquia católica só se vêem do outro lado da fronteira. Aqui, neste rectângulo à beira-mar plantado, o nosso governo continua a beijar as mãos dos bispos na tentativa de conquistar um lugar no céu.

2 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Notas piedosas

PIO IX – Este papa, um dos mais tenebrosos, fez há pouco tempo um milagre que o promoveu a beato. Quando perdeu o poder temporal dedicou-se às excomunhões e ao fabrico de dogmas. Quanto às excomunhões escolheu a democracia, o livre-pensamento, a maçonaria, o liberalismo, o comunismo e os pérfidos judeus a quem carinhosamente chamava cães. Quanto aos dogmas, serviu o da imaculada Conceição e o da infalibilidade papal. Se em vez dos 44 hectares de Vaticano o tivessem reduzido a 22 hoje tínhamos o dogma da quadratura do círculo.

João Paulo II – O próximo encontro com Bush podia tornar-se uma bênção para a humanidade. Bastava que juntassem os trapos e ficassem a viver no Vaticano. Bush mandava fazer uma piscina de água benta aquecida.

Dr.ª Ana Manso – A deputada do PSD declarou durante a campanha para as Europeias: « À frente da lista do PS temos um homem sem categoria e não é por lhe faltar alguma coisa em termos físicos». O que faltará a Sousa Franco, em termos físicos, que eu não noto e de que a deputada sente tanta falta?

Preservativo – O papa tem toda a legitimidade em opor-se a semelhante adereço pois há fundadas suspeitas de que tem sido exemplar a dar o exemplo.

Espanha – O Governo não cede à chantagem dos bispos contra a reforma das leis sobre reprodução assistida, aborto, uniões de facto e casamentos homossexuais. Mas o porta-voz da conferência episcopal já ameaçou que a ICAR apoiará mobilizações contra os projectos legislativos.

Da parte do Governo não há planos de retaliação. As missas podem continuar chatas, as hóstias a ser servidas uma vez por dia aos interessados, os clérigos a praticar travesti litúrgico na via pública, as freiras a viver em cárcere privado e as procissões a integrar mascarados. O Governo recusa-se a apoiar manifestações contra o terço e a novena.

Portugal – Os bispos continuam a ser contra o divórcio, legitimidade que lhes assiste pois nem um só usou da faculdade legal que o Estado lhes confere.

1 de Junho, 2004 André Esteves

O «argumento» da existência de deus de 2 de Junho de 2004

O Argumento Cosmológico

(1) Se eu afirmar que algo tem uma causa, ele tem uma causa

(2) Eu afirmo que o sujeito da causa é o universo

(3) Logo, o universo têm uma causa

(4) Logo, deus existe!

Comentário:

Eu diria que é mais o argumento cosmotrágico…

1 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Indulgências perdidas – 3.º conto piedoso

Jerónimo Felizardo estava a aliviar do luto a que a perda da amantíssima esposa o obrigara. Não se pode dizer que lhe fora muito dedicado em vida, nem excessivamente fiel. Mas habituara-se a ela como um rafeiro ao dono que o acolhe.

Sentia-lhe agora a falta. Deolinda de Jesus dera-lhe tudo. Mesmo tudo. Até o que é obrigação e nela nunca foi devoção e, muito menos, entusiasmo. Deu-lhe independência económica, boa mesa, respeito e uma filha. Deixou-lhe uma pensão de professora, metade do ordenado do 10.º escalão, que acrescentava a outros proventos e o punham ao abrigo de sobressaltos.

Com a filha não podia contar. Fora para Lisboa frequentar a Católica a cujo curso e influência deve hoje o desafogo em que vive e o lugar importante no Ministério. Metera-se no Opus Dei e enjeitou a família. Mesmo a mãe, a quem fora muito chegada, só lhe merecera duas breves visitas nos três anos de doença prolongada com que Deus quis redimi-la do pecado original.

Era natural que substituísse as visitas por preces, que não exigiam deslocações nem hora certa, que haviam de prolongar a vida e o sofrimento, assim Deus a ouvisse. E ouvi-la-ia de certeza porque, além de omnipotente e omnisciente, vinham duma devota fiel à instituição que o Papa amava quase tanto como à bem-aventurada Virgem Maria.

A poucos meses de fazer meio século Jerónimo empanturrava-se de comida que Carolina, afilhada do crisma de D. Deolinda, se esmerava a cozinhar com um desvelo que a filha nunca revelara. Bem sabia que a gula era um pecado capital mas que a prática e o exemplo eclesiástico largamente tinham despenalizado. Nem mesmo o Prefeito para a Sagrada Congregação da Fé, tão cioso guardião da moral e dos bons costumes, o valorizava demasiado. A gula não é propriamente a luxúria que é das maiores ofensas a Deus, pecado dos maiores e, de todos, o que mais contribui para a perdição da alma.

Em tudo o mais era Jerónimo um viuvo modelo. Dera-se à tristeza e à oração. Arrependia-se das vezes em que não cumpriu o dever da desobriga, da frequência escassa à eucaristia, das missas a que faltou, em suma, das obrigações de cristão que não cumpriu com a intensidade, duração e frequência que recomendava a Santa Madre Igreja. Mas, de tudo, o objecto maior de arrependimento era o adultério que cometera e em que, sempre confessado, reincidiu.

Mas isso terminara há muitos anos. A infeliz que seduzira casara e virara fiel ao marido a quem agradecia tê-la recebido canonicamente apesar de já não ir como devia. Conformado, aceitando ficar com mulher que já não ia inteira, nunca suspeitou de ornamentos de homem casado, sempre julgou que o autor era um antigo namorado que a morte por acidente impediu de reparar a desonra.

Desse pecado se redimira Jerónimo, pela confissão, penitência e promessa de nunca mais pecar. À castidade que se impôs, ao cumprimento dos mandamentos a que se devotara, juntou a vontade forte de conquistar indulgências no ano 2000 do Grande Jubileu.

Bem sabia que as indulgências requerem sempre a confissão sacramental, a comunhão eucarística e a oração pelas intenções do Papa, condições sine qua non para a sua obtenção. Quanto às disposições para a sua aquisição não era difícil cumpri-las. Bastava peregrinar a uma Basílica, Igreja ou Santuário designado para o efeito, e eram várias as opções na diocese, e rezar o Pai Nosso, recitar o Credo em profissão de fé e orar à bem-aventurada Virgem Maria, tarefas de que se desobrigava com prazer e entusiasmo. Mesmo a recomendável contribuição significativa para obras de carácter religioso ou social estava ao seu alcance e não deixava de fazê-lo.

Embora gozando de excelente saúde e de razoáveis análises nunca é demasiado cedo para o sincero arrependimento e cuidar da alma. Veio a calhar o ano do Grande Jubileu que Sua Santidade avisadamente instituiu nesse Ano da Graça de 2000.

Jerónimo, tomou como bênção do Céu ter ficado Carolina a cuidar dele. Antes de recolher-se ao quarto rezavam os dois, todos os dias, por D. Deolinda, Esposa e Madrinha, respectivamente, para que a sua alma mais rápido entrasse no Paraíso, aliviada das penas do Purgatório.

Passava os meses dedicado à oração, à penitência e à agricultura, outra forma de penitência que alguns teólogos interpretam como a mensagem do anjo do 3º. ex – segredo de Fátima. Disse-me padre amigo, e não incréu militante, que a penitência que o anjo três vezes pediu era uma forma de exigir dedicação à agricultura, modo de empobrecer e salvar a alma, vacina contra os sectores secundário e terciário onde os homens perdem a fé e a Igreja os devotos.

No primeiro dia de Maio, a seguir ao jantar, horas depois de os comunistas ateus se terem manifestado nas ruas de Lisboa e Porto, enquanto Carolina ficou a arrumar a cozinha, foi Jerónimo ao mês de Maria, acto litúrgico que na sua cidade de província sobreviveu à conversão da Rússia e à consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria.

À saída da igreja entrou no carro, dirigiu-se à quinta que distava duas léguas da cidade, deu umas ordens ao caseiro e uma olhadela às vitelas, distribuiu-lhes ele próprio um pouco de ração, mandou verificar a pedra que tapava o buraco das galinhas, para protegê-las da raposa, deu a bênção aos afilhados, filhos do caseiro, e regressou à cidade onde morou em vida de D. Deolinda, por vontade dela que detestava a lavoura e o campo, e agora por hábito e fidelidade à memória da falecida.

Ao regressar a casa admirou-se de ver todas as luzes acesas, excepção para o seu quarto que a luz do corredor iluminava discretamente.

Ia entrar em busca da santa Bíblia quando, sobre uma colcha de seda, na cama, deparou com o corpo esbelto de Carolina, esplendorosa escultura de 20 anos à espera de ser percorrida, vestida apenas de penumbra e longos cabelos castanhos, esparsos sobre o peito, donde brotavam túmidos mamilos à espera de afago.

O quarto parecia iluminar-se progressivamente. Já uns lábios carnudos se ofereciam sequiosos, já um corpo arfava em pulsações rápidas, num incontido furor de ser possuído, numa ânsia insuportável de ser saciado, primícias ávidas à procura de ser saboreadas.

Jerónimo sentiu sobrar-lhe roupa e minguar-lhe a resistência.

Foram-se as indulgências.

1 de Junho, 2004 André Esteves

Um correio estranho…

Alguém gostou tanto da minha paródia às sessões fotográficas do monsenhor josemaria escrivá que me enviou isto…

Estranho! Muito estranho… Alguém me quer explicar?

1 de Junho, 2004 Mariana de Oliveira

Anjos na América

Começou ontem, n’ A Dois, uma mini série que dá pelo nome de Anjos na América, adaptada da peça de Tony Kushner, estreada na Broadway há onze anos, e que é um retrato dos Estados Unidos dos anos 80.

A peça é sobre a América de há 20 anos, sobre Reagan e a sua administração, sobre uma nova doença que então tinha aparecido – a SIDA -, os mormons, o amor, a depressão e a família. Para além disto, o autor descreveu-a como uma fantasia gay sobre temas nacionais.

Por trás de todo o escândalo social e religioso que trouxe a Sida, está um desejo de saber como lidar com a questão da vida e da morte num mundo que não quer saber o valor de uma vida humana. Kushner também nos abre os olhos para a forma como os líderes políticos da altura, nomeadamente Reagan, lidaram com o que se tornou num dos flagelos da humanidade.

Entre as angústias individuais que cada personagem combate, encontramos “limiares de revelação” onde elas podem descobrir algo sobre si próprias, algo que provém dessa mesma luta e são essas revelações que as podem libertar.

Anjos na América foca também o papel da religião na intimidade de uma pessoa, como factor que condiciona as relações sociais e as relações pessoais, podendo levar à solidão e ao desespero.

O realizador é Mike Nichols que comanda um leque de actores invejável: Merryl Streep, Al Pacino e Emma Thompson.

A série pode ser vista às segundas-feiras, às 22.30.