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19 de Junho, 2004 jvasco

Superstição

Do Dicionário da Porto Editora:

Superstição: desvio do sentimento religioso que consiste em atribuir a certas práticas uma espécie de poder mágico, ou pelo menos uma eficácia sem razão; crença, essencialmente uma crença religiosa sem fundamento; crendice; por extensão, importância ou ou confiança excessiva, quase “religiosa” atribuída a certas coisas.

Se ao menos as crenças religiosas tivessem algum fundamento válido, elas não eram meras superstições…

19 de Junho, 2004 André Esteves

A História do Ateísmo

História do Ateísmo, por George Minois

ISBN: 972-695-572-6

Foi com imenso prazer que vi publicado, pela Editorial Teorema, a «História do Ateísmo».

Trata-se de uma obra de divulgação histórica por um reputado autor: George Minois.

Minois têm no seu currículo mais de 25 obras que procuram expor a progressão histórica dos mais variados conceitos ou facetas da condição humana. É também um historiador que conhece, profundamente, a história francesa do período pré-revolucionário, o que se revela de extrema utilidade nesta obra.

A tradução e edição foram patrocinados pelo Ministério Francês da Cultura e Comunicação. Como ateu e português, agradeço esse generoso acto à República Francesa. Imagino, que este apoio poderá levar, alguns espíritos mais crentes, a maldizer a edição, como obra de propaganda da terrível franco-maçonaria ateia! A mim como ateu, cujos aventais só conheço os da cozinha, só me restaria comentar: E a alternativa? Seria a ignorância da história do ateísmo, um bem? O crente necessita da ignorância do mundo. Por mais que se manifeste publicamente como é lido e sofisticado, nunca deixará de ver o mundo, por detrás dos óculos coloridos da fé, do seu medo e da lealdade ao seu grupo.

Recomendo vigorosamente, ao crente a leitura desta obra. Ficará certamente surpreendido. O crente liberal de hoje é um «ateu» do passado.

Aos meus companheiros ateus, reitero a recomendação. Por esta obra, descobrimo-nos herdeiros de uma mundivivência com mais de 3000 anos. Somos um fio que une a humanidade, no seu melhor, na maioria das culturas humanas, presentes e passadas. Chegamos ao ateísmo vindos de muitos lados. Convém ter um mapa, para encontrarmos os nossos companheiros de viagem e reconhecermos a paisagem. Este livro é nesse aspecto satisfatório. Sugiro que convença a sua biblioteca mais próxima, a ter uma cópia disponível.

O que não gostei no livro? Primeiro o preço. É elevado. Segundo, é um autêntico tijolo. Mais de 700 páginas. Imagino que uma edição em papel bíblia estaria fora de questão (A República Francesa, apesar dos seus rendimentos não conta com o dízimo de crentes, e o ateísmo não conta com a generosidade dos editores). Creio que é um preço a pagar, pela extensão do assunto.

Terceiro, uma certa generosidade na contribuição gaulesa à história do ateísmo. Embora natural, num autor francês e pela importância real das contribuições do espírito das luzes e da revolução francesa ao pensamento ateu, faltam pormenores do ateísmo inglês e italiano, bem como de outras culturas ateias não ocidentais, que seriam de utilidade para o leitor.

De qualquer maneira, este leitor aceita o compromisso.

Extremamente interessante, é também o último capítulo do livro. O autor procura fazer um sumário do estado do ateísmo hoje. Vi-me surpreendido, por ter chegado a conclusões similares. Paradoxalmente, o nosso fracasso é o nosso sucesso.

Além disso, propõe que há forças que se erguem, que são maiores que a crença e a descrença.

Para mim, outra epifania. Como curioso dos sistemas complexos e amante da ficção científica, encontrei o eco de um apocalipse ateu:

Vem aí o formigueiro e a singularidade…

E mais não digo.

Reservo-me para futuros artigos sobre o assunto e aguardo a vossa leitura do livro.

19 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Mais uma decapitação em nome de Alá.

Como prometido pelos mujaidine foi decapitado o refém norte-americano Paul Marshall, segundo declaração assinada pela Organização da Al-Qaeda na Península Arábica.

À tomada do refém, junta-se a crueldade do assassinato e a brutalidade da decapitação. Os facínoras não são meros bandidos em busca da sobrevivência, são beatos que lêem o Corão, rezam cinco vezes ao dia, fazem jejuns e adoram fanaticamente Alá.

O livro sagrado é um insulto aos mais elementares direitos humanos e os crentes são feras que só pensam no Paraíso.

Nunca percebi a fúria de morte que os crentes de um deus nutrem contra os crentes de outro deus, ou contra os que pensam que deus está a mais num mundo que se quer livre, fraterno e pacífico.

Estes actos de barbárie são obscenos e interpelam as pessoas civilizadas para o combate cultural que é preciso travar contra o obscurantismo, a superstição e a fé.

O Deus dos cristãos divertia-se com as fogueiras e diversas formas de tortura. O Alá dos muçulmanos tem um gosto perverso nas lapidações e decapitações.

É urgente pôr termo ao sofrimento que as religiões provocam.

18 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Constituição Europeia

As agências noticiosas anunciaram, há poucas horas, o acordo obtido em Bruxelas sobre a Constituição Europeia.

Desejando que seja omissa em referências religiosas, saúdo a nova Constituição e faço votos para que estejamos no dealbar de uma nova época de paz, prosperidade e tolerância, num continente onde o direito de não ter religião, ou de ter qualquer uma, seja uma realidade para todos os cidadãos.

Espero que, definitivamente, se apague a memória das lutas religiosas que dilaceraram a Europa e fizeram milhões de mortos.

É a Europa laica e democrática que eu saúdo, onde a última ditadura de um minúsculo Estado – o Vaticano – não terá a força suficiente para impelir os povos para novas cruzadas nem para restabelecer novas inquisições.

18 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Os negócios da fé e do cimento

«O padre José Maria Cortes assumiu a responsabilidade de construir duas igrejas em Alverca e Sobralinho no valor de 4,5 milhões de euros. O sacerdote, que tentou ser toureiro e jogou rugby, conta com uma equipa de assessores e dezenas de cristãos que o ajudam a enfrentar os desafios.» – lê-se em O MIRANTE, um jornal que me chega pela mão piedosa de um amigo (Manuel Maça) cujo interesse pela cultura o não distrai dos assuntos piedosos.

«A Igreja dos Pastorinhos, na Quinta das Drogas, em Alverca terá 500 lugares sentados. O edifício de seis pisos, contempla uma cave, aproveitada para 49 garagens que estão a ser vendidas a bom ritmo e a preços que variam entre os 15 mil e os 20 mil euros.»

Deixo estas informações para os ateus que pretendam ainda comprar uma garagem na nova igreja, sem que o preço contemple indulgências ou facilidades de estacionamento futuro da alma na mansão da entidade patronal – o Paraíso.

17 de Junho, 2004 André Esteves

A pornografia é natural

Tenho seguido com algum interesse, ao longo dos anos, as tentativas de procriação dos pandas. São animais originários da China e além de «fofinhos», têm algumas características interessantes, evolucionariamente falando1. O animal até se tornou um símbolo nacional da República Popular da China. O grande problema dos pandas é que estão a extinguir-se. E pelas razões mais estranhas: não têm apetite sexual.

No entanto, neste último ano houve um grande avanço. Descobriu-se que os pandas aprendem o acto sexual visualmente e ficam excitadíssimos com vídeos de outros pandas a fornicar.

Quem diria? Assim, neste momento, está a verificar-se uma explosão de nascimentos de pandas, graças a alguns vídeos caseiros.

Se para os pandas é natural, por que não o é para nós?

Já se perguntaram por que «Deus nos deu» um polegar oponível? Alguém imagina como é que um animal de quatro patas se masturba? Só o conseguem fazer, encontrando uma qualquer superfície conveniente ou estimulando-se oralmente.

Enquanto nós, por cá… Alguém já visitou a aldeia dos macacos no Jardim Zoológico de Lisboa?

1 – O polegar do Panda – Stephen Jay Gould – ISBN: 972-662-151-8

P.S -> Agora, são os gorilas… Também andam a ver pornografia.

17 de Junho, 2004 André Esteves

Inquisição: Afinal não foram queimadas vivas muitas pessoas…

Agora temos o Vaticano a juntar-se aos revisionistas nazis e aos estalinistas negacionistas. Claro que, com a influência que a ICAR tem acumulado ao longo dos anos, no mundo académico, tudo tem um ar muito mais sério e de autoridade.

Podemos esquecer os princípios que regiam os tribunais da Inquisição: Culpado até provado inocente.

E dos métodos eficazes de que se fazia valer… Alguém sabe o que é uma roda, uma cadeira de Judas ou uma dama de ferro?

Quanto a tudo isto, só posso dizer:

As cópias que o Vaticano deveria ter nos seus arquivos históricos, atingem 4 mil, em comparação aos aproximadamente 24 mil processos que estão na torre do Tombo. Para alguma coisa ainda serve a incompetência lusa a eliminar ficheiros…

De qualquer maneira, compare as notícias:

The Guardian, The Telegraph, The Seattle Post-Intelligencer, The Scotsman (Em inglês)

Diário de Noticias (Em Português)

17 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Notas piedosas

Federação Portuguesa de Futebol – O apelo aos portugueses para que, além das bandeiras, se «acendam velas e se manifeste a fé», para além do encanto rural, beato e analfabeto, revela que a cunha faz parte da sua natureza. Quem pretende subornar o deus que julga justo, o que será capaz de tentar com um árbitro que presuma venal?!

Vaticano – Segundo este Estado, onde as verdades são frequentemente mentiras piedosas, entre 1540 e 1629 a Inquisição só queimou em Portugal 4 bruxas e em Espanha (entre 1570 e 1700) arderam apenas cerca de 1800, o que indicia uma clara preferência por judeus, na Península Ibérica. Um outro acto litúrgico que alimentava a devoção católica era a queima em efígie, que consistia em queimar um boneco a representar o réu que tinha conseguido fugir. A exumação de cadáveres destinados às fogueiras era igualmente um acto de piedade que agradava a Deus e ajudava à salvação da alma dos praticantes.

Euro 2004 – O treinador Otto Baric justificou a visita da comitiva croata a Fátima «com a devoção católica existente na Croácia e com o facto da comitiva ter relíquias de adeptos para serem benzidas» – lê-se no Diário As Beiras de hoje, pg. 14. Depreende-se que a bênção das relíquias lhes acrescenta valor.

Coimbra – É um orgulho para os autóctones viver na única cidade do mundo que tem uma vidente viva, com certificado de garantia. As entrevistas da Irmã Lúcia com a senhora de Fátima estão autenticadas pelo Vaticano e nas imediações do convento onde a sequestraram afluem diariamente numerosos peregrinos em busca do odor a santidade.

17 de Junho, 2004 André Esteves

E tu? Já tens jesus no coração?

Antes de ficares escandalizado, caro evangélico, deixa-me informar-te que antes de me tornar ateu,

eu era um evangélico baptista.

Eu sei o quanto tu precisas de te sentires perseguido, para te sentires como um bom filho de deus.

E porque é que te preocupas com a imagem blasfema? Afinal, eu de qualquer maneira, vou parar ao inferno.

Não é como esses missionários americanos, que vêm cá passar férias à custa dos crentes, e que gostam de bradar fogo e enxofre contra os não-crentes. Felizmente para mim, ainda não vives como os teus deuses americanos, que estão a transformar a sua nação numa igreja.

Conheço o teu coração negro e o teatro do ego a que chamas a tua igreja.

Cá fora, no dia a dia, és muito diferente… Não és, pequenino protestante?

Quando é que verdadeiramente procurarás a verdade sobre a original igreja de cristo?

Como um verdadeiro protestante… Sem pastores, nem grupos. Só tu e deus.

Ou tens medo das respostas? Ou de descobrires a razão? Ou de te encontrares a falar sozinho?

É incrível como se pode tirar cursos e doutoramentos e nunca assimilar o que se aprende.

Anda lá… Boas notas e posição social. Tens que ser o sal na terra. (Quão conveniente.)

(Claro que por mais fé que tenhas, deus tem livre arbítrio, por isso pode mudar de opinião acerca de quem irá parar ao inferno. Uma eternidade é muito tempo, para se ter sempre a mesma opinião. Por isso, se calhar és tu que irás parar ao lago de enxofre. Olhando para o estado das coisas, a minha ideia é que ele têm um sentido de humor muito esquisito. E os humanos podem ser tão divertidos!! )

16 de Junho, 2004 André Esteves

Os 10 principais sinais de que se é um cristão fundamentalista

(Qualquer um destes sinais é suficiente para se ser um cristão fundamentalista.)

10 – Você vigorosamente nega a existência de milhares de deuses, de outras religiões, mas sente-se revoltado quando alguém nega a existência do seu.

9 – Você sente-se insultado ou «desumanizado» quando uns cientistas dizem que as pessoas evoluíram de outras formas de vida, mas não encontra nenhum problema com a afirmação bíblica de que fomos criados a partir da lama.

8 – Ri-se dos politeístas, mas não encontra nenhum problema em acreditar num deus triuno.

7 – A sua face fica púrpura quando ouve falar das atrocidades que allah realizou, mas nem sequer pisca os olhos quando ouve acerca de como deus/jeovah massacrou todos os bebés do Egipto e ordenou a eliminação de tribos e grupos étnicos completos no livro de Josué — incluindo mulheres, crianças e até as árvores!

6 – Você ri-se das crenças hindus que deificam homens mortais, e das histórias dos mitos gregos, em que os deuses fornicavam com mulheres mortais. Mas não encontra nenhum problema com a história que o espírito santo engravidou Maria, que então deu à luz um homem-deus, que depois foi morto, ressuscitou e ascendeu aos céus.

5 – É capaz de passar toda a sua vida, à procura de buracos lógicos na idade cientificamente estabelecida da terra (4,55 mil milhões de anos), mas não encontra nenhum problema em acreditar em datas gravadas por homens de tribos da idade do bronze, sentados nas suas tendas, que «adivinham» que a terra é umas gerações mais velha.

4 – Você acredita que toda a população deste planeta, com a excepção dos que partilham a sua crença — irão passar a eternidade num inferno infinito de sofrimento. E no entanto, considera a sua religião como «a mais tolerante» e «cheia de amor».

3 – Enquanto a ciência moderna, a história, geologia, biologia e física não o conseguiram convencer do seu valor prático, um idiota qualquer, a espumar-se da boca, a rolar-se pelo chão e a falar línguas é toda a prova de que necessita para «provar» a cristandade.

2 – A sua definição de sucesso é de 0.01% quando se trata de orações respondidas. Considera isso como prova de que a oração funciona. E as restantes 99,99% não respondidas são simplesmente a vontade de deus.

1 – Você, na realidade, sabe muito menos do que muitos ateus e agnósticos acerca da Bíblia, do cristianismo e da história da igreja – mas continua a chamar-se a si próprio de cristão…

Encontrado e traduzido de http://www.evilbible.com e da http://exchristian.net (em inglês)