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17 de Junho, 2004 André Esteves

Inquisição: Afinal não foram queimadas vivas muitas pessoas…

Agora temos o Vaticano a juntar-se aos revisionistas nazis e aos estalinistas negacionistas. Claro que, com a influência que a ICAR tem acumulado ao longo dos anos, no mundo académico, tudo tem um ar muito mais sério e de autoridade.

Podemos esquecer os princípios que regiam os tribunais da Inquisição: Culpado até provado inocente.

E dos métodos eficazes de que se fazia valer… Alguém sabe o que é uma roda, uma cadeira de Judas ou uma dama de ferro?

Quanto a tudo isto, só posso dizer:

As cópias que o Vaticano deveria ter nos seus arquivos históricos, atingem 4 mil, em comparação aos aproximadamente 24 mil processos que estão na torre do Tombo. Para alguma coisa ainda serve a incompetência lusa a eliminar ficheiros…

De qualquer maneira, compare as notícias:

The Guardian, The Telegraph, The Seattle Post-Intelligencer, The Scotsman (Em inglês)

Diário de Noticias (Em Português)

17 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Notas piedosas

Federação Portuguesa de Futebol – O apelo aos portugueses para que, além das bandeiras, se «acendam velas e se manifeste a fé», para além do encanto rural, beato e analfabeto, revela que a cunha faz parte da sua natureza. Quem pretende subornar o deus que julga justo, o que será capaz de tentar com um árbitro que presuma venal?!

Vaticano – Segundo este Estado, onde as verdades são frequentemente mentiras piedosas, entre 1540 e 1629 a Inquisição só queimou em Portugal 4 bruxas e em Espanha (entre 1570 e 1700) arderam apenas cerca de 1800, o que indicia uma clara preferência por judeus, na Península Ibérica. Um outro acto litúrgico que alimentava a devoção católica era a queima em efígie, que consistia em queimar um boneco a representar o réu que tinha conseguido fugir. A exumação de cadáveres destinados às fogueiras era igualmente um acto de piedade que agradava a Deus e ajudava à salvação da alma dos praticantes.

Euro 2004 – O treinador Otto Baric justificou a visita da comitiva croata a Fátima «com a devoção católica existente na Croácia e com o facto da comitiva ter relíquias de adeptos para serem benzidas» – lê-se no Diário As Beiras de hoje, pg. 14. Depreende-se que a bênção das relíquias lhes acrescenta valor.

Coimbra – É um orgulho para os autóctones viver na única cidade do mundo que tem uma vidente viva, com certificado de garantia. As entrevistas da Irmã Lúcia com a senhora de Fátima estão autenticadas pelo Vaticano e nas imediações do convento onde a sequestraram afluem diariamente numerosos peregrinos em busca do odor a santidade.

17 de Junho, 2004 André Esteves

E tu? Já tens jesus no coração?

Antes de ficares escandalizado, caro evangélico, deixa-me informar-te que antes de me tornar ateu,

eu era um evangélico baptista.

Eu sei o quanto tu precisas de te sentires perseguido, para te sentires como um bom filho de deus.

E porque é que te preocupas com a imagem blasfema? Afinal, eu de qualquer maneira, vou parar ao inferno.

Não é como esses missionários americanos, que vêm cá passar férias à custa dos crentes, e que gostam de bradar fogo e enxofre contra os não-crentes. Felizmente para mim, ainda não vives como os teus deuses americanos, que estão a transformar a sua nação numa igreja.

Conheço o teu coração negro e o teatro do ego a que chamas a tua igreja.

Cá fora, no dia a dia, és muito diferente… Não és, pequenino protestante?

Quando é que verdadeiramente procurarás a verdade sobre a original igreja de cristo?

Como um verdadeiro protestante… Sem pastores, nem grupos. Só tu e deus.

Ou tens medo das respostas? Ou de descobrires a razão? Ou de te encontrares a falar sozinho?

É incrível como se pode tirar cursos e doutoramentos e nunca assimilar o que se aprende.

Anda lá… Boas notas e posição social. Tens que ser o sal na terra. (Quão conveniente.)

(Claro que por mais fé que tenhas, deus tem livre arbítrio, por isso pode mudar de opinião acerca de quem irá parar ao inferno. Uma eternidade é muito tempo, para se ter sempre a mesma opinião. Por isso, se calhar és tu que irás parar ao lago de enxofre. Olhando para o estado das coisas, a minha ideia é que ele têm um sentido de humor muito esquisito. E os humanos podem ser tão divertidos!! )

16 de Junho, 2004 André Esteves

Os 10 principais sinais de que se é um cristão fundamentalista

(Qualquer um destes sinais é suficiente para se ser um cristão fundamentalista.)

10 – Você vigorosamente nega a existência de milhares de deuses, de outras religiões, mas sente-se revoltado quando alguém nega a existência do seu.

9 – Você sente-se insultado ou «desumanizado» quando uns cientistas dizem que as pessoas evoluíram de outras formas de vida, mas não encontra nenhum problema com a afirmação bíblica de que fomos criados a partir da lama.

8 – Ri-se dos politeístas, mas não encontra nenhum problema em acreditar num deus triuno.

7 – A sua face fica púrpura quando ouve falar das atrocidades que allah realizou, mas nem sequer pisca os olhos quando ouve acerca de como deus/jeovah massacrou todos os bebés do Egipto e ordenou a eliminação de tribos e grupos étnicos completos no livro de Josué — incluindo mulheres, crianças e até as árvores!

6 – Você ri-se das crenças hindus que deificam homens mortais, e das histórias dos mitos gregos, em que os deuses fornicavam com mulheres mortais. Mas não encontra nenhum problema com a história que o espírito santo engravidou Maria, que então deu à luz um homem-deus, que depois foi morto, ressuscitou e ascendeu aos céus.

5 – É capaz de passar toda a sua vida, à procura de buracos lógicos na idade cientificamente estabelecida da terra (4,55 mil milhões de anos), mas não encontra nenhum problema em acreditar em datas gravadas por homens de tribos da idade do bronze, sentados nas suas tendas, que «adivinham» que a terra é umas gerações mais velha.

4 – Você acredita que toda a população deste planeta, com a excepção dos que partilham a sua crença — irão passar a eternidade num inferno infinito de sofrimento. E no entanto, considera a sua religião como «a mais tolerante» e «cheia de amor».

3 – Enquanto a ciência moderna, a história, geologia, biologia e física não o conseguiram convencer do seu valor prático, um idiota qualquer, a espumar-se da boca, a rolar-se pelo chão e a falar línguas é toda a prova de que necessita para «provar» a cristandade.

2 – A sua definição de sucesso é de 0.01% quando se trata de orações respondidas. Considera isso como prova de que a oração funciona. E as restantes 99,99% não respondidas são simplesmente a vontade de deus.

1 – Você, na realidade, sabe muito menos do que muitos ateus e agnósticos acerca da Bíblia, do cristianismo e da história da igreja – mas continua a chamar-se a si próprio de cristão…

Encontrado e traduzido de http://www.evilbible.com e da http://exchristian.net (em inglês)

16 de Junho, 2004 Carlos Esperança

A visita pascal – crónica piedosa

O Senhor Jesus Ressuscitado viajava, no Domingo de Páscoa, pelas casas da aldeia a recolher o ósculo e a esmola dos devotos. Onde não chegava antes do anoitecer ia no dia seguinte, com desgosto dos paroquianos que o aguardavam. A bênção valia o mesmo, é certo, mas perdia-se o tempo da espera e era diferente. Por isso, para não contrariar os mesmos, todos os anos mudava o itinerário.

Transportava-o o sacristão, que o entregava ao vigário em cada paragem, e era acompanhado por devotos que aliviavam a alma e recolhiam esmolas suplementares para os santos que exornavam a igreja local. Um garoto levava a caldeirinha de água benta que passava ao sacristão enquanto o padre se ocupava da cruz e recolhia-a depois deste despachar a tarefa e de se ocupar do hissope, num movimento de rotação, a aspergir com vigor, em cada lar, um círculo protector das investidas do demo, bênção que não deixaria de acautelar também o vivo que morava na corte, por baixo.

Era um tempo em que não havia vírus nem pneumonias atípicas, as pessoas viviam porque Deus queria e finavam-se quando o Senhor era servido, sem intromissão do médico a estorvar a divina vontade de as chamar.

Em todas as casas as vitualhas aguardavam a visita ao lado de uma garrafa de jeropiga rodeada de cálices. Entrava primeiro o padre, seguido do sacristão e do garoto que conduzia a caldeirinha. Aguardavam nas escadas os outros para depois os revezarem. Genuflectiam-se os da casa, por ordem cronológica, para beijar o pé do Jesus até chegar ao chefe de família que era o último a ajoelhar e o primeiro a soerguer-se. Borrifada de água benta a habitação, recolhida a esmola destinada ao Ressuscitado, a mais substancial, o padre bebia um trago de jeropiga e mordiscava um naco de pão-de-ló, por consideração, enquanto o sacristão aviava o cálice, de um sorvo, e se desforrava nos bolos. Às vezes demoravam-se mais um pouco para que o senhor padre rezasse uns responsos a rogo, geralmente por alma de quem tinha deixado com que pagar o latim.

Havia no séquito que aguardava nas escadas um homem por cada santo que ornava os altares da igreja, disponível para arrecadar a oferenda. Assim, enquanto o padre e o sacristão desciam, subiam eles para recolher, se a houvesse, a esmola que a cada santo cabia, consoante as posses e a devoção dos anfitriões. Creio que os turnos de acesso se estabeleciam em função do espaço e não da liturgia.

Mais de metade da paróquia percorrida, com o padre e o sacristão aguentando o múnus a pão-de-ló e regada a fé a jeropiga, a vingar-se o último, a conter-se o primeiro, a acelerarem todos para as casas que faltavam, o sacristão avaliou mal a distância que o separava das escadas na última casa onde entraram, abalroou o garoto que transportava a caldeirinha que logo a soltou, verteu a água e arremessou o hissope contra a parede. Foi grande o reboliço enquanto o sacristão e a cruz varreram enrolados as escadas sem que alguém do séquito lhes deitasse a mão, impávidos, como se evitassem estorvar se acaso fosse promessa a queda.

O padre, vermelho de raiva e da jeropiga, aguentou-se nas pernas e conteve a língua, ao cimo das escadas, enquanto, sem largar a cruz, se despenhou por entre as alas de acompanhantes o sacristão. Este recuperou rapidamente o alinho e endireitou a cruz, sem ninguém se aleijar, Deus seja louvado, e o padre despachou logo um paroquiano com uma jarra de vidro a caminho da igreja a sortir-se de água benta, com o aviso de se apressar, estava a fazer-se tarde, faltava ainda muito povo para aviar. Se recriminações houve ficaram reservadas para a discrição da sacristia.

No dia seguinte as conversas da aldeia começavam todas por Deus me perdoe, seguidas de persignações apressadas e de risos amplos, terminando em ansiedade, pelo pecado cometido ou pelo temor da desobriga, mas ninguém resistiu a contar o sucedido e a comentá-lo, sendo mais forte a tentação do que a piedade.

15 de Junho, 2004 André Esteves

O «argumento» da existência de deus de 15 de Junho de 2004

Argumento Ontológico Modal

(1.) deus ou é necessário ou desnecessário.

(2.) deus não pode ser desnecessário, logo deus deve ser necessário.

(3.) Se é necessário, deve existir…

Comentário:É com estas, que o ateismo.net se demonstra necessário…

15 de Junho, 2004 André Esteves

Diabo salva rapaz em Estocolmo

Um diabo português salvou um rapaz de cair de uma roda gigante, num parque de diversões de Estocolmo.

Ben-Hur Pereira é um filho de artistas circenses de origem portuguesa, que salvou um jovem da morte certa.

Trabalhando, vestido como o diabo, numa casa de horrores do parque de diversões de Estocolmo, viu um dos utilizadores do parque, pendurado da roda gigante. Tendo uma vida de formação como malabarista e acrobata, não hesitou. Subiu pela estrutura e ajudou o rapaz a descer para a segurança do solo.

Tudo isto, enquanto ainda estava com a roupa de serviço: um deslumbrante fato satânico com maquilhagem a condizer…

A notícia do fait divers, pode ser encontrada aqui.

14 de Junho, 2004 Mariana de Oliveira

América continua sob deus

O Supremo Tribunal de Justiça americano decidiu hoje a questão da referência a Deus na Pledge of Allegiance (veja os artigos do Diário de uns Ateus do dia 30 de Março e do dia 08 de Abril.Podemos pensar que os Estados Unidos, terra da oportunidade e da Liberdade, são o mais brilhante farol da democracia ocidental (creio que foi George Bush que o disse, o que não augura nada de bom) e que, apesar de todos os erros cometidos desde o início (a escravatura, a segregação, o Vietname, o Laos e, recentemente, o Iraque), ainda há uma réstia de bom senso, pelo menos, nas instâncias judiciais superiores. Se pensarmos assim, estamos completamente errados.

O Supreme Court entendeu que a pretensão do ateu californiano que deu início a esta batalha jurídica é improcedente. Isto significa que todo o texto continuará a ser recitado na íntegra, diariamente, pelos estudantes americanos… cristãos ou não. Os cinco juizes disseram que Michael Newdow não tinha qualquer legitimidade para iniciar a acção. Newdow, o pai da menina, cuja custódia ainda não está atribuída, não podia falar por ela, disse o tribunal. O juiz relator, John Paul Stevens, escreveu o seguinte: When hard questions of domestic relations are sure to affect the outcome, a prudent course is for the federal court to stay its hand rather than reach out to resolve a weighty question of federal constitutional law.

Outros magistrados disseram também que a referência ao juramento não viola a Primeira Emenda, que prevê a independência do Estado face à religião.

Rehnquist, juiz, afirmou ainda: To give the parent of such a child a sort of ‘heckler’s veto’ over a patriotic ceremony willingly participated in by other students, simply because the Pledge of Allegiance contains the descriptive phrase ‘under God,’ is an unwarranted extension of the establishment clause, an extension which would have the unfortunate effect of prohibiting a commendable patriotic observance.

Por seu turno a Freedom From Religion Foundation felicitou Michael Newdow por ter alertado consciências para a questão da origem secular do Pledge of Allegiance e que a decisão judicial se baseou apenas em pormenores técnicos. Assim, o caminho continua aberto para novas acções judiciais.

14 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Bispo do Funchal saiu a meio de missa para inaugurar hotel



D. Teodoro de Faria no passado dia 30 de Abril deixou a celebração de crisma por «compromisso inadiável», com Alberto João Jardim. O pároco de Santa Rita diz tratar-se de «lapso de hora» – informa o Portugal Diário. E acrescenta «O bispo do Funchal saiu a meio de uma celebração de crismas na paróquia funchalense de Santa Rita para estar presente na inauguração do Pestana Grand Hotel, no passado dia 30 de Abril, ao lado de Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional».

O assunto foi motivo de escândalo e objecto das habituais diatribes contra o bispo que o padre Frederico deixou com o prestígio abalado. Mas não se vê motivo para tamanha estranheza, por 3 razões:

Primeiro – Entre a companhia de beatos rudimentarmente alfabetizados e o sofisticado presidente do Governo Regional a escolha é óbvia.

Segundo – Entre compromissos com Deus, cujo pacto antigo lhe assegura a resolução dos problemas, e a obrigação de estar com o sócio principal do Diário de Notícias da Madeira (órgão isento que pertence 80% ao Governo Regional e 20% à Diocese), é natural que escolha a companhia de quem mais o estima.

Terceiro – Entre as rodelas de pão ázimo, sem fermento nem sal, e as deliciosas vitualhas de um hotel a inaugurar, qual é o clérigo que hesita?

14 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Força Portugal

Força Portugal 1 – A coligação eleitoral sob cujos auspícios foram publicados os execráveis panfletos que aqui se editam, distribuídos em Fátima e em caixas de correio, sofreu uma derrota tão humilhante que até parece que a virgem e o filho passaram a envergonhar-se de tal gente.

Força Portugal 2 – A derrota da selecção portuguesa face à Grécia pôs em evidência a inutilidade de 3 tácticas:

a) – a reza colectiva do padre-nosso nos balneários;

b) – a eficácia de Nossa Senhora de Caravaggio, importada expressamente do Brasil para Luís Filipe Scollari (que não estava benzida ou foi subornada pela colónia grega residente no Brasil);

c) – As orações do Patriarca Policarpo e os seus pios votos, bem como as persignações dos jogadores.

Segundo alguns ateus, era preferível que tivessem jogado bem, recusando-se a admitir que o Deus dos cristãos ortodoxos esteja em melhor forma que o do Vaticano.