Loading
27 de Julho, 2004 André Esteves

Eu Gosto é do Verão!!

Uma pequena e singela homenagem, aos acampamentos de Verão, evangélicos ou fundamentalistas cristãos que ocupam essa juventude cristã, e que permitem aos seus pais cumprirem o mandamento do senhor: «Crescei e multiplicai-vos»…

Ao som dos «Fúria do Açucar», na sua música «Eu gosto é do Verão!»,

e 1, e 2, e 3!!

NA PRIMAVERA O DESEJO ANDA NO AR

NA PRIMAVERA A TV PÕE EVOLUÇÃO NO AR

NA PRIMAVERA, HÁ NOSSA SENHORA NO AR

E EU NÃO CONSIGO PARAR DE ORAR.

NO VERÃO OS DOMINGOS FICAM MAIORES

NO VERÃO TODOS LEMBRAM SEUS TEMORES

NO VERÃO JESUS BATE “RECORDS”

E NO CULTO, TEMOS OS CORPOS E SEUS SUORES

EU GOSTO É DO VERÃO, DE PASSEARMOS DE BÍBLIA NA MÃO

SALTARMOS E FALARMOS LÍNGUAS ESTRANHAS

DE ORAR E EXPULSAR O DIABO

E AO FIM DO DIA, ABENÇOADOS

A ESPERAR O FIM DO MUNDO

PATROCINADO POR UM AMERICANO QUALQUER

NO OUTONO VEMOS O AMERICANO PARTIR

NO OUTONO O DINHEIRO DA IGREJA FOI SUMIR

NO OUTONO O PASTOR AMEAÇA SE IR

E A CHUVA FAZ A IGREJA RUIR

NO INVERNO O NATAL É NO CANIL

NO INVERNO ANDO ENGANADO E FEBRIL

NO INVERNO É PASTORES DO BRASIL E NA SUÉCIA MASTURBAM-SE AOS MIL…

27 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

Libertina laicidade

Julián Barrio, arcebispo de Santiago de Compostela, defendeu que o casamento é «essencialmente heterossexual e base iniludível da família, cuja quebra supõe a quebra da sociedade tornando-a vulnerável a interesses que nada têm ver com o bem comum».

Na cerimónia, onde estiveram presentes os reis de Espanha e José Luis Rodríguez Zapatero, o arcebispo alertou para a tentação de pensar que se protegem plenamente os direitos do homem só quando nos vemos livres da lei divina. O senhor bispo ainda não se deve ter apercebido que, para termos um Direito que prossiga valores democráticos e uma justiça material, a religião não pode impregná-lo de uma suposta moral superior.

Barrio acrescentou: ainda que, quando se pense assim, «os direitos se vêem reduzidos a simples exigências pessoais e a falsas formas secularizadas de humanismo que semeiam confusão e debilidade moral, distorcendo o plano de deus sobre o amor e a fidelidade, sobre o respeito pela vida em todas as suas etapas naturais, sobre a vivência do tesouro da afectividade e sobre o matrimónio, essencialmente heterossexual». Pergunto: que deus? Que plano? Debilidade moral em não discriminar uniões homossexuais? O casamento, para o Estado, é um negócio jurídico onde duas declarações de vontade livres e esclarecidas convergem para um fim comum: o reconhecimento, pelo Direito, de uma comunhão de vida tendencialmente perpétua e seus efeitos patrimoniais e pessoais. Ora, a lei deve acompanhar a realidade e esta, por muito que ofenda os preceitos ICARianos, é multifacetada e engloba indivíduos que gostam de outros indivíduos do mesmo sexo. Se a Igreja não os quer reconhecer e não lhes quer administrar um sacramento, que regule o assunto para os seus fiéis mas abstenha-se de o fazer para o resto dos cidadãos.

Mas o discurso de alarvidades não fica por aqui. O bispo afirmou, em resposta à Oferenda Nacional realizada pelo rei, que o «homem não pode sobreviver sem a verdade e a força do cristianismo é a sua verdade interna». Assim, caros companheiros ateus e crentes não cristãos, estamos tramados pois não seguimos a VERDADE (a ler com voz cavernosa).

Quanto à fé, monsenhor de Santiago disse que esta é a «esperança segura do cristianismo, seu desafio e sua exigência quando o laicismo se apresenta como dogma público fundamental e a fé é simplesmente tolerada como opinião privada, ainda que deste modo não seja tolerada na sua verdadeira essência». A isto, acrescentou que a laicidade, «na sua versão extrema, transformou-se no laicismo com pretensão marginalizar o espaço da dimensão religiosa». Não se bastando com estas afirmações, disse também que a comunidade política e a Igreja são, entre si, «independentes, ainda que estejam ao serviço da vocação pessoal e social dos mesmos homens através de uma sã cooperação entre ambas».

Tendo isto em mente, o bispo sublinhou que a Igreja «pode sempre e em todo o lugar pregar a fé com verdadeira liberdade e emitir um juízo moral também sobre as coisas que afectam a ordem política quando o exijam os direitos fundamentais das pessoas ou a salvação das almas».

Resumindo, o Estado e a Igreja devem estar separados, mas esta deverá sempre impor os seus pontos de vista e a sua moral a todos os indivíduos, mesmo àqueles que professem outra fé ou não professem fé nenhuma. Para Julián Barrio, a laicidade deve estar em segundo plano e a fé em primeiro, independentemente de ser algo que pertence à esfera íntima de cada um. Se nada disto se passar, a pobre ICAR será discriminada e perseguida pelos mefistofélicos jacobinos e laicos em geral.

27 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

Festivais da divina concorrência

As férias de Verão estão mesmo à porta. As épocas de exames e de orais estão a acabar, as esplanadas estão cada vez mais cheias e paira no ar uma certa leveza que indicia a silly season.

O Verão é altura de festivais de música. Zambujeira do Mar, Paredes de Coura, Carviçais, Vilar de Mouros… milhares de jovens dirigem-se a esses locais para uns dias de boa música e de boa companhia.

Para não ficarem atrás destes festivais (notem bem) neo-pagãos, onde são adorados os neo-deuses Fino, Charro e Queca, a Comunidade Cristo de Betânea organiza o Festival da Figueira da Foz com o objectivo de oferecer um tempo em festa de inspiração cristã em contacto com a natureza aos jovens mais exigentes e a todas as pessoas que queiram passar. Estes jovens mais exigentes poderão assistir aos concertos de artistas de renome internacional como Melão, a banda Kayros MDM ou o padre Daniel.

O santo festival realiza-se entre 29 Julho e 1 de Agosto e consta de três dias de acampamento. Durante o dia, os abençoados e nada neo-pagãos poderão frequentar workshops opcionais de expressão artística – dança, teatro, pintura – e ainda de espiritualidade e aprofundamento vocacional. A par de actividades de meditação, escuta e aconselhamento espiritual, Eucaristia e adoração eucarística, os participantes aprenderão a reconhecer as músicas dos falsos deuses e como evangelizar os neo-pagãos através da guitarra acústica e de músicas adaptadas de originais ingleses cantadas à volta da fogueira acompanhadas por uma coreografia e um sorriso idiota.

26 de Julho, 2004 Carlos Esperança

O perigo que as orações escondem

As mesquitas localizadas na União Europeia tendem a envolver-se na criminalidade e no terrorismo. Só quem desconhece o proselitismo que devora as religiões se poderá surpreender. Os templos nunca foram apenas locais piedosos, destinados à oração e aos sacramentos, mas infra-estruturas de apoio político à propagação da fé.

A conspiração e o crime são actos de devoção para um crente embrutecido. O assassínio e a tortura não passam da aplicação da justiça divina aos infiéis.

Em Portugal, após o 25 de Abril, era frequente ver padres que durante a ditadura completavam os rendimentos com uma avença da PIDE, como delatores, a vociferarem nas homilias contra a democracia. A pregação é o instrumento ideal para fazer a síntese entre as bizarras afirmações dos livros sagrados e os interesses do clero.

A democracia nunca se impôs sem conspirações do clero e a excomunhão das Igrejas. Veja-se a influência nefasta da ICAR na Itália, Espanha, América Latina ou Irlanda, ainda hoje. Da Polónia à Croácia, de Portugal aos EUA, a ICAR intriga, ameaça, engana e persegue. E, quando necessário, solta os membros do Opus Dei.

Claro que a civilização islâmica, em franca decomposição, que recusa a modernidade, odeia a democracia, não abdica do carácter misógino e considera o Corão um código de conduta perfeito, é o húmus onde germina o ódio, a violência e o crime.

Os templos são antros de obscurantismo onde os fiéis se julgam convocados por Deus para o exercício de pias patifarias a troco do Paraíso. Os clérigos sôfregos de poder e honrarias não têm limitações éticas. Julgam poder responder apenas perante o Deus que fabricaram.

26 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

Jovens católicos cheios de esperança

J.P.2 tem esperança que a Peregrinação Europeia de Jovens, a realizar em Santiago de Compostela, seja uma oportunidade para renovar a proposta cristã na Europa.

O mote da peregrinação é Testemunhas de Cristo para uma Europa da esperança – esperança que o cristianismo, na pessoa colectiva da ICAR, continue em alta na sociedade europeia.

Milhares de jovens percorrerão a pé os antigos caminhos traçados pelos peregrinos através da história da Europa até chegar à cidade de Santiago de Compostela, lê-se na Agência Ecclesia. Devidamente acompanhados das suas violas, depois de entoarem aquelas lindas musiquinhas no melhor estilo grupo de jovens, no dia 7 de Agosto, celebrarão uma grande, grande Vigilia de Oração no Monte do Gozo (com o alto patrocínio do método do calendário, uma vez que a ICAR não aceitou o da Durex)e publicarão um documento sobre o seu compromisso na construção da Europa da Esperança.

25 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

Evangelhos Apócrifos

Há uns dias enviaram-me um link para uma página sobre os Evangelhos Apócrifos. Aí podemos recolher informações sobre este conjunto de textos que não fazem parte da bíblia.

De acordo com o site, os estudiosos dividem-se: uns entendem que são apenas a expressão da piedade popular sobre Jesus e terão sido escritos no séc. II da nossa era. Para eles, essas informações não acrescentam nada às contidas nos textos canónicos. Outros, pelo contrário, defendem que os evangelhos apócrifos, como o Evangelho de Tomé, poderiam aproximar mais a mensagem de J. Cristo dos seus fiéis uma vez que conservariam dados importantes sobre a memória popular daquela personagem e respectivo séquito.

O número de livros apócrifos é maior do que os contidos na bíblia canónica: 112, sendo 52 relativos ao Primeiro Testamento e 60 relativos ao Segundo.

Através das escrituras apócrifas, o leitor poderá ver uma nova faceta de muitos actores da religião cristã: Maria Madalena não será apenas a prostituta arrependida, mas também uma opositora de Pedro e Maria será uma discípula e apóstola de Jesus.

Independentemente da validade científica dos artigos que se podem encontrar na página de Frei Jacir de Freitas, é interessante lê-los, questioná-los e conhecer uma outra possível realidade.

25 de Julho, 2004 jvasco

Cosmologia

Einstein deu várias contribuições para a Física.

Uma das mais importantes foi a teoria da Relatividade Geral. Esta teoria aplica-se fundamentalmente no campo da cosmologia, onde é essencial para que compreendamos a história e funcionamento do Universo numa larga escala.

Algures na teoria Einstein chegou à conclusão de que, pelas suas contas, o Universo estaria a expandir-se a uma velocidade constante. Como lhe parecia “natural” que o Universo estivesse parado, Einstein criou um “força” que era dada por uma constante cosmológica, calculada por forma a que o Universo estivesse parado em equilíbrio.

Mais tarde, quando Hubble descobriu o “desvio para vermelho” e se constatou que o Universo estava de facto em expansão, da forma que estaria se a constante gravitacional não existisse, Einstein chamou à sua imposição da constante que havia calculado “o maior erro da sua carreira”.

É assim que a Física deve funcionar: os dados experimentais são soberanos. Aquilo que nos parece “natural” pode não o ser. A natureza não tem de corresponder aos nossos preconceitos e desejos.

Na altura em que se chegou à conclusão de que a constante gravitacional seria nula, os dados obtidos não eram tão abundantes, e eram relativamente imprecisos. Recentemente, com mais dados, mais capacidade de cálculo, maior precisão, sabe-se que o nosso Universo se expande aceleradamente: cada dia mais rápido. Desta forma existe uma constante gravitacional não nula: tem até sinal contrário ao que Einstein lhe deu.

A Cosmologia é um campo do conhecimento interessante, que ainda terá muito a dizer sobre os mistérios que nos fascinam a todos. Será que o derradeiro mistério da Criação está ao nosso alcance? É possível… mas não durante os próximos milénios, parece-me.

24 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Chantagem episcopal em Espanha

O prestígio divino continua em queda desde o fim da ditadura. O apoio da ICAR à repressão franquista e a promoção do ditador como enviado da Providência, causou-lhe sérios embaraços, mas manteve-lhe intactos os privilégios.

Assim, enquanto Deus se transforma num mero instrumento para convencer as crianças a comer a sopa e a tirar o dedo do nariz, os numerosos bispos e cardeais que assolam a Espanha não prescindem da ameaça, intimidação e chantagem sobre o Governo, para perpetuarem o poder. Contam com um poderoso exército de padres distribuídos por paróquias e milhares de sequestrados, monges e freiras, embrutecidos pela clausura, prontos a serem largados em procissões de desagravo, a abanar terços e recitar ladainhas.

A anunciada legalização de uniões homossexuais pelo Governo legítimo de Espanha (a ICAR dá-se mal com a democracia) encontra uma feroz oposição no episcopado como já aqui foi referido pela Mariana.

O presidente do sindicato dos bispos [Conferência Episcopal Espanhola (CEE)], cardeal António Maria Rouco, declarou, em nome da CEE, «apóstatas» todas as pessoas que concordem com a legalização das uniões de facto entre homossexuais.

É a primeira vez, depois do concílio Vaticano II, que um dignitário da ICAR assume para um grupo social tal classificação, que expulsa os visados da ICAR.

É uma catástrofe para fregueses das missas, avençados da eucaristia, amantes das peregrinações e das procissões ou simples devotos das jaculatórias e outros divertimentos litúrgicos, incluindo os sacramentos.

Calcule-se o efeito devastador nas zonas rurais, beatas e analfabetas com a denúncia dos apóstatas, perante o eterno silêncio de Deus e o insuportável ruído do clero.

post scriptum – Sobre os crimes sexuais do clero católico em Espanha (só os crimes julgados e cujas sentenças transitaram em julgado) vale a pena ler «A Vida Sexual do Clero», de Pepe Rodríguez, Publicações Dom Quixote, 1.ª edição: Julho de 1996.

24 de Julho, 2004 Ricardo Alves

Preso por defender a liberdade de pensamento

O Supremo Tribunal de Teerão decidiu que Sayyed Hashem Aghajari continuará na prisão pelo crime de blasfémia, mas reduziu a sua pena a cinco anos de prisão. Deve notar-se que este professor de História iraniano fora condenado à morte por, durante um discurso público, se ter afirmado favorável a um «Islão reformado», moderno, em que os muçulmanos não seguissem os líderes religiosos «cegamente» e «como macacos», e em que cada um pudesse encontrar a sua própria interpretação dos textos «sagrados». Em suma, foi condenado por defender a liberdade de pensamento.

Embora Aghajari não se tenha afirmado ateu, o seu discurso de Junho de 2001 fora suficiente para que um juiz de província o condenasse à morte por apostasia em Novembro de 2002. Aghajari tem portanto estado preso desde 8 de Agosto de 2001, por vezes em regime de isolamento, e sob ameaça de execução. A sua pena foi agora reduzida a cinco anos de prisão (dois dos quais de pena suspensa). O advogado de Aghajari espera conseguir ainda mais uma redução da pena, após novo apelo. O caso Aghajari tem causado protestos consideráveis entre os estudantes iranianos reformistas. 




A liberdade de expressão é um direito humano fundamental, e inclui a possibilidade de criticar as religiões, até mesmo de as ridicularizar. Na privacidade dos nossos pensamentos, somos sempre livres. É na consciência dos indivíduos que os dogmas religiosos caem sempre pela primeira vez. Poder exprimir o nosso pensamento é um direito político, que os clericais sempre tentaram limitar, através de leis contra a blasfémia, e em nome de interditos religiosos por eles definidos.

As democracias afirmaram-se, na Europa, contra as igrejas. Os países muçulmanos necessitam de uma laicização radical e urgente. Homens como Aghajari são indispensáveis.
23 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

América menos protestante

De acordo com os resultados de uma recente pesquisa, os Estados Unidos da América deixarão de ser uma nação maioritariamente protestante.

Entre 1993 e 2002, a percentagem de americanos que se dizia protestante baixou de 63% para 52%, depois de anos de estabilidade, revelou um estudo feito pelo National Opinion Research Center at the University of Chicago.

Simultaneamente, o número de pessoas que disseram que não tinham qualquer tipo de religião aumentou de 9% para quase 14% e muitos são antigos protestantes, dizem os investigadores.

Os Estados Unidos têm sido vistos como sendo brancos e protestantes, afirmou Tom Smith, director do General Social Survey, mas isso vai deixar de acontecer.

Os inquiridos eram definidos como protestantes se respondessem que eram membros de uma denominação protestante, como Episcopal Church ou Southern Baptist Convention. A categoria incluía membros da Church of Jesus Christ of Latter-day Saints e de outras igrejas independentes.

Entre as razões do declínio encontra-se um elevado número de abandonos nas faixas etárias mais jovens, um aumento de imigrantes não-protestantes e o facto de serem cada vez menos aqueles que são educados na fé protestante.

Smith notou que os protestantes podem ter-se identificado como cristãos, opção presente no inquérito.

Quanto à população católica, esta manteve-se estável e, actualmente, constitui cerca de 25% dos habitantes do país.

Por outro lado, as pessoas que disseram pertencer a outras religiões, incluindo muçulmanos, ortodoxos ou religiões orientais, passaram de 3% para 7%. Os judeus constituem menos de 2%, sem que houvesse variações.

A maior diversidade religiosa e o aumento do número de não-crentes, até ver, não contribuiu para uma maior tolerância religiosa e para uma verdadeira laicização do Estado.