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30 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Nem eu…

29 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Naquele tempo… (crónica)

Naquele tempo, Deus não era ainda o mito. Era apenas mitómano, a gabar-se de ter feito o Mundo em 6 dias, quatro mil e quatro anos antes da era vulgar, nem mais, nem menos, e descansado ao sétimo.

Era um celibatário inveterado que inadvertidamente criara Adão e Eva no Paraíso, onde matava o ócio na olaria. Fez o homem à sua imagem e semelhança e a mulher a partir de uma costela do homem.

Mandou que se afastassem da árvore do conhecimento, ordem que Eva logo desprezou, tentada por um demónio que por lá andava. O senhor Deus logo os expulsou do Paraíso, recriminando a malvada e condoído do tonto que se deixou tentar.

Entretanto, na Terra, local de exílio, o primeiro e único casal logo descobriu um novo e divertido método de reprodução que amofinou o Senhor e multiplicou a espécie.

Deus era bastante sedentário, mas as queixas que lhe chegaram pelos anjos, um exército de alcoviteiros hierarquizados, decidiram-no a deslocar-se ao Monte Sinai onde ditou a Moisés as suas vontades. Ensandecido pelo isolamento e pela castidade veio ameaçar os homens e exigir-lhes obediência e submissão.

Após algum tempo, vieram profetas – vagabundos que prediziam o futuro –, lançando o boato de que o velho, tolhido pelo reumático, enviaria o filho para salvar o Mundo. Foi tal a ansiedade nas tribos de Israel que alguns logo vislumbraram, no filho da mulher de um carpinteiro de Nazaré, o Messias anunciado.

Com a falta de emprego, algum pó e líquidos capitosos à mistura, inventaram a história do nascimento do pregador com jeito para milagres e parábolas.

Puseram a correr que Maria fora avisada pelo Arcanjo Gabriel – o alcoviteiro de Deus –, de que, na permanente castidade, ficara prenhe de uma pomba chamada Espírito Santo.

Nascido o menino que nunca mijou, usou fraldas, fez birras ou fornicou, foi discreto na adolescência e dedicou-se cedo aos milagres e à pregação. Falava no pai e na obrigação de todos irem e ensinarem as coisas que dizia. Acabou mal e culparam os judeus, desde então os suspeitos do costume. Claro que JC também era judeu, mas isso é irrelevante.

Sabe-se que foi circuncidado, que era exímio em aramaico, língua em que discutiu com Pôncio Pilatos, que apenas sabia latim, sem necessidade de intérprete.

Quando se lixou, crucificado, esteve três dias provisoriamente morto e, depois, subiu ao Céu levando o prepúcio que tantas discussões teológicas havia de gerar. Os judeus ainda hoje são odiados porque o mataram, mas há quem diga que isso foi uma calúnia dos que se estabeleceram com a nova religião e quiseram suprimir a antiga. Ódio de trânsfugas!

26 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Boa pergunta

Artigo integral

“Por que é aceitável criticar o Cristianismo mas não o Islão?”, diz ícone ateu após evento cancelado

Richard Dawkins havia sido convidado para evento em Berkeley, na Califórnia, mas acabou vetado por discurso “ofensivo” contra muçulmanos

Dawkins foi vetado em Berkeley. Ele não foi o único Divulgação /Richard Dawkins Foundation
Um evento com a presença do cientista Richard Dawkins na universidade de Berkeley foi cancelado por causa de declarações “ofensivas” dele contra muçulmanos, o que reacendeu o debate sobre a falta de liberdade de expressão em uma das mais conceituadas dos Estados Unidos.

O evento havia sido agendado pela rádio KPFA, de Berkeley, para agosto. A ideia era que Dawkins falasse sobre seu livro de memórias, “Brief Candle in the Dark”. Mas o evento foi cancelado depois que alguns tuítes de Dawkins com críticas ao Islã foram enviados aos organizadores do evento.

Dawkins, o mais famoso expoente do chamado neoateísmo e autor do best-seller “Deus, um delírio”, tem um longo histórico de críticas à religião em geral, e ao Cristianismo especificamente.

Nos últimos anos, entretanto, com a ascensão de grupos terroristas muçulmanos, ele tem centrado boa parte de seus ataques no fundamentalismo islâmico.

“Nós não sabíamos que ele tinha ofendido – em seus tuítes e outros comentários sobre o Islã – tantas pessoas. A KPFA não apoia discursos ofensivos”, disse a rádio, em um comunicado.

Em um dos tuítes citados pela KPFA para justificar sua decisão, Dawkins afirma que o Islã é “a maior força para o mal no mundo de hoje”.

Dawkins, por sua vez, criticou a decisão da rádio, que ele disse ser sem fundamento.

“Eu sou conhecido como um crítico frequente do Cristianismo e nunca foi desconvidado por causa disso. Por que dar um passe livre para o Islã? Por que é aceitável criticar o Cristianismo mas não o Islã?”, disse ele.

O autor também disse que, longe de atacar os praticantes do Islã, entende que os próprios muçulmanos são as primeiras vítimas da cultura do Islamismo militante.

Reações

O cancelamento do evento com Dawkins provocou outras reações. “A decisão é intolerante, mal-fundamentada e ignorante”, escreveu Steven Pinker, autor e professor de Harvard, em carta à radio.

V.S. Ramachandran, conceituado neurocientista da Universidade da Califórnia, também protestou: “Dawkins é a pessoa mais corajosa e intelectualmente honesta que eu conheço. Concorde ou não com suas posições, você não pode questionar a integridade dele”, afirmou.

Histórico

Nos últimos meses, a tradicional universidade de Berkeley, na Califórnia, tem ocupado o noticiário por causa de sua restrição a palestrantes que destoam do discurso politicamente correto predominante na instituição.

Em abril, a universidade cancelou uma palestra da escritora conservadora Ann Coulter após protestos de estudantes de esquerda.

Em fevereiro, o mesmo havia ocorrido com o jornalista de direita Milo Yiannopoulos, cuja palestra também acabou cancelada em meio a atos de violência de manifestantes.

A transformação de Berkeley em um espaço hostil a certos tipos de palestrantes é mais surpreendente porque a universidade californiana esteve na vanguarda da luta pela liberdade de expressão nos campi americanos na década de 60.

26 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Até no budismo…

O envolvimento de um monge budista num escândalo que envolve sexo, dinheiro e até abuso sexual de menores pôs a nu a crise que o budismo vive na Tailândia. Tudo começou com um vídeo com muito “bling bling”.

A imagem não parecia fazer sentido: monges budistas, com as habituais cabeças rapadas e túnicas alaranjadas, sentados nos bancos de couro de um jacto privado e a exibirem acessórios de luxo, como óculos escuros e uma mala Louis Vuitton.

25 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Viagens sem retorno

Adolescente de 16 anos que se uniu ao “Estado Islâmico” e foi presa no Iraque diz estar arrependida. Ela fugiu ano passado de sua casa, em cidade do leste da Alemanha, após ter se convertido ao islamismo.Ela se arrepende de ter se juntado ao “Estado islâmico” (EI), segundo reportagem publicada neste domingo (23/07) pelo jornal Süddeutsche Zeitung. “Eu quero ir para casa, para minha família”, afirmou a adolescente alemã Linda W., em Bagdá. dessas muitas armas, do barulho.” De acordo com a reportagem, a alemã tem um ferimento de bala na coxa esquerda e precisa de tratamento médico para um ferimento no joelho direito.

24 de Julho, 2017 Carlos Esperança

O carpinteiro José e a pomba – Crónica

Naquele tempo, em Nazaré, aparava tábuas um carpinteiro, com delongas, que a crise da construção civil estava para durar. A cidade regurgitava de taumaturgos, pregadores, profetas e mendigos, os tempos eram difíceis, e urgia fazer pela vida.

José, na pacatez de quem se habituara a esperar pelas encomendas, ruminava o desgosto da miséria em que caíra, descendente que lhe diziam ser do rei Salomão, personalidade que ficava bem em todas as árvores genealógicas, mas não mitigava a fome.

Às vezes soía o carpinteiro abandonar as alfaias do ofício e entrar sorrateiramente em casa para solicitar à mulher o cumprimento das obrigações matrimoniais. Demovia-o ela por mor da enxaqueca que a apoquentava, da dor de dentes que lhe provocava a cárie do segundo molar ou do estado de impureza que invocava. E lá voltava o carpinteiro para o ócio da oficina que as encomendas tardavam em chegar e era inútil a faina.

Quando um dia esperava a compreensão da mulher ouviu dela o anúncio da gravidez, um milagre que a própria não sabia explicar e ele aceitou mal, apesar da conversa que a casta esposa tivera com o anjo que trazia o correio do Paraíso, de nome Gabriel, e que tanto anunciava a gravidez a uma virgem, mulher de um carpinteiro judeu, como ditaria em árabe, séculos depois, a vontade de Deus a um rude condutor de camelos.

José, na sua infindável resignação e melancolia, ensimesmado, refugiava-se na oficina, a pensar na vida. Um dia poisou-lhe nas tábuas por aparar uma pomba. Pegou na plaina e arremessou-lha com tal força e pontaria que a pomba, a sangrar do bico, logo se finou.

Chegou o anjo Gabriel, enfurecido, a sacudir as asas e a levantar poeira, a avançar irado para o carpinteiro. Este, calmo e decidido, impediu o anjo de falar.

– Não te metas na minha vida, são contas velhas.

22 de Julho, 2017 Carlos Esperança

As catequistas e os frades pregadores (crónica)

A Ti Ricardina e a sua sobrinha Aurora eras as duas únicas catequistas da aldeia. Apesar de analfabetas tinham alvará para ensinar a doutrina da única religião verdadeira. Eram celibatárias e devotadas à propagação da fé. Sabiam de cor e lecionavam as orações e os castigos que o seu Deus reservava aos pecadores.

O pároco exercia o múnus em Casal de Cinza, Carpinteiro e Vila Garcia, mas residia na primeira paróquia, a que dispunha de “casa do padre”. Só aos domingos e Dias Santos de Guarda ia pontualmente a Vila Garcia dizer a santa missa. Só regressaria noutro dia, quando necessário, a levar o viático a um moribundo ou para missas de corpo presente e funerais. Confissões avulsas, batizados e casamentos eram ocorrências dominicais.

Só ia ao sábado para desobrigas coletivas, com outro padre e hora marcada, para aliviar os pecados e aviar os pecadores que esperavam o perdão, após confissão bem feita, reza do ato de contrição e absolvição, que exigia ainda o cumprimento da penitência. E, logo que as confissões terminassem, seguia com o outro padre para nova paróquia.

No que me diz respeito, deviam ser leves os pecados porque a penitência que lhes cabia não excedia uns padre-nossos e poucas ave-marias, sinal de que eram leves as penas que o catálogo pio lhes atribuía, tal a brandura do cúmulo jurídico canónico.

Anualmente, o padre vinha ‘perguntar a doutrina’. Não me recordo de reprovações, mas alguns titubeavam na salve-rainha e outros hesitavam no credo, enquanto ele, absorto, refletia talvez no martírio do seu Deus ou na impureza dos pensamentos que o afligiam. A catequese ensinava que há pecados por pensamentos, não só por palavras e obras, e as obras não as conheciam ainda as crianças que éramos.

As catequistas esforçavam-se na preparação da eucaristia e esmeraram-se para o crisma com que o Sr. D. Domingos iria confirmar a apropriação eclesiástica com a falangeta do polegar direito a desenhar cruzes de óleo santo na testa dos sacramentados.

Eram então obrigatórias, para os cristãos, a missa dominical e, pelo menos uma vez por ano, pela Páscoa da Ressurreição, a desobriga e a comunhão. Mandava a prudência que os funcionários públicos cedessem os filhos à liturgia, para não poderem ser apodados de hereges, maçons, comunistas ou judeus, por ordem crescente de perigo profissional.

O cumprimento dessas obrigações não exonerava os crentes do terço, no mês de maio, o mês de Maria, das genuflexões na passagem à porta da igreja, em dias de Exposição do Senhor, ou da novena ‘ad petendam pluviam’ quando a canícula fustigava o renovo e o pároco decidia.

Procissões, jejuns e adoração da Cruz, na Sexta-feira Santa, e rezas à Sagrada Família, que viajava pela povoação e ficava 24 horas em cada casa, alumiada com a candeia de azeite, eram um alimento das almas e obrigação pia da aldeia onde não chegara ainda a telefonia, a luz elétrica, o telefone, o saneamento ou outros malefícios urbanos.

Apesar da devoção, do zelo do pároco e da dedicação das catequistas, todos os anos ia à aldeia um frade a predicar. De sandálias, capuz e túnica de burel, cingida por uma corda cujas pontas baloiçavam, parecia ter-se soltado da argola onde o tivessem preso. Ia sem farnel e comia em casa de paroquianos, dormindo num cabanal, sobre palha, com manta emprestada, como prevenia o padre na missa anterior ao seu aparecimento.

Ainda ignoro a ordem dos frades que rumavam à paróquia, e ignorava então que o clero regular, à semelhança do reino animal, se dividia em ordens, classes, géneros e famílias. A chegada antecipava a desobriga anual e a sua prédica fazia chorar pessoas apiedadas das almas do Purgatório cuja duração da pena dependia das missas, orações e esmolas caídas nas caixas que lhes eram reservadas. Afligia os vivos com defuntos condenados por pecados veniais com que se finaram. O que diferenciava o Inferno do Purgatório era a barbaridade das penas e a eternidade, um padecimento irrevogável que interditava o Paraíso às almas caídas no primeiro.

Lembro-me dessas pregações sobre os horrores a que os pecadores seriam condenados se expirassem em pecado mortal; do fogo do Inferno; do azeite fervente; dos gritos de pavor das almas que o Demo frigia, em delírio, no caldeirão onde as mergulhava com o garfo de três dentes; do cheiro a enxofre; do eterno e inapelável sofrimento.

Com ameaças, advertia para o perigo do adiamento do batismo dos filhos, as mães eram sempre as responsáveis, apesar da obediência que deviam aos maridos, e o Limbo era o destino dos não batizados, com enterro na parte não benzida do cemitério. Era um local de tédio, triste e silencioso, de eterna melancolia, sem Deus nem Diabo.

Quando o papa Bento 16 aboliu o Limbo, por pudor ou sumiço do documento do registo predial, lembrei-me da estupefação da menina Aurora quando perguntei como cabiam lá tantas almas. O Limbo era o destino de todos os finados sem batismo, a única terapia do pecado original, e havia imensos mortos antes de João Batista testar o batismo em Jesus, seu primo pelo lado da mãe, no rio Jordão. Disse que era mistério, a explicação habitual para todas as dúvidas, vinda de quem só tinha certezas.

Durante alguns anos julguei os frades mais horrendos do que o clero secular, sem pensar que era igual a farinha de que eram feitos e comuns os dogmas, antes de recusar a fé que me ensinaram e de me libertar do medo, cura que leva já seis décadas, sem recidiva.

Assim, depois de cumprido o ciclo biológico, vedadas a ascensão ao Paraíso e a descida ao Inferno, garanti a defunção no planeta em que nasci.

Coimbra, 22 de julho de 2017

20 de Julho, 2017 Carlos Esperança

Pedofilia pia em Ratisbona

Coro de Ratisbona era dirigido pelo irmão do papa Bento XVI. Igreja católica já prometeu indemnização

Pelo menos 547 rapazes foram abusados física e sexualmente no coro e escola da Catedral de Ratisbona, no sul da Alemanha, entre 1945 e os anos 90, informa uma relatório da investigação divulgado esta terça-feira. O diretor deste coro, entre os anos 1964 e 1994, era Georg Ratzinger, irmão do papa emérito Joseph Ratzinger, que adotou o nome de Bento XVI.

Nota – Até julgamento transitado em julgado presume-se a inocência dos arguidos, mas, como dizia Eça, ‘quando um povo duvida da virtude dos seus padres acaba por se desinteressar pelo martírio do seu Deus’.

(…)

18 de Julho, 2017 José Moreira

O Suave Milagre

Nota prévia: os factos relatados são verdadeiros. Vi a fotografia. Por razões óbvias, alterei o nome da personagem.

 

Adalbataberto apareceu-me, naquele dia, com ar circunspecto e algo enervado. Mais do que o costume. Sentou-se, mandou vir o habitual café com “cheirinho” e desatou a desabafar:

“Vê lá tu, que aqui há anos, o gastrenterologista fez-me uma endoscopia e detectou uma hérnia do hiato. Até tirou uma fotografia, e tudo. Logo na altura, disse-me que a hérnia, como todas as hérnias que se prezem, era irreversível. Avisou-me de que tinha de viver com aquilo, e receitou-me um medicamento para evitar o refluxo”. Sorveu mais um gole de café, e prosseguiu: “Ontem, fui fazer outra endoscopia. O médico, sim, o mesmo médico, garantiu-me que estava tudo em ordem. E a hérnia? perguntei. Que não, que não havia hérnia nenhuma. Ó sr. Doutor, mas não me disse que tinha uma hérnia do hiato? Disse. E que a hérnia era irreversível? Disse. Então, e a hérnia? Não faço ideia, não tem hérnia nenhuma. Então, como explica isto? Sinceramente, não tenho explicação.” Acabou de beber o café, e recostou-se na cadeira: “Como diria o outro: e esta, hein?” Foi a minha vez de falar: “É simples, acho eu. Tinhas uma hérnia, com fotografia e tudo. Era irreversível, mas desapareceu. O médico, ou seja, a ciência, não dá explicação. Pronto! Tens todos os requisitos para um milagre. Acho que devias sentir-te feliz.” Rematei no gozo. “Pois, mas esse é que é o problema. Imagina se alguém dá com a língua nos dentes, e algum padre vem a saber do assunto? Logo agora, que a Irmã Lúcia está na calha para a santidade, este milagre fazia-lhes cá um jeitaço do caraças, não achas? E eu é que me tramava, a aturar a padralhada toda!” Deixei sair uma gargalhada, ante a simplória preocupação de Adalbataberto: “Tem calma, pá. Tu és ateu, ninguém te passa cartão.”

16 de Julho, 2017 Carlos Esperança

No offshore de 44 hectares

Os dois indivíduos são acusados de desviar 422 mil
euros, em 2013 e 2014, para a remodelação do 
apartamento do Vaticano, do cardeal Tarcisio Bertone

O Tribunal do Vaticano acusou dois ex-altos funcionários de um hospital infantil de Roma, propriedade do Vaticano, por alegadamente terem desviado cerca de 422 mil euros para renovar o apartamento do cardeal Tarcisio Bertone.