19 de Abril, 2005 Carlos Esperança
Tibi gratias, Bento XVI
O prefeito da Sagrada Congregação da Fé (ex-Santo-Ofício) Joseph Ratzinger, foi «eleito» Papa pelos 115 cardeais do conclave reunido para o efeito. O Espírito Santo, «a única pomba feia e estúpida do mundo» – segundo Fernando Pessoa -, e a terceira pessoa da Santíssima Trindade, segundo a ICAR, esteve ausente da votação.
Há quem pense que um caçador furtivo abateu a dita pomba, confundindo-a com um pato bravo, quando se dirigia para a Capela Sistina. Só assim se compreende que o conclave tenha optado pelo mais reaccionário e intolerante dos cardeais, que definiu a teologia do Vaticano durante o longo pontificado de JP2.
O jovem cardeal, de 78 anos, escolheu o nome de Bento XVI. Um amigo meu acaba de me anunciar que o ex-cardeal Nazinger se tornou o actual Sebento 16 e que as igrejas protestantes estão a conceder asilo aos católicos foragidos do fundamentalismo romano.
O Diário Ateísta não pode deixar de se regozijar com o regresso acelerado ao Concílio de Trento e com a radicalização do papado de JP2 por intermédio do seu avatar Bento XVI. Quanto pior, melhor. Bento XVI é a face mais retrógrada da ICAR, um impiedoso inquisidor.
A Contra-Reforma retoma vigor. O tribunal do Santo Ofício voltará em breve. Leonardo Boff acaba de declarar que Ratzinger «nos últimos 23 anos silenciou e puniu 140 teólogos. É a direita da direita da Igreja». Se o cardeal Ratzinger, o rottweiler de Deus, perseguiu, ostracizou e excomungou quem se afastou da ortodoxia da ICAR, do que será capaz o chacal da fé eleito papa?
Tibi gratias, Bento XVI. Habemus Papam.