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2 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Coimbra é uma lição

O bispo de Coimbra, Albino Cleto, conseguiu atrair ontem algumas centenas de finalistas da Universidade de Coimbra para a missa da bênção das pastas. As tradições têm sempre adeptos, à semelhança da praxe e de outras manifestações trogloditas onde se inserem as tradicionais bebedeiras da «queima».

O senhor Bispo considerou que a ida dos estudantes à missa «é sinal de que Deus é Pai». Não explicou se a ausência significaria a falsidade da paternidade ou que, por exemplo, Deus é Mãe. Estes raciocínios eclesiásticos são tão difíceis de seguir!…

Segundo o «Diário as Beiras, o senhor Albino Cleto salientou o facto de «numa vida académica , muitas vezes não se cumprir aquilo que Deus espera», sem explicar o que o dito Deus espera, e ele bispo supostamente sabe, nem o que correu mal nas relações entre aqueles estudantes que até foram à missa benzer as pastas e o Deus do S. Bispo.

Entre várias trivialidades o senhor Bispo afirmou que «Onde estiver a pessoa humana, aí está a Igreja». É exactamente por isso que não podemos dormir descansados. Com Deus podemos nós bem mas com as religiões há sempre um perigo iminente a pairar sobre as pessoas.

No que diz respeito à ICAR, após ter sido confiada a defesa da fé ao pastor alemão Ratzinger, é natural que, mesmo entre católicos, desponte a preferência por lobos.

2 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Um talibã com tiara

O Espírito Santo deixou de ser uma das alegadas pessoas da Santíssima Trindade para se transformar num lacaio do Opus Dei – uma espécie de Al-Qaeda da ICAR -, por ora sem braço armado, mas com recursos financeiros inesgotáveis.

Só assim foi possível que o Inquisidor-Mor da Cúria romana tenha sido feito Papa pelos 115 cardeais alumiados por essa lamparina de serviço aos conclaves – o Espírito Santo -, que ilumina pouco mas é suficiente.

É verdade que Ratzinger, segundo alegou, pediu a Deus para não o fazer Papa, donde se deduz uma de três coisas: Deus não o ouve, o que é pouco recomendável para quem se apresenta como seu representante; mentiu descaradamente à clientela pois, desde um clube de fãs até à homilia para sufragar a alma de JP2, que bem precisava, tudo fez para influenciar os outros cardeais e reunir o número de votos necessários à sua eleição; ou, pura e simplesmente, Deus não existe.

Passada a eleição, feita ao jeito do centralismo democrático, que os partidos comunistas já abandonaram e que a ICAR conserva, Bento XVI sucedeu a JP2. Este conheceu o nazismo, o comunismo e o catolicismo, três formas extremas de repressão e tornou-se o ayatola católico que uma imensa máquina de propaganda pretendeu humanizar. Bento XVI só conheceu o nazismo e o catolicismo. É o homem certo para uma boa síntese.

O Mullah Ratzinger não era um piedoso beato agarrado ao hissope ou que passasse as noites a rezar o terço para aplacar a ira de Deus, que tem um feitio ruim, é rancoroso e gosta de intimidar os crentes e vê-los a rastejar ou de joelhos. O supremo Inquisidor admoestava os livres-pensadores, proibia livros e perseguia réprobos.

Já em 1988 escrevia que «A Igreja (leia-se ICAR) deve ter direitos e fazer exigências sobre lei civil e não pode meramente retirar-se para a esfera privada». É a esta luz que deve ser compreendida a desvairada ofensiva contra o Governo espanhol por causa dos casamentos homossexuais e o fim da obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas.

Aqui ficam alguns pensamentos do talibã Ratzinger, de acordo com o seu último livro «Dios y el mundo» apresentado em 29 de Abril, em Espanha, pelo secretário-geral da Conferência Episcopal e pelo teólogo do Opus Dei, Josep Ignasi Saranyana, comentado por ANTONIO M. YAGÜE – MADRID «El Periódico 30/04/05»:

– A família tradicional, abençoada por Deus, «é a maneira correcta de ordenar a sexualidade»;
– É contra os casamentos homossexuais;
– Defende o veto da Igreja aos contraceptivos;
– Condena o uso do preservativo: « A miséria resulta da desmoralização social e a propaganda do preservativo é parte dessa desmoralização»;

Os apresentadores, acima referidos, não regatearam elogios ao livro. Disseram que foi uma bênção para a Igreja que o Inquisidor estivesse 24 anos à frente do ex- Santo Ofício. «Será o Papa da evangelização da Europa» – ameaçou Saranyana.

O Episcopado espanhol e o Opus Dei dizem que a obra contém a chave do pontificado.

É bem feita para os católicos mas os outros podem defender-se do pastor alemão. A vacina contra a raiva chama-se laicidade.

1 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Vale a pena bater no ceguinho

Antes do 25 de Abril de 1974 o único bispo que discordou da ditadura foi António Ferreira Gomes, bispo do Porto. Sofreu dez anos de exílio e foi a excepção que confirmou a regra de uma Igreja comprometida com a ditadura, silenciosa perante as prisões arbitrárias, alheada do degredo, da tortura e dos assassinatos que a ditadura cometeu contra o povo português..

Depois de Abril, a ICAR tolerou a democracia, apesar da azia que apoquentou os bispos que viram muitos padres trocar o múnus pelo tálamo conjugal, optar pelo Kamasutra em vez da Bíblia, abandonar as pessoas da Santíssima Trindade por uma única mulher.

Hoje pode dizer-se que a Igreja tem uma postura civilizada, com excepção no que diz respeito à defesa e ampliação dos privilégios que a pusilanimidade dos governantes consente. Interfere nas leis que dizem respeito à família, vai buscar à gamela do orçamento o ordenado dos capelães militares e hospitalares, os vencimentos dos professores de religião católica e o dinheiro necessário à reparação dos estabelecimentos comerciais, designados igrejas.

Desde 1975 que nenhum outro bispo ameaçou com a «heresia e as penas do inferno» quem não votasse no CDS como o fez o bispo de Braga, Francisco Maria da Silva. Não consta que a Igreja tenha voltado a comprometer-se com o terrorismo depois de extintos o MDLP e o ELP. Até o bondoso cónego Eduardo Melo se entregou mais ao Sporting de Braga e à saudade que tem por «esse grande estadista» que pensa ter sido Salazar.

Mas os bispos não podem ignorar as palavras do paladino da liberdade que foi o Cardeal Ratzinger, que usa agora o pseudónimo de Bento XVI: «O cristão é uma pessoa simples» e «os bispos devem defender esta gente sincera dos intelectuais».

É por isso que em Timor é mais fácil cumprir a vontade de Deus. Ximenes Belo proibiu o uso dos contraceptivos. Agora, Alberto Ricardo da Silva e Basílio do Nascimento, bispos de Díli e Baucau, respectivamente, não toleram o carácter facultativo da religião nem a redução da carga horária. A salvação das almas não pode estar sujeita à vontade dos homens. Deus não se discute. A Bíblia não se põe a votação. Os sacramentos não são mercearia, à espera dos fregueses.

Na diocese de Díli castiga-se o corpo dos réprobos para lhes salvar a alma, prendem-se os suspeitos para os libertar dos pecados, ameaça-se a vida dos danados para que possam arrepender-se e gozar a vida eterna.

Não falta liberdade em Timor. Todos podem rezar o terço. Há missas frequentes. Os cânticos religiosos são estimulados. Os casamentos abençoados procriam para maior glória de Deus. A Virgem Santíssima viaja em papel colorido nas mãos dos crentes.

Em Timor cada homem é um soldado de Cristo cujos batalhões são comandados por dois bispos, auxiliados por uma multidão de freiras e padres. Em Timor o catolicismo avança em plena Idade Média. Em Portugal, o Governo e a Conferência Episcopal não sabem o que se passa em Timor e aguardam instruções divinas ou do Papa, dois intrujões com provas dadas e mentalidade anacrónica à espera de reciclagem.

A ICAR é pacífica.

1 de Maio, 2005 fburnay

Está aí alguém?

Bastante agoniado pela desculpa, já esfarrapada do uso, de que a Igreja é feita de homens que cometem erros, mesmo sob o dogma da infalibilidade papal, e que assim tenta perdoar os crimes do passado sob o manto da má memória e das vicissitudes históricas, lembro aos seguidores da ICAR que esta não perde tempo a fazer uso dessa propriedade tão humana que é a imperfeição.

É que a ICAR está a cometer um erro, bem recente mas nada original, em Timor.

A atitude da parte dos crentes também não é propriamente inovadora. Vão querer esperar uns anos para condenar o que está a acontecer agora? Vão querer deixar as coisas arrefecer e então ouvir as desculpas do vosso infalível pontífice para depois desbobinarem a posição oficial da ICAR sobre o assunto a quem constrangedoramente optar por pegar no assunto? Ou será que os acontecimentos que têm tido lugar em Timor são inocentes demais para rivalizar com o passado da vossa Igreja?

1 de Maio, 2005 Palmira Silva

Inquisição em Dili

De acordo com o Diário de Notícias, que cita uma testemunha que pede o anonimato (pelas razões óbvias) os dois portugueses que foram agredidos pelos fanáticos católicos que se concentram em frente à residência do primeiro-ministro timorense foram sujeitos a um «tribunal popular na casa do bispo de Díli e maltratados durante quatro horas».

A testemunha acrescenta que «Os dois estavam sentados num canto, todos escavacados, num pequeno anexo, insisti para que os levassem a um hospital, mas diziam que não, que ‘eles tinham de ser julgados, num tribunal à maneira’, com jurados e tudo». Os dois portugueses, um professor e um funcionário de uma empresa de construção, só foram libertados deste reviver da boa tradição inquisitorial quando outro português decidiu ficar como refém dos tresloucados e prepotentes delegados da Igreja de Roma em Timor, certamente para permitir tratamento médico às primeiras vítimas desta tentativa de golpe de estado teocrático.

Segundo o Diário de Notícias, o português que testemunhou o «tribunal popular» disse ainda que numa tentativa de menorizar o sequestro de dois cidadãos estrangeiros em casa do Bispo, o porta-voz do Episcopado, padre Domingos Soares, terá dito que «também temos aqui jovens timorenses que não se portaram bem, não são só os portugueses».

O mesmo padre Domingos Soares acabaria por reconhecer os acontecimentos ao jornalista da RTP/Antena 1 em Díli «Todas as pessoas de quem desconfiamos, e cuja atitude é diferente, são levadas para o centro de investigação para esclarecer as suas atitudes». Ou seja, admite que há um «tribunal popular» em casa do Bispo. Como nos «saudosos» tempos da Inquisição, a Igreja Católica timorense arroga-se ao direito de julgar cidadãos, crentes ou não crentes, por atitudes «diferentes» das preconizadas pela «santa» Igreja!

1 de Maio, 2005 jvasco

Aspiração clericalista

Não só em Timor, mas em muitas partes do mundo, vários crentes de diferentes religiões lutam para conseguirem concretizar as suas aspirações…

1 de Maio, 2005 Mariana de Oliveira

A luta continua

De acordo com o presidente da FRETILIN, Francisco Guterres «Lu-Olo», a Igreja Católica mantém cárceres privados na residência do bispo de Díli e que cidadãos se encontram lá detidos.

Esta notícia surge depois de doze dias de manifestação, organizada pela ICAR, contra a decisão do governo timorense de tornar o ensino da religião facultativo e pago por aquela confissão religiosa, em 32 escolas nacionais.

Não se ficando pela tentativa de invasão do Palácio Governamental, censura de jornalistas e de pressões várias, cidadãos portugueses foram agredidos pelos protestantes.

De acordo com o artigo 12º Constituição da República Democrática de Timor-Leste, «o Estado reconhece e respeita as diferentes confissões religiosas, as quais são livres na sua organização e no exercício das actividades próprias, com observância da Constituição e da lei». Ora, a Lei Fundamental, no artigo 16º, consagra o princípio da igualdade e da universalidade, ou seja, «todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres» e, assim, «ninguém pode ser discriminado com base na cor, raça, estado civil, sexo, origem étnica, língua, posição social ou situação económica, convicções políticas ou ideológicas, religião, instrução ou condição física ou mental». Conjugando estes dois preceitos, temos que o Estado Timorense é laico e que, ao entender que a disciplina de religião e moral, no ensino público, deve ser facultativa e financiada pela confissão religiosa em causa, está apenas a observar os princípios constitucionais mais básicos.

Para além disso, apesar da liberdade de reúnião e de manifestação estar assegurada no artigo 42º, esta implica que seja «pacífica e sem armas». Não parece que o incitamento ao derrube de um governo e a agressão a cidadãos estrangeiros se insira na definição de «pacífico».

Em suma, a Igreja Católica, ao tentar um golpe de Estado – por uma bagatela, diga-se de passagem – está a imiscuir-se nos assuntos de Estado de uma jovem República de forma injustificável e inadmissível numa Democracia civilizada.

30 de Abril, 2005 Carlos Esperança

Fanatismo católico em Timor

A legitimidade eleitoral do Governo de Timor, presidido por Mari Alcatiri, tem sido desafiada pelos dois bispos católicos do jovem País que há pouco se libertou do jugo da Indonésia.

Todos reconhecem a importância decisiva da Igreja católica na independência do povo maubere mas é inaceitável a sua obsessão em substituir o despotismo anterior pela tirania religiosa protagonizada pelo clero, em que pontificam Alberto Ricardo da Silva e Basílio do Nascimento, respectivamente bispos de Díli e Baucau.

A fazer lembrar o miguelismo trauliteiro do séc. XIX, em Portugal, os padres de Timor incitam as populações do interior da ilha a deslocar-se com imagens da Virgem e terços para exigirem a demissão do Governo legal. Ao som de cânticos religiosos e orações desafiam o Governo a demitir-se.

O padre Domingos Soares, porta-voz do episcopado autóctone não se conforma com as regras democráticas e constitucionais ao abrigo das quais o Governo decidiu, a título experimental, tornar facultativa a aula de religião católica em 32 escolas oficiais. Na opinião dos padres, o carácter facultativo da disciplina ou a redução da carga horária é uma manifestação ditatorial.

Os bispos, com base na absoluta hegemonia católica, contestam um muçulmano na chefia do Governo e defendem o carácter obrigatório da disciplina de religião católica nas escolas públicas. O contágio dos países islâmicos é uma realidade e a simpatia por um Estado confessional uma evidência.

Habituados a deter o poder absoluto, cientes do prestígio conquistado no combate à ocupação indonésia, os padres não aceitam que o poder democrático se exerça ao arrepio da vontade divina interpretada por eles próprios. Há uma atracção mimética pelo totalitarismo islâmico, uma indisfarçável sedução por um regime autoritário em que o Estado seja o braço armado da Igreja católica.

Timor está sob tensão na iminência de um golpe de Estado. A água benta, as orações e os rosários são, por enquanto, as munições usadas pelo clero católico. Há uma trágica similitude entre a intolerância dos mullahs islâmicos a debitar o Corão e os padres católicos a recitar a Bíblia. O proselitismo e a ânsia de poder são iguais.

Portugal, o país doador mais importante, à frente do Japão e da Austrália, tem cumprido a sua obrigação e o dever de solidariedade para com o povo maubere. Tem obrigação de usar a via diplomática para garantir a liberdade religiosa no território de Timor Leste. O Vaticano não pode ficar indiferente às manifestações de intolerância dos seus padres nem ser cúmplice do terrorismo eclesiástico em Timor.

Neste momento dramático deve ser posto à prova o Papa Bento XVI. Tem aqui a oportunidade para mostrar que não é um papa medieval, que a imagem de inquisidor não lhe assenta, que o respeito pelo pluralismo é uma virtude adquirida pela igreja de Roma, que a democracia é uma instituição compatível com o catolicismo romano.

Ao Governo português cabe, sob pena de se desprestigiar, mostrar que é um país laico e que os princípios que o informam são os mesmos que quer ver respeitados nos países amigos. Sócrates e Freitas do Amaral têm uma tarefa a desempenhar ao serviço da paz, da liberdade religiosa e do laicismo.

Obs.: Este assunto já foi tratado por mim em «Timor – um protectorado do Vaticano» 1 e 2 (site indisponível) e pela Palmira nos artigos «Tolerância Cristã» e «Terrorismo em Timor Leste». A gravidade e desfaçatez da ICAR exige que volte ao tema. Urge conter o fundamentalismo católico.

29 de Abril, 2005 Carlos Esperança

João Paulo II – um santo papa

A devota subserviência e o benevolente esquecimento sobre os pesados pecados de JP2 são o prenúncio da reabilitação do cardeal Ratzinger de que o Opus Deis, a Comunhão e Libertação e os Legionários de Cristo se esforçam por levar a cabo. Estas instituições pouco recomendáveis lembram-me – não sei porquê – a PIDE, a Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa na defesa do salazarismo e da figura sinistra que o inspirava.

Sabe-se que a manifestação organizada no funeral de JP2 a exigir a rápida canonização, «santo súbito», foi organizada por um padre polaco e por membros da igreja do seu país natal, que distribuíram os cartazes e orquestraram os slogans.

JP2 considerou Pinochet e a amantíssima esposa como «casal cristão exemplar», ministrou-lhes embevecido a eucaristia e apareceu à varanda do Palácio La Moneda com o frio torcionário para ser ovacionado pelos devotos, sem se lembrar de que, naquele palácio, se tinha suicidado Salvador Allende, presidente eleito, deposto pelo golpista seu amigo.

JP2 intercedeu pela libertação de Pinochet quando foi detido em Londres, por crimes contra a humanidade, por ordem do juiz Baltasar Garzon, usando argumentos jurídicos. Pediu a sua libertação, alegando que os crimes foram cometidos quando gozava da imunidade de Chefe de Estado. No entanto nunca censurou a sentença islâmica que condenou à morte Salmon Rushdie ou intercedeu por ele.

JP2 não se limitou a apoiar as ditaduras fascistas da América do Sul, empenhou-se em derrubar os governos democráticos de esquerda numa cegueira insana de quem confundiu sempre as ditaduras estalinistas com o socialismo democrático resultante de eleições livres e submetido à alternância democrática.

Em 23 de Fevereiro de 1981, quando o grotesco tenente-coronel Tejero Molina tentou restabelecer a ditadura, deu-se a coincidência de estar reunida a Conferência Episcopal Espanhola. Nem o Papa, nem os bispos nem o seu núncio apostólico condenaram a tentativa de golpe de Estado, limitaram-se a recomendar aos espanhóis o piedoso exercício da oração.

Em relação à SIDA o defunto Papa portou-se como um verdadeiro criminoso. Não se limitou a aconselhar a castidade como propalam os seus sequazes, foi cúmplice da mentira que atribuía ao preservativo «minúsculos orifícios» permeáveis ao vírus e promoveu a informação sobre a sua inutilidade em países africanos onde o flagelo está sem controlo. O arcebispo de Nairobi foi ainda mais longe atribuindo aos preservativos responsabilidade pela SIDA sem ter sido desautorizado pelo Papa, apesar do ruído mediático feito à volta da boçal declaração.

Muitas violações de crianças se teriam evitado se em vez de um silêncio cúmplice, exigindo discrição à ICAR sobre os casos de pedofilia dos padres americanos, apesar das repetidas chamadas de atenção que lhe foram feitas, tivesse mandado comunicar os casos às autoridades dos EUA.

Mas que poderia esperar-se de um admirador de Josemaria Escrivá de Balaguer, a quem fez santo, esse admirador de Franco que mandou assassinar centenas de milhares de adversários políticos mas nunca faltou à missa e à eucaristia?