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26 de Maio, 2005 fburnay

George Orwell I

Five minute hate, times forty eight.

Gosto muito de Eça de Queirós. Admiro o cuidado, a ironia e o estilo com que tão bem descreveu o que tão bem observou. De tal forma o fez que ainda hoje nos é possível vislumbrar muito da cultura portuguesa que herdámos do seu tempo.

E é por essa mesma razão que também gosto de George Orwell, pseudónimo de Eric Arthur Blair. Depois de ler “1984” e “Animal Farm” (“O Triunfo dos Porcos”) alterou-se a forma como olho para os comportamentos das massas, das instituições e da forma de pensar das pessoas. Fiquei mais atento aos flagrantes alertas destes romances…

Eram cerca das onze horas de uma noite de há uns tempos atrás quando, ao sintonizar um velho rádio que tenho cá em casa, encontrei o posto da Rádio Miramar, esse ex libris do proselitismo, da dilatação da fé e do império da IURD. Atiçada que estava a minha curiosidade pela inebriante verborreia luso-brasileira do pastor de serviço, que falava de um estranho faraó, detive-me por alguns momentos a ouvir. De que faraó falava? Estaria a citar a Bíblia, esse lugar-comum da evangelização, referindo-se à fuga do Egipto? Daí a poucos minutos, ineficazes a satisfazer a minha interrogação, começavam os testemunhos telefónicos dos seguidores daquela igreja. Em escassos segundos percebi do que se tratava…

Era inacreditável! Numa vigília que se prolongaria até às 3 da manhã do dia seguinte, os participantes destilariam o seu profundo ódio pelo faraó, o opressor do povo escolhido. E os telefonemas não paravam. Os insultos eram tantos, o desejo de agressão física de tal forma exprimido, a descrição da raiva cultivada tão grande que me apercebi que o faraó sem nome deixava de ser uma personificação do Mal para se tornar numa personalidade real a abater. Um homem terrível, odioso e sem alma, de perfídia inigualada.

Samuel Goldstein, Trotsky, Snowball, os judeus, os hutu. E agora o faraó. A IURD sabe o que faz.

26 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Interrogações

Cinco centenas de militares e civis deslocam-se a Lourdes na 47.ª peregrinação militar, de 26 a 31 de Maio.

1 – Quem paga a deslocação?

2 – Os militares vão fardados?

3 – Um país laico pode autorizar a deslocação de militares a um santuário de uma religião qualquer?

4 – Os militares e civis vão em gozo de férias ou dentro do período de trabalho?

5 – A oração faz parte do treino militar?

6 – As manobras militares trocaram Santa Margarida por Lourdes?

Fonte: Agência Ecclesia

26 de Maio, 2005 jvasco

Era só o que mais faltava!

Muitos católicos estão contra algum pensamento pós-moderno, contra o esoterismo e as tendências «new-age».
Eu como céptico, como alguém que acredita no método científico e na racionalidade como meios para procurar as melhores descrições do mundo que nos rodeia, considero que a superstição esotérica não é a melhor forma de conhecermos a realidade.

Mas acho um absurdo quando alguns crentes (como César das Neves no seu último artigo de opinião) tentam pôr a ciência e o catolicismo do mesmo lado contra o esoterismo.
Nem pensar!

A igreja Católica não é, sob nenhuma perspectiva racionalista ou científica, superior a qualquer outra religião pagã, qualquer religião existente, ou qualquer conjunto de crenças mágicas e espirituais, para todos os efeitos.
A igreja Católica compete no mesmo espaço que outras religiões e superstições: no espaço daqueles que crêm que a ciência nunca poderá explicar tudo; no espaço daqueles que crêm que a racionalidade humana é insuficiente para compreender o mundo que nos rodeia; no espaço daqueles que crêem que a fábula e o dogma são mais válidos que o espírito crítico e a dúvida.

Os católicos podem rir-se com desprezo (e muitas vezes o fazem) daqueles que têm crenças menos ortodoxas, mais fetichistas ou panteístas, ou menos socialmente comuns. Mas que tolo desprezo esse! Mas que patético desprezo esse. Não há qualquer critério razoável, qualquer critério lógico, qualquer critério que não raie o ridículo, para considerar as crenças católicas superiores às outras.
Apenas na força dos números sentem um escudo que os permite classificar de «tolices» e «crendices» todo o tipo de crenças esotéricas, quando as crenças deles não são em nada menos fantásticas.

Poucas coisas existem tão absurdas como a postura de grande parte dos católicos face às crenças pagãs.
Quão incoerente e injustificado é o desprezo que sentem e o paternalismo com que reagem.

E, por favor, não tenham o desplante de se querer associar ao racionalismo e espírito científico para tentar esmagar os vossos rivais. Tornar-se-ia patética a forma como facilmente tentam descredibilizar os valores da razão e da racionalidade quando querem afirmar o vosso poder. Exemplos disso não faltam.

26 de Maio, 2005 Palmira Silva

Momento Zen de Segunda

Embora com algum atraso, não posso deixar de partilhar aquele que é um dos meus momentos zen de segunda mais dignos do nome. Refiro-me à opinação do inefável João César das Neves «O alarme do palhaço de Kierkegaard», em que este, certamente muito magoado com os media nacionais, que, depois de, durante semanas, terem dedicado quasi em exclusivo à religião católica os seus tempos de antena, não anunciam com pompa e circunstância, a «enorme movimentação preparatória do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, que Lisboa acolherá em Novembro».

Na ausência das fanfarras etéreas que o isento «spin doctor» de segunda considera merecidas, e no rescaldo dessas mesmas manifestações mediáticas à estreia do filme de Ridley Scott «Reino dos Céus», a obra de ficção que parece substituir na indignação que provoca nas «santas» hostes aqueloutra em processo de passagem para a tela, «O código de da Vinci», JC das Neves lança-se na construção de um cenário completamente obtuso para, segundo ele, enquadrar o porquê do declínio da credibilidade da Igreja.

Devo reconhecer que o fazedor de opinião (católica, claro) acertou em cheio ao depositar na ciência e no conhecimento científico o ónus da culpa neste declínio, que propicia a visão dos mui celebrados pela Igreja de Roma cristãos medievais, reiterada no filme de Ridley Scott, como «parolos ignorantes e boçais, vítimas de superstição».

Agora a obtusidade do cenário apresentado, que para JC das Neves «nem é bizarro», reside no suponhamos «que dentro de décadas toda a gente pense que a ciência é uma actividade sinistra, enganadora, perigosa» e «que aquilo que agora é tomado como sólido e básico, referência fundamental da vida contemporânea, venha daqui a uns anos a ser atacado, desprezado e vilipendiado» «minando a confiança absoluta que temos no conhecimento científico». Especialmente pelas razões apresentadas: «O uso de tecnologias por terroristas, os infindáveis debates académicos, as dúvidas sobre teorias estabelecidas» a primeira das quais certamente introduzida para justificar a conjuntura actual em que a religião é de facto o motivo dos ataques terroristas que marcam pela negativa o início do século XXI e da maioria da violência que vemos por todo o planeta.

Em relação aos «infindáveis debates académicos» ou «as dúvidas sobre teorias estabelecidas» só reflectem que o ilustre professor universitário ainda não assimilou o que é ciência e como avança a ciência, exactamente devido aos infindáveis e acalorados debates científicos (não necessariamente académicos) e ao contínuo questionar da interpretação dos dados disponíveis.

Na realidade o cenário avançado por JC das Neves é completamente absurdo. Nem os fanáticos religiosos americanos que tentam redefinir ciência, reduzindo-a ao método científico e negando a sua capacidade para apresentar explicações para o mundo observável, têm a veleidade de dizer que quem acredita na ciência são «parolos ignorantes e boçais, vítimas de superstição». Quanto muito são perigosos ateístas que implicam que só há mundo observável e desprezam o inobservável ou metafísico. Porque é impossível negar a importância vital da ciência no mundo contemporâneo, isto é, as tentativas de a atacar, vilipendiar e, especialmente, desprezar estão votadas ao insucesso. Seria complicado dizer a alguém que quando toma um antibiótico para uma qualquer maleita está a ser supersticioso, mesmo quando esse antibiótico foi desenvolvido por evolução dirigida. Ou que está a ser um parolo ignorante e boçal quando navega na World Wide Web, liga um qualquer interruptor, enfim, viva no século XXI!

Assim como é pouco credível que seja minada «a confiança absoluta que temos no conhecimento científico» porque daqui a pouco tempo os displays de plasma ou LCD’s, ou os processadores de 64 bits a 3.73GHz, vendidos como a última palavra da tecnologia e avanço científico, serão certamente substituídos por displays flexíveis de polímeros conjugados e processadores mais rápidos! Ou porque doenças hoje consideradas incuráveis deixarão de o ser! Que reflectem os «infindáveis debates» científicos, uma das causas que JC aponta no seu cenário para a queda da credibilidade da ciência.

Ou seja, o nosso quotidiano é completamente dependente da ciência e do avanço do conhecimento científico. Mesmo a prosa debitada pelo presciente opinador depende da ciência para baralhar ou divertir quem o lê! Contrariamente ao que se passa com a religião, é consensual que a ciência explica e prevê o mundo observável. E é consensual que a ciência progride e que tal não é um óbice mas uma benesse!

E baralha-me que um tão ilustre economista não se tenha ainda apercebido das benesses, nomeadamente que o sucesso económico de um país está dependente do seu progresso científico e tecnológico… Quiçá esse desconhecimento por parte de muitos economistas cá do burgo seja uma das causas de a nossa economia estar no estado que todos conhecemos e deploramos!

25 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Citações

«Não há salvação em nenhum outro [para além de Jesus], porque, sob o céu, nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual devamos ser salvos». (Actos 4:12).

«O Evangelho segundo São Marcos tem cerca de 40 versículos explicitamente anti-semitas. Incluem a cena teatral fictícia de Pôncio Pilatos, que foi o verdadeiro assassino de Jesus, perguntando-se inocentemente o que fez Jesus para merecer a ira dos sacerdotes e da multidão de judeus, enquanto os Judeus gritam mais de uma vez a Pilatos «crucifica-o»». (S. Marcos 15:6-15).

«O Evangelho segundo S. Lucas tem cerca de 60 versículos explicitamente anti-semitas. Apresenta João Baptista a chamar aos judeus que acreditavam que ser judeus era o caminho para Deus «raça de víboras» que iriam sofrer «com a ira que os ameaçava»». (S. Lucas 3:7-9).

«O Evangelho segundo S. Mateus tem cerca de 80 versículos explicitamente anti-semitas. Neles, São Mateus conta como João Baptista chamava aos Judeus, os chamados fariseus e saduceus, «raça de víboras», epíteto que pôs também na boca do próprio Jesus quando se dirige aos judeus que são fariseus como «raça de víboras», como podeis dizer coisas boas, vós que sois maus?». (São Mateus 3:7 e 12:34).

«Os Actos dos Apóstolos têm cerca de 140 versículos explicitamente anti-semitas. Apenas 8 dos seus 28 capítulos estão isentos de anti-semitismo».

«O Evangelho segundo S. João contém cerca de 130 versículos anti-semitas. (…). O Jesus de S. João acusa os Judeus de o tentarem matar. (…) O Jesus de S. João conclui que aqueles que o rejeitam, os Judeus, «pertencem ao (seu) pai, o Demónio»». (S. João 7:28 e 8:37-47).

«Só estes cinco livros contêm versículos explicitamente anti-semitas suficientes, num total de 450, para haver em média mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia».

Fonte: A Igreja Católica e o Holocausto – Uma dívida moral, de Daniel Jonah Goldhagen.

Nota: Que fazer com um livro que prega o ódio e cujos crentes estão convencidos de conter a palavra do seu Deus?

Com estas citações espero ter respondido aos crentes de boa fé que me chamaram mentiroso pois, segundo eles, não há na Bíblia (Novo Testamento) qualquer manifestação de anti-semitismo.

«Bem-aventurados os ignorantes porque deles é o reino do Céu».

25 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Cristianismo e anti-semitismo

É surpreendente o vigor com que o cristianismo e, em particular, o catolicismo nega quase vinte séculos de anti-semitismo militante.

Martinho Lutero que conhecia Bíblia, tão bem quanto a corrupção papal, dizia dos judeus: «são para nós um pesado fardo, a calamidade do nosso ser; são uma praga no meio das nossas terras». (1543)

Quanto à ICAR não é preciso recordar o tribunal do Santo Ofício, basta recordar as declarações papais ou citar as abundantes e descabeladas manifestações de ódio que a santa Bíblia destila.

Eloquente, chocante e demente foi a atitude do cardeal da Alemanha, Bertram, ao saber da morte do seu idolatrado führer Adolfo Hitler. Já nos primeiros dias de Maio de 1945, com a derrota consumada (a rendição foi no dia 8), ordenou que em todas as igrejas da sua arquidiocese fosse rezado um requiem especial, nomeadamente «uma missa solene de requiem, em lembrança do Führer».

Para alguns católicos e, sobretudo, para ateus, agnósticos e fregueses de outras religiões, é preciso dizer-lhes que, de acordo com a liturgia do requiem, uma missa solene de requiem se destina a que os devotos possam suplicar a Deus, Todo-Poderoso, a admissão no Paraíso do bem-aventurado em lembrança de quem a missa é celebrada.

A Bíblia, um repositório de ódio anti-judaico, está para os cristãos como o Corão está para os muçulmanos. Felizmente os cristãos, sobretudo os católicos, lêem pouco a Bíblia e acreditam vagamente no seu conteúdo.

Porém, em períodos de crise, há o risco de se agarrarem ao livro sagrado como os alcoólicos à bebida e, tal como estes, sem discernimento ou força anímica para renunciarem à droga, impedidos pela habituação e dependência que os escraviza.

O Diário Ateísta é uma tentativa séria para promover uma cura de desintoxicação.

Adenda – Quando me refiri ao anti-semitismo da Bíblia, tinha em vista o Novo Testamento, agradecendo ao leitor GM a chamada de atenção.

24 de Maio, 2005 Ricardo Alves

Liberdade de expressão e blasfémia

Tony Blair não desiste de legislar contra a blasfémia. Antes das recentes eleições no Reino Unido, Blair tentara fazer aprovar uma lei contra o «ódio religioso», numa tentativa de recuperar votos no eleitorado muçulmano, que se afastara dos trabalhistas na sequência da guerra do Iraque. A lei foi rejeitada três vezes.

Após a vitória dos Trabalhistas nas eleições britânicas, Tony Blair, como nos relatam os secularistas britânicos, insiste em aprovar uma lei que proteja o islão britânico da crítica, à semelhança do que já acontece, no RU, com outras religiões. Como tem sido relatado exaustivamente aqui no Diário Ateísta, as leis que limitam a liberdade de expressão, protegendo as religiões da crítica, são infelizmente comuns em muitos países europeus (por exemplo, na Grécia, na Holanda, ou na Rússia).

No entanto, a ideia de limitar a crítica da religião, para além de liberticida, é contraproducente. Ninguém é mais anti-religioso do que um religioso fanático. Há poucos anos, o bispo católico «de esquerda» Januário Torgal Ferreira teve palavras intolerantes contra a IURD num momento em que havia violência nas ruas contra esta igreja, e certos protestantes são mais anti-católicos do que muitos ateus. Na Europa contemporânea, quem quiser comprar panfletos anti-semitas encontra-os em livrarias muçulmanas, por entre comentários do Corão. Portanto, quase todas as religiões criticam as outras religiões, e frequentemente com uma violência que pode ser entendida como ódio. Criminalizar a expressão de ideias anti-religiosas ilegalizaria muitas expressões religiosas, o que é sem dúvida um paradoxo e uma ironia.

E evidentemente, quase todas as religiões criticam violentamente o ateísmo, embora uma lei por ofensas anti-ateístas não deva render os votos necessários para desencadear uma iniciativa legislativa…

O espaço público democrático não pode prescindir da liberdade de expressão, essa possibilidade de dizer aos extremistas religiosos e outros reacionários o que não querem ouvir. Salman Rushdie sabe-o bem, como o sabe a deputada holandesa Hirsi Ali, que não desiste de exercer o seu direito a criticar a religião que abandonou. Criticar as religiões, mesmo satirizá-las, é exercer a nossa liberdade de expressão. Legislar contra a blasfémia é imunizar contra a crítica aqueles que querem destruir essa e outras liberdades.
23 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Bernardo Motta, o «Afixe» e eu

Na sequência do meu artigo «Não há Esperança para o Carlos», com o mesmo título de um artigo com que fui cristãmente zurzido no «Afixe», pelo Monty, o Bernardo fala de desonestidade e falsidade. Não se referia à ICAR, escrevia sobre mim.

Aqui ficam algumas frases do Bernardo Motta publicadas no «Afixe».

«O Bernardo é de opinião que nos países árabes se deve ser muçulmano.»
A desonestidade e a falsidade de tal afirmação verifica-se facilmente. O senhor Carlos Esperança não cita o meu texto entre aspas.
[Instado a pronunciar-se sobre o direito de um crente a renunciar à religião respondeu que «devia mudar de país».]
Você pode gritar isto aos sete ventos, como bandeira de propaganda “ad hominem”.
Pois o recurso ao ataque “ad hominem” é uma forma clássica de se esquivar à argumentação. (…)
Bernardo da Motta

«baixeza, mesmo! Mas muito reveladora…»
Bernardo Motta (ibidem)

De facto, não citei as palavras de Bernardo Motta entre aspas, citei-as em itálico. Para que os leitores possam apreciar quem fala verdade repito aqui o meu post de 25 de Fevereiro de 2004, que se encontra publicado no Diário Ateísta:

Quarta-feira, Fevereiro 25, 2004

A resposta de Bernardo da Motta

Eis o que pensa um crente. Assinaladas com (>), em itálico, encontram-se as minhas frases citadas, seguidas das respectivas respostas do Bernardo. Para se perceber o grau de tolerância de que um crente é capaz.

……………………….

Obrigado pela sua resposta.

>Depois, tenho a dizer-lhe que, não sendo o véu uma imposição do Corão, não deixa de ser uma arma que os fundamentalistas islâmicos usam para desafiar o carácter laico do Estado francês.

O Corão impõe decência e pudor no vestuário. De facto, não faz qualquer referência específica ao tipo de vestuário.
E é um facto que o fanatismo islâmico (prefiro esta palavra a “fundamentalismo”, uma vez que “fundamentalismo” deve significar “aderência a fundamentos”, o que é algo que eu aprovo) usa vezes sem conta o Corão como arma de terror.

O meu ponto de vista é o do espectador que assiste à derrocada das verdadeiras tradições.
O Islão, a par com tantos outros sistemas tradicionais, está a colapsar. O trabalho dos fanáticos dá uma grande ajuda é certo.

> Pode argumentar, caro leitor, que o Islão já foi tolerante.

Mesmo hoje em dia, há várias facetas do Islão!!
Conhece o sheik Munir, da comunidade islâmica aqui de Lisboa?
Conhece homem mais prudente, sensato, culto e tolerante?

> Mas prove-me que é capaz de:
>- Renunciar à sharia;

A sharia é parte integrante da tradição islâmica.
faz parte do terno “haquikah, tarikah e sharia”

“haquikah” é o conhecimento interior, o lado interior da doutrina, se quiser, o seu lado “esotérico”. O sufismo versa sobre a “haquikah”.

“tarikah” é a via, é o caminho.

“sharia” é o conhecimento exterior, o lado exterior ou “exotérico” da doutrina. Numa sociedade plenamente tradicional (já quase não as há), não faz sentido a separação entre religião e Estado. Essa é outra das confusões do mundo moderno.

> Permitir aos crentes que o abandonem;

Concordo consigo. Qualquer pessoa deveria poder abandonar o Islão se o quisesse fazer. Contudo, nesse caso, eu concordo que tal pessoa deveria também abandonar fisicamente o local e a cultura onde o Islão fosse tradição.

>- Defender a liberdade de ter qualquer religião e a de não ter;

Concordo!

>- Pedir perdão pela fatwa contra Salman Rushdie;
Concordo! Este é também mais um gesto fanático.

>- Enfim, se é capaz de renunciar à pena de morte, poligamia, discriminação da mulher e outros anacronismos e consentir, nas suas escolas, símbolos cristãos, judaicos ou ateus.

Aqui é que eu já acho que o Carlos está a misturar várias coisas. A mulher não é discriminada no Corão. Os homens, contudo, facilmente encontram formas de ler a seu bel-prazer o Corão. A poligamia é uma característica intrínseca ao Islão, e vem referida e legislada no Corão. é uma característica da cultura islâmica, e é óbvio que nos é estranha, a nós, ocidentais, que temos outra cultura.
Chamar de “anacronismo” algo que não se conhece não me parece correcto.
Repito, a genuína tradição islâmica, por muito que esteja em vias de extinção como as restantes tradições espalhadas por esse mundo fora, nada tem de anacrónico, visto que é uma via de Verdade, uma Verdade revelada.
A decisão do Estado Francês, cujas consequências nefastas ainda são imprevisíveis, só demonstra como aqueles que detêm o poder em França têm a sua intelectualidade e cultura reduzida a um mínimo. É um claro sinal de intolerância, e de verdadeiro terrorismo “jacobino”.
O que irá suceder é que as comunidades islâmicas em França irão regressar a escolas fechadas, tirando as suas crianças do convívio salutar com os restantes alunos. Estaremos a regressar aos bairros étnicos?

>Não basta haver crentes tolerantes, é preciso que o carácter fascista das religiões seja erradicado.

Repare, Carlos, a verdadeira religião nada tem a ver com “fascismo” nem com qualquer outra posição política. A religião tem uma natureza tanto transcendente como social, é certo, mas é social na medida em que serve como elo de coesão da sociedade e como ponte para a divindade.
Não seria correcto apelidar uma religião de “fascista”. Aliás porque o próprio fascismo é uma forma anti-tradicional e por isso mesmo, fortemente anti-religiosa.

>Cumprimentos.
>Carlos Esperança

Cumprimentos,

Bernardo # um artigo de Carlos Esperança, publicado às 19:00 # comentar este artigo (A) # debater #

Nota: Transcrevi fielmente o post que está arquivado no Diário Ateísta. Limitei-me a destacar a negrito as afirmações que o Bernardo nega e pelas quais me chama mentiroso.
Quanto custa ganhar o Paraíso!

23 de Maio, 2005 Carlos Esperança

Clonagem terapêutica

O caminho para a clonagem terapêutica aberto por cientistas sul-coreanos é fascinante. De acordo com a comunicação social, conseguiram, pela primeira vez, produzir células estaminais embrionárias com a particularidade de serem geneticamente compatíveis com os doentes para quem foram especificamente desenhadas.

Isto significa que as referidas células têm potencial para produzir todos os tecidos do organismo humano.

Eis uma enorme vitória para a ciência, uma grande esperança para a humanidade e uma pequena desfeita para Deus cuja importância não pára de reduzir-se.