28 de Agosto, 2005 pfontela
Filhos e enteados
Quando se deram os trágicos atentados em Londres eu estava lá a viver e pude testemunhar e participar na recusa em deixar o terror dominar a civilização e sinto orgulho por ter feito parte desse momento. Independentemente da reacção do cidadão comum surgiram logo pessoas que perceberam que deixar os terroristas colocar propagandistas no coração do nosso mundo não é grande ideia e Tony Blair afirmou mesmo que «as regras do jogo mudaram».
As propostas em termos de mudanças de lei devem ser sempre encaradas com muito cuidado para não se cair no erro de injustiças baseadas em generalizações ou isolar e alienar ainda mais os grupos afectados. Mas o que parece ser senso comum é que não podemos continuar a permitir que os pregadores de ódio espalhem o seu veneno impunemente. Existe um limite à liberdade de expressão e esse limite é claramente ultrapassado quando se apela à violência contra terceiros (a derradeira violação da liberdade individual).
Mas existe entre os países ocidentais uma estranha dualidade de critérios quanto à definição de terrorismo e tudo o que lhe é associado. Se é verdade que os imãs muçulmanos anti-ocidentais foram banidos e se persistirem no seu crime correm o risco de ser presos e acusados de traição (ou extraditados imediatamente) a verdade é que nada se fez em relação aos seus equivalentes cristãos (Phelps, Robertson …).
Será que por mudar o nome do livro que seguem isso lhes confere impunidade para fazer o que quiserem? Que critérios são esses que são tão rigorosos para uns e tão escandalosamente permissivos para outros? O que torna o ódio de um fanático cristão diferente do seu equivalente muçulmano?
Seja qual for o tipo de fanatismo ou ideologia que promova o ódio ele deve ser parado sem dar qualquer valor à sua origem ou aos seus seguidores. Só assim se pode impedir que situações horrendas como o terrorismo, a teocracia ou qualquer tipo de totalitarismo se tornem realidade.