Os pobrezinhos a almoçar com o Papa com brutos telemóveis e que custam centenas de Euro.
Ou o Papa enganou-se de sítio ou a classificação dos pobrezinhos foi feita sem critério se é que há pobres na Itália.
Bem, pensando melhor, podem ter reunido de acordo com uma das bem-aventuranças:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. (Mt 5.3.)
Esta medida entrará em vigor no feriado religioso de Pentecostes, dia 20 de maio
A Igreja da Suécia quer que o clero utilize uma linguagem mais neutra para se referir a “Deus”, medida que faz parte da versão atualizada de um manual de 31 anos que dita o funcionamento dos serviços religiosos no que toca à linguagem, liturgia, hinos e outros aspetos. Utilizar a expressão “o senhor”, por exemplo, é desaconselhado.
Porque contraria a doutrina sobre a criação do mundo, compreende-se a dificuldade das religiões em aceitarem a teoria da evolução das espécies, mas as evidências acabaram por convencer os mais empedernidos teólogos, apesar de delirantes explicações achadas.
No entanto, há clérigos tão refratários à ciência que, quando ouvem falar dela, lembram o general fascista Millán-Astray, a puxar da pistola ao ouvir falar de inteligência. Tais clérigos são um bom indício para perpetuar dúvidas sobre a evolução.
O padre António, da Ruvina, pároco da Miuzela do Coa, em meados do século passado, advertia as mulheres para não se sentarem nos burros como os homens. A misoginia era atributo pio, mas a posição de cavalgar os asnos era delírio eclesiástico. A mulher, nem a andar de burro podia abrir as pernas. Soube, depois, que outros clérigos, com idêntica mentalidade, se opunham à equitação feminina.
Na Arábia Saudita, onde as mulheres, após a última Guerra do Golfo, ousaram conduzir automóveis, foram vergastadas em público, para satisfação do misericordioso Profeta e salvaguarda da tradição do tempo em que o camelo era o último modelo de veículo.
Quando se pensava que a imaginação do clero, na demente misoginia e horror ao prazer, não podia criar novos interditos, aparece um pastor da Igreja evangélica de um país letino-americano a avisar as devotas contra o uso da bicicleta, por ameaça à virgindade.
Não é a demência de um pastor que inquieta, é a capacidade de persuasão do fanatismo e a facilidade de difundir preconceitos e interditos contra as mulheres.
O protestantismo evangélico está politicamente organizado, e dispõe de uma bancada de 126 deputados no Parlamento brasileiro. É uma preocupação mais, para a democracia.
Quanto mais imbecil e cruel for uma crença, mais sedutora se torna e mais crentes atrai. O pastor não é um idiota isolado, é uma metáfora da estupidez pia. Se mandar rezar para que chova ou faça sol, não lhe faltarão devotos a cair de joelhos e a orar.
Estado laico ou protetorado do Vaticano?
Dados do relatório da Inspeção-Geral de Finanças, divulgado em 2016, e noticiado pelo semanário Expresso, em 23-12-2016.
«No biénio 2013/2014, o Estado concedeu 63 milhões de euros de benefícios fiscais aos colégios, que se somaram aos 388 milhões de euros que receberam em apoios diretos. A denúncia é da Inspeção-Geral de Finanças que critica a falta de controlo do Estado sobre um total de 451 milhões transferidos para os colégios.
Segundo o Correio da Manhã, a auditoria da IGF detetou falhas no controlo do destino dado ao dinheiro dos contribuintes. “Os documentos de prestação de contas” dos colégios “carecem de procedimentos de controlo pela Direção-Geral da Administração Escolar”, revela o relatório.
A maioria dos colégios “não publicita os apoios públicos que recebe” afirma a IGF acrescentando que “alguns dos maiores beneficiários de contratos de associação não cumprem o dever de divulgação das mensalidades praticadas nem a autorização de funcionamento do estabelecimento.” Também nos contratos simples a auditoria verificou “insuficiência na confirmação da situação socioeconómica do agregado familiar de alunos candidatos a apoios” a quem o Estado financia a frequência no colégio.»
A Igreja Pentecostal Renascimento iniciou campanha que afirma que a bicicleta é um “ladrão silencioso da virgindade” das mulheres e adverte que “não é um veículo bíblico”. O pastor responsável pela iniciativa, Elias Ramirez, diz que a bicicleta aos poucos corrompe a castidade feminina.
“Continuo preocupado com a quantidade de princesas de Deus, que continuam a perder sua castidade com estes instrumentos do diabo. Ao longo de 200 anos, tomou centenas de milhões de almas que se enquadram às redes destes veículos de golpe espiritual”, afirmou o pastor, que conta com a distribuição de panfletos para difundir suas ideias.
“Já que eu vi que persistem na incredulidade, e que estão aqui, porque realmente, querem que a luz e a sabedoria que só tem quem recebeu o Espírito de Deus, eu sinto necessidade de revelar a verdade sobre o mundo infame e anticristão do ciclismo. Tenho 5 coisas que você nunca imaginou em suas aulas de spinning… além do perigo óbvio de destruir a virgindade das princesas de Deus”, disse Ramirez, de acordo com informações do site Los40.
O atual bispo de Lisboa, Manuel Clemente, licenciado em História, cardeal por herança do direito adquirido por bula de 1737, que não ficou barata ao reino, parece ter obtido a mitra, o báculo e o anelão, mais por razões pias do que por inteligência ou bom senso.
Não tendo um bispo titular qualquer ascendência sobre outro de diocese diferente, foi na qualidade de presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que o dr. Clemente se pronunciou sobre o sacerdote da diocese do Funchal, que assumiu a paternidade cujo mérito lhe coube.
Diz o cardeal que o padre pode exercer o múnus, desde que renuncie a viver com a mãe da criança, de onde se conclui que o desempenho sexual não elimina o direito ao alvará canónico, apenas a coabitação com a mãe ou o conhecimento público. Como hipocrisia, não foi mera declaração pia, foi a exegese da doutrina católica.
O homem a quem o PR, fiel à fé e alheio à laicidade, beija a mão, afirmou ainda “ser completamente desaconselhável a entrada de jovens homossexuais nos seminários.” A discriminação, por motivos sexuais, de jovens ou idosos, é inadmissível num emprego profano, e torna-se ridícul e inútil o requisito heterossexual com interdição do exercício. É como sujeitar um animal carnívoro a uma dieta vegetariana.
Só faltou pronunciar-se sobre a sexualidade das freiras onde a jurisprudência canónica é parca. Apenas recordo uma decisão que forçou freiras de uma abadia, onde as gestações surgiram de violações, a optarem entre a entrega das crianças e a saída do convento.
Ao ouvir o Sr. «D. Manuel José Macário do Nascimento Cardeal Clemente», nome que o direito canónico lhe confere, para gáudio profano, quem pode resistir à recordação da paródia à «Ceia dos Cardeais»?
– …, Cardeal!
É (ainda) isto que escondem das massas crentes, que os alimenta e se alimentam de obscurantismo, dogma, medo e servidão!
A IGREJA DOS “PRÍNCIPES” CONTRA O PAPA FRANCISCO
– UM VÍDEO INIMAGINÁVEL E QUASE IRREAL
O vídeo que este post apresenta é, talvez, a mais condensada e simbólica representação da oposição conservadora ao Papa Francisco e seu projecto. A cena aconteceu na nova Basílica do Santuário de Fátima, em Portugal. O personagem é o ultraconservador cardeal americano Raymond Burke, líder da oposição a Francisco.
São 14min15 impressionantes, e o vídeo pode ser visto clicando no link que deixo mais abaixo, no final.
Mais da metade do tempo dedica-se a mostrar o cardeal sendo paramentado, em pleno altar com pompa medieval – o vídeo começa quando a vestição e tomada de hábito de Burke já havia sido iniciada –, o que leva a crer que a montagem completa talvez se tenha prolongado por mais de 10 minutos.
O ambiente da cena oscila entre o surreal e o macabro, algo como um filme dos anos 1970/80 sobre a realeza decadente. O “príncipe” cercado por uma corte de homens de cenho cerrado, vestido com capas negras ou púrpuras, algo como um retrato em negativo da klu klux klan, sem os capuzes.
Aos 3min25 há uma cena para a qual peço a vossa melhor atenção, difícil de acreditar que tenha acontecido, depois de todos os escândalos de pedofilia e abuso de menores da Igreja: um menino talvez entre 10 a 12 anos de idade, leva ao cardeal seu barrete cardinalício, um chapéu que é um símbolo de caráter evidentemente fálico do poder dos hierarcas da Igreja. O menino ajoelha-se diante de Burke um sem-número de vezes e é orientado a beijar uma das pontas do barrete e da capa magna — um verdadeiro fetiche dos conservadores – e não deixa de ser simbólico que um homem, adulto, fique todo o tempo conduzindo o menino no ritual de ajoelhar e beijar variadas vezes.
Este é o projecto de uma Igreja imperial e demasiado conservador que a oposição a Francisco tem a apresentar ao mundo. Chega a ser inacreditável que eles tenham ainda alguma expressão. E que gigantesca diferença com a extrema simplicidade de Francisco e sua Igreja pobre com os pobres!
Uma descrição magistral desse projecto foi resumida em apenas um parágrafo que cito mais abaixo, por um dos maiores nomes da Igreja católica contemporânea, o teólogo dominicano e cardeal francês Yves Congar, falecido em 1995 e considerado um dos maiores eclesiólogos do século XX que abriu a eclesiologia católica ao ecumenismo, e que sofreu por mais de 30 anos perseguições e punições de toda ordem pela Cúria romana e seus prepostos.
Foi escrita em 11 de outubro de 1962, em pleno Concílio Vaticano, do qual Congar foi talvez o principal protagonista, em confronto com os Burke da época, liderados pelo cardeal Ottaviani e pelo reacionaríssimo arcebispo Marcel Lefebvre – os dois, como os conservadores de hoje, repudiaram o Concílio em menor ou maior grau.
Leiam a descrição de Ives Congar que transcrevo já a seguir e constatem como ela antecipou aquela cena de Burke no Santuário de Fátima, que verão no vídeo:
“Vejo o peso daquilo a que nunca se renunciou, do período em que a Igreja se comportava como um senhor feudal, quando detinha poder temporal, quando o papa e os bispos eram lordes que tinham suas cortes, eram mecenas de artistas e pretendiam uma pompa igual à dos Césares. A isso a Igreja nunca repudiou em Roma. Deixar o período Constantino para trás nunca fez parte de seu programa”.
Vídeo : https://www.youtube.com/watch?v=bC-AqvxX6-o
Área de anexos
O Cardeal-Patriarca de Lisboa defendeu esta quinta-feira que a igreja não deve abandonar o celibato dos sacerdotes católicos nem abrandar a sua apologia, considerando que esta é uma questão que diz respeito à doutrina, ao culto e à cultura.
A alma é um furúnculo etéreo que infeta o corpo dos crentes. É um vírus que sobrevive à morte do hospedeiro e migra para a morada perpétua que os clérigos lhe destinam.
A alma é um bem mobiliário sujeito a imposto canónico e que, à semelhança das ações de empresas, hoje também desmaterializadas, exige taxa de ‘gestão da carteira celestial’.
No mercado mobiliário as ações são transmissíveis e negociáveis. Representam avos do capital social das empresas. A sua clonagem é criminosa e leva o autor à prisão, exceto quando o Vaticano está envolvido e nega a sua extradição, como sucedeu ao arcebispo Marcinkus, que JP2 protegeu, após a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano.
Quanto à alma, há suspeitas de haver um número ilimitado em armazém, o que exaspera os clérigos, intermediários do negócio, com o planeamento familiar. Não se sabe bem se a alma vai no sémen, está no óvulo ou surge depois da cópula, um ato indecente para tão precioso e imaculado bem.
Os almófilos andam de joelhos e põem-se de rastos sem saber se a alma se esconde nas mitocôndrias, nas membranas celulares, no retículo endoplasmático ou no núcleo e nos cromossomas, sem nunca admitirem que seja o produto de reações enzimáticas.
Ignoram se já tem algum valor no ovo, no embrião em fase de mórula ou no blastocito. Juram que aparece no princípio, sem saberem bem quando e onde está o alfa, ou quando surge Deus a espreitar pelo buraco da fechadura e a lançar aos fluidos a alma que escapa ao entusiasmo de quem ama.
Após o aparecimento dos rudimentos da crista neural, só às 12 semanas o processo de gestação dá origem ao feto e falta provar que a alma, embora medíocre, se encontra nos anencéfalos, ou seja de qualidade a que resulta de violação ou incesto.
A alma é um produto da religião destilado por sacerdotes no alambique da fé, através de um processo alquímico.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.