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20 de Dezembro, 2017 Luís Grave Rodrigues

A Natividade de Hórus

Esta imagem gravada no templo de Luxor (c. 1.600 aC.) mostra cenas da natividade de Hórus:

– A anunciação pelo deus Thoht à virgem Isis de que será mãe;

– A imaculada conceção de Hórus no seio de Isis, feita milagrosamente por Kneph, o deus espírito santo, em forma de falcão;

– O nascimento de Hórus numa gruta, deitado numa manjedoura, três dias após o Solstício de Inverno (25 de dezembro), vendo-se a sua “sagrada família”: Isis, a mãe virgem, Osíris, o deus-pai, vendo-se ainda uma vaca e um burro;

– O menino Hórus, o deus-Sol, a ser adorado por pastores e por três reis magos, que lhe trazem presentes e que chegam 12 dias depois do nascimento (6 de janeiro), guiados por uma estrela a Oriente.

19 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Narcisismo

18 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Graças a Deus

Por

Onofre Varela

(Gazeta Ateísta)

As frases “Graças a Deus” e “se Deus quiser” são usadas pelos religiosos no sentido do agradecimento e do desejo de que tudo corra bem.

Os extremistas islâmicos também as usam no sentido de que tudo lhes corra bem na eliminação de vidas nos seus atentados criminosos. Deus é pau para toda a obra, e acaba por ser como a nódoa… que no bom pano cai!

Para os crentes, Deus representa tudo quanto de bom se possa imaginar, mais a fé e a esperança de que tudo corra conforme os seus desejos. Não conhecendo realmente o que é nem como é Deus, o crente teme-o e adora-o concomitantemente. Assim, a palavra “Deus” acaba por ser um código para referir o objecto sagrado da sua adoração.

Se o crente, em vez da palavra “Deus”, adoptasse qualquer outro termo… por exemplo, “Birobé”, em vez de dar “graças a Deus”, dava “graças a Birobé”! Birobé seria o cerne, o autor, o veio-rotor, de todas as coisas. Birobé passava a ser o criador e o dono do seu destino. Seria a explicação para tudo quanto você desconhece, e o guardião da fonte de todos os seus desejos.

Birobé é, a partir de agora, o dono da sua alma. E só por vontade de Birobé você acorda todas as manhãs para enfrentar o dia que tem à sua frente para viver, e vive-o graças a Birobé. Birobé é a explicação para tudo quanto você desconhece e quer ver explicado. Mesmo que aquilo que você não conhece seja sobejamente conhecido por todos, menos por si, é Birobé que preenche o enorme buraco do seu desconhecimento. E continuando você a desconhecer a verdadeira essência da coisa, você crê conhecê-la porque você “sabe” que a coisa… é Birobé!

Quando você procura uma explicação, não consulta uma enciclopédia; recorre a Birobé. Birobé tudo sabe, é Grande e o seu Poder é indesmentível. Com Birobé, tudo. Sem Birobé, nada. Birobé é aquele que você designa com letra maiúscula, que crê Omnipotente, Omnisciente e Omnipresente, que tudo vê, sabe e domina. Birobé é O princípio, O meio e O fim. É Ele que lhe ilumina o caminho e você deve-Lhe incondicional adoração.

Acha ridículo dar graças a Birobé?…

Tem toda a razão. É tão ridículo como dar graças a Deus!…

15 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

DEUS E A DESGRAÇA

Por

ONOFRE VARELA in Gazeta de Paços de Ferreira

Em 1998 a América Central foi palco de uma desgraça que mobilizou o mundo numa onda solidária perante a destruição que o furacão Mitch causou na Nicarágua, provocando 20.000 mortos, 11.000 feridos e três milhões de desalojados. A solidariedade do sacerdote Santiago Martin manifestou-se num texto que ele publicou no semanário madrileno ABC, sob o título genérico Crónicas desde la Fé. Na linha da ideia de Deus ser sinónimo de tudo quanto é bom, escreveu, subordinado ao título “Deus é amor”, um texto que começava assim: “Aqui, nestas três palavras, nesta breve frase, se encerra e condensa o essencial da nossa fé. Deus existe e é amor. Deus existe e quer-te, a ti, pequeno ser humano, vítima de tantas precariedades e de tanta dor. Deus não te abandona nunca, ainda que os teus mais próximos o façam. E a prova principal dessa felicidade e desse amor divino é a encarnação do filho de Deus, sua morte na cruz e a ressurreição gloriosa”.

Que dizer deste naco de prosa? Este discurso, proferido por um louco na paisagem desoladora da Nicarágua após a passagem do furacão, não passaria disso mesmo: do discurso de um louco!… Onde estava Deus com o seu carregamento de amor e de bondade, no momento em que o furacão varreu a Nicarágua? Aos crentes foi ensinado que Deus comanda as forças da Natureza (e também por cá, há poucos dias, se rezou para que chovesse!), e a própria Igreja o reafirmou pela boca do arcebispo de Caracas, Ignacio Velasco, quando trágicas inundações enlutaram a Venezuela em Dezembro de 1999, causando 15.000 mortos. O arcebispo afirmou que “a tragédia que assola e enluta a Venezuela e os seus habitantes, é devida à ira de Deus que quer castigar a soberba do presidente Chávez”. (El País, 20/12/1999). Religião, loucura e ódio misturam-se nestes discursos que parece serem habituais na América Latina, onde a esmagadora maioria do povo é fanaticamente religiosa, e onde a Igreja Católica conta a maioria dos seus crentes.

Quando a Igreja diz que Deus é amor, talvez conviesse especificar que raio de amor quer ela referir. Deus surge a distribuir o seu amor do mesmo modo como os bombeiros o fazem, sempre depois de ocorrida a desgraça? Deus é um enfermeiro que coloca pensos nos espíritos feridos? Convenhamos que é pouco para um deus, tal como o pintam as religiões! Deus dá-me amor e quer-me?!… Quer-me como? Quer-me bem, segundo o humano conceito do que é estar-se bem, fruindo de uma vida consideravelmente feliz… ou quer-me morto, segundo o conceito católico da “bem-aventurança-além-túmulo”?

Como é que se pode explicar às vítimas do furacão Mitch (ou de qualquer outro cataclismo) que tudo aquilo aconteceu por um acto de amor de Deus que tanto nos quer, e que naquele dia, ao que parece, estava um mãos-largas?!…

14 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Escândalo «Raríssimas»

Parasitas

No meio de uma feira, uns poucos de palhaços
Andavam a mostrar, em cima de um jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
Aborto que lhes dava um grande rendimento.

Os magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento,
E o monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns olhos sem calor e sem entendimento.

E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:
Deram esmola até mendigos quase nus.
E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos,

Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz,
Que andais pelo universo há mil e tantos anos,
Exibindo, explorando o corpo de Jesus.

Guerra Junqueiro – Freixo de Espada à Cinta, 1850-1923

12 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Turquia – O fascismo islâmico avança em silêncio

Denuncio, há muito, o perigo do país onde a laicidade se degradou perante sucessivos atestados de islamita moderado, passados ao líder político pelos regimes democráticos da Europa e pelos EUA.

A escalada na conquista do poder absoluto de Erdogan só foi possível com o incentivo desses países, quando o Irmão muçulmano ganhou democraticamente as eleições, para a decapitação das Forças Armadas e dos Tribunais, guardiões da laicidade.

O assassinato de dois juízes, que subscreveram o acórdão que legitimava a interdição do uso do véu nas Universidades, mereceu de Erdogan palavras públicas de compreensão, em defesa da liberdade, … de usar símbolos religiosos, que a Constituição proibia. Nem aí, sem repúdio pelo assassinato de juízes, houve um sobressalto perante o político que tinha como objetivo combater a laicidade e estimular o fervor islâmico.

A Turquia dispõe do exército mais numeroso da Nato fora dos EUA e do segundo mais poderoso, depois do Reino Unido, com um enorme arsenal nuclear da Nato estacionado no seu território.

Uma tentativa falhada de golpe de Estado, mal esclarecida, permitiu ao presidente entrar na violenta repressão contra a comunicação social, os Tribunais, as universidades e os militares que lhe oferecessem absoluta confiança.

Na última terça-feira, dia 5 de dezembro, quando os convites do reitor da Universidade de Coimbra chegavam a casa dos professores a convidá-los para a missa da Imaculada, em 8 de dezembro, na Turquia começou o julgamento de centena e meia de professores universitários acusados de “terrorismo”, sujeitos a longas penas de prisão, pelo “crime” de terem subscrito, em janeiro de 2016, um abaixo-assinado que apelava a negociações com o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) que Erdogan considera terrorista.

O ato inofensivo de apelar ao retomar das negociações de paz no Sudeste do País não é abrangido pelo direito de expressão e pode estender-se a todos os 1128 professores que assinaram a petição. Resta acrescentar que, segundo a revista Visão, de onde recolhi os dados numéricos, 885 desses professores universitários, signatários da petição, já foram alvos de processos administrativos e disciplinares para os expulsar da docência.

Nas universidades dos países democráticos não há um movimento de solidariedade com os colegas turcos, talvez distraídos com a época natalícia. Por razões geoestratégicas, a Europa, Rússia e EUA preferem o silêncio à coragem de enfrentar a deriva ditatorial.

A Turquia é uma metástase do islamismo político que alastra lenta e silenciosamente sem respeito pelos direitos humanos nem pela herança de Mustafa Kemal Atatürk.

11 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Jerusalém e a Assembleia da República (AR)

A maldição da cidade santa de três monoteísmos, que se digladiam entre si, transforma-a num barril de pólvora pronto a explodir à aproximação de qualquer detonador.

O proselitismo religioso e o expansionismo sionista conjugaram-se para dificultar a paz e a convivência entre Estados. O caminho do Paraíso que aí buscam, através de orações e bombas, os muçulmanos, judeus e cristãos, fazem da cidade um Inferno, e da região o húmus onde germina o ódio e o terrorismo.

Para ampliar a tragédia, quiçá para antecipar o Armagedão, faltava o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e o anúncio da transferência da embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém, decididos por Trump, contra os avisos de líderes mundiais e as sucessivas decisões da ONU, num intolerável atropelo ao direito internacional.

Jerusalém, cidade do Muro das Lamentações, da Basílica do Santo Sepulcro e do Domo da Rocha, que inclui a Mesquita de Al-Aqsa, foi o local de partida de Cristo e Maomé a caminho do Paraíso de cada um deles, segundo a mitologia das respetivas religiões, e é a cidade onde os judeus ortodoxos cabeceiam o Muro das Lamentações.

Não se sabe se a decisão irracional, de consequências imprevisíveis para a região e para o mundo, teve em vista desviar atenções das investigações por corrupção de Netanyahu e da interferência da Rússia nas eleições que conduziram Trump à presidência e que ora conseguiu, pela primeira vez, unir o mundo. Contra os EUA e Israel.

Portugal “condena o reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado de Israel pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump”, com votos favoráveis de todos os partidos, perante um voto apresentado por BE, PS e PAN. Com a enigmática abstenção de João Soares (PS) a várias propostas, houve unanimidade em todos os partidos, PSD, PS, PCP, BE, PEV, PAN, só quebrada no CDS. Vale a pena averiguar os problemas de consciência que dilaceraram o partido mais à direita, onde a líder, prudentemente, votou com outros deputados a condenação dos EUA.

O que terá levado cinco deputados do CDS a absterem-se e Teresa Caeiro e João Rebelo a votarem contra?