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27 de Fevereiro, 2006 Carlos Esperança

Deus e deuses

Gosto dos deuses gregos e do plágio que deles fizeram os romanos. Quando se tornam mitos os deuses ficam simpáticos, enquanto vivos são perigosos.

Os deuses, numerosos, tinham força, graça e beleza. Tinham sexo e reproduziam-se. Eram humanos e tornaram-se agradáveis, talvez por terem caído em desgraça.

O deus monoteísta, protector de tribos convencidas de serem o povo eleito, juntou em si o pior que os homens tinham e o mais execrável de que só deus é capaz.

Os homens, às vezes, são cruéis, deus é sempre e mantém-se eternamente vingativo. Os homens são machistas, prepotentes e arrogantes, deus é tudo isso, divinamente, e muito mais. É misógino e tem o culto da personalidade.

Deus gosta de orações, sacrifícios e jejuns. Adora liturgias idiotas em hebraico, árabe ou latim. Deseja ver pessoas de joelhos ou de rastos. É um déspota de baixo nível e egoísta de alto coturno.

De tanto assustar os homens foram-se estes cansando dele e deixam-no morrer, devagar, como quem esquece o algoz, se emancipa do opressor e prefere a liberdade à obediência e a felicidade de um só dia à glória da eternidade.

Progressivamente, os homens sobrepõem os seus direitos aos caprichos divinos, trocam a teocracia pela democracia e a vontade individual prevalece sobre a de deus. Este não vive sem o clero, a sua guarda pretoriana que lhe interpreta a vontade e a impõe à força.

A única desculpa de deus são os homens que o criaram e os parasitas que vivem dele.

26 de Fevereiro, 2006 Carlos Esperança

Ainda os negócios de Deus

Paul Marcinkus[BE1] , o enorme arcebispo de 1,94 metros e cem quilos de peso, responsável dezoito anos pelas finanças do Vaticano, não foi apenas o infeliz «banqueiro de Deus» que ajudou à falência do Banco Ambrosiano.

Ele dizia que «não se pode gerir a igreja a poder de Ave-Marias» e foi coerente com esta verdade comprovada desde a mercearia até à Microsoft.

Quando aceitou a presidência do IOR (banco do Vaticano) que tinha implícito o barrete cardinalício, uma mordomia substituta da comparticipação de lucros, declarou que, até aí, só tinha como experiência de gestão financeira a colecta dominical a seguir à missa.

Os desfalques foram em nome de Deus mas o Vaticano perdeu 500 milhões de dólares e enlameou-se. Não se soube o destino dos 1.300 milhões de dólares que levaram o Banco Ambrosiano à falência. O director, Roberto Calvi, foi encontrado enforcado numa ponte de Londres e Michele Sindona, outro amigo do arcebispo, foi envenenado na prisão.

Mas o pio bispo, amigo de vários papas, impedido de ser julgado por JP2 (os subsídios ao sindicato Solidariedade não caíram do Céu) recolheu aos EUA em 1990, reformado.

Foi pai solteiro. Deixou um filho único e um escândalo do tamanho da ICAR.

[BE1]Expresso de 25/2/2006 pg. 22

26 de Fevereiro, 2006 Palmira Silva

O Vaticano e o Islão – I

No livro que viu estrategicamente a luz do prelo uns dias antes do concílio que rapidamente o elegeu, «Values in Times of Upheaval» (Valores em tempos de crise), Ratzinger expressava as suas preocupações sobre o futuro de uma Europa sob a ameaça da laicidade e do Islão. Em que basicamente advoga que a laicidade, a exclusão de Deus da vida pública, nos impede de responder convenientemente à ameaça islâmica.

Segundo Ratzinger «Para sobreviver a Europa precisa de uma aceitação crítica da sua cultura cristã» e, fazendo as delícias dos grupos de extrema-direita, referindo-se ainda à baixa taxa de natalidade europeia e à necessidade de mão de obra imigrante afirmou que «Na hora do seu maior sucesso a Europa parece ter ficado vazia interiormente, paralizada por uma crise que lhe ameaça a vida e dependente de transplantes».

Preocupações que foram ainda alvo de uma alocução, igualmente estratégica, que proferiu no convento da Saint Scholastica em Subiaco, Itália, na véspera da morte anunciada de João Paulo II, no primeiro de Abril de 2005.

Alocução em que Ratzinger identifica o racionalismo iluminista, herança da Renascença que retirou «Deus» (isto é a Igreja de Roma) do centro de decisões na Europa, como o grande perigo. Assim, afirmou que «de acordo com a tese do iluminismo e cultura secular da Europa, apenas as normas e conteúdos do iluminismo são passíveis de determinar a identidade europeia» o que tem como consequência que «esta nova identidade, determinada exclusivamente pela cultura iluminista, implica igualmente que Deus não participa de todo na vida pública e nos alicerces do Estado».

Em resumo, segundo Ratzinger a cultura do iluminismo é execrável porque pondo a sua tónica nos direitos humanos e não na «vontade» divina (interpretada e debitada pelo Vaticano), explicando cientificamente o mundo sem necessitar de Deus, desenvolvendo uma ética e uma moral à revelia do emanado de Roma, é a causa última dos problemas com que a Europa se debatia (e debate), nomeadamente a ameaça islâmica.

Como corolário da sua mensagem, o na altura Cardeal clamou que a sociedade ocidental assente nos direitos humanos era um erro que nos tinha conduzido ao «abismo» actual. Afirmando que «Uma ideologia confusa de liberdade leva ao dogmatismo» – em que esta ideologia «confusa» envolve, p.e., o fim da discriminação da mulher, divinamente ordenada, e da homossexualidade, uma «desordem objectiva» – Ratzinger urgiu a necessidade de todos, crentes e não crentes, viverem e regerem a sua vida como se Deus existisse, veluti si Deus daretur, ou seja, subordinados aos ditames e dogmas do Vaticano.

Ou seja ainda, aproveitando habilmente a conjuntura actual, Ratzinger decretou a falência dos valores de tolerância e respeito pelos direitos do homem, os responsáveis pela crise actual, e advogou que a única resposta ao fundamentalismo islâmico só pode ser o retorno à cristandade, a supremacia da religião sobre todos os aspectos da vida, isto é, ao fundamentalismo cristão!

25 de Fevereiro, 2006 Carlos Esperança

O perigo está na fé

As religiões são o cimento que aglutina impérios e exacerba a demência tribal. Foram sempre pretexto para o expansionismo e a xenofobia.

As religiões abraâmicas plagiaram-se sucessivamente e tornaram-se cada vez piores.

Deus, fugindo ao desprezo e tédio, rumou um dia ao Monte Sinai para chatear Moisés e, depois disso, não mais largou a humanidade nem esta deixou de o promover em feiras místicas, simpósios litúrgicos e peregrinações beatas.

O judaísmo degenerou em cristianismo e as metástases deste conduziram ao islamismo. As religiões necessitam de açaime. Sabe-se o que sofre a humanidade quando se deixam à solta.

Deus tornou-se saprófita dos homens, espécie de micróbio intestinal, alçado a criador do Céu e da Terra. Ficou-se por aí porque o medo não conhecia mais mundo para lá do seu habitat e da sua imaginação.

O cristianismo passou de seita a religião graças a Constantino, que se proclamou o 13.º apóstolo. Foi infanticida, assassino e uxoricida, ninharias que não impediram o clero de lhe confiar plenos poderes no concílio de Niceia em 325.

A isenção de impostos para bens imobiliários do clero, as prebendas e a construção de igrejas justificaram o pio silêncio. O Paraíso não tem preço mas paga-se caro.

Dezassete séculos depois, o comportamento do clero mantém-se. Em todas as religiões.

25 de Fevereiro, 2006 Palmira Silva

Um juíz muito católico

No passado dia 3 de Fevereiro, Rachel Bevilacqua, um membro activo do grupo satírico religioso/artístico intitulado The Church of the Subgenius, onde é conhecida como a Reverendo Maria Madalena, foi privada da custódia do seu filho, Kohl Jary, por um juíz de New York, após este ter apreciado as fotografias apresentadas pelo pai da criança, que retratavam Bevilacqua num festival Subgenius, o festival blasfemo X-Day (a que o filho não assistiu).

O juíz, um mui devoto católico, ficou completamente enfurecido quando viu as fotografias da Maria Madalena na paródia encenada sobre o filme de Mel Gibson «A paixão de Cristo» -especialmente a foto em que Jesus [Steve Bevilacqua] usa maquilhagem de palhaço e um crucifixo com um sinal de dólar em vez de uma figura pendurada e é espancado por uma multidão de SubGenii, incluindo uma mulher em topless com um «dildo». Igualmente ofensiva foi considerada a foto em que Rachel aparece com uma cabeça de cabra e especialmente ofensiva a resposta de Rachel à pergunta porquê uma cabra; Rachel respondeu que achava a palavra cabra divertida.

O juíz Punch perdeu completamente a compostura e começou a gritar com Rachel Bevilacqua, chamando-a uma «pervertida», «doente mental», «mentirosa» e participante em orgias. O juíz ordenou que Rachel não poderia ter algum contacto com o filho, nem mesmo por escrito, uma vez que as fotografias eram prova suficiente de «doença mental severa». Ou seja, o devoto juíz condenou a mãe por blasfémia!

Este incidente, em que uma mãe é privada de qualquer contacto com o seu filho devido às suas convicções (ou falta delas) religiosas, não é um caso isolado. O ano passado um juíz de Marion County, Indiana, na sentença de divórcio de um casal proibiu que os pais (ambos Wiccans) permitissem qualquer contacto do filho, que frequenta uma escola católica, com a sua religião. A sentença foi posteriormente revogada com o auxílio da ACLU, (American Civil Liberties Union), uma organização que luta pela defesa dos direitos consagrados dos americanos, com especial ênfase nos últimos tempos na defesa da liberdade religiosa (que inclui para a ACLU a liberdade de não professar alguma religião), o que lhe tem merecido epítetos de anti-cristianismo por parte dos claramente «perseguidos» e «discriminados» cristãos americanos!

Ambos os casos indicam o que alguns juízes cristãos americanos pensam sobre liberdade religiosa… Não parece implausível pensar que mais crianças sejam retiradas aos pais por juízes que se sentem ofendidos nas suas crenças cristãs pelas crenças, comportamentos ou palavras blasfemas dos pais dessas crianças! Esperemos que no caso de Rachel e em eventuais outros a ACLU consiga combater as tendências totalitárias do cristianismo!

25 de Fevereiro, 2006 Palmira Silva

Casamentos humanistas

Desde Junho último, data em que se celebrou na Escócia o primeiro casamento humanista legalmente reconhecido, cada vez mais casais britânicos optam por este tipo de cerimónia. De facto, embora oficialmente apenas na Escócia estas cerimónias sejam legais, a par das cerimónias religiosas, a procura de serviços humanistas em ocasiões em que as igrejas tinham o monopólio tem crescido exponencialmente nos últimos anos.

Muitos casais, como Colin Arnott e Trisha Rankin, optam por um casamento humanista em alternativa à cerimónia civil, que consideram impessoal e burocrática uma vez que, não tendo convicções religiosas, consideram hipócrita um serviço religioso.

O humanismo, com o seu ênfase em valores morais e éticos de facto, sem qualquer «revelação» subjacente, é a escolha óbvia para aqueles que sem convicções religiosas pretendam celebrar acontecimentos importante da sua vida, de forma pessoal e personalizada, sem as banalidades hipócritas e anacrónicas e sem nada a ver com os celebrantes enunciadas por um qualquer padre.

O facto de cada vez mais jovens optarem por um casamento humanista, tornando-se automaticamente membros da sociedade humanista, é um excelente indício e uma esperança para o futuro. Espero que esta possibilidade de cerimónias humanistas, casamentos, funerais e, quiçá, celebrações de nascimento, seja rapidamente alargado a toda a comunidade europeia. As minhas filhas (e eu) pessoalmente adorariam celebrar os respectivos casamentos e o nascimento da nova geração de uma forma consentânea com os seus valores!

24 de Fevereiro, 2006 Palmira Silva

Guerras da religião em escalada

Depois do ataque bombista que destruiu a cúpula da mesquita de al-Askari, um dos locais mais sagrados dos shiitas, o Iraque está mergulhado no que ameaça ser uma guerra civil entre shiitas e sunitas.

Também da Nigéria chegam notícias pouco auspiciosas de confrontos religiosos entre muçulmanos e cristãos, que, se não forem controlados, podem evoluir para uma guerra civil.

Como já tinha referido, desde 2000 a Nigéria tem sido palco de violentas confrontações entre muçulmanos e católicos que causaram milhares de mortes e de refugiados. Desde 2001, quando os mais violentos confrontos se verificaram, o norte da Nigéria, em que muitos estado adoptaram a Sharia em 2000 e onde se verifica um programa agressivo para forçar a lei islâmica (wahhabita) a todos os habitantes, tem assistido uma escalada de tensão entre religiões, que culminou no fim de semana passado em manifestações anti-cristãs que causaram a morte a cerca de 50 cristãos, incluindo dois padres, e resultaram na destruição de igrejas, casas e lojas pertencentes a cristãos.

A Associação Cristã da Nigéria (CAN) avisou há uns dias que os cristãos poderiam retaliar do sucedido, tendo o seu dirigente máximo, o arcebispo Peter Akinola, relembrado «Podemos nesta altura recordar aos nossos irmãos muçulmanos que eles não detêm o monopólio da violência nesta nação».

E de facto a violência da retaliação cristã abateu-se sobre os muçulmanos residentes no sul da Nigéria, onde são maioritários os cristãos, nos últimos dias. Multidões de cristãos em fúria assassinaram e queimaram mesquitas um pouco por todo o Sul do país. Na cidade de Onitsha cerca de 80 pessoas foram assassinadas e um bairro muçulmano com cerca de 100 casas foi completamente arrasado.

Nesta cidade, Ifeanyi Ese, um cristão de 34 anos, afirmou sobre os restos do que fora uma mesquita: «Nós não queremos mais estas mesquitas. Estas pessoas têm causado problemas em todo o mundo porque não têm medo de Deus». E escreveu no que restava de uma parede da mesquita «Maomé é um homem mas Jesus é divino».

Como o Diário Ateísta vem há muito escrevendo as guerras da religião, não guerras de civilizações, são a ameaça anacrónica da modernidade. E, como também escrevemos, todos os fundamentalismos são iguais; não há fundamentalismos bons e fundamentalismos maus. A reacção ao fundamentalismo islâmico não pode ser, como muitos advogam, o fundamentalismo cristão. Apenas na laicidade reside a esperança de paz neste mundo conturbado violentamente por guerras de religiões.

24 de Fevereiro, 2006 fburnay

Delírios Astrais (II)

Aos olhos de muitos, as rigorosas regras da Astrologia têm um aspecto sério, científico. Este é o primeiro erro ao avaliar a qualidade científica de uma dada prática. A seriedade laboratorial e o respeito pelas normas de trabalho são obviamente parte do trabalho científico. Mas isso não é tudo. É que as regras da Astrologia são perfeitamente arbitrárias. E porquê?

Por várias razões. Só é possível calcular o mapa astrológico de alguém que tenha nascido à superfície da Terra. Para quem nasceu, hipoteticamente, em Vénus, com período de rotação contrário ao da Terra, qual será o seu ascendente? O que dizer então de quem nasce a orbitar Aldebarã, uma estrela da constelação zodiacal do Touro? Para essa pessoa o seu signo será sempre Escorpião, já que é a constelação oposta ao Sol? Poderá eventualmente argumentar-se que uma possível projecção topográfica na superfície da Terra daria as coordenadas correctas. Nesse caso a necessidade de saber exactamente a posição geográfica desvanecer-se-ia! Seja como for, o que dizer então de quem nasça no centro da Terra? Será uma singularidade astrológica? Entrando mais em detalhe, já que a Astrologia permite calcular mapas de quaisquer eventos, qual é o mapa astrológico da formação do Universo? E o do Sistema Solar? E quem viaja a velocidades suficientemente grandes (só para contrariar a noção clássica de simultaneidade) necessitará de uma correcção relativista?
Se tivermos ainda em conta a precessão dos equinócios (a trajectória elíptica da Terra em torno do Sol roda em relação ao fundo de estrelas) então as coisas complicam-se ainda mais. Na Antiguidade o Sol não passava nas mesmas constelações que passa hoje na mesma altura do ano e hoje em dia os signos estão todos desfasados.

E o que dizer de Urano, Neptuno e Plutão, que só foram descobertos em 1781, 1846 e 1930 respectivamente? Se a distância de um astro não é relevante, isso significa que todos os mapas astrológicos feitos antes destas descobertas estão errados?

Todas estas questões algo pueris partem de um detalhe muito simples. A Astrologia baseia-se numa hipótese de geocentricidade absoluta e de um Universo imutável. A invariabilidade da esfera celeste é imprescindível. Daqui a poucos milhares de anos a estrela polar não estará mais no Pólo Norte mas um pouco ao lado. As constelações desvanecer-se-ão. O próprio Sol não é eterno. Os antigos não sabiam disso. Hoje em dia como pode uma pessoa continuar a acreditar piamente neste tipo de previsões?

Há quem argumente que a Astrologia não é mais que uma compilação de sabedoria antiga, uma mnemónica mística. Mas já entre os antigos havia sábios que não iam nas cantigas dos astrólogos. O próprio Kepler, teorizador da Astrologia que teve de sobreviver parte da sua vida à sua custa, considerava-a um assunto «oco e estúpido». É que na Antiguidade já havia charlatanice. Este tipo de intrujice é naturalmente mais fértil num clima de ignorância e credulidade.

A Astrologia é uma farsa. Pode ser interessante conhecer as suas origens, a sua mitologia. Fora isso é uma disciplina estéril e supersticiosa. Mas a charlatanice continua e o grave disto tudo é haver quem a leve a sério.

Publicado em simultâneo no Banqueiro Anarquista

24 de Fevereiro, 2006 fburnay

Delírios Astrais (I)

A Astrologia é uma arte divinatória que consiste em interpretar o céu pressupondo que existe um paralelismo entre a vida terrena e as posições dos corpos celestes. Os astrólogos dizem-se capazes de aconselhar quem os procura baseando-se para isso em medições astronómicas e a alguns cálculos astrológicos. Há variadíssimos tipos de astrologia desde a babilónica, grega, medieval ou moderna à chinesa, tibetana ou cabalística. Haverá certamente semelhanças e diferenças entre elas mas todas se unem na crença de que os céus são um espelho da vida dos homens.

O interesse na observação astronómica na Antiguidade confunde-se entre a ciência observacional no estudo dos astros, o dividendo tecnológico para navegação e orientação em viagem e a previsão do futuro. Quando Kepler se tornou Matemático Imperial da corte de Rudolfo II em 1601 o cargo de Astrólogo Imperial estava implícito.

A influência dos astros está longe de ter comprovação experimental. No passado, fenómenos e termos estranhos à maioria das pessoas como a gravidade ou o electromagnetismo (o magnetismo animal de Mesmer adoptado por Allan Kardec, por exemplo) eram indicados com estando na origem da ligação aos corpos celestes. Hoje em dia poucos astrólogos defendem essa hipótese já que as distâncias da Terra aos planetas mencionados em Astrologia tornam irrisórias quaisquer influências nesses termos. O que se afirma é que a posição dos astros na esfera celeste pela altura do nascimento de uma pessoa (ou da altura em que ocorre determinado evento) é que é determinante para a análise astrológica.

Em alternativa a questionar a fantasmagórica influência que os astros supostamente têm sobre as pessoas ou a sua taxa de sucesso bem embaraçosa (e segura por arames com argumentos ad hoc), um outro tipo de exercício, bem mais simples, permite recusar qualquer pretensão de seriedade que a Astrologia (ou os astrólogos) tenha.


A eclíptica e os signos zodiacais, a Levante

A astrologia horoscópica que está na base da astrologia moderna, popular na cultura ocidental, baseia-se no cálculo do signo e do ascendente de uma pessoa. O percurso aparente do Sol na esfera celeste, ao longo do ano, define uma linha chamada eclíptica. As constelações no fundo dessa linha definem os 12 signos. O signo solar de uma pessoa depende da sua data de nascimento. Corresponde à constelação que a posição do Sol tem como fundo no momento em que essa pessoa nasce. O ascendente (em grego, horoskopos) calcula-se tendo em conta a data, hora e local geográfico de nascimento da pessoa – a constelação zodiacal que nasce no horizonte, a Este, determina-o. A partir daí, alegadamente, é possível prever os traços de personalidade e aconselhar o interessado quanto às decisões a tomar no futuro.