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19 de Março, 2018 Carlos Esperança

Gazeta Ateísta

Por

ONOFRE VARELA

 

COM A RELIGIÃO NÃO SE BRINCA” 

Os dirigentes dos partidos políticos da Direita têm uma enorme incapacidade de perceberem a vida dos pobres que alguns deles constantemente desrespeitam e oprimem.

Está na memória de todos nós a infeliz frase de Assunção Cristas, proferida em época de eleições autárquicas, concorrendo à presidência da Câmara Municipal de Lisboa: “Calço as galochas e vou aos bairros sociais”. A sua infeliz frase demonstra que ela não sabe que um bairro social não é uma pocilga, e pior do que isso: imagina que é!… E imaginando-o, está a colocar num patamar muito baixo a dignidade das pessoas que habitam os bairros, esquecendo que a dignidade dos habitantes de bairros sociais é igual à sua. Ela só tem mais dinheiro, o que não é sinónimo de ser mais digna!

Já Marcelo Rebelo de Sousa, com todas as suas demonstrações de carinho, estando com quem sofre, levando ânimo a quem passa por momentos maus, não pôde deixar de escorregar nas palavras e nas ideias, quando sugeriu a um sem abrigo, num acto de distribuição de comida em noite de Natal, que levasse para casa o resto do pão que não comeu, porque “é muito bom para fazer torradas”… esquecendo que um sem-abrigo não tem casa, não tem torradeira, não tem fogão, e nem tem manteiga para poder fazer as tão apetitosas torradas…

Quem sempre viveu numa casa aquecida, confortável, com a dispensa bem fornecida e o frigorífico cheio, não imagina o que é não ter onde se abrigar, passar fome e frio, e não ter nos bolsos, nem dinheiro, nem cartões de crédito ou de débito.

A um outro nível menos social, no campo das ideias que animam (mas também desanimam) a nossa sociedade, ouvi um alto dirigente do CDS dizer, no congresso de Lamego, em discurso inflamado debitado para uma plateia ideologicamente igual aos palestrantes, a frase “com a Religião não se brinca”, referindo-se a algo que uma dirigente do Bloco de Esquerda teria dito sobre a estátua do Cristo Rei de Almada.

Ele não sabe que a Religião não é uma estátua!… Ele não sabe que se pode (e deve) brincar com tudo, menos com a saúde, o bem estar, o ensino das populações e o pão dos trabalhadores pagos miseravelmente. O seu partido defende os ordenados baixos e a ideia do “trabalhador-descartável”. Muitos dos empresários apoiantes da Direita brincam com a vida das famílias que têm como único sustento a força do seu trabalho vendido ao patronato. A Religião é usada sem vergonha pelos partidos de Direita que, efectivamente, brincam com o sentimento religioso do Povo, explorando-o, também, na crença. Estes discursos da Direita são falsos como Judas. Se Jesus Cristo voltasse à Terra, certamente não permitiria a entrada na sua Igreja a muitos dos que se afirmam “tão-democratas-cristãos”… e têm atitudes “tão-pouco-cristãs”. Nem sei se reconheceria a Igreja como sua…

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

18 de Março, 2018 Carlos Esperança

Marcelo, o Islão e a Ordem da Liberdade

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou na última sexta-feira a Comunidade Islâmica de Lisboa, com a Ordem da Liberdade, numa cerimónia em que se assinalaram os seus 50 anos.

Depois de ter atribuído o seu mais alto grau a Cavaco Silva, cidadão sobre o qual não há a mais leve suspeita de ter defendido a liberdade ou o menor indício de ser contra a ditadura, espera-se tudo do destino da venera que devia estar reservada para quem lutou contra o fascismo, para os militares que o derrubaram e para quem presta relevantes serviços na defesa da liberdade e dos direitos humanos.

Atribuir a Ordem da Liberdade a uma religião, a qualquer religião, já seria uma ousadia, mas atribuí-la a uma Comunidade fiel ao monoteísmo que é totalitário na sua essência, e incapaz de separar o poder político do religioso, é uma ofensa aos valores da laicidade e da democracia.

O Islão, na sua perversa conceção do mundo e no proselitismo agressivo que pratica, só merece o respeito que a democracia exige para com os crentes e jamais o apreço pela crença que discrimina a mulher, promove casamentos impostos a meninas de nove anos e manda decapitar infiéis, apóstatas e mulheres adúlteras.

Havia outras condecorações para outorgar a uma comunidade que, por ser minoritária, merece esforços de integração, mas atribuir uma venera que devia distinguir apenas os que se batem pela democracia, igualdade de sexos, e defesa de valores civilizacionais que estão presentes nas democracias laicas, não podia ter pior destinatário.

Não me repugna a presença pedagógica de cristãos e ateus numa confraternização com a minoria muçulmana portuguesa, mas foi apenas uma confraternização de homens num mundo de onde as mulheres são excluídas. E isso é uma cedência a um monoteísmo que é o maior inimigo da liberdade.

Marcelo disse que o princípio da liberdade religiosa consagrado na Constituição está “irreversivelmente enraizado” na sociedade portuguesa, o que é verdade, mas desafio-o a provar que esteja sequer previsto nesse tenebroso manual chamado Alcorão.

Sinto-me tão indignado com a outorga da Ordem da Liberdade à Comunidade Islâmica como ela se sentiria se Marcelo lhe tivesse levado umas sanduiches de leitão.

Marcelo está a ficar cada vez mais o que chamou, há muitos anos, a Pinto Balsemão, no Expresso.

17 de Março, 2018 Carlos Esperança

A ICAR e o preservativo

A Igreja católica embirrou com o preservativo com a mesma obsessão paranoica de Maomé ao toucinho e com o ódio adicional à sexualidade, comum às duas religiões.

Houve quem julgasse que as mentiras arrojadas do arcebispo católico do Maputo contra o preservativo eram declarações exóticas de um fanático à revelia do antro do Vaticano: «Eu conheço dois países na Europa que fabricam preservativos contendo o vírus da sida. Eles querem acabar com os Africanos, é o programa. Se nós não nos prevenirmos, seremos exterminados dentro de um século.»

Estas afirmações não são disparates isolados do mais destacado bispo moçambicano no País que tem quase 18% dos seus 19 milhões de habitantes seropositivos, são um crime contra a humanidade em que se encontra acompanhado pelo cardeal Alfonso Lopez Trujillo, presidente do Conselho Pontifical para a Família no Vaticano (Estado onde os cidadãos estão proibidos de constituir família). Este cardeal avisou os católicos de que todos os preservativos são fabricados secretamente com muitos buracos microscópicos através dos quais o vírus da Sida pode passar. Em vez de pedir emprego numa fábrica de preservativos, na secção do controle de qualidade, dedica-se ao terrorismo verbal.

Rafael Llano Cifuentes, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, explicou durante um sermão o facto de a sua Igreja ser contra o preservativo com um argumento demolidor: «nunca vi um cãozinho usar um preservativo durante uma relação sexual com uma cadela».

Altos membros da ICAR têm dito aos crentes que os preservativos transmitem a SIDA: o cardeal Obando y Bravo da Nicarágua, o arcebispo de Nairobi, no Quénia, e o cardeal Wamala do Uganda. Nenhum deles se distinguiu pela inteligência ou bondade, mas têm em comum a piedade e a devoção ao Papa. Constituem um perigoso grupo de facínoras que contribuem para a propagação da SIDA e para o aumento da mortalidade.

Nos últimos 10 anos, já houve alguns progressos. O atual papa parece ter-se apercebido dos benefícios do preservativo para o combate às doenças sexualmente transmissíveis e abandonou a cruzada contra o latex.

Fonte principal dos nomes dos malfeitores: «deus não é Grande», de Christopher Hichens (2007)

16 de Março, 2018 Carlos Esperança

Momento de Poesia

Adeus, Stephen Hawking…

 

Foste habitar aquela estrela, que descobriste,
e pela qual te apaixonaste,
depois de teres encontrado Deus
num buraco negro, onde ELE se escondia,
para o obrigares a renegar tudo o que ELE dizia
sobre a criação do Universo e da vida humana…

Do teu corpo morto fizeste uma nova vida
para o nosso espanto,
pois não temos a tua força nem a tua inteligência
nem sabemos devorar as insónias
das galáxias, das estrelas, dos planetas e dos cometas
e tudo aquilo que a Física Quântica
provoca nas nossas cabeças
com as suas insondáveis incógnitas…

Nasceste no dia em que Galileu, há trezentos anos, morreu,
e morreste no dia em que Einstein nasceu,
na ponta final de dois séculos atrás,
e eu não sei se isto não foi uma partida de Deus,
para vos catalogar à entrada do céu…

O que eu sei é que vais levar os seus corações na tua mão
para que a Física vença a ignorância
e triunfe no meio das trevas e da escuridão…

Adeus, Stephen Hawking…

Alexandre de Castro

Lisboa, Março de 2018

15 de Março, 2018 Carlos Esperança

Stephen Hawking – A voz da ciência

Aos 76 anos faleceu o mais notável físico contemporâneo, que uniu a cosmologia e a termodinâmica, e se tornou um divulgador extraordinário da ciência.

Sem poder falar foi a voz mais escutada, sem se mover, viajou intensamente e, fazendo ‘bom uso do seu tempo’, escreveu o famoso livro «Breve História do Tempo». Com «Aos Ombros de Gigantes, as Grandes Obras da Física e da Astronomia», «O Fim da Física», «A Natureza do Espaço e do Tempo», «O Universo numa Casca de Noz» e outros, desafiou a espada de Dâmocles que sobre ele pendia e ontem se soltou.

Tudo na vida deste cientista de rara intuição e excecional capacidade intelectual foi um verdadeiro paradoxo. Condenado pela doença, libertou-o a ciência, abandonado pelos músculos, mantiveram-no os neurónios, e não deixou que a debilidade física o reduzisse à inutilidade ou que a razão cedesse às crenças: «Não é necessário invocar Deus para acender o pavio e colocar o universo em movimento»; «Vida além da morte? “Isso é um conto de fadas para pessoas com medo do escuro”. Estudou e fez luz sobre os buracos negros, desafiador, controverso, algumas vezes incoerente, sempre lúcido e carregado de humor.

Amou e foi amado. Fez filhos, escreveu livros, desbravou a ciência, cumpriu-se.

Viveu 44 anos preso a uma cadeira de rodas e 32 a comunicar através de um sintetizador de fala, sem deixar de participar em conferências, investigar, percorrer os caminhos da vida e os da Física, a ensinar.

O universo foi o seu domicílio e as leis da Física a sua religião. Continua a habitar o seu lugar de sempre, fiel à religião que abraçou. Imortal. Ateu.

15 de Março, 2018 Carlos Esperança

Sobre os ateus da AAP

Há quem nos ache supérfluos, indignos e malformados, quem julgue a nossa presença inútil, prejudicial ou perigosa, quem gostasse de nos calar, amordaçados ou erradicados. E nós, ateus, teimosamente vivos, perante a indiferença divina e o espanto dos crentes, persistimos em ser voz ao serviço da liberdade, do livre-pensamento e da descrença.

Todas as religiões que disputam os negócios da fé se julgam inspiradas no único Deus verdadeiro, donde se conclui facilmente que na melhor das hipóteses todas são falsas e só uma é autêntica ou, no caso mais provável, que nenhuma delas passa de um embuste de que se alimentam os parasitas da fé à custa dos ingénuos.

Os ateus respeitam os crentes e desprezam as crenças. São como médicos que cuidam os doentes e atacam as doenças; são solidários com os que sofrem e abominam os que incentivam o sofrimento; defendem a felicidade, o conhecimento e a razão e combatem a resignação, a subserviência e a superstição.

A AAP não defende posições racistas, discriminações com base no sexo, na religião ou em qualquer outro pressuposto. Não fomenta o nacionalismo ou o belicismo e reitera, a cada momento, a determinação na defesa dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Qual a religião que se conforma com tais princípios? Defendemos a liberdade, os direitos humanos e a democracia. Combatemos a pena de morte, a prisão perpétua e a tortura. Somos contra o racismo, a xenofobia e a discriminação sexual.  Há alguma religião que nos acompanhe? Quem é intolerante?

É ignóbil que alguém procure impedir a prática de uma religião, mas é ainda mais abjeto haver quem imponha, um hábito a que não renunciam facilmente os prosélitos dos diversos credos, determinados a fazer cumprir a vontade do deus a que se encontram avençados, escravos da vontade divina imaginada na mente embotada dos seus padres.

As sociedades que aprofundam o laicismo não põem em causa o exercício da liberdade religiosa, e as que se submetem a uma Igreja facilmente confiscam todas as liberdades em nome de um Deus que não existe, com uma sanha persecutória e uma vocação totalitária própria de quem se julga detentor de verdades absolutas.

14 de Março, 2018 Raul Pereira

Stephen Hawking (1942-2018)

Stephen Hawking

When people ask me if a god created the universe, I tell them that the question itself makes no sense. Time didn’t exist before the big bang, so there is no time for god to make the universe in. It’s like asking directions to the edge of the earth (…). We have this one life to appreciate the grand design of the universe, and for that I am extremely grateful.” — Stephen Hawking.

13 de Março, 2018 Carlos Esperança

O clerical-fascismo existiu na Península Ibérica

O fascismo e o nazismo foram fenómenos de natureza secular, mas foi o antissemitismo cristão que os tornou possíveis. Sem a cumplicidade dos bispos protestantes e católicos, nunca a tragédia se poderia ter consumado.

O fascismo sob a forma de genocídio, gratuito e sinistro, em Espanha, e na versão mais regrada, em Portugal, com apenas alguns assassinatos, muitas torturas, discriminações e prisões, foi a lepra que resistiu à derrota do nazi/fascismo em 8 de maio de 1945.

Os regimes opressivos resistiram porque a guerra fria os alimentou na cruzada contra o comunismo, qual muro que o clero reacionário e as polícias políticas ergueram com a bênção das democracias europeias e do percurso hegemónico dos EUA.

O fascismo teve em Espanha um grotesco general, inculto e soez, que deixou à solta os bandos de assassinos franquistas e se permitiu legar a Espanha a forma de regime e um sucessor educado na Falange, a que a Constituição possível retirou o poder absoluto.

Em Portugal um professor inteligente e reacionário, sem mundo e sem modos, um ex-seminarista amoral, foi o protagonista da ditadura fascista. Do lado de lá da fronteira, esteve um cabo de guerra que preservou até ao fim a pena de morte legal numa das suas formas mais cruéis. Do lado de cá, o mesmo medo, atraso e insegurança dominavam o País, mas, em vez das Forças Armadas, a violência foi entregue às polícias e não houve fuzilamentos em massa nem valas comuns.

Os dois biltres foram algozes, nenhum deles deixou saudades, mas ambos mantêm ainda cúmplices de segunda e terceira geração que precisam de vigilância cívica.

Em comum tiveram a estreiteza de vistas, o conservadorismo do catolicismo de Trento e a presunção de eternizarem as ditaduras.

Se na política se distinguiram pela violência, foi nos costumes que se identificaram num mesmo espírito misógino, na violência contra as mulheres, na fiscalização do vestuário e na subordinação que lhe impuseram em relação ao homem.
Portugal e Espanha tiveram um ignóbil passado comum dentro do fascismo.

Deixo aqui amostras do pensamento ibérico, em castelhano, sobre o papel da mulher, tal como o viam os dois patifes, Franco e Salazar, amigos do peito e da hóstia.

Foto de Carlos Esperança.

11 de Março, 2018 Carlos Esperança

Ateísmo – Livro de um sócio da AAP

Tenho a honra de informar todos os associados da AAP que vou lançar um Livro de minha Autoria intitulado:

O UNIVERSO – A TERRA – O HOMEM

E O HOMEM CRIOU DEUS (ES) À SUA IMAGEM

É um livro que fala de ciência (origem do universo, da terra, do homem, das religiões, do cristianismo [da sua envolvência e inter-relação com outras religiões]. Retrata o Autor como humanista e racionalista, com o intuito de perceber como tudo se intersecta e como se relaciona.

O lançamento vai ter lugar na Biblioteca Municipal do Fundão no dia 14 de Abril de 2018, pelas 15 horas,

E nas instalações da Editora Chiado, concretamente, no Café Literário, sito na Rua de Cascais, 57, Alcântara em Lisboa, no dia 21 de Abril de 2018, pelas 14,40 horas.

 

Sendo sócio da Associação Ateísta Portuguesa (AAP), é com prazer que convido todos a estarem presentes num ou noutro lançamento, podendo trazer amigos que também serão bem-vindos.

Mas, a todos os que não puderem estar presentes e que queiram adquirir o livro, poderão fazê-lo na internet, nos Websites de FNAC; da WOOK; Nos Websites da Livraria CHIADO; da Livraria Bertrand.

Aqui pode ser adquirido por todos os leitores, a partir de qualquer parte do mundo.

A hiperligação é a seguinte:

O Universo – A Terra – O Homem.

Ou podem adquiri-lo nas Livrarias Bertrand, Almedina, na Sonae, Auchan, entre outros.

 

Obrigado antecipadamente pela aquisição e desejo que a leitura destas e daquelas minhas palavras cós sejam benéficas e sirvam para incrementar a cultura científica dos estimados leitores.