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Categoria: Vaticano

21 de Junho, 2010 Carlos Esperança

A intolerância do Vaticano

O selvagem ataque do Osservatore  Romano a José Saramago, no dia seguinte à sua morte, mostra que o Vaticano continua a ter uma leitura puramente ideológica da literatura, esquecendo que Saramago, independentemente  das suas ideias e convicções, é o grande escritor que é pela qualidade da sua escrita, pela mestria da sua linguagem e pela sua criatividade ficcional. E mostra igualmente que o Vaticano continua tão intolerante com os não crentes como sempre foi, como se o humanismo fosse um monopólio religioso. Não podendo já mandá-los para a fogueira da Inquisição, não poupa porém no ódio nem no rancor.

Se o Vaticano julga que desse modo pode apoucar postumamente o escritor, engana-se. Pelo contrário, há ataques que engrandecem.

In Causa Nossaaqui, por Vital Moreira

20 de Junho, 2010 Carlos Esperança

A morte de Saramago vista do Vaticano

Não se esperava daquele bairro de 44 hectares onde adejam sotainas e reluzem mitras, daquela teocracia que fabrica santos e rubrica milagres, onde o celibato é o estado civil obrigatório e a santidade a profissão do Papa, que a morte de Saramago fosse sentida.

Desta vez, pelo menos, livrou-nos da hipocrisia. O escritor que quis ser incinerado na morte não foi cremado em vida como soía acontecer aos hereges. E, como o respeito é muito bonito, não teve na morte o acompanhamento lúgubre dos funcionários do deus de Bento XVI, nem de outras seitas, que vendem o Paraíso a retalho e ameaçam com o Inferno por atacado.

Quando o Estado do Vaticano afirma, no obituário do jornal oficial, que Saramago era ‘populista extremista‘, manifesta a raiva de quem não perdoa, de quem esquece o seu próprio passado e os crimes que cometeu e comete.

As Cruzadas, a Inquisição, as perseguições aos judeus, a Reforma e a Evangelização são alguns dos momentos mais cruéis dos dois últimos milénios. A encíclica Syllabus é um monumento de intolerância e perfídia que só um Papa podia ter escrito, ao contrário das páginas de Saramago onde a discutível visão do mundo é um hino à língua portuguesa e uma homenagem amarga aos que são vítimas da tirania.

‘L’Osservatore Romano, de hoje, revela-se um  pasquim à altura do ódio que medra por entre velas com odor a incenso. É a imagem do que a Igreja católica ainda seria capaz se mantivesse o poder temporal e se os Estados não tivessem domado a vocação despótica do clero romano.

Saramago é e será uma referência mundial de pensador que, não tendo o monopólio da verdade, procurou contribuir para a justiça social no mundo. Foi um livre-pensador e o notável escritor que sonhou um mundo melhor.

Pelo contrário, o Vaticano tem como Papa um ex-inquisidor que se apoia no Opus Dei, na Legião de Cristo e na Fraternidade Sacerdotal de S. Pio X, movimentos abertamente reaccionários, anti-semitas e de pendor fascista.

Eu não trocava uma página de Saramago pelas obras completas dos último Papa.

13 de Junho, 2010 Fernandes

O Banco de Sua Santidade

IOR, – Instituto das Obras Religiosas -, é apenas uma das instituições financeiras mais importantes do Vaticano. Os mais altos dignitários da política, privilegiam o IOR nas suas relações bancárias. A seu tempo, pessoas como Giulio Andreotti e outras personalidades bastante próximas dele, como Bisignani e os seus amigos ou o cardeal Angelini, também escolhiam o banco do Papa para as operações ilegais camufladas.

Os maiorais da Democrazia Cristiana naqueles anos, faziam fila à porta do IOR. Uns para reciclar dinheiro de subornos, outros pelas compensações da Máfia, outros ainda, como Gianni Prandini, de Bréscia, o poderoso ministro dos Trabalhos Públicos no sexto e sétimo governo de Andreotti, para colocar em segurança as suas consideráveis poupanças.

No IOR, o antigo ministro sentia-se em casa. Nos anos noventa, perante a suspeita, e debaixo do ataque dos jornalistas, o antigo ministro volta-se para o IOR para aí guardar o seu dinheiro. Uma escolha previdente, dadas as investigações que o envolvem pouco tempo depois e que farão ruir a Primeira República por entre julgamentos, prisões e apreensão de bens.

Passados 15 anos, em 2005, Prandini regressa ao IOR para tomar posse dos seus bens, mas o dinheiro, entretanto, tinha desaparecido. O antigo ministro exibe toda a sua fúria, mas do dinheiro nada se sabe. Recorre assim às entidades oficiais e denuncia o Banco do Vaticano.

No auto de citação, Prandini afirma que o então vice-director Scaletti teria sido fiador ao confiar formalmente as suas poupanças a um sacerdote bastante conhecido, Corrado Balducci, exorcista que ficou conhecido na televisão como «demonólogo», autor de livros sobre Satanismo e Ovniologia.

Balducci, na qualidade de sacerdote e, portanto, elegível para cliente do IOR, assumiu a função de testa-de-ferro. Abre duas contas no IOR, uma em liras e outra em moeda estrangeira, para proteger o tesouro, bastante considerável, do antigo ministro. Na primeira são creditados 3 biliões, na segunda 1,6 milhões de dólares. Mas, quando Prandini bate à porta do exorcista, em 2005, para recuperar a quantia, esbarra contra uma surpresa demoníaca. O dinheiro desaparecera.

A verdade é que Prandini ainda hoje pede 5 biliões a Scaletti e ao Banco do Vaticano, não sabendo para quem se há-de virar para encontrar o tesouro. A verdade é que Balducci morreu a 20 de Setembro de 2008, aos 85 anos, levando os segredos com ele para o túmulo. Uma magia baixa que ameaça deixar Prandini sem um tostão.

A história tragicómica de Prandini torna explícita a multiplicidade de testas-de-ferro e feiticeiros das magias financeiras que gravita em torno do Banco de Sua Santidade.

*Adaptado de, Gianluigi Nuzzi, Vaticano S.A.

1 de Junho, 2010 Carlos Esperança

Há provas da eficácia?

PAPA PEDE ORAÇÕES PELA ÁSIA

O Serviço de Informação do Vaticano divulgou que nas intenções de oração do Papa Bento XVI para o mês de Junho estão o respeito à vida humana desde a concepção até a morte natural e o anúncio do Evangelho na Ásia.

31 de Maio, 2010 Carlos Esperança

Celibato tridentino: companheiras de padres católicos escrevem ao papa!

Por

E – Pá

O jornal católico Il Dialogo [28.Maio.2010] publicou uma “carta aberta” subscrita por cerca de 4 dezenas de companheiras de padres católicos, dirigida a Bento XVI, questionando a cada vez mais polémica manutenção – no seio da ICAR – da regra do celibato dos eclesiásticos.
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Em Março passado, o arcebispo de Viena, cardeal Schonborn, defendeu que a abolição da regra do celibato poderia limitar abusos sexuais no interior da Igreja.
Contudo, Bento XVI, foi peremptório no rejeitar desta pretensão. Relembrou, na ocasião, a sua fidelidade ao “princípio sagrado do celibato”…

As mulheres de actuais padres católicos resolveram – então – escrever uma carta aberta ao papa, relembrando que o chefe da Igreja pretende conferir um carácter sagrado a uma situação que, historicamente, não o é.
Na verdade – como defendem as companheiras de padres – o celibato dos eclesiásticos é uma regra [não será para estas crentes um “sacramento”], elaborada por homens, mais concretamente, no concílio de Trento [séc. XVI] …
Na realidade, a verdade histórica revela que nenhuma das religiões monoteístas – excepto a católica – adoptou a “regra do celibato”…

Aguardemos, pois, a resposta [ou a mais provável “não-resposta”] do Vaticano a esta oportuna missiva…