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Categoria: Vaticano

30 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Para que servem as orações?

Por

José Moreira

“Passeando” pelos jornais televisivos, deparo-me com a notícia, a correr em rodapé, de que “Bento XVI reza constantemente pelos mineiros do Chile (o sublinhado constantemente não é meu)”.


Desde logo, não está provado que as rezas possam servir para alguma coisa. Se servissem, certa

mente que nada teria acontecido aos mineiros, pois as famílias também devem rezar constantemente para que nada lhes aconteça. Além disso, tudo quanto é gente está empenhada em tirar os mineiros da dramática situação em que se encontram.

Fundamentalmente, estão empenhados em dar-lhes, enquanto durar esta situação, as melhores condições possíveis, evitando a entrada em depressão, tentando mantê-los ocupados, enfim, descrever as preocupações das diversas autoridades seria um exercício redundante, já que os leitores certamente acompanharão o desenrolar da situação.

De qualquer modo, onde eu quero chegar é a este ponto: as autoridades não estão a procurar a solução do problema nas mãos de uma qualquer divindade. Ou seja, eles não confiam em deuses para resolver os problemas. Provavelmente confiaram, ao não acautelar as devidas condições de segurança (respiros com escadas, por exemplo); se o fizeram, o resultado está à vista. Depois, acresce outra questão: onde estava Deus quando se deu a derrocada?

Mas a questão principal até nem é essa. “Bento XVI reza constantemente pelos mineiros do Chile”. Muito bem, se calhar é a sua obrigação. Mas, porquê a publicidade? Porquê a ânsia de protagonismo? Porquê a compulsiva atitude de se pôr em bicos de pés? Não foi Jesus que disse algo como “Mas, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mateus 6:3)?

21 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

O Vaticano está obsoleto

Juan G. Atienza acusa a Igreja de, com a colaboração do Opus Dei, tentar criar o governo teocrático universal sonhado por Paulo. A sua aberta aliança com a Mafia internacional e a pseudo-maçonaria financeira bem como o abuso indiscriminado do negócio milagreiro (Lourdes, Fátima, La Salette, Chestojowa, o sangue de S. Pantaleão, os milagres do padre Pio, etc., são outras acusações que o mesmo autor lhe faz e de que todas as pessoas se podem dar conta.

Em «Os pecados da Igreja» o Opus Dei aparece como o instrumento do confronto final entre o cristianismo e o islão fundamentalista.

Quem pensa que o estado-maior da ICAR esquece a guerra santa, quem julga que sob as sotainas se escondem apenas desejos reprimidos e votos de castidade, ignora o potencial de violência de que a fé, a repressão sexual e o desejo de martírio são capazes.

Numa carta apostólica sobre o Ano da Eucaristia, João Paulo II concedeu uma indulgência plenária aos católicos que «participaram numa missa, adoração eucarística ou procissão». Enganaram-se os que pensavam que a Igreja tinha mudado. Até na  promoção dos produtos repetiu os bónus que levaram à ruptura com Lutero.

Graças ao fabrico de beatos e santos, em série, JP2 passou a ICAR da época artesanal para a era industrial, com o negócio a ser continuado por B16.

Quem acredita na conversão da ICAR à modernidade?

18 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Madre Teresa de Calcutá (3) – Fim

Por

C S F

Madre Teresa faleceu em 1997. No primeiro aniversário da sua morte, duas freiras na aldeia Bengali de Raigunj afirmam ter prendido uma medalha de alumínio da falecida (uma medalha que estivera, supostamente, em contacto com o seu corpo morto) no abdómen de uma mulher chamada Monica Besra. Esta mulher, que se dizia sofrer de um grande tumor uterino, ficou, assim, curada. Monica é um nome católico não muito comum em Bengala e, portanto, provavelmente quer a paciente quer, sem dúvida, as freiras já eram fãs de Madre Teresa. Esta definição não abrangeria o Dr. Manju Murshed, o director do hospital local, nem o Dr. T. K Biswas e o seu colega ginecologista, o Dr. Ranjan Mustafi. Os três afirmaram que a senhora Besra sofria de tuberculose e de um crescimento ovariano e que fora tratada com sucesso dos dois problemas. O Dr. Murshed ficou particularmente aborrecido com os inúmeros telefonemas que recebeu da ordem de Madre Teresa, as «Missionárias da Caridade», pressionando-o para dizer que a cura tinha sido milagrosa.

A própria paciente não constituiu um tema de entrevista muito impressionante, falando a alta velocidade porque, como disse, «se assim não fosse poderia esquecer» e pedindo que não lhe fizessem perguntas porque talvez tivesse de se «lembrar». O seu próprio marido, um homem chamado Selku Murmu, quebrou o silêncio algum tempo depois para dizer que a mulher tinha sido curada com um vulgar e simples tratamento médico,

Qualquer supervisor hospitalar em qualquer país dirá que às vezes os pacientes têm melhoras extraordinárias (do mesmo modo que pessoas aparentemente saudáveis adoecem muitas vezes com problemas inexplicáveis e graves). Aqueles que desejam certificar milagres podem querer dizer que essas melhoras não têm explicação «natural». Mas isto não significa de forma alguma que há uma explicação «sobrenatural». este caso, porém, não houve nada surpreendente no regresso da saúde da senhora Besra. Alguns distúrbios comuns tinham sido tratados através de métodos bastante conhecidos. Estavam a ser feitas reivindicações extraordinárias sem as provas mais básicas. A imposição de Agnes Gonxha Bojaxhiu ao mundo inteiro em Roma como a santa cuja intercessão se impôs à medicina é um escândalo que adiará ainda mais o dia em que os aldeões indianos deixarão de acreditar em charlatães e faquires.

Muitas pessoas morrerão assim sem necessidade por causa deste «milagre» falso e vil. Se isto é o melhor que a igreja sabe fazer numa época em que as suas reivindicações podem ser verificadas por médicos e repórteres, não é difícil imaginar o que foi inventado em tempos passados de ignorância e medo, quando os padres enfrentavam menos dúvida ou oposição.

17 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Madre Teresa de Calcutá (2)

BEATIFICAÇÃO POLÉMICA

Por

C S F

No dia 19 de Outubro de 2003, o papa João Paulo II beatificou Madre Teresa justificando o seu acto com milagre ocorrido com Monica Besra, uma indiana, que foi curada de um tumor no ovário após tocá-lo com uma medalha de Madre Teresa

A madre é fortemente atacada por diversos estudiosos como Christopher Hitchens e Richard Dawkins por ter desviado dinheiro de doações para proveito próprio de sua irmandade, promovendo o sofrimento dos pobres como um meio de arrecadar fundos.
O livro de Christopher Hitchens revela o relacionamento da madre com figuras como Jean-Claude Duvalier e o economista Charles Keating. Este foi responsável pelo roubo de 250 milhões de dólares pertencentes a dezessete mil investidores. Doou 1,25 milhões à irmandade de madre Teresa, que não comentou os acontecimentos.
Sanal Edamaruku, presidente do grupo Rationalist International, no dia da beatificação da freira, acusou-a de mostrar uma imagem distorcida de Calcutá, onde o grupo da religiosa nem se nota. Sanal demonstrou que diversos argumentos e factos defendidos pela freira não terem fundamento ou terem sido manipulados para se adequar à sua visão de pobreza, e que os abrigos da irmandade de Teresa eram construídos de modo desorganizado, tornando-se focos de contaminação e desordem.

Christopher Hitchens foi convidado pelo Vaticano para testemunhar numa audição para a beatificação de Agnes Bojaxhiu, uma ambiciosa freira albanesa que se tomou muito conhecida sob o nome de «Madre Teresa». Muito embora o então papa tenha abolido o famoso cargo de «Advogado do Diabo», para canonizar rapidamente um enorme número de «santos» novos, a igreja continuava a ser obrigada a procurar o testemunho de críticos e assim que aquele jornalista representou o diabo, por já ter ajudado a denunciar um dos «milagres» relacionados com Agnes Bojaxhiu.

O homem que a tornou famosa foi um evangelista (mais tarde católico) inglês chamado Malcolm Muggeridge. Foi o seu documentário Something Beautijül for God, transmitido pela BBC em 1969, que lançou a marca «Madre Teresa» no mundo. O operador de câmara do seu filme era um homem chamado Ken Macmillan, que tinha ganho um prémio pelo seu trabalho na grande série sobre história realizado por lorde Clark, Civilisation. A sua percepção de cor e luz era excelente. Eis a história tal como Muggeridge a contou no livro que acompanhou o filme:
A Casa dos Moribundos de Madre Teresa é mal iluminada por pequenas janelas no cimo das paredes e Ken MacmilIan foi inflexível na recusa de fiImar naquele local. Tínhamos trazido apenas um holofote pequeno e seria completamente impossível iluminar adequadamente o espaço no tempo que tínhamos ao nosso dispor. Não obstante, ficou decidido que Ken tentaria, mas para ter uma garantia de qualidade filmaria igualmente num pátio no exterior onde alguns dos habitantes estavam sentados ao sol. Depois de revelado o filme, a parte filmada no interior estava banhada por uma luz suave e especialmente bela e a parte filmada no exterior encontrava-se bastante esbatida e confusa…
Eu próprio estou absolutamente convencido de que a luz tecnicamente inexplicável é, de facto, a Luz Bondosa a que o cardeal Newman se refere no seu maravilhoso e muito conhecido hino.

Este terá sido o primeiro milagre fotográfico autêntico…
O testemunho verbal directo de Ken Macmillan, o operador de câmara foi os eguinte:
Durante Something Beautifull for God, aconteceu um episódio quando fomos levados a um edificio a que a madre Teresa chamava a Casa dos Moribundos. Peter Chafer, o realizador, disse, «Ah, bem, está muito escuro aqui dentro. Achas que vamos conseguir filmar alguma coisa?» Como tínhamos acabado de receber na BBC uma película nova fabricada pela Kodak que não tinhamos tido tempo de testar antes, eu disse para Peter, «Bem, podemos tentar». E filmámos. E quando voltámos, várias semanas depois, cerca de um ou dois meses mais tarde estávamos sentados na sala de visionamento de filmes não editados dos Ealing Studios quando foram projectadas as imagens da Casa dos Moribundos. E foi surpreendente. Viam-se todos os pormenores. E eu disse, «É surpreendente. É extraordinário». E preparava-me para dizer que devíamos dar três vivas para a Kodak. No entanto, não tive tempo para falar porque Malcolm, que estava sentado na primeira fila, voltou-se e disse: «É luz divina! É a Madre Teresa. Vais descobrir que ê luz divina, meu rapaz.» E passados três ou quatro dias comecei a receber telefonemas de jornalistas de jornais londrinos que diziam coisas do género: «Ouvimos dizer que acabou de voltar da Índia com Malcolm Muggeridge e que foi testemunha de um milagre.»

Em fui convidado pelo Vaticano para uma sala fechada que continha uma Bíblia, um gravador, um monsenhor, um diácono e um padre, e pediram-me se poderia dar a minha opinião sobre a questão da «serva de Deus, a Madre Teresa». Porém, enquanto eles pareciam estar a perguntar-me isto de boa-fé, os seus colegas do outro lado do mundo certificavam o «milagre» essencial para permitir a concretização da beatificação (prelúdio para a canonização plena).

17 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Madre Teresa de Calcutá (1)

MADRE TERESA DE CALCUTÁ – INFORMADORA DA PIDE

Por

C S F

BEATIFICAÇÃO SEM FUNDAMENTO

Agnes Gonxha Bojaxhiu, nasceu em 26 de Agosto de 1910, em Skopje, na Macedônia, filha de pais albaneses, numa família de três filhos, sendo duas raparigas e um rapaz.
Aos 12 anos, decidiu fazer-se missionária, por influência jesuíta.
Aos 18 entrou na congregação das Irmãs do Loreto que trabalhava em Bengala.
De Dublin foi enviada para a Índia em 1931 para iniciar seu noviciado em Darjeeling no colégio das Irmãs de Calcutá com o nome de “Teresa”..
De Darjeeling passou para Calcutá, onde exerceu, durante os anos 30 e 40, a docência em Geografia no colégio bengalês de Sta Mary, também pertencente à congregação de Nossa Senhora do Loreto.
Fez a profissão perpétua a 24 de Maio de 1937.
Com a partida do colégio, tirou um curso rápido de enfermagem.
Em 1946, decidiu reformular a sua trajetória de vida. Dois anos depois deixou de ser monja e criou a sua Ordem – As Missionárias da Caridade, uma nova congregação de caridade, para ensinar crianças pobres a ler. Passou a ensinar o alfabeto, as regras de higiene. Além disso, angariava donativos.
Naturalizou-se indiana no dia 21 de Dezembro de 1948.
A partir de 1950 começou a apoior os doentes com lepra.
Ao primeiro lar infantil ou “Sishi Bavan” (Casa da Esperança), fundada em 1952, juntou-se o “Lar dos Moribundos”, em Kalighat.

A sua crise espiritual começou nos anos 50, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade adoptando então por uma posição agnóstica.

Madre Teresa de Calcutá foi informadora da PIDE/DGS, relatando e descrevendo a situação vivida nos antigos territórios portugueses na Índia, através de cartas regularmente enviadas a Abílio Pires. Este ex-inspector confirmou-o em declarações a um semanário português em 1997 (não acredito muito em agentes da PIDE…).

Em 1965, o papa Paulo VI organizou a expansão da congregação com o nome de Congregação Missionárias da Caridade a outros países como Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Ceilão, Itália, antiga União Soviética, China, etc. e neles estabeleceu entre 1968 e 1989 centros de apoio a leprosos, velhos, cegos e doentes com HIV, escolas, orfanatos e trabalhos de reabilitação com presidiários.

Recebeu o Templeton Prize, em 1973, e o Nobel da Paz, no dia 17 de Outubro de 1979.
Morreu em 1997 aos 87 anos, de ataque cardíaco.
Tratado como um funeral de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem.
As televisões do mundo inteiro transmitiram ao vivo durante uma semana, a cerimónia no estádio Netaji.

15 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Viagem de negócios de B16 a Londres

A pouco mais de um mês da visita que o papa Bento XVI fará à Grã-Bretanha, entre os dias 16 e 19 de Setembro, crescem as preocupações quanto a possíveis ações de protesto contra a presença do Pontífice no país.
(…)
Posteriormente, um documento secreto da Chancelaria britânica com piadas sobre a viagem veio a público, com sugestões de que o líder máximo da Igreja Católica abençoasse um casamento gay, inaugurasse um departamento para abortos em um hospital e lançasse um novo tipo de preservativos com o nome de ‘Benedict’ durante sua estadia.

14 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

ICAR: O que é um perdão especial pleno ?

O papa Bento XVI decidiu conceder um perdão especial pleno a quem participar em Cuba da peregrinação de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira da ilha, organizada por ocasião do 400º aniversário do achado de sua imagem.

O Papa não deixa de me surpreender na cruzada obscurantista e no apelo à mais básica superstição. Não discuto os pergaminhos de «Nossa Senhora da Caridade do Cobre» nem o mérito que a guindou a padroeira de Cuba e, muito menos, a utilidade que teve para os cubanos, o contributo que deu para o seu bem-estar ou as provas de preocupação com o povo.

Também desconheço a diferença entre um «perdão especial pleno» e um vulgar a 30%. Só conheço tais classificações para distinguir uma boa aguardente do álcool absoluto e não vejo o que tenha a ganhar um crente com os perdões de um Papa que vai em viagem de negócios dinamizar uma peregrinação da qual, à semelhança da de Fátima, receberá uma percentagem.

As padroeiras da ICAR são responsáveis por maior número de mortes nas estradas do que milagres nos santuários. A Senhora da Caridade do Cobre será útil para extorquir uns cobres aos devotos mas não se vê o prejuízo para quem não vá à peregrinação e perca essa magnífica oferta de «perdão especial pleno».

As indulgências que um papa obsoleto anda a vender ao domicílio acabam por revoltar alguns crentes bem intencionados e que vão fazer uma religião para outro lado onde não se vendam a retalho.

A fé não é um anestésico local, é um estupefaciente que se trafica a troco de perdões especiais plenos na mais ignóbil exploração da ingenuidade e do sofrimento.

Apostila – Este post, agendado para 13-08-2010, não foi publicado por falha do sistema. É publicado agora.