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Categoria: Vaticano

29 de Outubro, 2010 Carlos Esperança

A fábrica dos milagres não pára

Dezoito anos depois da morte de Irmã Dulce, na Bahia, a Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano reconheceu um milagre atribuído a ela. O anúncio de que Irmã Dulce se tornará beata foi feito ontem pelo cardeal arcebispo da Bahia e arcebispo primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, que trabalhou nos últimos anos para que o milagre fosse reconhecido. A beatificação ainda precisa ser anunciada pelo papa Bento XVI.
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A Igreja ainda não revelou o milagre pelo qual a Irmã Dulce se tornará beata.

Comentário: Segundo a notícia referida, a ICAR já está a trabalhar o segundo milagre para a canonizar. Depois dizem que são os ateus que ridicularizam a Igreja !!!

28 de Outubro, 2010 Carlos Esperança

Papa interfere na campanha brasileira

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Para Bento XVI os líderes da Igreja têm o “dever moral” de se pronunciar sobre matérias políticas sempre que estão em causa “os direitos fundamentais da pessoa humana”.

As palavras do Papa serão inevitavelmente lidas como uma mensagem política, por terem sido proferidas na véspera das eleições no Brasil. A campanha presidencial, que opõe Dilma Rousseff a José Serra, tem sido marcada pelo tema do aborto e da sua eventual liberalização.

Pergunta: As mulheres violadas, em risco de vida ou com más formações fetais devem ser presas no caso de interromperem a gravidez?

28 de Outubro, 2010 Carlos Esperança

O discurso do novo embaixador no Vaticano

O discurso de apresentação das Cartas Credenciais do novo Embaixador de Portugal junto do Vaticano foi um acto de bajulação pia, sem ética republicana, e a manifestação de subserviência em nome de um país laico e democrático.

O embaixador Fernandes Pereira esqueceu-se de que representa o país e não um grupo de peregrinos e de que Portugal é um Estado laico e não um protectorado do Vaticano.

Para o Sr. Embaixador pode ter sido a maior honra pessoal e profissional da sua vida dirigir-se ao «Beatíssimo Padre», mas não o foi para todos os portugueses, sobretudo para os que lhe reprovam o mal que tem feito à humanidade com a teologia do látex, nos países onde a SIDA dizima populações, e nas posições em relação à contracepção, planeamento familiar, saúde reprodutiva da mulher, sexualidade e igualdade de género.

A alegada emoção do Sr. Embaixador com a canonização de D. Nuno Álvares Pereira, devida ao milagre obrado em D. Guilhermina de Jesus a quem curou o olho esquerdo, queimado com salpicos de óleo fervente de fritar peixe, é para muitos portugueses um motivo de troça e não de comoção, por ter transformado o herói em colírio.

Ao recordar que «um Predecessor de [Sua] Santidade honrou Portugal, na pessoa do seu Rei, com o título de Fidelíssimo», veio lembrar quanto ouro custou a Portugal, que vivia na miséria, esse título obtido por D. João V, o rei que mantinha a sua amante predilecta, madre Paula, no convento de Odivelas. Devia ter evitado remexer no passado devasso e perdulário de Sua Majestade Fidelíssima, um dos reis que mais dinheiro dissipou à Coroa e mais filhos bastardos deixou ao reino.

O Sr. Embaixador não tem o direito de se apresentar como «o intérprete da arreigada devoção filial do Povo Português à Igreja e a [Sua] Santidade …» por respeito ao pluralismo ideológico e à liberdade religiosa do País que o diplomata representa.

O que pensarão ateus, agnósticos, cépticos, crentes de outras religiões, e mesmo alguns católicos, do embaixador que se permitiu terminar o seu discurso solicitando ao Papa «que paternalmente se digne abençoar Portugal, os Portugueses e os seus Governantes e, se tal ouso pedir, a Embaixada, a minha Família e eu próprio»?

O discurso ofendeu os portugueses livres-pensadores com a linguagem beata e a falta de pudor com que, em ano do Centenário da República, o embaixador humilhou todos os que dispensam a bênção papal. A prédica foi uma oração rezada de joelhos em nome de Portugal.