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Categoria: Vaticano

1 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

Como vender um produto fora de prazo

 

Vaticano: Diálogo da Igreja com não-crentes vai ser primeira iniciativa associada ao Ano da Fé

A neutralidade segundo S. Ratzinger

A realização de um encontro entre crentes e não crentes em Assis, Itália, no dia 6 de outubro, vai ser a primeira iniciativa associada ao Ano da Fé, revela hoje o jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano.

“Deus, este desconhecido” é o tema da sessão do “Átrio dos Gentios” na cidade onde nasceu São Francisco (1182-1226), iniciativa que antecipa a abertura oficial do Ano da Fé, que decorre entre 11 de outubro e 24 de novembro de 2013.

 

23 de Julho, 2012 Carlos Esperança

Mordomo do Papa em liberdade condicional

O porta-voz do Vaticano revelou este sábado que o ex-mordomo de Bento XVI, acusado de “furto agravado” de documentos pertencentes ao Papa, vai ficar em liberdade condicional, com prisão domiciliária.

Paolo Gabriele, detido a 23 de maio, estava detido de forma preventiva desde então, após ter sido acusado de um crime que pode valer até 8 anos de cadeia, na sequência do caso de fugas de informação no Vaticano, conhecidas por ‘Vatileaks’, que deram origem à divulgação pública de dados reservados.

Comentário – Ou sabe muito e tem pouco tempo de vida ou é um idiota útil e vai morrer de velhice.

23 de Julho, 2012 Carlos Esperança

Os culpados foram o Espírito Santo e o mordomo

Padre Federico Lombardi considera «gravíssima» a criação de novas suspeitas nesta matéria

O porta-voz do Vaticano criticou hoje uma notícia sobre o alegado envolvimento de três colaboradores de Bento XVI no caso de fuga de informação e de documentos do Papa, com divulgação pública de dados reservados.

O padre Federico Lombardi diz que a acusação de “cumplicidade” das pessoas referidas no artigo do jornal italiano ‘La Reppublica’ é de “extrema gravidade” e refere que são citadas intervenções que foram “repetida e publicamente” desmentidas.

20 de Julho, 2012 Carlos Esperança

A feira dos milagres (R)

Na ânsia de fabricar milagres, JP2 e B16 convocaram centenas de defuntos, sepultados em zonas de confiança ideológica da ICAR, para curarem uma criança aqui, uma freira acolá, um médico noutro sítio, enfim, uma quantidade enorme de doentes que Deus sadicamente tinha estropiado. A boa vontade dos defuntos, em péssimo estado de conservação, aliviou alguns cristãos das moléstias enviadas pela divina providência, na sua infinita bondade.

O exercício da medicina tem sido o passatempo desses bem-aventurados, há muito desaparecidos, cristãos com pecados apagados pelo tempo e virtudes avivadas pelo Papa. No laboratório do Vaticano autenticam-se certificados de garantia para os milagres e criam-se novos beatos e santos que povoam a folha oficial do bairro de 44 hectares.

Antigamente era o próprio Cristo que se deslocava à Terra para ajudar a ganhar batalhas aos seus eleitos ou que aconselhava os cristãos sobre a forma de matarem os infiéis com mais eficácia. Depois de numerosos desaires, ou porque a idade e o reumático lhe limitaram as deslocações, Deus deixou ao Papa a tarefa de engendrar os milagres mais adequados à promoção da fé e estupefação dos crentes. Os dois últimos pontificados abandonaram o método artesanal de fazer um santo aqui outro acolá, de acordo com os interesses políticos do Vaticano e as oferendas dos países favorecidos, para se dedicarem à industrialização.

As curas de cancros foram, durante muito tempo, as preferidas da Cúria romana. Problemas de ossos, moléstias da pele, diabetes, paralisias e outras doenças fazem parte do cardápio da santidade. Mas, com tanta clientela para elevar aos altares, o Vaticano já chegou ao ponto de deixar para um imperador (Carlos I da Áustria) a cura de varizes a uma freira. Foi uma ofensa aos quatro filhos vivos que assistiram à beatificação. Se para um imperador sobra como milagre a cura de varizes, JP2, quando for um sólido defunto, arrisca-se a não ter disponíveis mais do que dois furúnculos para curar, numa catequista da Polónia, se quiser chegar a santo pois não pode repetir o número do Parkinson numa freira.

Os medicamentos estragaram os milagres de grande efeito, como a cura da lepra, por exemplo. Há milagres que o Vaticano não arrisca – hemorroidas, por causa do sítio, e a sífilis, a blenorragia, a SIDA e outras moléstias que associa ao pecado.

Mas há enganos que há muito deixou de cometer, canonizar por engano um cão que julgava mártir, ou uma parelha de mulas que morreram de exaustão e que a ICAR pensou tratar-se de santas mulheres que sacrificaram a vida pelo divino mestre.

Os milagres são cada vez mais rascas mas os dados biográficos dos que os obram são cada vez melhor escrutinados.

 

19 de Julho, 2012 Carlos Esperança

Canonize-se Pio 12. Já.

Com a fúria canonizadora dos dois últimos papas não sei se Pio XII já foi promovido a santo ou se ainda permanece um simples beato. Aliás, tendo o beato direito a adoração local, não sei se um beato pode ser adorado em toda a União Europeia, espaço onde o Vaticano é a última teocracia.

Pio 12 não foi um celerado que arrancasse olhos aos sérvios, um carrasco que estivesse nos campos de concentração a assassinar judeus, um biltre que usasse as próprias mãos para despachar hereges a caminho do Inferno.

Pio 12 foi apenas um Papa católico, amigo da ordem e da paz, antissemita como os seus pios antecessores e anticomunista como os sucessores. Foi com muita mágoa – dizem os panegiristas de serviço –, que assistiu em silêncio ao extermínio dos judeus e, depois da guerra, para compensar, converteu conventos e seminários em refúgios nazis, enquanto a diplomacia do Vaticano arranjava passaportes para a América do sul.

Não se pode condenar Pio 12 pelo antissemitismo. É um dever que o Novo Testamento impõe, é o culto de uma tradição que alimentou as fogueiras do santo Ofício e um preito de gratidão a todos os santos que perseguiram judeus e moiros e dilataram a fé.

Pio 12 apenas queria celebrar concordatas com os Estados fascistas, proteger as famílias cristãs dos malefícios do divórcio e assegurar às crianças o ensino obrigatório da sua fé. Haverá odor que mais agrade a Deus do que o de um herege a ser queimado? Ou maior delícia de quem segue uma religião verdadeira do que a tortura de quem siga uma falsa?

Claro que Pio 12 deve ser canonizado. Quantos biltres o não foram já? O problema que lhe complica a vida é não ser incluído em levas de centenas e, na sua singularidade, ter ainda quem se lembre de que o Vaticano foi um antro de conivência com o fascismo.

Mas não aconteceu o mesmo com JP2, um papa que fazia milagres em vida, apesar de só os mortos terem alvará para o negócio?

Ora, canonize-se o cadáver. Com os anos que já leva de morto, há muito que não fede.