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Categoria: Vaticano

16 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Carta aberta a Galileu Galilei (n. 15-02-1564)

“Eppur si muove!”

Galileu, ontem foi o teu dia de anos. Na sabedoria dos teus 449 anos deves agradecer ao Papa a missa com que celebrou o teu 445.º aniversário. Não sejas ingrato, repara que foi a primeira em séculos de defunção, foi de borla, e talvez em latim, para não atrapalhar o teu entendimento com o italiano moderno. Foi missa solene, daquelas que só se rezam por mortos poderosos. Quem sabe se essa missa não lhe custou a tiara, 4 anos depois.

Foste um felizardo, Galileu Galilei, não foste queimado vivo como Giordano Bruno que também escreveu heresias e a quem ainda querem derrubar a estátua. Não, eu não falei da estátua, daquela horrível tortura a que o Santo Ofício, a PIDE e outras polícias recorriam, referia-me à figura inteira, em pleno relevo, que representa um homem, pode ser em bronze, granito, terracota ou mármore, sim, ou dessas que o Santo Ofício usava para queimar quando lhe fugia o herege.

Eu sei que não sabes, como pode um cadáver saber, mas 350 anos depois da morte, o teu processo foi reaberto e bastaram sete anos para te reabilitarem. Hoje a Terra já é redonda, até para o Vaticano, e gira, mesmo com este Papa, e passas a ter uma estátua nos jardins do Vaticano. Não digas que não é grande a misericórdia dos ungidos do Senhor!

Já te absolveram há mais de uma década e tu, ingrato, não curas um cancro a uma freira nem a moléstia da pele a um médico do Opus Dei, és mal-agradecido, podias chegar aos altares, não faltaria quem te rubricasse um prodígio nem padre postulador para te elevar à santidade, podias até virar colega de S. José Maria Escrivà.

Não rias, é vulgar importar do Inferno um excomungado e exportá-lo para o Paraíso. A agência de viagens celeste faz mudanças, não calculas como evoluíram os transportes, o ex-prefeito da Sagrada Congregação da Fé, como agora se designa o santo Ofício, será o Papa até ao fim do mês e já nomeou uma escolta para transferir Monsenhor Lefebvre.

Hoje, Galileu Galilei, já não há incompatibilidade entre a ciência e a fé, esta é que ainda abomina a primeira, mas já se sabe que deus, na sua infinita sabedoria, no desenho inteligente que concebeu no estirador celeste, andou a espalhar fósseis para pôr à prova os que duvidam que, há exatamente 6017 anos, criou do barro Adão e Eva e do nada fez todas as coisas.

Galileu Galilei, larga o túmulo e, da tua Florença, corre a Roma e agradece ao papa a missa solene e a estátua e diz-lhe que há séculos que deixaste de incomodar a fé com as tuas heresias e que nunca mais farás uma descoberta que prejudique o brilho da tiara e o conforto do camauro. Mas apressa-te, tens 12 dias.

 

16 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Papa B16 – A segurança do Vaticano

A decisão do papa Bento 16 de viver no Vaticano depois de se aposentar lhe permitirá ter segurança, privacidade e proteção jurídica contra eventuais processos que o relacionem a casos de abuso sexual cometidos pelo clero, segundo fontes eclesiásticas e juristas.

“Sua continuada presença no Vaticano é necessária, do contrário ele poderia ficar indefeso. Ele não teria sua imunidade, suas prerrogativas, sua segurança, se estivesse em outro lugar”, disse um funcionário do Vaticano, pedindo anonimato.

Diário de uns Ateus – Só lhe falta o seguro de vida.

15 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

O silêncio de quem silenciou

No dia 28 de fevereiro, às 20H00, o atual papa decidiu para si próprio o que em 1985 impôs ao teólogo Leonardo Boff: o silêncio.

Quem sabe se o anúncio público da sua decisão não foi a forma encontrada para o seu silêncio, escapando a ser silenciado?!

15 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Vaticano: Reflexões soltas…

Por

E – Pá

O clérigo Joseph Ratzinger, a caminho do estatuto de resignatário, dá mostras de ter perdido a guerra pelo poder temporal (para usar uma expressão da teocracia) nos labirínticos meandros do enclave do Vaticano.

Ontem, nas cerimónias religiosas do início da celebração da ‘Quaresma’ – um período de quarentena e de reflexão para aPáscoa – a que ainda presidiu, na qualidade de ‘chefe’ hierárquico da ICAR, afirmou: “O rosto da Igreja é por vezes marcado pelos pecados contra a unidade da Igreja e divisões no clero“. link.

Duas reflexões:

1. – A simbólica época escolhida para resignar parece obedecer a um desígnio (e cansaço) pessoal – que tem sido humanamente exaltado à exaustão – mas, antes disso, terá a ver com a tradicional representatividade alegórica que o cristianismo tanto utiliza. Fazendo-a coincidir com a Páscoa, ela (a resignação) evoca um percurso de ‘libertação’ tanto como é – historicamente – possível entroncar esta época celebrativa religiosa com um Êxodo (o que simbolicamente representa a ‘travessia do deserto’).

2. – O arrazoado de insinuações veladamente utilizadas pelo demissionário nesta sua homilia pós-renúncia como ‘divisões do clero’, ‘unidade da Igreja’, ‘fim da hipocrisia’, ‘rivalidades’ não é inocente, fazendo parte da esotérica linguagem ‘encriptada‘ da ICAR. Mostra como os recentes problemas que fustigaram o Vaticano, no centro dos quais poderão estar venais lutas pelo controlo do IOR bem como a descentralização do ‘poder apostólico’ (retirando perrogativas à Cúria) poderão ter-se encaminhado para um beco sem saída. Ou melhor, cuja saída passará por um novo conclave onde, a nível global, i.e., para além do restrito círculo da cúria romana acantonada no Vaticano, onde as ‘divisões’, as ‘intrigas‘  e as ‘rivalidades‘ são mais do que evidentes, se procederá ao necessário e inadiável ‘ajuste de contas’.

Significativo terá sido a circunstância de no último consistório, após o anúncio da renúncia, ter imediatamente usado da palavra o cardeal Angelo Sodano (ex-secretário de Estado e decano do colégio cardinalício) que a classificou como “um trovão em céu sereno”… link. Expressão vinda de uma eminência da Cúria, referenciada como um dos eventuais ‘corvos’ link, o mesmo que na Páscoa de 2010 (sempre na Páscoa!) sentiu necessidade de quebrar o rígido protocolo e anunciar frente a Ratzinger, em plena praça de S. Pedro, que …”A Igreja está com você!” link.

Entretanto, já longe das sonantes declarações de fidelidade e fugindo à tempestade que se avizinha, Joseph Ratzinger, prepara-se para uma perpétua e serena (?) clausura (a que terá sido ‘condenado’…)

14 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Vaticano e Portugal. IOR e BPN.

Cada vez noto mais semelhanças entre Portugal e o Vaticano. O IOR e o BPN são dois bancos cujo rigor e honestidade causam calafrios nos meios financeiros internacionais e amplas vergonhas nos Estados em que operam.

O BPN levou à demissão de Oliveira e Costa. O IOR levou à demissão do mordomo do Papa e, por fim, do próprio B16.

Em ambos os casos são consideradas positivas as demissões o que significa que eram perniciosas as funções. Oliveira e Costa ganhou uma pulseira, B16 perde o direito ao anel.

A diferença relevante reside em quem paga as fraudes. Em Portugal são os contribuintes e no Vaticano são os crentes espalhados pelo mundo, através das ordens religiosas e dos centros onde se recolhem os óbolos e se distribuem bênçãos.

O Céu está cada vez mais caro.

14 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

O Vaticano e o IOR

Felizes os Papas que, depois do que se passou no banco do Vaticano (IOR), podem dormir sem pulseira.

11 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Surpresa no Vaticano

Ratzinger, PDG do bairro de 44 ha, passa à situação de reforma no final do mês em curso.

A decisão foi anunciada pelo próprio e a luta pela sucessão já começou.