21 de Junho, 2013 Carlos Esperança
Os 100 dias de Francisco paramentado de Papa
O Vaticano tem no perdão um ramo importante dos seus negócios. Desde que não seja dinheiro, tudo é passível de absolvição.
Francisco disse o que não devia, que no Vaticano havia orgias e corrupção, um segredo de polichinelo que nenhum papa ousou denunciar. Por maior que seja a intimidade com Deus, nenhum tem pressa no encontro e, embora ganhem a vida a anunciar que há mais vida para além da morte, comportam-se como o mais empedernido dos ateus, desejando conservar a única em que creem, até ao limite do possível e do consentimento da Cúria.
Francisco não é inocente, tem várias décadas de jesuíta e sabe do que foram capazes os frades da sua ordem antes de ser extinta. Sabe como as comidas e bebidas são perigosas com condimentos.
Foi mais rápido a fazer denúncias do que a pôr cobro aos desmandos. Talvez por isso se tenha aguentado com a cabeça presa ao tronco, mas deve pensar que, quando mandar averiguar as contas do Vaticano, vai ferir suscetibilidades. E terá o dilema, fazer do IOR um banco respeitável, e antecipar o Paraíso celeste, ou deixar as coisas como estão e ter uma velhice feliz.