Loading

Categoria: Vaticano

11 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

Augusto Pinochet e o crime cometido há 40 anos

06-1987-pinochet

 

 

Faz hoje 40 anos que um sombrio general, Augusto Pinochet, derrubou o Presidente do Chile, Salvador Allende, eleito democraticamente, e iniciou a longa e sinistra ditadura que permanece como paradigma da crueldade, do arbítrio e da barbárie.

Em homenagem a muitos milhares de desaparecidos, torturados, presos e assassinados, não podemos esquecer a data e o algoz que perdeu na última semana de 2005 o recurso no Supremo Tribunal e enfrentou várias acusações na sequência do desaparecimento de 119 membros de um grupo da oposição durante o seu regime.

De 1973 a 1990, entre o golpe que derrubou o Governo legal e o seu afastamento do poder, Pinochet foi responsável pela morte e desaparecimento de mais de 3.000 pessoas.

Depois da descoberta de contas secretas nos EUA, com vultuosas quantias obtidas de forma fraudulenta, num valor superior a 24 milhões de euros, o velho déspota conheceu o opróbrio e a prisão. Nem o apoio empenhado de João Paulo II e Margaret Thatcher lhe valeu.

Longe iam os tempos em que afirmava que no Chile nem uma folha se mexia sem o seu conhecimento.

Quando João Paulo II, amigo do peito e da hóstia, visitou o Chile, considerou o pio general e a Esposa como um casal católico modelo. Apenas lhe notou a devoção, não lhe perscrutou a crueldade.

A polícia secreta do general Augusto Pinochet liderou uma rede de espionagem, dentro e fora do Chile, que cruzava informação com o Vaticano, o FBI, e com outras ditaduras da América Latina. Foi essa polícia e as Forças Armadas que permitiram ao ditador, sob uma repressão feroz, impor ao Chile as receitas económicas de Milton Friedemann.

11 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

Capelães e capelanias

A Constituição da República Portuguesa não determina que o Estado seja obrigado a prestar assistência religiosa aos portugueses nem diz que a mesma é tendencialmente gratuita, com ou sem taxa moderadora.

A sustentação do culto é um dever dos crentes, através do dízimo, da côngrua ou de qualquer outra forma de pagamento, por prestação de serviços, e nunca comparticipada a 100% por serviços do Estado, seja nas Forças Armadas, nos hospitais ou nas prisões.

Ao Estado incumbe o dever de assegurar a liberdade de culto a todos os crentes, em igualdade de circunstâncias e, ao mesmo tempo, defender o direito dos cidadãos a terem a religião que quiserem, enquanto entenderem, sem risco de mudança, de apostasia ou, mesmo, de serem hostis.

A promíscua ligação da ditadura salazarista à Igreja católica, através da Concordata, dava ao Governo o direito de recusar os bispos que a Igreja propusesse para as dioceses, mas legou ao país uma série de capelães pagos pelo erário. A democracia prescindiu do veto à nomeação de bispos mas a Igreja não prescindiu das capelanias e alargou-as às forças policiais.

O contra-almirante Pe. Manuel da Costa Amorim, indicado pela Conferência Episcopal Portuguesa, é o comandante-chefe dos católicos fardados e o único general que é subordinado do Estado do Vaticano e não do Estado português, uma perda de soberania absolutamente inaceitável.

O número de capelães aproxima-se de 200. Num estado laico estão todos a mais.

9 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

Cunhas a Jesus Cristo. Recordar JP2

A ICAR marcou indelevelmente a sociedade portuguesa cujo atraso é, em boa parte, obra sua. Já Antero de Quental definiu de forma notável as «Causas de decadência dos povos peninsulares», decadência que parece acentuar-se na faixa mais ocidental.

JP2 ao pedir a Cristo «que não abandone o Homem» estava convencido de que a cunha subserviente era útil ou comportava-se com hipocrisia para disfarçar uma influência que não tinha, para impressionar os fregueses espalhados pelo mundo? No pedido, JP2 aproveitava para informar JC de que a humanidade precisa dele. No seu peculiar jargão dizia «Recordai-vos de nós, Filho eterno de Deus. A humanidade inteira, marcada por tantas provas e dificuldades, necessita de Ti». Ou Cristo não sabia disso, e precisa que o Papa o lembrasse, ou sabia, e não o levava a sério. Para os ateus é ponto assente que um cadáver não vê, não ouve, não sente e, sobretudo, não aceita cunhas.

Mas o mais surpreendente foi o pedido à entidade patronal para as igrejas do Oriente e Ocidente e os seus líderes, «para que a luz que receberam, a comuniquem com liberdade e com valor a todas as criaturas». Esse ato, de quem disputa o mercado das almas à concorrência, só podia ser encarado como atitude de profundo cinismo e de fingimento de uma bondade que dois mil anos de proselitismo desmentem.

Os apelos à paz e os pedidos pelos doentes, crianças da rua e outros desgraçados bem sabia JP2 e o seu séquito que eram inúteis e que não se resolviam com orações e apelos públicos a JC, durante a missa, apesar dos meios técnicos usados, incluindo telefones de última geração que, pela primeira vez, no seu pontificado transmitiram a Missa do Galo.

JP2 devia lembrar-se de que, segundo a sua superstição, Deus faria bem melhor em evitar as desgraças do que esperar que o Papa lhe pedisse para as tornar menos obscenas. Evitava o espetáculo deprimente de enganar os simples com promessas que não podia cumprir, pedidos a quem não ouve e a criação de expectativas vãs a quem já tem do sofrimento um razoável quinhão.

O resto eram as habituais lamúrias pela proteção da vida, desde a conceção, obsessão doentia de quem se desinteressa da explosão demográfica que ameaça o Planeta e sabe que quanto maior for a miséria mais a devoção se acentua.

 

7 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

Há taras cuja brutalidade atinge as crianças

 

Vítimas lamentam punição tardia de núncio da República Dominicana

Jozef Wesolowski foi destituído em agosto por acusações de pedofilia.
Núncio do Vaticano teria tido relações sexuais em troca de dinheiro.

 
A associação de vítimas de pedofilia americana Snap lamentou nesta quinta-feira (5) a punição “secreta e tardia” do Papa Francisco contra o núncio do Vaticano na República Dominicana, destituído no final de agosto por acusações de abusos sexuais contra menores.

nuncio

6 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

A herança religiosa dos ditadores

República Dominicana

Esta nação caribenha ainda está sob a concordata de um ditador há muito desaparecido. Além disso, em 2009 o Vaticano conseguiu a doutrina da Igreja consagrado na Constituição Dominicana, um movimento que já havia tentado e não conseguiu realizar em outro lugar.

2 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

O papa, o jejum e a paz

O Papa Francisco determinou aos crentes do seu Deus que no próximo sábado, dia 7 de setembro, se unam a ele num “dia de jejum e oração” e, como determina o proselitismo, convidou pessoas de todas as religiões para, sábado à noite, rezarem pela paz na Síria.

Não duvido do desejo de paz do papa, desejo que partilho. Dando por adquiridas as boas intenções, duvido dos meios e do deus do Papa. Que a paz só se conquiste com pedidos, deixa mal visto um deus que, podendo preservá-la, apenas a concede através de orações e jejuns ou, não podendo, fica mal o papa a pedir sacrifícios de utilidade duvidosa.

Há um módico de racionalidade que devia impedir quem está investido de autoridade moral de a delapidar com apelos que dificilmente darão melhores resultados do que um placebo. A guerra depende mais da decisão do Congresso americano e da vontade de Obama do que das orações pias e jejuns encomendados.

Alguém percebe o humor de um deus assim?

 

1 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

Remodelação no Vaticano

Por

E – Pá

Jorge Mario Bergoglio resolveu ‘dispensar’ um dos homens mais polémicos da Cúria – o cardeal Bertone – que, desde a abdicação do cardeal Ratzinger (hoje a viver em regime de reclusão) esteve sempre no olho do furacão provocado por diversos escândalos (desde os casos de pedofilia, branqueamento de capitais ao tráfico de influências nos corredores apostólicos).

Para o seu lugar – o 2º. hierarquia do Vaticano – nomeou o arcebispo Pietro Parolin pouco conhecido nos círculos do Vaticano e presentemente a exercer funções diplomáticas em Caracas link.

É uma mudança que carece de ser interpretada à luz das lentas e sucessivas alterações que vêm ocorrendo neste papado. Primeiro, a escolha para a inevitável e inadiável sucessão de Bertone não recaiu sobre um purpúreo residente; segundo, foi indicado para o exercício das funções de Secretário de Estado um clérigo novo (58 anos) que não pode ser incluído no restrito grupo da gerontocracia cardinalícia e, em terceiro lugar, o sinal de que a presente substituição visa reforçar a Secretaria de Estado no domínio da representação externa já que a designação recaiu sobre um elemento oriundo da carreira diplomática eclesiástica.

Ficam por esclarecer quais serão as reais mudanças a operar no domínio dos ‘negócios internos’ do Vaticano, nomeadamente, em relação ao que, no actual momento, parece ser um dos seus pontos mais sensíveis – o IOR.

E, finalmente, como habitualmente, estas mudanças e/ou rotações de cargos decorrem em círculos muito fechados, rodeadas de discretas informações, tornando difícil a avaliação de profundidade das alterações que encerram e nunca se anunciam. Uma coisa é certa e segura: no Vaticano não há lugar para sobressaltos!

A notícia tem valor não pela personalidade e características do novo Secretário de Estado, nem pelas alterações que venha a protagonizar, mas pelo fim do ‘período negro de Tarcisio Bertone’ que ensombrou a ICAR desde 2006 até ao presente.